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O filme “Uma Avenida no meu Quintal” retrata a construção da Avenida do Cardoso, no âmbito do Programa Vila Viva no Aglomerado da Serra, Região Sul de Belo Horizonte.213 Tal via se configura como obra estruturante do programa, a qual alterou sobremaneira a vida no Aglomerado e definiu novos contornos para a Serra.

Desde o início, a construção da Avenida suscitou questionamentos quanto à magnitude da obra e à utilidade da via na vida dos moradores. Seria ela realmente uma demanda local, que justificasse a intervenção do Poder Público e os gastos de verba pública? Esses questionamentos aparecem no citado filme, no relatório de pesquisa do Programa Polos de Cidadania e, principalmente, na monografia de conclusão de curso de Figueiredo.214

Ressalta-se que a Avenida foi construída no âmbito do Programa Vila Viva, programa de urbanização de vilas e favelas. Portanto, o dinheiro gasto em sua execução partiu da verba destinada para a urbanização de vila e favelas. Toda obra em vilas e favelas deve observar, sobretudo, o direito fundamental à moradia adequada e os princípios do Estatuto das Cidades, entre eles a justa distribuição de ônus e benefícios da urbanização e a gestão democrática das cidades. Isso quer dizer que esses programas devem promover o mínimo de remoções possíveis, garantindo o reassentamento digno quando necessárias; deve também corrigir as discrepâncias na distribuição dos serviços e benesses urbanas, buscando inserir as favelas na dita cidade formal, sem contudo,

213 PROGRAMA PÓLOS DE CIDADANIA. Uma avenida no meu quintal.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=rlxKVtikzPw> Acesso em: 16 fev. 2016.

214 FIGUEIREDO. Das políticas urbanas aos princípios jurídicos: percorrendo os caminhos da Avenida

desconsiderar suas peculiaridades; além disso, a participação popular efetiva é indispensável nos projetos de urbanização de vilas e favelas.

A obra da Avenida do Cardoso estava prevista no PGE de 2001, como uma intervenção dentro do grupo de obras urbanístico-ambientais. Esse grupo previa, nas áreas de urbanismo, reestruturação do sistema de saneamento, erradicação das situações de risco e regularização fundiária.

A proposta de intervenção viária tinha por objetivo a integração do Aglomerado da Serra aos bairros vizinhos, além de integrar as vilas que compõe o Aglomerado em um único bairro, eliminando, com as obras de urbanização, as barreiras físicas por meio da reforma de vias, becos e praças. Dessa forma, além da obra estruturante da Avenida do Cardoso, foram executadas obras pontuais, grande parte delas demandadas pela população como consta do relatório do levantamento de dados do PGE.

Figura 11– Localização da Avenida do Cardoso

Fonte: Criado por Mariana Moura com dados extraídos de PRODABEL, 2009.

No entanto, nem todas as obras demandas foram executadas pelo Vila Viva, algumas já haviam sido construídas com recursos do município após serem conquistadas pelo OP, como constata Figueiredo:

Assim, foram contempladas via OP diversas obras de urbanização de ruas e becos e implantação de equipamentos de lazer. Por exemplo, no OP 2001/2002 foi incluída a obra de abertura, drenagem e pavimentação de diversas ruas na Vila Nossa Senhora de Fátima, dentre elas as ruas Madeira, São Miguel e Pedra Azul - empreendimento 25, iniciado em janeiro de 2005 e concluído em maio de 2009. Via OP 2003/2004, levou-se a cabo a construção do Centro Cultural da Vila Marçola - empreendimento 28, iniciado em abril de 2006 e concluído em janeiro de 2007.215

O OP, contudo, contemplava apenas obras pontuais, uma vez que o recurso disponibilizado pelo Município era insuficiente para obras estruturantes, como abertura de uma grande via como a Avenida do Cardoso. Ademais, a Avenida do Cardoso não era

215 FIGUEIREDO. Das políticas urbanas aos princípios jurídicos: percorrendo os caminhos da Avenida

uma demanda popular, ao contrário de outras que podem ser identificadas no Relatório de Levantamento de Dados do PGE. Figueiredo, com base no trabalho de Gláucia Carvalho Gomes, aponta que a “população havia demandado e conquistado a canalização do córrego do Cardoso no final da Avenida Mem de Sá, mas tais discussões não envolviam a abertura de uma larga via no meio do Aglomerado”.216 A proposta de construção de uma Via de ligação da Regional Centro-Sul com os bairros da Regional Leste, em resposta ao crescente adensamento dos bairros do entorno, passando pelo Aglomerado da Serra. Trata-se de uma proposta técnica que atendia aos interesses de ordenamento territorial da metrópole, sem representar necessariamente a obra de maior interesse à população local.

A construção da Avenida do Cardoso não passou pelo crivo da escolha popular, via orçamento participativo, já que se trata de uma obra cara, como constata Lorena Figueiredo:

Em razão de ser uma solução técnica cara, a construção da Avenida do Cardoso não veio a ser colocada em votação no OP. A Prefeitura de Belo Horizonte buscou fontes de financiamento externo para concretizar essa intervenção estruturante e outras, tais como a instalação de esgotamento sanitário e a construção de unidades habitacionais. Essas intervenções compunham o primeiro dos quatro blocos de atuação definidos pelo PGE, chamado de ‘emergencial’.217

Outro argumento sustentado pela Prefeitura de Belo Horizonte para a não- inclusão da obra no OP é que se trataria de obra de interesse para toda a cidade, em contraposição às obras pleiteadas habitualmente no OP que possuem interesse local. As características da Avenida denotam seu caráter de passagem, sem promover integração no Aglomerado. Os muros de contenção, que seguem no contorno da Avenida, funcionam como verdadeiras barreiras que impedem a passagem de um lado ao outro, cortando ao meio o Aglomerado. Ainda que ela sirva de ligação entre os bairros vizinhos e o Aglomerado, ela não propõe tal ligação entre os espaços do próprio Aglomerado. Outro aspecto que denota que a finalidade da via é apenas a passagem é o fato de o seu uso estar destinado quase que exclusivamente ao transporte motorizado:

216 GOMES, 2012 apud FIGUEIREDO, Lorena M. Das políticas urbanas aos princípios jurídicos:

Percorrendo os caminhos da Avenida do Cardoso, no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, 2014. p. 24.

217 FIGUEIREDO, Lorena M. Das políticas urbanas aos princípios jurídicos: percorrendo os caminhos

não foram construídas ciclovias e as calçadas para pedestres são subutilizadas.

Observamos que apesar de não ser uma obra conquistada via OP, como é de praxe quando se trata de intervenções em vilas e favelas, não apenas no Aglomerado da Serra, mas também no Aglomerado Santa Lúcia e Aglomerado Morro das Pedras foram construídas grandes avenidas que interessavam mais aos bairros do entorno do que ao próprio Aglomerado.

Além de a obra não ter sido escolhida via OP, tampouco constava das propostas da população no Plano Global Específico. Mais que isso, quando perguntada sobre as demandas da população, em relação às obras do Vila Viva, a moradora Floriscena foi enfática ao citar, antes de qualquer outra coisa, que a obra foi executada à revelia da vontade da população, que não anda de carro, mas se locomove, majoritariamente, a pé:

Entrevistadora: O programa assim como que cês conheceram ele tanto

depois de pronto como durante as reuniões e tal. Ele tinha alguma similaridade com as demandas dos moradores?

Entrevistada 4: Não... As demandas... olha só pra você ver... Fizeram uma

avenida entendeu? Numa comunidade que a maioria das pessoas num tem carro entendeu? Um ou outro tem carro um ou outro tem ônibus. Então vamos pensar assim numa população né oficialmente de cinquenta extraoficialmente de cem então entre cinquenta e cem mil pessoas. Talvez a gente tenha aí... dez por cento se for muito acho que é até muito dez por cento que tenha carro ou moto entendeu? Então a maioria da população e é a maioria MESMO faz o trânsito todo pela comunidade a pé. Então uma avenida nunca foi uma demanda dessa comunidade. Uma avenida foi feita por eles pensando na ligação da zona sul com a zona leste. UMA RUA se tivessem feito uma rua nos atenderia PERFEITAMENTE não teria tanto dispêndio e nos atenderia muito bem.218

Apesar de não atender às necessidades dos moradores, fica claro que a execução da Via é de grande interesse do Estado – obviamente, por atender às necessidades do capital. Em grande medida, podemos dizer que a razão da construção dessa via, ao arrepio da vontade da população local e com grandes custos sociais, está relacionada à teoria da localização, de Luiz César de Queiroz Ribeiro, uma vez que havendo uma ligação entre a Regional Centro-Sul e a Regional Leste, a circulação entre os bairros estaria facilitada, pois seria uma rota alternativa ao centro da cidade, valorizando, de sobremaneira os bairros da Regional Leste, como o Santa Efigênia, que vem nos últimos anos se valorizando e apresentando maior relevância econômica, deixando de ser

caracterizado por uma economia local e de bairro para apresentar grandes empreendimentos como Boulevard Shopping, e o projeto, que até o momento não saiu do papel, da construção das maiores torres da América Latina.219 A própria prefeitura de Belo Horizonte reconhece que a finalidade principal da obra da avenida é promover a ligação entre as regionais Centro-Sul e Leste:

Metade da Avenida do Cardoso, com 16 metros de largura e 1.635 metros de extensão, já está concluída. Essa avenida vai permitir a ligação da Avenida Mem de Sá, em Santa Efigência, na região Leste, com a Rua Caraça, no Bairro Serra, na região Centro-Sul. Por causa do terreno acidentado, dois trechos são em viaduto. Na região da Terceira e Segunda Águas, foram urbanizados mais de 60 becos. As obras de pavimentação, esgoto e drenagem, construção de escadarias e contenções em becos estão sendo feitas em todo o Aglomerado. O Programa contempla urbanização em aproximadamente 23,8 mil metros lineares de becos.220

Além disso, construir uma grande avenida como a Avenida do Cardoso é uma desculpa relativamente convincente para que se promova um grande número de remoções, resultando em um processo de higienização da área. Trata-se, como dissemos, de mais uma obra de grande porte, que resultou na construção de um grande canteiro de obras na cidade, e que permitiu, para sua execução, que os capitais explorassem a mão de obra e, por meio da produção do espaço urbano, mantivessem em circulação o giro capitalista. É necessário, como afirmamos, que haja uma constante produção para que o capitalismo sobreviva, e a cadeia da construção civil é particularmente interessante na manutenção dessa constante produção, pois é propícia a uma maior intervenção do Estado, que garante a solvência dos empreendimentos e por abranger um grande número de atividades econômicas de distintos setores.

O panorama a respeito da construção da Avenida do Cardoso, a despeito do que queriam os moradores, fica ainda mais sério quando observamos que não só ela

219 Selecionamos notícias de jornais que atestam a intenção da execução das obras de construção das

maiores torres da América Latina. Há de se dizer que houve intensa mobilização social na cidade de Belo Horizonte contrária a essa construção, pelo argumento de que ela promoveria a remoção da pequena favela conhecida como Vila Dias, além de descaracterizar o tradicional Bairro de Santa Tereza, também na Regional Leste. O assunto saiu da pauta de discussão dos meios políticos da cidade e também da mídia, mais recentemente. De toda forma, a mera intenção de realizar tal empreendimento já comprova como essa Regional tem exercido grande fascínio aos diversos capitais individuais. Para saber mais, ver: MENEZES. Maior prédio da América Latina em BH pode “despejar” 300 famílias de região tradicional. 2012; TAKAHASHI. Grupo apresenta em BH o maior prédio da América Latina, 2012.

220 PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Nova Ligação entre regiões Centro-Sul e Leste. Disponível

em: <http://bhtrans.pbh.gov.br/portal/page/portal/portalpublico/Temas/Noticias/Vila%20Viva%20Serra>. Acesso em: 9 mar. 2016.

apresentou impactos negativos para sua construção, principalmente no que diz respeito às remoções, mas, que, mesmo hoje, cerca de dez anos após as obras, a população sente, na sua vida cotidiana os impactos negativos trazidos pela abertura de uma grande via que rasga o Aglomerado. Vejamos o que fala Floriscena a esse respeito:

Entrevistadora: Então quais os principais impactos que o programa teve na

vida das pessoas? No cotidiano...

Entrevistada 4: É... A questão da avenida, né? Criou um tráfego de carros

IMENSO, né... assim... A avenida olha... ela a extensão dela é de três a quatro quilômetros pelo que eu me lembro ela tem uma faixa de pedestres. Então assim criou-se o tráfego aumentou muito o fluxo de veículos inclusive de pessoas que não moram aqui. Que fazem questão de passar aqui em alta velocidade com vidro fechado e não criou a condição do pedestre usual daquele lugar continuar usando. Aí, hoje, por exemplo, hoje nós temos outro problema na Avenida Cardoso, que são os pegas de motos, entendeu? Virou uma avenida de pega. Então, assim, e do trânsito do comprador de droga que não mora na comunidade. Ficou muito fácil o acesso.221

A alegação era que a obra da Avenida do Cardoso melhoraria as questões de mobilidade para os moradores do Aglomerado. Salta aos olhos, portanto, que a Avenida do Cardoso não é uma obra de interesse ao Aglomerado da Serra, apesar do que diz seu contrato de execução. Em verdade, as pessoas que ali residem sentem de forma mais contundente os impactos negativos do que positivos, e foram negligenciadas em suas demandas, de abertura de vias de acesso dentro do Aglomerado, de menor escala, e também de alargamento e pavimentação dos becos. O Estado, para levar a cabo as obras que interessam aos capitais e a valorização das áreas de interesse desses capitais, não se importa de sacrificar o bem-estar da coletividade pobre. O Estado não é, como se diz comumente, um mediador das classes sociais; ele é, na realidade, um agente que se vale da aparência de suposta neutralidade de interesses para garantir a sobrevivência e perpetuação dos interesses e modos de produção capitalista.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que o caso apresentado (a implementação do Programa Vila Viva no Aglomerado da Serra) demonstra como a política urbana, conduzida pelo ente estatal, é uma forma de produção do espaço que, cujas características são fundamentais para a reprodução do modo de produção capitalista. Para tanto, foi empreendida uma análise da forma de atuação do Estado nesse processo, pois ele é um dos agentes que conduzem a produção do espaço urbano.

A partir de uma análise materialista histórica, afirmamos que o espaço é produzido a partir de relações sociais de produção, ou seja, as relações estabelecidas, dialeticamente, pelos agentes é o que determina as condições de produção do espaço. O urbano é, pois, condição geral de reprodução de realização do processo de reprodução do capital, além de produto desse processo, de contradições emergentes do conflito entre as necessidades da reprodução do capital e as necessidades da sociedade como um todo.

Esse conflito se reflete no momento da execução de políticas urbanas e habitacionais. De um lado, expressam-se os interesses de reprodução do capital, com a disponibilidade de terra necessária à construção civil, no caso da indústria imobiliária, ou para a instalação dos equipamentos imobiliários necessários à produção, além do interesse expresso de que o Estado crie as condições para o ciclo de produção da construção civil; de outro lado, situam-se os moradores das áreas em questão, que almejam permanecer em seus locais de moradias ou ser removidos para localidades melhores, em termos de localização e infraestrutura, bem como uma intervenção estatal que traga melhores condições de habitabilidade.

Para compreender melhor a produção do espaço urbano, identificamos quatro grupos de agentes, que são eles: os beneficiários, os capitais, os técnicos e o Estado. A partir dessa classificação, feita por Silke Kapp, analisamos os documentos e as falas das entrevistas, buscando identificar os interesses em jogo por parte de cada um deles.

Os beneficiários, que buscavam melhores condições de vida e, entre eles, as chamadas lideranças políticas, além de quererem melhorar de vida, visavam aumentar seu capital político e, posteriormente, até seu capital econômico. A fala de Floriscena da

Silva, moradora entrevistada, deixou em evidência essas relações, tanto da demanda dos moradores por melhor infraestrutura urbana no Aglomerado e melhoria das unidades habitacionais como também o fato de que as lideranças não representavam de fato os interesses dos moradores, mas eram ligadas intimamente ao Poder Público, servindo, em última instância, aos interesses do capital.

Adiante, Silke Kapp fala dos capitais como agentes. Os interesses dos capitalistas são claros: trata-se do objetivo principal do capitalismo, que é a acumulação de capital. Eles buscam, por meio de sua atuação nas políticas urbanas e habitacionais, fazerem aumentar seu capital econômico. Para tanto, é necessário, de um lado, que se garanta a exploração da mão de obra, no expediente produtivo, situação pelo Estado, no âmbito da produção do espaço urbano quando, privilegia um movimento constante de grandes obras de intervenção urbanística e habitacional, como é o caso do Vila Viva. Por outro lado, em escala menor, as empreiteiras envolvidas na obra também maximizam seus ganhos ao diminuir os custos da obra, o que implica, majoritariamente, em corte das garantias sociais, como o direito à participação, pois exigem maior tempo e maior custo na execução. Floriscena da Silva reclama, em sua fala, que os moradores do Aglomerado não foram satisfatoriamente informados, tampouco puderam opinar na obra. Esse elemento também é percebido ao assistir ao documentário “Uma Avenida no meu Quintal” e é identificado pela pesquisa do Programa Polos de Cidadania. Ademais, ressaltamos que a não observância do direito à participação popular está em desconformidade com o Estatuto da Cidade, o elemento participação é constitutivo do chamado direito à cidade.

Em seguida, analisamos a atuação dos técnicos, que podem estar a serviço direto dos capitais ou serem contratados pelo Estado. O interesse direto do técnico é na sua sobrevivência, portanto, obter um salário, não impede que ele possa tomar um lado. Mesmo que esse técnico se sensibilize e se coloque pessoalmente ao lado dos beneficiários, ele está inserido em uma estrutura na qual tem um discurso técnico- científico qualificado, mas baixo poder de barganha política. Ele é, entre os privilegiados, o que está na parte mais inferior da cadeia de comando. As falas das técnicas entrevistadas, Maria de Fátima Ribas e Mônica Cadaval Bedê, deixam evidente essa estrutura, em que elas, apesar de não desconhecerem alguns dos elementos

perversos das políticas públicas em que atuavam (inclusive, no caso de Maria da Fátima Ribas, no Programa Vila Viva do Aglomerado da Serra), elas não poderiam fazer muito para mudar o caráter estrutural e político da intervenção.

Por último, detivemo-nos a analisar o Estado, nosso recorte particular neste trabalho. O Estado também procura realizar seus interesses, que é a manutenção da coesão social. O governo que está à frente do Estado no momento da execução de determinada política pública tem, por interesse, se perpetuar no poder e crescer politicamente, de tal modo que as políticas públicas devem aparentar beneficiar o máximo de pessoas. A preocupação com seus resultados em curto prazo e sua apresentação coexistem ou se sobrepõem às reais benesses que podem ser extraídas dessa política. Ademais, o Estado é um agente que garante a reprodução do capital, de diversas formas, tanto na abertura de um grande canteiro de obras, que permite às empreiteiras (Camargo Corrêa S/A e Santa Bárbara S/A) explorarem o trabalho assalariado na construção civil e extrair mais-valia, como também promove, por meio da construção de equipamentos públicos e outras obras de requalificação urbana que

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