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Avaliação Sumativa: uma modalidade final da prática pedagógica

CAPÍTULO I: AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM – TEXTOS E CONTEXTOS

2.2. Avaliação Sumativa: uma modalidade final da prática pedagógica

A avaliação em sua modalidade sumativa ocorre ao fim de um processo de ensino e aprendizagem, tem uma função classificatória, e situa a posição do aluno através de notas que são recolhidos por meio de testes, provas e/ou dissertações – argumentativas (testes orais).

Para Pacheco (1995: 76) a avaliação sumativa está relacionada ―à medida e classificação do grau de consecução do aluno no final de um processo (trimestre, semestre, ano), tendo a finalidade de certificar mediante a determinação de níveis de rendimento‖. Ainda para o mesmo autor, a avaliação sumativa está vinculada a um processo final, com o objetivo de classificar após a comprovação de um produto, decidindo sobre o êxito e o fracasso do aluno. Na mesma linha de pensamento Gomes (2006: 72) afirma:

A avaliação sumativa realiza-se no final do processo de ensino e aprendizagem, quer se trate de um trimestre, de um semestre, de um ano ou ciclo de estudos e visa medir e classificar os resultados do mesmo. Exprime-se quantitativamente, pela atribuição de uma nota numa determinada escala ou por um termo que expressa uma graduação em função da determinação de níveis de rendimento, hierarquizando os alunos.

O conceito de avaliação sumativa8 tem sofrido algumas alterações ao longo dos anos, e seu entendimento não é universal. Neste sentido, o Instituto de Inovação Educacional - IIE (1994), no ensejo de orientar uma possível definição considera três características da avaliação sumativa:

constitui sempre um balanço que, salvo no final da escolaridade obrigatória, não será entendido como um juízo de valor, definitivo, sobre o que ficou para trás, mas antes como um resultado que determinará a tomada de decisões‖

tem valor social, pois que, além de informar os alunos e os professores da situação de aprendizagem e de ensino, informa também os pais e a comunidade em geral;

tem em conta os objetivos gerais, ou seja, os objetivos terminais de integração que, uma vez atingidos, certificam o progresso do aluno.

Considerada como a modalidade de avaliação mais utilizada no ambiente escolar, a avaliação sumativa promulga, no 2º ciclo do ensino básico, uma ―classificação de 1 a 5, em

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todas as disciplinas, a qual pode ser acompanhada, sempre que se considere relevante, de uma apreciação descritiva sobre o aluno‖ (Despacho Normativo nº 1/2005, nº33, alínea ―a‖:6).

De fato, a avaliação sumativa9, serve para ―designar a maneira pela qual podemos medir e avaliar a aprendizagem, a fim de certificar, e atribuir classificações‖ (Rosales, 1988: 17). O objetivo que prevalece nesta modalidade de avaliação é classificar o aluno para a tomada de decisão de ―aprovação‖ ou ―reprovação‖.

De acordo com o IIE (1994), as funções da avaliação sumativa variam conforme suas etapas, para determinar a tomada de decisão. Assim, a avaliação sumativa pode ocorrer no percurso do processo de ensino-aprendizagem, assumindo, desta forma, uma função formativa; ou ainda no final dos primeiro e segundo ciclos, com a função de tomada de decisão sobre retenção/progressão do aluno e no final do terceiro ciclo com a função de atribuição de um diploma ou de um certificado.

Quanto ao caráter formativo da avaliação sumativa, Fernandes (2005: 73) afirma que ―apesar de inerente a avaliação sumativa, os professores revelam uma preocupação primordial com a atribuição de classificações‖, assim, continua a prevalecer nas práticas docentes uma inquietação excessiva em relação as atribuições de notas.

Quanto a tomada de decisão relativa à retenção dos alunos no ensino básico, e de acordo, com o Decreto-Lei nº 6/2001(artigo 14, alínea 1:261), ―assume uma lógica de ciclo, progredindo ao ciclo imediato o aluno que tenha desenvolvido as competências‖ e, portanto, segundo o Decreto-Lei nº 6/2001, o aluno não poderá ficar retido nos anos intermediários. Dessa forma, a retenção é considerada, em todos os normativos da legislação portuguesa, uma medida excecional.

Segundo pesquisas mais recentes a reprovação traz prejuízos a todos os intervenientes - custos aos cofres públicos; aos encarregados de educação; os repetentes perdem estímulo e autoestima ao ponto de levá-los a evasão – e pior, não melhora em nada seu desempenho escolar (Matias, 2011).

Neste sentido, segundo dados da UNESCO10 referentes à retenção, Portugal fica em 3º lugar como o país que mais reprova superado por Brasil e Haiti conforme figura abaixo:

9 La evaluación sumativa, para designar la forma mediante La cual medimos y juzgamos el aprendizaje con el fin de certificarlo, asignar calificación, etc (tradução nossa).

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Figura 1: Posição de Portugal quanto à retenção11

Fonte: UNESCO. Adaptado da revista nova escola (2010).

Observa-se pela figura acima que há (ainda) fortes predominâncias do modelo de avaliação classificatório no sistema educativo português. E este tipo de avaliação segundo Hoffmann (2002: 72) ―privilegiam a classificação e a competição, em detrimento da aprendizagem‖, caminhando em sentido contrário ao da avaliação diagnóstica e formativa, que almejam ajustar o ensino às características dos alunos.

Desta forma, é dentro desta perspetiva que os normativos legais fazem alusão a avaliação sumativa, principalmente quando se referem ao fato de ―realizar-se no final de cada período lectivo, utilizando a informação recolhida no âmbito da avaliação formativa e traduzindo-se na formulação de um juízo globalizante sobre as aprendizagens realizadas pelos alunos‖ (Decreto- Lei nº 6/2001, artigo 13º, alínea 4: 261). No mesmo sentido, o Despacho Normativo nº 1/2005 (nº 24:74) estabelece que ―a avaliação sumativa consiste na formulação de um juízo globalizante sobre o desenvolvimento das aprendizagens do aluno e das competências definidas para cada disciplina e área curricular‖.

11 Disponível:http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/repetencia-erro-se-repete-cada-ano-567983.shtml 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

18,7

12

9,5

6,6

4,4

2,9

Brasil Haiti Portugal Argentina América Latina Mundo

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Nesta perspetiva, os exames nacionais demonstram a ênfase dada aos resultados obtidos pelos alunos, esquecendo de destacar o processo desempenhado pelos atores educativos para o alcançe destes resultados. Neste sentido Rocha (2007: 11) faz alusão que:

Os resultados divulgados pelo Ministério da Educação parecem omitir a principal finalidade da educação e da escola, que é aprender e crescer enquanto estudantes, professores e cidadãos. Este crescimento só é possível se os actores educativos calcorrearem um percurso que compreende, freqüentemente, um quotidiano repleto de trabalho colaborativo, de estudo compartilhado e de vivências e experiências marcantes, onde estes actores interagem e convivem numa atmosfera democrática, transparente, conciliadora e pacífica, com vistas a enriquecimentos múltiplos.

Portanto, a avaliação sumativa ocorre sempre ao final da unidade com a finalidade de comprovar, comparar e hierarquizar os resultados aprendidos através de testes e provas, tendo como desígnio avaliar - medir - o aprendizado do aluno somente naquele dia, diferentemente do que faz a avaliação formativa.