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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Bacia hidrográfica do rio Pomba

A bacia hidrográfica do rio Pomba, afluente da margem esquerda do rio Paraíba do Sul, localiza-se na região Sudeste, nos estados de Minas Gerais (90%) e Rio de Janeiro (10%), apresentando área de drenagem igual a 8.519,94 km2. Na Figura 3.1 está apresentada a localização da bacia hidrográfica do rio Pomba em relação à bacia do rio Paraíba do Sul e desta em relação aos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

O rio Pomba nasce nas proximidades de Barbacena-MG, na serra da Mantiqueira, em trecho denominado serra da Conceição, a 1.100 m de altitude, percorrendo aproximadamente 290 km no sentido sudeste até sua confluência com o rio Paraíba do Sul. Ao longo deste percurso, recebe vários afluentes, sendo os mais importantes da margem esquerda, os rios Paraopeba e Xopotó, e da margem direita, os rios Formoso, Novo, Pardo e o ribeirão dos Monos.

A bacia hidrográfica está localizada entre os paralelos 20°52’ e 21°43’ Sul e os meridianos 41°59’ e 43°38’ Oeste, abrangendo 38 municípios mineiros e 3 municípios fluminenses, onde vive uma população de, aproximadamente, 600 mil habitantes (FARAGE, 2009; IBGE, 2007).

Figura 3.1 – Localização da bacia hidrográfica do rio Pomba

Nas Figuras 3.2 e 3.3 estão ilustrados alguns aspectos gerais do médio rio Pomba, entre os municípios de Astolfo Dutra e Cataguases.

Figura 3.2 – Vista geral do rio Pomba: zona rural, a montante da cidade de Astolfo Dutra

(a); zona urbana, localizada no município de Cataguases (b)

(b) (a)

Figura 3.3 – Presença de corredeiras, principalmente na zona rural da bacia hidrográfica

Na Tabela 3.1 estão apresentados os índices morfométricos da bacia hidrográfica do rio Pomba. Para a quantificação desses índices foi utilizado o software de geoprocessamento ArcGIS 9.3® e o modelo digital de elevação hidrologicamente consistente (MDEHC). O modelo digital de elevação (MDE), fundamental na geração do MDEHC, foi disponibilizado gratuitamente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sendo gerado a partir do sensor Shuttle Radar Topography

Mission (SRTM) com resolução espacial de 90 metros e variação de 1 metro nas cotas

altimétricas (MIRANDA, 2005).

Tabela 3.1 – Característica morfométrica da bacia em estudo

Características Morfométricas Bacia do rio Pomba

Área de drenagem (km2) 8.519,94

Perímetro (km) 979,56

Declividade Média (m/m) 0,21

Altitude Média (m) 459,48

Comprimento Axial (km) 184,32

Comprimento total dos cursos de água (km) 11.573,90

Comprimento do rio principal (km) 297,30

Fator de Forma 0,25

Coeficiente de Compacidade 2,97

Número de Confluências 9.738

Densidade de Confluências (confluências/km2) 1,14

Densidade de Drenagem (km/km2) 2,64

Ordem da Bacia (Strahler) 7

A ocupação predominante da bacia é de pastagens de capim Gordura, Jaraguá e Colonião nas encostas, podendo-se verificar em alguns trechos de colinas de baixa altitude a presença de culturas anuais (principalmente o milho), sendo que nas planícies é comum o plantio de arroz em tabuleiros. A ocupação industrial ainda tem pequeno significado frente à área total da bacia, destacando-se a cidade de Cataguases, que constitui-se num importante polo industrial, com diversas indústrias têxteis, de papel e celulose, de processamento de bauxita, química, mecânica, de móveis e de alimentos. A exploração de caulim é verificada nas sub-bacias do ribeirão Ubá. No rio Xopotó merece destaque a indústria moveleira (CEIVAP, 1999).

A vegetação original era a floresta Atlântica Subperenifólia. Atualmente, a vegetação encontra-se quase toda devastada, sendo substituída pela agricultura (plantio de café) e pela pastagem. Restringe-se a alguns raros pontos, principalmente em topos de morro e ao longo de alguns cursos d’água. As escarpas da serra da Mantiqueira interpõem- se à circulação de massas úmidas, condicionando a vegetação (CEIVAP, 2006).

O clima da área é o tipo Tropical Quente e Úmido, com verões quentes e chuvosos e invernos com estiagem de 4 a 5 meses. Nos pontos de altitude mais elevada, os verões são brandos e o clima é classificado como Tropical Superúmido sem seca ou com subseca. A precipitação média anual dessa região é de 1.200 mm a 1.600 mm e a temperatura média anual varia de 17,4 a 24,7°C (CEIVAP, 1999).

A alta pluviosidade é o principal fator para a existência de significativos cursos d’água nessa região, o que favorece a intensa dissecação do relevo, além de formar importantes bacias. Nessa área, a serra da Mantiqueira aparece como uma barreira orográfica onde ocorre intensa precipitação pluviométrica, localizando-se aí as nascentes de importantes cursos d’água, como o rio Pomba. As vazões máximas e mínimas medidas na estação fluviométrica de Astolfo Dutra (código 58735000) até setembro de 2005 foram de 459,89 m3 s-1, no dia 21 de janeiro de 2003, e 10,41 m3 s-1, no dia 2 de setembro de 2001, respectivamente. A vazão média de longa duração é de 42,76 m3 s-1.

Na Figura 3.5 está representado o gráfico da precipitação média mensal na cidade de Astolfo Dutra (estação pluviométrica 2142000), localizada na porção média da bacia em estudo. 0 50 100 150 200 250 300 P r e c ip it a ç ã o m é d ia m e n sa l (m m ) Meses do ano

Figura 3.5 – Precipitação média mensal na cidade de Astolfo Dutra

De acordo com a Figura 3.5, a época de maiores precipitações na região está compreendida entre os meses de outubro a março, e os menores índices pluviométricos ocorrem, geralmente, entre os meses de abril a setembro. Verifica-se que esse comportamento pluviométrico ocorre em toda a bacia, podendo ser dito que o ano hidrológico na bacia do rio Pomba inicia-se no mês de outubro.

As principais fontes de poluição na bacia são os esgotos domésticos sem tratamento e o direcionamento inadequado do lixo urbano, resultando, quase sempre, em lançamento

in natura dos efluentes domésticos e dos resíduos nos rios. Outra característica relevante

da bacia é a degradação da cobertura vegetal, implicando em carreamento de sedimentos para as calhas dos rios (AGEVAP/CEIVAP, 2007).

Nas Figuras 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9 estão ilustradas algumas pressões antrópicas localizadas no médio rio Pomba:

Figura 3.6 – Lançamento in natura de efluentes nas margens do rio Pomba

Figura 3.7 – Desmatamento das margens no médio rio Pomba, provocando erosão e

aumento da concentração de sedimentos em suas águas

Figura 3.9 – Presença de animais e lançamento de esgoto bruto nas margens do rio: fonte

de coliformes termotolerantes

Recentemente, o rio Pomba, que constitui importante fonte de abastecimento de água para diversas cidades na região, tem sido palco de frequentes acidentes envolvendo poluentes industriais. Cita-se, como exemplo, o desastre ambiental causado no dia 29 de março de 2003 pelo rompimento de um reservatório situado na Florestal Cataguazes, no município de Cataguases (MG). Nesta ocasião foram liberados nos rios Pomba e Paraíba do Sul cerca de 1,4 milhão de m3 de lixívia (rejeito da produção de celulose, uma solução à base de carbonato de sódio usada no cozimento da madeira), provocando acidente ambiental de grandes proporções (CEIVAP, 2009). Esses fatos ressaltam a importância e a necessidade de estudos envolvendo a qualidade da água e a capacidade de autodepuração em rios.

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