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3.2 Alguns Resultados Anal´ıticos

3.2.2 Avalia¸c˜ao Experimental da Metodologia

Para avaliar a performance, da metodologia proposta, resolvemos analisar, experi- mentalmente, o seu desempenho, aplicando-a `a simula¸c˜ao do (´unico) caso em que se conhecem alguns resultados anal´ıticos e que j´a us´amos na sec¸c˜ao anterior: uma fila de espera M/M/1, em trˆes situa¸c˜oes n˜ao estacion´arias distintas, caracterizadas pelos seguintes valores do factor de utiliza¸c˜ao:

a) ρ = 1, com λ = 1 e µ = 1 (cr´ıtico);

b) ρ = 1.5, com λ = 1.5 e µ = 1 (super-cr´ıtico); e c) ρ = 2, com λ = 2 e µ = 1 (hiper-cr´ıtico).

Com esta an´alise, pretend´ıamos verificar, at´e que ponto, era poss´ıvel identificar um metamodelo, adequado, para descrever o valor esperado do n´umero de entidades no sistema e se, atrav´es da constru¸c˜ao de intervalos de confian¸ca, a 95%, para o valor esperado do n´umero de entidades no sistema, no instante t, a probabilidade de cobertura, estimada com base em 100 desses intervalos, se aproximava do valor te´orico (conhecido).

Para este efeito, efectu´amos um estudo de Monte Carlo, consistindo em 100 re- peti¸c˜oes do procedimento b´asico (que sintetiza a nossa metodologia), cada uma delas baseada em 30 r´eplicas independentes (runs) de cada um dos modelos de simula¸c˜ao atr´as referidos, num total de 100×30×3 execu¸c˜oes independentes do(s) modelo(s) de simula¸c˜ao da fila de espera M/M/1. Como no caso da sec¸c˜ao anterior, consider´amos, para condi¸c˜oes iniciais, a fila vazia e o sistema inactivo.

Tamb´em `a semelhan¸ca do que se verificou para a sec¸c˜ao anterior, escolhemos, para dura¸c˜ao da simula¸c˜ao, 200 unidades de tempo, e decidimos efectuar a recolha do n´umero de entidades no sistema (passo 1 da metodologia) em instantes consecutivos, separados de uma unidade de tempo, come¸cando a recolha no instante 0. Em seguida,

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calcul´amos, para cada instante t, a respectiva m´edia amostral, com base nos valores correspondentes das 30 r´eplicas independentes, dando origem a uma s´erie cronol´ogica m´edia de 200 observa¸c˜oes; no mesmo instante t e a partir das mesmas observa¸c˜oes cor- respondentes, nos 30 runs, calcul´amos, igualmente, a variˆancia corrigida da amostra, utilizando o estimador ˆ σ2 t = 1 r − 1 r X j=1 (Yj,t− Yt)2, para t = 0, 1, . . . , 199 e r = 30.

Como resultado das 100 repeti¸c˜oes deste procedimento b´asico, obtivemos, da reco- lha e respectivo tratamento dos dados, 100 s´eries m´edias e 100 s´eries com as variˆancias estimadas, cada uma delas baseadas em 30 r´eplicas independentes.

O passo seguinte (passo 2 da metodologia) consiste em identificar o tipo de meta- modelo, adequado, para descrever o comportamento das s´erie m´edias. Para ilustra¸c˜ao dos passos seguidos, vamos considerar uma s´erie m´edia, de cada uma das trˆes fi- las de espera, descritas no in´ıcio desta sec¸c˜ao. Em primeiro lugar, constru´ımos um cronograma para cada uma das s´eries; ver a Figura 3.5.

0 50 100 150 200 0 5 10 15 ρ =1 Tempo

Número médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 20 40 60 80 ρ =1.5 Tempo

Número médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 ρ =2 Tempo

Número médio de entidades no sistema

Figura 3.5: S´eries m´edias da fila M/M/1 (para ρ = 1, ρ = 1.5 e ρ = 2)

Observando a representa¸c˜ao gr´afica das trˆes s´eries m´edias, constata-se que, ao contr´ario das duas ´ultimas (que tˆem um comportamento, claramente, linear), a curva da primeira apresenta uma concavidade acentuada, pelo que decidimos, em primeiro lugar, tentar ajustar os seguintes metamodelos:

60 An´alise de Simula¸c˜oes N˜ao Estacion´arias Yt = β1 t + ut, para ρ = 1, (3.19) e Yt = β1t + ut, para ρ = 1.5 e ρ = 2, (3.20)

onde ut representa a componente estoc´astica do metamodelo.

Note-se que, para as trˆes situa¸c˜oes, a curva escolhida passa na origem, o que ´e justificado pelas condi¸c˜oes iniciais dos respectivos modelos de simula¸c˜ao.

Escolhido o metamodelo e como, neste caso, estamos perante metamodelos linea- res (em rela¸c˜ao aos parˆametros a estimar), de acordo com o passo 3 da metodologia, efectu´amos uma estima¸c˜ao preliminar, utilizando o m´etodo dos m´ınimos quadrados usuais. Aos res´ıduos desta estima¸c˜ao, tent´amos ajustar, em primeiro lugar, um modelo ARMA(p, q), analisando, como ´e habitual, o comportamento da fun¸c˜ao de autocor- rela¸c˜ao (FAC) e da fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao parcial (FACP) estimadas. Para a s´erie m´edia correspondente a ρ = 1, representada, na Figura 3.5, a FAC e a FACP dos res´ıduos da estima¸c˜ao preliminar est˜ao representadas na Figura 3.6.

0 5 10 15 20 0.0 0.4 0.8 Lag FAC 5 10 15 20 −0.2 0.2 0.6 Lag FACP

Figura 3.6: FAC e FACP dos res´ıduos da estima¸c˜ao preliminar da s´erie m´edia para ρ = 1

Apesar da FAC apresentar um lento decaimento para zero, verificou-se que era poss´ıvel ajustar um modelo AR(1) v´alido aos res´ıduos. O modelo AR(1) estimado pas- sou no teste de Ljung-Box, os parˆametros eram significativos e verificou-se, ainda, que os res´ıduos, obtidos da estima¸c˜ao do modelo AR(1), eram normalmente distribu´ıdos. Conhecida a estrutura de autocorrela¸c˜ao dos res´ıduos da estima¸c˜ao preliminar, cal- cul´amos, ent˜ao, as estimativas de m´axima verosimilhan¸ca do metamodelo

Yt= β1

3.2 Alguns Resultados Anal´ıticos 61

onde se assume que εt ∼ N(0, σε2). Este processo foi repetido para as outras duas

s´eries, representadas na Figura 3.5, em que os metamodelos considerados foram

Yt = β1t + φ1ut−1+ εt, para ρ = 1.5,

e

Yt= β1t + φ1ut−1+ φ2ut−2+ εt, para ρ = 2.

As estimativas, obtidas para os parˆametros, os respectivos desvios padr˜ao e o valor da estat´ıstica ti dada pela equa¸c˜ao (3.6), s˜ao apresentados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Metamodelos estimados para a fila M/M/1 (para ρ = 1, ρ = 1.5 e ρ = 2)

Metamodelo Parˆametro Estimativa Desvio Padr˜ao ti

ρ = 1 β1 1.1833 0.0276 42.8732 φ1 0.9397 0.0226 41.5796 ρ = 1.5 β1 0.4736 0.0070 67.6571 φ1 0.9814 0.0124 79.1452 ρ = 2 β1 1.0042 0.0064 156.9063 φ1 0.9254 0.0709 13.0522 φ2 0.0544 0.0710 0.7662

Finalmente, aos res´ıduos obtidos, nesta segunda estima¸c˜ao, foi novamente efectu- ada uma an´alise, para verificar a adequa¸c˜ao, dos metamodelos ajustados, aos dados (passo 4 da metodologia). Esta an´alise consistiu em verificar se os res´ıduos eram n˜ao correlacionados (teste de Ljung-Box) e se eram normalmente distribu´ıdos (teste de Shapiro-Wilk). Estes crit´erios foram satisfeitos, pelo que, os metamodelos foram aceites.

Para verificar, at´e que ponto, a nossa abordagem permite discriminar, entre mode- los semelhantes, experimentou-se, tamb´em, ajustar outros metamodelos `a s´erie m´edia, para o caso de ρ = 1, nomeadamente, um metamodelo polinomial de ordem 2 e um metamodelo n˜ao linear. As express˜oes destes metamodelos s˜ao, respectivamente,

Yt= β1t + β2t2+ ut e Yt = β12 + ut.

A estima¸c˜ao, dos parˆametros destes metamodelos, seguiu os mesmos passos, que descrevemos, anteriormente, para o caso dos metamodelos (3.19) e (3.20); isto ´e, estima¸c˜ao preliminar, an´alise dos res´ıduos, estima¸c˜ao final e an´alise dos res´ıduos finais.

62 An´alise de Simula¸c˜oes N˜ao Estacion´arias

A ´unica diferen¸ca ´e que, para efectuar a estima¸c˜ao preliminar do metamodelo n˜ao linear, ´e utilizado o m´etodo dos m´ınimos quadrados n˜ao lineares.

As estimativas, obtidas para os parˆametros, os respectivos desvios padr˜ao e o valor da estat´ıstica ti, para os dois metamodelos alternativos, s˜ao apresentados na Tabela

3.3.

Tabela 3.3: Metamodelos alternativos (fila M/M/1, com ρ = 1)

Metamodelo Parˆametro Estimativa Desvio Padr˜ao ti

β1 0.1647 0.0110 14.9727 Yt= β1t + β2t2+ φ1ut−1+ εt β2 -0.0004 6×10−5 -6.6667 φ1 0.9510 0.0218 43.6239 β1 0.8721 0.1445 6.0353 Yt= β12 + φ 1ut−1+ εt β2 0.5634 0.0339 16.6195 φ1 0.9282 0.0248 37.4274

Na Tabela 3.4, apresentamos algumas estat´ısticas de diagn´ostico dos trˆes meta- modelos estimados, nomeadamente, a soma dos quadrados dos res´ıduos (SSE), o erro quadr´atico m´edio (MSE), o crit´erio de Akaike (AIC) e o crit´erio de Schwarz (BIC). ´E de salientar que, as estat´ısticas SSE e MSE s˜ao calculadas com base nos res´ıduos da componente determin´ıstica.

Tabela 3.4: Compara¸c˜ao de metamodelos alternativos (fila M/M/1, com ρ = 1)

Metamodelo SSE MSE AIC BIC

Yt= β1 t + φ1ut−1+ εt 119.2204 0.5961 28.9585 38.8535 Yt= β1t + β2t2+ φ1ut−1+ εt 151.3294 0.7566 39.0237 52.217 Yt= β12+ φ 1ut−1+ εt 97.0328 0.4852 26.9226 40.1159

Como podemos observar, o metamodelo, com melhores resultados em trˆes das estat´ısticas, ´e o metamodelo n˜ao linear. Apesar disso, como os valores do metamodelo linear s˜ao muito pr´oximos do metamodelo n˜ao linear e atendendo a que ´e, geralmente, prefer´ıvel trabalhar com metamodelos lineares, a nossa escolha recaiu sobre este.

Assim, considerando o metamodelo (3.19), para o caso de ρ = 1, e o metamodelo (3.20), para ρ = 1.5 e ρ = 2, procedeu-se `a estima¸c˜ao dos parˆametros, dos mesmos, para as restantes 99 s´eries m´edias.

3.2 Alguns Resultados Anal´ıticos 63

Ap´os a estima¸c˜ao do conjunto total de 100 s´eries, verificou-se que, para o caso de

ρ = 1, a utiliza¸c˜ao do metamodelo linear (3.19) nem sempre permitia descrever, con-

venientemente, a componente determin´ıstica dos modelos simulados, como podemos observar na Figura 3.7 (a curva, a preto, representa a s´erie m´edia e a curva, a azul, a componente determin´ıstica do metamodelo estimado). A t´ıtulo de exemplo, para o metamodelo, representado no gr´afico (c), o valor de SSE ´e 2942.5096, claramente um valor muito elevado.

0 50 100 150 200 0 5 10 15 20 (a) Tempo

Nº médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 5 10 15 (b) Tempo

Nº médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 5 10 15 20 (c) Tempo

Nº médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 5 10 15 20 (d) Tempo

Nº médio de entidades no sistema

Figura 3.7: Metamodelos pouco aceit´aveis (fila M/M/1, com ρ = 1)

Decidiu-se, ent˜ao, ajustar o metamodelo n˜ao linear `as mesmas 100 s´eries m´edias da fila M/M/1, com ρ = 1. Verificou-se que, para o metamodelo da s´erie m´edia representada no gr´afico (c), o valor de SSE era, agora, 63.9538.

Na Figura 3.8, representamos graficamente as 100 s´eries m´edias (`a esquerda) e as correspondentes s´eries ajustadas (`a direita), que representam a componente deter- min´ıstica do metamodelo (3.19); neste ´ultimo gr´afico, encontra-se igualmente repre- sentada a curva te´orica, dada pela Proposi¸c˜ao 3.1, para o caso de λ = µ (curva a azul claro).

Comparando estes dois gr´aficos, verificamos que as componentes determin´ısticas, dos metamodelos ajustados, conseguem capturar, quase na globalidade, o comporta-

64 An´alise de Simula¸c˜oes N˜ao Estacion´arias 0 50 100 150 200 0 5 10 15 20 25 Séries Médias Tempo

Nº médio de entidades no sistema

0 50 100 150 200 0 5 10 15 20 25 Séries Ajustadas Tempo

Nº médio de entidades no sistema

Figura 3.8: Metamodelos ajustados (fila M/M/1, com ρ = 1)

mento fundamental das correspondentes s´eries m´edias. Podemos observar, igualmente, que, algumas das s´eries m´edias, apresentam um comportamento bastante distinto do previsto pelo respectivo metamodelo te´orico.

A an´alise efectuada, at´e este ponto, permite-nos concluir que ´e, efectivamente, poss´ıvel, atrav´es da metodologia proposta, identificar e estimar metamodelos, ade- quados, para descrever o valor esperado de respostas seleccionadas dum sistema em estudo, o que foi ilustrado, neste caso, para uma fila M/M/1, com o n´umero de enti- dades, no sistema, no instante t. Mais ainda, verific´amos que o tipo de fun¸c˜ao, obtido com a aplica¸c˜ao da metodologia, era compat´ıvel com os resultados assimpt´oticos, descritos na Proposi¸c˜ao 3.2.

Dispondo dum metamodelo adequado, poder´ıamos responder a perguntas de in- teresse pr´atico, como as formuladas no ´ultimo par´agrafo da Sec¸c˜ao 1.1 (passo 5 da metodologia), sem ter de recorrer a novas simula¸c˜oes e/ou an´alises de resultados.

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