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A eficiência na absorção de cálcio é influenciada pelo metabolismo do cálcio, regulado endocrinamente e dependente da idade das aves, do estágio fisiológico das aves de postura e do nível de cálcio da dieta, com consequências na excreção total de cálcio (VIEIRA, 2009).

A redução da inclusão de cálcio na dieta juntamente com o aumento de sua absorção pode aumentar a eficiência animal e otimizar o espaço ocupado por esse ingrediente na formulação de rações para aves (VIERIA, 2009).

A absorção de cálcio é definida como o total de cálcio consumido menos a excreção total de cálcio. Essa medida está inversamente relacionada com o nível de cálcio na dieta, e estima-se que em poedeiras a absorção aparente do cálcio seja de 58% com 4,0% de cálcio e 51% com 4,5% de cálcio na dieta (LICHOVNICOVA, 2007). A diferença entre o consumo e a excreção representa o desaparecimento líquido de cálcio ingerido através do trato gastrintestinal (AMMERMAN, 1995) e esse valor está confundido com a excreção endógena fecal e a excreção urinária em aves, e por isso essa absorção aparente de cálcio não expressa o quanto da absorção que é devida exclusivamente à ração.

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Em rações com elevado teor de cálcio solúvel, há rápida absorção no intestino pela via paracelular, em função do gradiente eletroquímico favorável (BRONNER, 1998), isso, faz com que ocorra o aumento do cálcio iônico no sangue, levando então, à inibição do apetite das aves (LOBAUGH et al., 1981). O cálcio das fontes inorgânicas, como por exemplo, carbonato de cálcio, calcário, casca de ostras e fosfatos de cálcio, podem ser rapidamente solubilizados pelo meio ácido do proventrículo e da moela das aves (KLASING, 1998).

Entretanto, rações com baixo nível de cálcio, a absorção do mesmo acontece principalmente através da via transcelular, dependente do transporte ativo (BRONNER, 2003), conforme descrito anteriormente. Nesse sistema o cálcio ligado pode ser armazenado em vesículas (via vesicular), permanecendo como reserva temporária no interior da célula. Devido à coexistência desses mecanismos de transporte ativo, a difusão do cálcio através do citoplasma torna-se uma etapa limitante da absorção, pois, tanto a via transcelular quanto a via vesicular de transporte de cálcio são dependentes das proteínas ligadoras de cálcio, cuja produção é reduzida com o aumento do nível de cálcio na ração (HURWITZ & BAR, 1971) e, dessa forma o acúmulo desse mineral torna-se relativamente ineficiente (BRONNER & PANSU, 1999).

De acordo com Vieira (2009), tanto em aves de postura, quanto de corte, quanto menor o nível de cálcio na ração, maior será a eficiência de retenção de cálcio, mas a retenção absoluta será inversamente relacionada. Dessa forma, a suplementação de cálcio deve ser considerada mais que um nível nutricional e sim uma necessidade fisiológica com consequências metabólicas a curto e longo prazo e que podem ainda influenciar o aproveitamento de outros nutrientes da ração.

A eficiência de transporte intestinal de cálcio é dependente das proteínas ligadoras de cálcio, assim como dos transportadores de cálcio e da bomba de cálcio, além de ser modulada pela idade, pela vitamina D3 e pelo cálcio da ração (BROWN et al., 2005).

Além da eficiência de retenção de cálcio ser inversamente proporcional à concentração de cálcio na ração (GEORGIEWSKII, 1982), a ovoposição é determinante no balanço de cálcio e de fósforo em poedeiras (HURWITZ, 1965), uma vez que uma poedeira elimina aproximadamente 500 g de cálcio durante todo o período de postura; para produzir entre 250 a 260 ovos; esta quantidade de cálcio excretada é 25 vezes maior do que sua reserva total de cálcio corporal (GEORGIEWSKII, 1982).

Em rações com baixos níveis de cálcio e de fósforo, ocorre o aumento dos níveis de mRNA para a síntese dos transportadores de membrana (BROWN et al., 2005) e também o

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aumento da síntese da proteína ligadora duodenal, e ainda ocorre reabsorção do cálcio ósseo (BAR et al., 2003).

Em poedeiras a eficiência de absorção de cálcio está inversamente relacionada com o aumento do nível de cálcio dietético (CHANDRAMONI & SINHA, 1998). O cálcio em excesso é eliminado nas excretas. Este excesso de cálcio acaba provocando uma baixa retenção absoluta de cálcio no organismo (CHANDRAMONI & SINHA, 1998). Segundo

Dell’Isola & Baião (2001), há maior eficiência de utilização de cálcio quando este se encontra

sob baixa disponibilidade. Entretanto, as aves podem apresentar maior retenção de cálcio, com o aumento desse mineral nas rações, fato que pode estar relacionado com a maior quantidade de calcário utilizada na formulação das rações para atender o nível mais elevado de cálcio, o que proporciona maior quantidade de partículas de calcário mais grossas, disponíveis na moela, em relação às rações com baixos níveis de cálcio. Segundo Zhang & Coon (1997), partículas grandes de calcário podem atravessar o trato digestivo mais lentamente por causa de uma maior retenção na moela, permitindo que o calcário permaneça num ambiente ácido por um longo período de tempo, a acidez, então iria aumentar a possibilidade de dissociação do CaCO3 em cálcio iônico e dessa forma ocorreria uma produção de cálcio mais disponível para a absorção.

A disponibilidade do cálcio para deposição na casca em aves em postura parece controlar a excreção de cálcio e de fósforo, pois a excreção de cálcio e de fósforo diminui quando o consumo excede a taxa de utilização pela glândula da casca (WIDEMAN, 1987). Isso ocorre, pois o cálcio necessário, de origem dietética e óssea para formação da casca é intermitente e afetado pelo estágio de formação da casca (ETCHEs, 1987).

A absorção de cálcio e de fósforo que ocorre no intestino delgado, depende de fatores como a fonte, a proporção e os níveis de cálcio e de fósforo, pH intestinal e vitamina D. Sendo que, quanto maior a necessidade maior é a absorção, até determinado nível de ingestão. Esta absorção é facilitada pelo baixo pH, pois este se faz necessário para a solubilidade destes elementos químicos (HAYS & SWENSON, 1996).

Outro fator importante, além do fósforo estar relacionado a problemas econômicos, também está relacionado a problemas ambientais. Somente cerca de um terço do fósforo total presente nos alimentos utilizados na formulação das rações está disponível para aves (COSTA et al., 2007). Assim, a lixiviação do fósforo a partir de excretas de aves para a água de superfície e lençóis freáticos, gera um grave problema de poluição ambiental.

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O uso em excesso do fósforo nas rações animais pode provocar o processo denominado eutrofização de ecossistemas aquáticos (SCHAEFER et al., 2000). Este problema ocorre quando há uma frequente aplicação de dejetos de aves como fertilizante, ultrapassando assim o nível máximo de fósforo, bem como de nitrogênio, necessário ao desenvolvimento de plantas. A capacidade de adsorção de fósforo pelas partículas do solo se torna saturada e o fósforo passa a ser lixiviado, alcançando o lençol freático. Com isso, ocorre a multiplicação desenfreada de algas, o que prejudica a proliferação de peixes e outros organismos aquáticos. Assim é importante a formulação de rações com níveis adequados de fósforo, atendendo à exigência nutricional das aves, sem que haja excesso ou deficiência desse mineral, permitindo o máximo desempenho produtivo.

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