• Nenhum resultado encontrado

65

Relativamente ao conhecimento da medicação quatro sujeitos referiram ter conhecimento dos medicamentos que tomavam, e nove desconheciam a medicação que utilizavam.

Doze sujeitos têm conhecimento acerca dos objectivos da sua medicação e 3 deles não sabem a que se destina a medicação que tomam.

Apesar de na maioria, os sujeitos da amostra não indicarem o nome dos medicamentos, sabem com que objectivo os tomam.

Todos os participantes da amostra estudada descrevem sentirem-se satisfeitos relativamente à medicação que tomam, ou seja, sentem-se bem com a medicação. Contudo ao longo das entrevistas existiram algumas contradições, pois dois referiram simultaneamente não estarem satisfeitos com a medicação, a determinada altura, por considerarem excessiva ou desadequada. Houve também um utente que referiu não ter opinião definida acerca dos efeitos da medicação e dois outros referiram também que a medicação não alterava o estado, ou seja, não sentiam que a medicação tivesse qualquer efeito.

Estas situações poderão ter ocorrido, devido a alguma confusão por parte dos sujeitos, a um não entendimento claro da questão, ou por um desejo de agradar ou evitar desaprovação.

OBJECTIVO 9. Avaliar a facilidade de acesso a consultas médicas, a frequência das

consultas, e o apoio de que é alvo no acompanhamento a essas consultas.

A acessibilidade ao sistema de saúde e a existência de apoio social são variáveis que influenciam o processo de adesão (Battaglioli-DeNero, 2007; Meichenbaum & Turk, 1987).

Assim, a facilidade em ter consultas médicas foi referida por utentes dos Lares e Centros de Dia, sendo que nos Lares são realizadas consultas, pelo menos uma vez por semana, o que torna o acesso às mesmas facilitado. Em ambos os Centros de Dia, as extensões de saúde existentes na localidade são próximas e a maioria dos utentes tem facilidade em deslocar-se até lá, e por vezes o próprio médico se desloca ao Centro de Dia numa das localidades, quando tem disponibilidade.

Um utente do Centro de Dia referiu ter diculdade no acesso a consultas médicas pois estas exigem marcação prévia, que muitas das vezes não é realizada pelo utente. Anteriormente o utente quando necessitava de ser observado e dirigia-se à extensão do

66

Centro de Saúde e era observado nesse dia, o que não ocorre com tanta frequência actualmente.

Apesar da assistência médica que o Lar proporciona, quatro utentes referiram ir com pouca frequência a consultas médicas, um utente salienta a necessidade de ter que alertar os funcionários para ser observado, e um outro refere nunca ter sido observado por permanecer à pouco tempo na Instituição.

Um utente do Centro de Dia referiu ir com pouca frequência ao médico, por opção, pois só recorre a este quando se sente realmente mal.

Os utentes que referem ter autonomia para ir às consultas médicas da especialidade pertencem todos aos Centros de Dia, contudo uma requer acompanhamento de familiares para consultas fora da localidade, quando a consulta é na extensão do Centro de Saúde não necessita acompanhamento.

Os utentes que residem no Lar quando vão a consultas médicas da especialidade são acompanhados por funcionários (6 utentes) ou familiares (5 utentes).

OBJECTIVO 10. Identificar quais as dificuldades (eg., físicas, financeiras) inerentes à

toma de medicação e a sua influência na adesão às prescrições médicas.

A única dificuldade referida pelos participantes da amostra estudada relaciona-se com dificuldades financeiras, tendo sido reportada por 6 sujeitos, 3 deles residem no Lar e 3 frequentam o Centro de Dia. A existência de dificuldades financeiras é uma variável apontada na literatura como estando relacionada com o processo de adesão (Stuck & Tamai, 1991; Balkrishnan, 1998). Assim, existe uma relação significativa entre não adesão à medicação e custos, ou seja, sobrecarga financeira (Briesacher, Gurwitz e Soumerai, 2007). Diversos estudos demonstram que mais de 32% dos idosos tomam menos medicação que a prescrita para reduzir custos (Coons et al.,1994; Heisler et al., 2004; Safran et al., 2005). Deste modo, gastos mensais mais elevados com a medicação, estão geralmente associados a taxas mais elevadas de não adesão nos idosos (Col et al., 1990).

Apesar da existência de dificuldades económicas, a análise dos dados revelou existirem elevados níveis de adesão à medicação. Pois para os 3 sujeitos que residem no Lar, a Instituição providencia a medicação, que poderá ser paga posteriormente se for caso disso; e para os 3 sujeitos que frequentam o Centro de Dia, é a família quem auxilia na compra dos medicamentos, sendo que num Centro de Dia o farmacêutico é quem vai

67

entregar a medicação à Instituição, e facilita o pagamento aos utentes e estes nunca ficam sem os seus medicamentos.

Embora alguns participantes demonstrem dificuldades físicas, estas não foram referidas pois a medicação é-lhes dada e/ou preparada. Deste modo, não se confrontam com tais limitações, mesmo que elas existam, o que poderá promover o processo de adesão.

OBJECTIVO 11. Caracterizar o tipo de relacionamento/satisfação que mantém com o

médico e a sua influência na adesão.

Do total de sujeitos entrevistados a maioria referenciou ter um bom relacionamento/satisfação com o seu médico.

Apenas um sujeito da amostra refere estar insatisfeito com o seu médico devido ao facto de não lhe ter diagnosticado a sua doença atempadamente e de não o ter encaminhado para um médico especialista.

A análise dos dados, apesar da dimensão reduzida da amostra, aponta no sentido de os sujeitos que referem ter um bom relacionamento/satisfação com o seu médico terem também níveis elevados de adesão à medicação. Assim, a literatura também salienta que a existência de uma relação de confiança entre o médico e o doente é fulcral para alcançar a adesão ao tratamento (Butler & Rollnick, 2003; Brannon & Feist, 2000; Meichenbaum & Turk, 1987).

Um dos utentes afirmou apenas o seu receio em consular qualquer médico, não tendo respondido ao objectivo da questão. Contudo, o seu receio em consultar o médico está relacionado com o receio dos medicamentos que lhe irão ser prescritos, e com o receio de ouvir por parte do médico que não se irá curar. Provavelmente estes receios mantêm- se pois não são discutidos com o médico em consulta, porque apesar de ter receio vai ao médico no Lar.

Documentos relacionados