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Analisar e avaliar o território sugere a consideração de diferentes variáveis, quantificado em várias unidades de medição, o que implica a manipulação de uma quantidade importante de informações espaciais.

Integrar aspectos econômicos, sociais e ecológicos em uma avaliação não é uma tarefa fácil, porque envolve a valorização de aspectos que são medidos em diferentes unidades e cuja importância relativa também depende do critério do observador. (GAREA. et al, 2014, p.103, tradução nossa)

Diante desse desafio, o pesquisador deve selecionar métodos e técnicas apropriados, bem como plataformas tecnológicas que facilitem a captura e o processamento de dados georreferenciados. A seguir estão as alternativas selecionadas para a realização desta pesquisa específica, destacando as vantagens e compatibilidades dessas opções.

A análise ambiental apresenta um importante desafio para o investigador, devido ao grande número de elementos envolvidos e suas características, que podem ser estudados, não apenas a partir de um ponto de vista quantitativo, mas também do qualitativo. Nesse sentido, a utilização de critérios adequados não tem uma alternativa única e absoluta, uma vez que fatores como objetivos, bases de dados, projeções, tipos de análise e perspectivas, irão oferecer ao investigador uma série de alternativas entre as quais se constrói o modelo de análise.

2.6.1 Características da avaliação multicritério

Uma metodologia versátil é a Avaliação Multicritério (AMC), cuja aplicabilidade é amplamente reconhecida em processos de análise e tomada de decisão. “A Avaliação Multicritério pode ser definida como um conjunto de técnicas destinadas a auxiliar os processos decisórios, investigando várias alternativas à luz de múltiplos critérios e objetivos conflitantes” (GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.43, tradução nossa). O processo permite originar propostas, que podem ser priorizadas de acordo com prioridades e interesses que se destinam. Este processo é transformado em um suporte para uma variedade de objetivos, que são geralmente relacionados a aspectos da gestão de terras ou planejamento, fortalecendo a análise de dados como um suporte para tomada de decisão. Face a isto, pode surgir uma perspectiva pessoal ou profissional, que pode entrar em

conflito com os interesses do grupo-alvo que interage no território em questão. Portanto, é necessário considerar metodologias que permitam uma inclusão adequada de variáveis, como a AMC, buscando uma análise equilibrada para conceder confiabilidade nas propostas.

A apreciação da AMC baseia-se na sua versatilidade, com base nas suas abordagens e alternativas de representação de uma determinada situação. Nesse sentido, é preciso notar que a AMC faz parte da teoria da decisão e tem duas orientações definidas:

 O positivo (descritivo); Que diz respeito ao campo da lógica, psicologia e Sociologia e “centra-se na especificação das razões pelas quais as decisões são tomadas de uma certa maneira (Eastman et al., 1993)” (GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.44, tradução nossa).

Os Normativos (prescritiva);

Começa definindo a racionalidade dos agentes econômicos baseados em uma série de pressupostos intuitivamente justificáveis, em seguida, uma série de operações lógicas são realizadas para deduzir o comportamento ideal dos tomadores de decisão como um que é compatível com a racionalidade estabelecida anteriormente (Romero 1993:13), enfatizando assim o desenvolvimento, avaliação e aplicação de técnicas para facilitar a tomada de decisões (Moore, 1975). (GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.44, tradução nossa).

As duas abordagens levantadas têm um alto contraste devido ao tempo em que o ponto de observação é levantado.

Enquanto o primeiro tenta elucidar a forma como eles são, o normativo levanta o estabelecimento de como eles devem ser (como eles devem se comportar) os centros de tomada de decisão (...). Por sua vez, a abordagem normativa baseia-se na avaliação objetiva ou subjetiva do critério de decisão (EASTMAN el al., 1993). (GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.45, tradução nossa).

Por seu lado, o surgimento da análise objetiva responde a uma necessidade de valorização econômica dos eventos em que será decidido, identificando efeitos e magnitudes dos impactos, desenvolvendo uma aplicabilidade econômica de decisão baseada no custo-benefício e retorno social dos projetos envolvidos. Enquanto isso,

A análise subjetiva dos eventos de decisão abrange várias abordagens, o seu objetivo é ajudar os tomadores de decisão a ordenar suas ideias, expressando julgamentos coerentes e escolhendo racionalmente. As técnicas adotadas na aproximação desta abordagem incorporam

abordagens explícitas das preferências dos centros decisórios; essas preferências podem ser representadas de várias maneiras: quantidades, pesos, restrições, metas e outros parâmetros (Eastman et al., 1993).(GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.45, tradução nossa).

A perspectiva que mais representa as abordagens para esta pesquisa é a normativa, que, como se pode ver na descrição anterior, nasce de uma série de aplicações no domínio da economia, mas que atualmente se estende a outras áreas e disciplinas, incluindo aplicações no ambiente de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). A abordagem normativa e sua estrutura lógica, de uma forma, estruturam a abordagem da AMC. Em algum momento a abordagem normativa, como parte do paradigma de tomada de decisão tradicional, enfrentou o surgimento do paradigma decisório multicritério, que postulava a escolha de uma alternativa ótima baseada em vários critérios ou objetivos, em oposição ao paradigma de decisão tradicional que levanta a decisão de uma alternativa ótima baseada em um único critério de decisão. A consideração de vários critérios como parte de múltiplos objetivos ou cenários diversos, representa uma forma mais confiável um processo de decisão real.

2.6.2 Avaliação Multicritério e sua implementação em sistemas de informação geográfica

A consideração da metodologia AMC é o resultado da necessidade de incorporar várias variáveis associadas a um número significativo de dados. É por isso que é considerado o uso de ferramentas tecnológicas que facilitam a compilação, classificação, ordenação e análise deles. Tendo em conta também a espacialização das informações como parte da análise territorial que se destina a esta investigação, emerge como uma alternativa notável a utilização de sistemas de informação geográfica, cujo potencial de análise de informações georreferenciadas o transforma em uma ferramenta ideal para a aplicação da metodologia de avaliação Multicritério. Neste sentido,

A integração dos métodos EMC e GIS gera uma ferramenta poderosa para ajudar nos processos de análise espacial através da modelagem, especialmente para atribuição/localização de atividades, gerenciamento de recursos naturais, controle de riscos e poluição ambiental e, em geral, para o planeamento do território. (GÓMEZ, BARREDO CANO, 2005, p.58, tradução nossa).

Os SIG’s não são por si só relevantes, como uma ferramenta que adquirem o seu potencial na medida em que têm uma boa base de dados, um elemento que lhes permite desenvolver o seu potencial analítico. Em si mesmo,

Os sistemas de informação geográfica são programas ou conjuntos de software projetados para trabalhar com informações georreferenciadas, através de coordenadas espaciais ou geográficas. O estudo simultâneo dos aspectos temáticos e espaciais da informação geográfica permite uma análise mais complexa das estruturas espaciais. (PRECIADO, 1997, p.142, tradução nossa).

A informação provavelmente requer um pré-tratamento, onde ele ou os investigadores depuram dados, a fim de evitar conteúdo irrelevante para o inquérito, já que isso pode resultar em distorção dos resultados. Um banco de dados ordenado é essencial para obter resultados mais precisos.

A disponibilidade de fontes estatísticas e base cartográfica frequentemente atua como condição dos métodos de trabalho propostos na pesquisa aplicada (...). Se essas obras forem desenvolvidas em SIG, é um valor acrescentado que a disponibilidade de dados está em suporte digital, o que agiliza muito o andamento e, em alguns casos, a viabilidade da pesquisa. (COS GUERRA, MARTÍN LATORRE, 2007, p.8, tradução nossa)

O conhecimento do território e sua avaliação em termos de novas utilizações ou funções é essencial nos processos de planejamento urbano, especialmente se for para harmonizar o desenvolvimento e a sustentabilidade. No entanto, é uma questão aceite que a avaliação territorial é complexa, tanto pela heterogeneidade dos fatores a considerar, como pela dificuldade de uma análise conjunta. Confrontados com esta dificuldade, as oportunidades fornecidas por tecnologias como os sistemas de informação geográfica em particular para processar e relacionar as variáveis territoriais são muito úteis (OCAÑA, GALACHO, 2002, p.235). A consideração do SIG como instrumento de ordenação, processamento e análise para uma AMC, deve prevalecer sobre a identificação do instrumento tecnológico como um fim em si, uma vez que a interpretação final dos resultados é transformada num aspecto muito importante que nos deve convidar a refletir na fase de definição de propostas que respondam adequadamente à solução de problemas e preocupações suscitadas.

O tratamento em massa de informações geográficas, implícita em uma abordagem desta natureza, obriga o uso de sistemas de informação geográfica (GIS), como uma ferramenta de computador capaz de organizar

os dados de uma forma georreferenciada e avaliar os resultados obtidos, de forma eficaz, em tempo recorde. Esta combinação perfeita entre o SIG e a metodologia da EMC provou ser altamente proveitosa no tratamento e resolução de alguns problemas ambientais e territoriais. (PRECIADO, 1997, p.130, tradução nossa).

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