• Nenhum resultado encontrado

SUB--BACIA BACIA

OCIDENTAL OCIDENTAL ELEVAÇÃO ELEVAÇÃO ESTRUTURAL DE ESTRUTURAL DE BUDENS

BUDENS--LAGOALAGOA

SUB

SUB--BACIA BACIA

ORIENTAL ORIENTAL 9º0’W 8º30’W 8º0’W 7º30’W 37 º0 ’N 36 º3 0 ’N 8º30’W 8º0’W 7º30’W 9º0’W 36º30’N 37º0’N Soco Varisco Falh a d e S ão M arc os - Q ua rteira F a lha d e P ort im ão F a lh a de A lje z ur Budens Lagoa Algoz Faro Tavira

ALGARVE OCIDENTAL ALGARVE CENTRAL ALGARVE ORIENTAL

Falha Falha provável Falha deslizante Projecção de Mercator Paralelo de referência 37ºN Datum WGS84 S N E W S N E W S N E W Bacia Algarvia Albufeira S. Bartolomeu de Messines Silves Portimão São Brás de Alportel

Fig. II.10 - Localização esquemática das sub-bacias jurássicas da Bacia Algarvia, bem como a divisão do Algarve em Ocidental, Central e Oriental. Adaptado de Terrinha (1998).

(inferior, médio e superior), além de várias superfícies de descontinuidade com presença de oólitos ferruginosos, grãos de glauconite e fosfatos (Manuppella et al., 1987a). A série de calcarenitos do Jurássico inferior sucede-se em continuidade de sedimentação aos dolomitos e calcários dolomíticos do Sinemuriano, estando representada de forma abundante no Algarve Central, mas é reduzida no Algarve Ocidental e Oriental.

Embora não aceite pela International Commission on Stratigraphy, na descrição das unidades do Jurássico inferior falar-se-á nos termos Carixiano e Domeriano como subdivisões do Pliensbaquiano, porque é assim referido em numerosos trabalhos e porque a transição marca acontecimentos paleogeográficos importantes.

II.3.2.2.1.2.1 Sub-bacia Ocidental

Os sedimentos do Pliensbaquiano - Toarciano estão confinados ao extremo oeste (Sagres) e a sua descrição foi feita em dois cortes (Forte do Belixe e Armação Nova) onde os vários estádios são bem caracterizados pela presença de amonites (Rocha, 1976).

A unidade mais antiga é a dos Calcários dolomíticos com nódulos de silex da Praia de Belixe (Pliensbaquiano inferior - Carixiano) constituída por bancadas espessas de calcário dolomítico com nódulos de silex alternantes com bancadas menos espessas de calcário margoso, por vezes com crinóides e, no topo, calcário finamente cristalino, com nódulos de silex e braquiópodes. Sobre o processo de formação e deformação dos nódulos de silex na Praia do Belixe veja-se Ribeiro & Terrinha (2007).

Segue-se a unidade de Calcários cristalinos compactos de Belixe (Pliensbaquiano superior - Domeriano) datada pela presença de amonites Protogrammoceras sp., Fuciniceras sp. e Argutarpites sp. É constituída na base por calcário finamente cristalino, passando a margoso e depois a arenoso no topo.

Os Calcários margosos e margas de Armação Nova formam uma unidade margo- carbonatada amarelada, ligeiramente detrítica. A presença de Dactylioceras semicelatum e Harpoceratídeos permitiu atribuir-lhe a idade do Toarciano inferior (Rocha, 1976).

II.3.2.2.1.2.2 Sub-bacia Oriental

A principal unidade é a de Dolomitos e calcários dolomíticos de Boavista que, da base para o topo, engloba dolomitos e calcários dolomíticos, calcários oolíticos e conglomerados e calcários e conglomerados com nódulos de silex (Oliveira, 1992).

Esta série de calcarenitos está mal representada no Algarve Oriental aflorando apenas no núcleo de estruturas anticlinais diapíricas como em Boavista (a noroeste de Tavira). A unidade é considerada correlativa dos dolomitos e calcários dolomíticos de Espiche, mas no extremo leste do Algarve admite-se que o seu limite superior possa atingir a base do Aaleniano uma vez que sobre ela assentam, sem discordância aparente,

calcários com Lucasella cayeuxi, uma espécie que parece situar-se no Aaleniano- Bajociano basal (Oliveira, 1992). No entanto, no Algarve Central a idade da unidade não deverá ir além do final do Domeriano.

No sector central os sedimentos de idade provável Carixiano-Domeriano (Manuppella, 1992) foram identificados na Serra da Picavessa, um relevo vigoroso N-S, desde a Ribeira de Algibre até Salir (a norte de Loulé). Nesta serra a série carbonatada foi designada por Formação da Picavessa (Oliveira, 1992), formada na base por brechas dolomíticas e, no topo, por bancadas espessas de dolomitos. Estudos apontam para um carácter penecontemporâneo dos dolomitos e para limites diacrónicos da unidade. Os Calcários de Alte, identificados em Manuppella (1992) como uma unidade individualizada na Formação da Picavessa, são formados por calcários calciclásticos com raras intercalações recifais e micronódulos de silex, terminando em calcários oolíticos com foraminíferos bentónicos e algas dasicladáceas.

II.3.2.2.1.3 Jurássico médio (Aaleniano a Caloviano)

A ausência de sedimentos do Toarciano médio e superior (base do Aaleniano?) corresponde a uma lacuna estratigráfica, sendo o recomeço da sedimentação caracterizado por sedimentos recifais. Apenas na Boavista se observa um registo sedimentar mais contínuo nesse período, formado por bancada espessa de dolomitos com fósseis do Carixiano e Aaleniano-Bajociano (Oliveira, 1992). Em seguida apresenta-se uma breve descrição dos litótipos do Jurássico médio.

II.3.2.2.1.3.1 Sub-bacia Ocidental

No Algarve Ocidental, a plataforma carbonatada proximal é subdividida por uma barreira recifal em dois domínios: 1) a plataforma interna (fácies confinada) e 2) a plataforma externa (fácies aberta). Inicialmente os 2 domínios foram descritos em Sagres (Rocha, 1976) onde as condições dos afloramentos, ao longo das escarpas costeiras, são excelentes.

Os primeiros depósitos do Jurássico médio (Aaleniano - Bajociano inferior) têm características recifais e apenas são visíveis na Praia da Mareta sob a forma de dois biostromas carsificados (Bioerma da Mareta), formados por numerosos polipeiros, placas e radíolas de ouriços, crinóides, braquiópodes, lamelibrânquios, gasterópodes e algas.

A unidade de Calcários oolíticos, recifais, pisolíticos, calciclásticos e dolomíticos de Almádena (Aaleniano - Caloviano?; Rocha, 1976), encontra-se bem exposta ao longo das escarpas da Praia do Belixe e da Cilheta, e na Praia da Mareta. Corresponde à fácies de plataforma interna que se estende de Almádena até Albufeira, passando pelo alto estrutural de Budens-Lagoa que separa as duas sub-bacias. De acordo

com Rocha & Rey in Terrinha et al. (2006), englobam-se nesta unidade os Calcários de Vale de Lamas e os Conglomerados de Odeáxere da base, referidas em Manuppella (1992).

Enquanto na zona ante-recifal se desenvolviam fácies de calcários oolíticos, com elementos provenientes da destruição do recife, no domínio externo de mar aberto as fácies pelágicas, hoje visíveis apenas na Praia da Mareta, são essencialmente constituídas por calcário finamente detrítico rico em Zoophycos (unidade de Margas e calcários detríticos com Zoophycos da Praia da Mareta), de idade Bajociano superior - Batoniano. São margas cinzentas e calcários detríticos de cor amarelada, mais ou menos compactos, com raras amonites, depositados sobre os bioermas carsificados.

Sobre a unidade anterior depositou-se uma sequência pelágica monótona, designada por Calcários e margas da Praia da Mareta (Caloviano). Trata-se de um equivalente lateral da Formação do Telheiro existente na Sub-bacia Oriental. As fácies calovianas são margosas na base e mais enriquecidas em componente carbonatada e detrítica para o topo, onde são essencialmente constituídas por calcários margosos compactos. Predominam faunas planctónicas e nectónicas (amonites, belemnites) relativamente às bentónicas, ocorrendo frequentemente gesso e nódulos limonitizados.

Na passagem Caloviano-Oxfordiano ocorreu uma regressão marcada por uma superfície de erosão que corta obliquamente as bancadas do Caloviano médio e superior e que pode ser observada nas praias da Mareta, Baleeira e Cilheta, e no Forte de Belixe (Oliveira, 1984). A superfície de erosão, materializada por um horizonte ferruginoso e fosfatado contendo amonites retrabalhadas, tem vindo a ser descrita em todas as bacias mesozóicas ibéricas como a “regressão Caloviana” (Rocha, 1976; Manuppella, 1988).

II.3.2.2.1.3.2 Sub-bacia Oriental

Na Sub-bacia Oriental, os sedimentos do Jurássico médio afloram no núcleo de estruturas anticlinais em Tavira, Boavista, Guilhim - Estói e Loulé, geralmente relacionadas com tectónica salífera ou em regiões mais próximas da flexura de Algibre, em estruturas complexas como a que ocorre em S. Brás de Alportel. As unidades são descritas em pormenor por Oliveira (1992).

Os Calcários do Malhão (Aaleniano? – Bajociano) afloram principalmente na região de Faro e Tavira e são formados por sucessões de calcários oolíticos, micríticos e calciclásticos seguidos de conglomerados monogénicos intercalados com calcários bioclásticos com filamentos e nódulos de silex. A sucessão termina com margas e calcários margosos com amonóides (Margas de Mealhas) apenas observadas em Mealhas, a norte de S. Brás de Alportel.

A unidade de Calcários e margas de Guilhim (Batoniano inferior a médio) ou Formação de Guilhim, é constituída por calcários oolíticos e calciclásticos com intercalações conglomeráticas e, no topo, por margas azul-acinzentadas com amonóides. Os melhores afloramentos localizam-se no anticlinal de Guilhim (norte de Faro) e na

margem esquerda do rio Séqua. Os Calcários de Tavira e os Conglomerados de Alagoa assinalados entre Tavira e Cacela (Manuppella, 1992) devem corresponder a equivalentes laterais da Formação de Guilhim (Rocha & Rey in Terrinha et al., 2006).

A passagem Batoniano-Caloviano, com ausência de sedimentos do Batoniano superior, é marcada pela presença de uma superfície ferruginosa que bisela as formações subjacentes e que aumenta de importância para norte e para leste (Oliveira, 1992).

Os Calcários margosos e margas do Telheiro (Caloviano), ou Formação do Telheiro, existentes principalmente entre Sta Bárbara de Nexe e Estói, situam-se quase sempre nos

núcleos de anticlinais salíferos ou de grandes dobras provocadas pelas sucessivas fases compressivas béticas, a sul da flexura de Algibre. A unidade assenta em discordância angular ravinante sobre as unidades jurássicas anteriores e é formada por margas cinzentas e amareladas seguidas de calcários margosos mais detríticos para o topo, onde ocorrem intercalações areníticas (Rocha e Marques, 1979). No topo, a passagem aos sedimentos oxfordianos faz-se através de um pequeno nível de calcário compacto, conglomerático na base, que ravina as camadas calovianas e termina por uma superfície de descontinuidade ferruginosa (hard-ground) com raros fósseis (Marques & Rocha, 1988).

II.3.2.2.1.4 Jurássico superior (Oxfordiano a Titoniano)

II.3.2.2.1.4.1 Sector a oeste de Algoz

(= Sub-bacia Ocidental e Elevação Estrutural de Budens-Lagoa)

O Jurássico superior está bem exposto em alguns afloramentos litorais, entre o Cabo de S. Vicente e Lagos, descritos em Oliveira (1984). Inicia-se com a deposição de Calcários com nódulos fosfatados e ferruginosos com amonites da Praia do Tonel (Oxfordiano médio), apenas visíveis na região de Sagres, onde assenta em ligeira discordância angular sobre os calcários margosos do Caloviano. É constituída por calcários margosos e conglomerados calcários, com nódulos ferruginosos ou fosfatados e abundantes fragmentos fósseis rolados com evidências de fenómenos de reelaboração, concentração e ressedimentação. As associações faunísticas consistem em nautilóides, crinóides e amonóides, de que se destaca os Kosmoceras sp. (Rocha, 1976).

Segue-se a unidade de Calcários crinóidicos da Praia do Tonel (Oxfordiano médio – Kimeridgiano), formada por calcários oolíticos, compactos e esbranquiçados, lateralmente dolomitizados e com abundantes fragmentos de crinóides e também coraliários, lamelibrânquios e dasicladáceas indeterminadas.

A unidade de Calcários argilosos, margas e conglomerados da Praia do Tonel (Kimeridgiano) é constituída por calcários margosos com intraclastos, litoclastos e microfendas de dissecação, margas, níveis de “calhaus negros”, alguns níveis conglomeráticos e microfauna. Outra unidade kimeridgiana é a dos Calcários com Alveosepta jaccardi da Praia do Tonel formada por calcários margosos compactos, em

bancadas espessas, com raras intercalações margosas, “calhaus negros”e fauna abundante (foraminíferos, estromatoporídeos, ostracodos, etc.) (Rocha, 1976).

Seguem-se os Calcários dolomíticos e Dolomitos de Sagres (ou Dolomitos e calcários com C. striata e C. jurassica em Manuppella, 1992) de idade Kimeridgiano - Titoniano. É constituída por calcários compactos, dolomíticos na base, passando a dolomitos maciços, cristalinos, no topo, e com abundantes foraminíferos bentónicos. Estudos geoquímicos da unidade apontam para dolomitização secundária (Ribeiro, 2005).

Por último, ocorrem os Calcários com Anchispyrocyclina lusitanica (Titoniano) formados por alternância de bancadas espessas de calcários compactos, frequentemente nodulares, intraclásticos e oolíticos, alternando com calcários margosos e margas com abundantes gasterópodes, ostraídeos e carófitas (Oliveira, 1984).

II.3.2.2.1.4.2 Sector a leste de Algoz (= Sub-bacia Oriental)

As formações do Jurássico superior ocupam vasta área do Algarve Central e vão-se estreitando para leste, ocorrendo os últimos afloramentos na região da Conceição. A descrição das formações deste sector baseia-se nos trabalhos de Marques (1983), Ramalho (1985) e Manuppella et al. (1987a, 1987b, 1988), sintetizados em Oliveira (1992).

Localmente depositaram-se os Calcários hidráulicos de Loulé (Oxfordiano médio?) que são calcários argilosos, por vezes betuminosos, alternando com níveis argilosos finos, com maior espessura para o topo. Provavelmente esta unidade é equivalente lateral dos calcários e margas de Peral (Rocha & Rey in Terrinha et al., 2006).

Os Calcários margosos e margas de Peral (Oxfordiano médio - Kimeridgiano inferior), assentam localmente sobre os calcários hidráulicos de Loulé ou directamente sobre formações do Caloviano. A unidade é constituída por calcários margosos e/ou arenosos compactos que alternam com margas azul-acinzentadas com amonites, belemnites, espongiários, braquiópodes, restos de plantas, etc. Marques (1983) refere duas descontinuidades na sequência pelágica, materializadas por hard-grounds com nódulos ferruginosos, clastos de calcário, grãos de glauconite e fósseis mais ou menos reelaborados e/ou fragmentados. O limite superior da unidade é heterócrono.

Os Calcários de S. Romão ocorrem entre o norte de Loulé e S. Brás de Alportel e correspondem a espessa unidade carbonatada individualizada no seio da unidade anterior. É formada na base por níveis de calcários compactos, oolíticos, seguidos de camadas muito ricas em corais, espongiários, crinóides, estromatólitos e, no topo, por calcários de oncóides e nódulos algares importantes.

Com idades compreendidas entre o Kimeridgiano inferior e o Kimeridgiano superior observam-se as seguintes unidades:

- Calcários com nódulos de silex de Jordana; aflora entre os meridianos de Albufeira e Tavira e tem limites diacrónicos. É formada por calcários microcristalinos e calcários margosos com nódulos de silex e com microfauna escassa, fragmentada e silicificada

(espongiários, coraliários, braquiópodes, crinóides, belemnites e amonóides). Lateralmente a unidade passa aos Calcários com fósseis silicificados de Foupana, com características semelhantes aos anteriores, mas sem nódulos siliciosos, e aos Arenitos e conglomerados de Moinho do Cotovio, que correspondem a uma sucessão de arenitos finos ferruginosos, conglomerados e margas quartzosas.

- Calcários bioconstruídos de Cerro da Cabeça; a base deve ser um equivalente lateral dos calcários de Jordana. Consiste em calcários compactos finos, ricos em macrofósseis bentónicos recifais (corais, estromatólitos), gastrópodes, bivalves, etc. É frequente a presença de calcário com aspecto pseudo-conglomerático na base da unidade, provavelmente resultante da acção tectónica, que é aproveitado como pedra ornamental sob a designação de “Brecha de Tavira”, explorada entre Mesquita e Tavira.

- Calcários dolomíticos de Sta Bárbara de Nexe; estão bem desenvolvidos na região de

Albufeira e entre Boliqueime e Moncarapacho. Provavelmente corresponde a um equivalente lateral das unidades kimeridgianas, resultante da sua dolomitização secundária, bem como da base da formação que se lhe sobrepõe. É uma unidade com limites heterócronos.

A unidade dos Calcários de Escarpão (Kimeridgiano - Titoniano) é constituída por três membros que são litologicamente semelhantes, mas que contêm associações microfossilíferas diferentes e engloba, da base para o topo: Calcários com Alveosepta jaccardi (calcários margosos com oncóides e Nerinae, alternando com margas) que se estendem desde a Carrapateira e Praia de Tonel até Tavira; Calcários com Vaginella strata e Clypeina jurassica (calcários compactos nodulares e margosos com forte componente detrítica, por vezes com Nerineia e oncóides) na região de Tavira; e Calcários de transição (calcários margosos compactos). Os cortes mais representativos da unidade são os de S. João da Venda a Loulé (Choffat, 1987, Pratsch, 1958) e do Escarpão (entre a Ribeira de Quarteira e Ferreiras).

No Algarve Oriental, a norte de Tavira, os Calcários de Escarpão têm grande componente detrítica, assumindo geralmente a designação particular de Calcários e arenitos de Ribeira de Séqua (Manuppella, 1992).

A unidade mais recente do Jurássico (Titoniano), os Calcários com Anchispirocyclina lusitanica, ocorre igualmente na Sub-bacia Ocidental, onde já foi descrita, mas aqui apresenta uma espessura muito mais importante.

II.3.2.2.2 PALEOGEOGRAFIA DO

T

RIÁSICO

-

J

URÁSSICO

No final do Triásico e início do Jurássico começa a fragmentação do supercontinente Pangeia, cujos movimentos distensivos deram origem à formação de dois novos mares, o proto-Atlântico e o Neo-Tétis, após o paleo-Tétis ter desaparecido por subducção. Durante este período o território correspondente a Portugal continental situava-se na região sudoeste do maciço emerso ou Meseta Ibérica, numa zona de charneira entre duas margens quase ortogonais em distensão (veja-se Fig. II.11).

O mar que mais tarde conduziu ao oceano Atlântico causava pequenas transgressões para o interior do maciço permitindo a ocorrência de misturas de faunas boreais e tetisianas, daí a importância paleobiogeográfica das bacias portuguesas, particularmente durante o Jurássico. O domínio boreal corresponde às regiões periárticas (Canadá Ártico, Sibéria Setentrional, etc), daí se estendendo à costa pacífica da América do Norte e parte da Europa, desde a Inglaterra ao Mar Cáspio. Neste domínio são aceites as províncias boreal e sub-boreal. O domínio mesogeiano ou tetisiano corresponde ao mediterrâneo actual e às suas bordaduras sul e norte, esta última alargada à Europa alpina e à bordadura sul do cordão asiático. Neste domínio individualizam-se as províncias mediterrânea (Mediterrâneo ocidental mais ou menos coincidente com o domínio orogénico alpino) e submediterrânea (que se estende a norte da mediterrânea e engloba a bacia a norte do Tejo).

A diferenciação da Bacia Algarvia no Triásico relaciona-se com os movimentos distensivos ao longo das grandes fracturas tardi-variscas de orientação NE-SW e N-S. O bordo norte da bacia apresenta aproximadamente orientação E-W, por vezes, rejogado pelos dois grandes acidentes de Portimão e São Marcos-Quarteira. Os primeiros depósitos são de natureza continental e incluem principalmente conglomerados, arenitos e siltitos, em geral de cor vermelha característica. Na Fig. II.12 é apresentada uma síntese da interpretação paleobiogeográfica das unidades do Triásico–Jurássico.

Os Arenitos de Silves correspondem a depósitos continentais, aluvionares que se formaram sob condições climáticas semi-áridas (Palain, 1976). A sua cor vermelha está ligada a um clima quente com estações alternadamente húmidas e secas. Os períodos

Documentos relacionados