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O Balanço Social surgiu na França, em meados de 1970, com o objetivo de fazer menção, as informações ambientais e sociais desempenhas pelas entidades. Enquanto no Brasil este começou a ser discutido por acadêmicos e profissionais contábeis, nos anos 80, sendo que foram publicadas as primeiras edições deste relatório social no Brasil, no final dos anos 80, conforme (TINOCO; KRAEMER, 2011).

Segundo Becke (2004, p. 1), atualmente:

O balanço social é instrumento consagrado pela doutrina contábil como destinado a evidenciar, periodicamente, por intermédio de dados qualitativos e quantitativos, ações assumidas e praticadas pela Entidade na interação (direta ou indireta) com o entorno. Em poucas palavras, o balanço social é instrumento de demonstração de função social.

Assim, o BS é considerado uma ferramenta gerencial que reúne dados qualitativos e quantitativos e tem a finalidade de tornar pública as informações referentes as atividades ambientais e sociais da empresa. Portanto, o Balanço Social é um instrumento de divulgação de informações de desempenho da atuação ambiental e social da organização ao público de maneira geral (KROETZ, 1999; TINOCO; KRAEMER, 2011).

De acordo com Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) (2005 apud Fedato, 2005, p. 50) “[...] o balanço social, um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais, o qual é dirigido aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade”. Desta forma, a organização utiliza-se deste demonstrativo para fornecer ao público às informações da sua interação com o meio ambiente e com a comunidade em geral. Sendo que, a sua divulgação é facultativa de acordo com a (NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE TEORIA 15).

Segundo, a NBC T 15 versa que, quando a organização divulgar a demonstração que evidencia as informações sociais e ambientais é recomendado divulgar esta demonstração como informação complementar às demonstrações contábeis e não como notas explicativas. Neste caso, quando for divulgado é recomendado divulgar o balanço social como informação complementar às demonstrações contábeis.

Sobre esta concepção Becke (2004, p. 18) destaca que:

[...] o balanço social revela-se adequado para a demonstração do desempenho e avaliação da responsabilidade econômica, social e ambiental da entidade. Isto se deve ao apoio teórico propiciado pela doutrina contábil (condição indispensável para a Ciência) e à sua aceitação como novo instrumento de informação adotado pela Contabilidade brasileira, o que lhe confere status de novo demonstrativo contábil.

Neste contexto, é evidente que o surgimento da contabilidade ambiental e social implicou na geração de dados e informações da atuação ambiental e social da organização que por sua vez essas informações também devem ser divulgadas (NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE TEORIA 15). Por isso, a contabilidade como a ciência da informação deve encontrar meios de divulgar essas informações ao público, segundo (TINOCO; KRAEMER, 2011). Quer seja, com a inclusão dessas informações nos demonstrativos contábeis tradicionais, quer seja divulgadas como informações complementares utilizando o BS para tornar pública as informações sobre a atuação ambiental e social da empresa aos mais diferentes usuários, conforme abordado por (BECKE, 2004; RIBEIRO, 2010).

Assim, o balanço social é o demonstrativo especifico consagrado pela contabilidade para evidenciar os dados e as informações da atuação ambiental e social da empresa ao público de maneira geral (BECKE, 2004).

Neste contexto, a NBC T 15, instituída pela resolução nº 1.003/04 do CFC, versa sobre as informações de natureza social e ambiental que refere-se, “Esta norma estabelece procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade” (NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE TEORIA 15).

Sendo que, o quadro 3 a seguir, mostra especificamente o tipo e a natureza das informações socioambientais a serem evidenciadas nos relatórios sociais quando divulgados, segundo a (RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE nº 1.003/2004).

Quadro 3 – Informações a serem divulgadas nos Relatórios Socioambientais.

INFORMAÇÕES SOCIAIS E AMBIENTAIS A SEREM DIVULGADAS

INFORMAÇÃO CONTEÚDO DE DIVULGAÇÃO

Geração e Distribuição de Riqueza

A riqueza gerada e distribuída pela entidade deve ser apresentada conforme a Demonstração do Valor Adicionado, definida na NBC TG 09.

Os Recursos Humanos

Divulgar as informações referentes à remuneração, benefícios concedidos, composição do corpo funcional e as contingências e os passivos trabalhistas da entidade. Bem como, divulgar outras informações que a empresa julgar necessárias, mesmo, sendo informações positivas ou negativas relacionadas a seu contingente de colaboradores.

A Interação da Entidade com o Ambiente Externo

A empresa deve divulgar as informações relativas a seu relacionamento com a comunidade na qual a entidade está inserida, com os clientes e com os fornecedores, inclusive incentivos decorrentes dessa interação.

A Interação com o Meio Ambiente

a) investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a melhoria do meio ambiente; b) investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados; c) investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade; d) investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade; e) investimentos e gastos com outros projetos ambientais; f) quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a entidade; g) valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas administrativa e/ou judicialmente; h) passivos e contingências ambientais.

De acordo com o quadro acima a divulgação das informações socioambientais é vital para a organização, pois mostra à todos os públicos a sua preocupação com a proteção do meio ambiente e com o bem-estar da comunidade de maneira geral. Desse modo, demonstrando a sua responsabilidade socioambiental empresarial para os mais variados usuários dessas informações (KROETZ, 1999).

Além de divulgar as informações especificadas no quadro 3 acima, a empresa também pode divulgar outras informações que julgar necessárias ou complementar as informações sociais e ambientais trazidas pela (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2004).

Dessa forma, quando for divulgado, o BS dever evidenciar as informações da interação social e ambiental da organização e divulgar este demonstrativo como informação complementar às demonstrações contábeis. Assim, apesar do Conselho Federal de Contabilidade ter instituído a norma citada acima, esta resolução não estabelece a obrigatoriedade da organização divulgar as informações de natureza socioambiental, cabendo a empresa voluntariamente, acatar as especificações desta norma e divulgar essas ações para a sociedade e o público de forma geral que tenham interesse nos relatórios sociais.

Como exemplo de transparência dessas informações, observa-se que o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) divulga, desde 2007, o Balanço Social com a nomenclatura de Balanço Socioambiental. Na edição de 2013, apresentou este demonstrativo composto por 126 páginas. Necessários para evidenciar teoricamente as suas atividades de caráter de Gestão Institucional; Gestão de Pessoas; Gestão de Registro, Fiscalização, Normatização e Educação Continuada; Gestão Socioambiental e, por fim apresenta o Balanço Socioambiental em Dados que evidencia os demonstrativos e quadros de natureza contábil, incluindo nestes a Demonstração do Valor Adicionado (BALANÇO SOCIOAMBIENTAL – CFC, 2013).

Nota-se que o número expressivo de páginas destinadas para este demonstrativo, acaba sendo alvo de diversas críticas, tanto por parte de seus usuários internos como externos, pois esta forma de apresentar as suas atividades acaba por desestimular o leitor, inclusive pela falta de coesão das informações.

Haja vista, que a Demonstração do Valor Adicionado configura-se parte dos relatórios socioambientais, consequentemente faz parte do Balanço Social, sendo

assim recomenda-se divulgá-la junto a este. Deste modo, o Balanço Social é composto pela DVA que mostra à sociedade e a todos os interessados nessas informações, o quanto a organização agregou de valor aos recursos adquiridos de terceiros e, a forma como ela distribuiu para as partes beneficiadas (KROETZ, 1999).

De acordo com Kroetz (1999, p. 14) “observa-se que a Demonstração do Valor Adicionado encontra-se associada à esta estrutura, porém reconhece-se a sua autonomia, como demonstração que tem caraterísticas próprias, podendo ser divulgada em separado do Balanço Social, até por ter enfoque quase que exclusivamente econômico”.

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