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3. Resultados e Discussões

3.3. Balanço de Carbono

Os sistemas, até a idade estudada, apresentaram balanço de carbono positivo. A unidade agrissilvipastoril com feijão apresentou remoção de 49,99 tCO2e ha-1 e, em

contrapartida, estimou-se emissão de 7,24 tCO2e ha-1. Portanto, o sistema apresentou um

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estoque de 42,00 tCO2eha-1, emissão de GEE de 5,79 tCO2eha-1 e balanço de 36,22 tCO2e

ha-1 (Tabela 4). O número de árvores necessárias para compensar as emissões provenientes das atividades dos sistemas foi de 53 e 46, para o sistema agrissilvipastoril e silvipastoril, respectivamente. Quantidade superior ao econtrado no artigo anterior, que variou de 17 a 44 árvores ha-1.

Tabela 4. Balanço de carbono e quantidade de árvores necessárias para neutralizar as emissões dos sistemas avaliados

Table 4. Carbon balance and amount of trees needed to offset the emissions of the evaluated systems Sistema Média Agrissilvipastoril Silvipastoril Estoque 49,99 42,00 46,00 Emissão (t CO2e ha-1) 7,24 5,79 6,51 Balanço 42,76 36,22 39,49 Estoque (t CO2e arv-1) 0,14 0,13 0,13 Árvores Necessárias 53 46 50 Árvores Sistema 369 333 351 Árvores Excedentes 316 287 302 % Árvores Compensar 14,48 13,77 14,13

Para o sistema agrissilvipastoril com feijão seriam necessárias 53 árvores (14,48%) para compensarem as emissões e haviam 369 árvores, portanto, houve um excedente de 316 árvores. O sistema silvipastoril necessitaria de 46 árvores (13,77%) para neutralizar as emissões e haviam 333 árvores, apresentando, portanto, um excedente de 287 árvores (Tabela 4). Esta diferença foi devido à maior emissão de GEE pelo sistema agrissilvipastoril. Em média, seriam necessárias 14,15% das árvores para neutralização das emissões. Assim, os resultados evidenciaram que os sistemas foram capazes de neutralizar as emissões de GEE e ainda foram superavitários.

4. Conclusões

Os sistemas agroflorestais possuem um balanço de carbono positivo, sendo de 42,76 tCO2e ha-1 para o sistema agrissilvipastoril com feijão e 36,22 tCO2e ha-1 para o sistema

silvipastoril.

A presença do componente agrícola (feijão) no sistema agrissilvipastoril propicia maior remoção (49,99 tCO2e ha-1) em relação ao sistema silvipastoril (42,00 tCO2e ha-1),

porém, exige maior número de árvores para neutralizar as emissões de GEE.

Em sistemas em que não se utiliza máquinas na implantação, a adubação de cobertura, é a que mais contribui nas emissões, em função do maior potencial de emissão do nitrogênio.

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Os sistemas agrissilvipastoris e silvipastoris apresentam excedente de árvores quando se pensa na neutralização de carbono, permitindo inferir que os sistemas Agroflorestais contribuem de forma efetiva para diminuir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

O componente bovino é que mais emite GEE, quando comparado às emissões do cultivo do eucalipto, feijão e capim braquiária.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sistemas agroflorestais contribuem para mitigação de dos gases de efeito estufa na atmosfera e desempenham um importante papel para o alcance das metas de redução de emissões de GEE estabelecidas pelo governo brasileiro. Estes sistemas devem ser incentivados no Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, de forma a tornar as práticas agropecuárias ambientalmente mais sustentáveis.

Recomenda-se estudos sobre indicadores ambientais (infiltração de água, agrotóxicos, etc) e técnico-econômicos (desbaste, desrama, colheita, comercialização dos produtos, etc) como forma de tomada de decisões para os produtores rurais. Além disso, necessita-se melhores políticas de extensão a fim de demonstrar aos produtores os beneficios da implantação de sistemas agroflorestais.

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