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As políticas públicas sociais são um compromisso público que o Estado estabelece junto à sociedade visando à garantia de direitos sociais como um dos princípios claros e fundamentais de democracia. A utilização de metodologias adequadas ao desenvolvimento e à implementação de políticas públicas é uma preocupação constante tanto destas instâncias públicas, quanto das agências de fomento que as financiam, como, por exemplo, o Banco Mundial (BIRD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Instituições como Fundo Monetário Internacional (FMI), BIRD14 e BID, são compreendidas como grandes instituições financeiras. No entanto, o FMI objetiva ser principalmente um fundo de estabilização monetária aos países com déficit orçamentário. Já o BIRD e o BID são órgãos que se destinam a prover assistência concessional aos países em

desenvolvimento e que, no Brasil, têm relevante papel no financiamento de políticas públicas15.

De acordo com o relatório anual de 2014, o BID é o maior e mais antigo banco de desenvolvimento multilateral regional do mundo e a principal fonte de financiamento multilateral para o desenvolvimento econômico, social e institucional na América Latina e no Caribe. Suas prioridades são a redução da pobreza e das desigualdades sociais, o suprimento das necessidades dos países pequenos e vulneráveis, a promoção do desenvolvimento através do setor privado, o enfrentamento das mudanças climáticas através de energia renovável e da sustentabilidade ambiental e a promoção da cooperação e integração regionais. No final de 2014, o BID tinha aprovado quase US$ 243 bilhões em empréstimos e garantias para financiar projetos com investimentos totais superiores a US$ 512 bilhões, bem como US$ 6,2 bilhões em financiamentos não reembolsáveis (BID, 2014). Os recursos financeiros provêm de seus 48 países membros, de captações nos mercados financeiros e dos fundos fiduciários que administra, além de operações de cofinanciamento. A classificação da dívida do BID é a mais alta que existe: AAA. O BID tem sede em Washington, capital dos Estados Unidos da América, e conta com Representações em todos os 26 países membros da América Latina e do Caribe, além de escritórios em Madri e Tóquio. Seus países membros são: Alemanha, Argentina, Áustria, Bahamas, Barbados, Bélgica, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Dinamarca, El Salvador, Equador, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Israel, Itália, Jamaica, Japão, México, Nicarágua, Noruega, Países Baixos, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, República da Coreia, República Dominicana, Suécia, Suíça, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.

Na fase de elaboração e implementação dos projetos, as agências multilaterais possuem coordenações em secretarias especiais que se envolvem com os assuntos relativos aos projetos. No Brasil, os financiamentos do BID são coordenados pela Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (SEAIN- MP)16. É através da SEAIN que os órgãos públicos elaboram uma carta consulta à COFIEX – Comissão de Financiamentos Externos. Depois, o BID é consultado, e, em seguida, depois de aprovados, os projetos são desenvolvidos em parceria. O BID conta ainda com o OVE –

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Segundo dados oficiais das agências multilaterais, o Governo Brasileiro obteve apoio em mais de 660 projetos já financiados, perfazendo um total de aproximadamente US$ 50 bilhões. Dados do Banco Mundial apresentam o Brasil como o segundo maior país em provimento de recursos, perdendo apenas para o México (BIRD, 2002)

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Escritório de Avaliação e Supervisão na linha de avaliação dos projetos. O OVE é um departamento de avaliação das operações do Banco que é independente, e tem vínculo direto com os diretores executivos. Fornece as informações e a metodologia para avaliação dos resultados de projetos financiados pelo BID, sempre buscando experiências e identificando as lições aprendidas.

O BID, junto com o OVE tem procurado assegurar projetos que levem ao desempenho desejado no impacto do desenvolvimento social e humano. Assim, para que o projeto traga aprendizado a todos os seus envolvidos, autoridades do país, técnicos do Banco, setor público, enfim a toda equipe, torna-se necessário avaliar os sucessos e fracassos, aplicados ao longo do ciclo do projeto. Sua importância ao Banco consiste em melhorar a capacidade de avaliação e contribuir para o aumento da efetividade dos projetos, principalmente no que diz respeito à capacidade de gestão dos governos e à aplicação de políticas públicas mais eficazes. Como instrumento de governança, o BID possui diretrizes, listadas abaixo, que sustentam a avaliação de projetos por ele financiados, como uma ferramenta de melhor desempenho das políticas públicas:

• O desempenho do Banco e dos mutuários com relação à execução dos projetos pode melhorar desenvolvendo melhor a capacidade de avaliação;

• A avaliação pode contribuir para melhorar o impacto do desenvolvimento dos projetos se utilizado como instrumento de aprendizagem;

• A avaliação reduz os riscos ocorridos na execução dos projetos;

• A avaliação serve como respaldo a reforma do setor público;

• O BID utiliza diversas estratégias para desenvolver a capacidade de avaliação nos países;

• O BID utiliza a avaliação para promover o aprendizado institucional. O papel do BID, como fomentador da melhoria da governança, contribui, dessa forma, para aumentar a racionalidade dos gestores na tomada de decisões conseguindo, dentro do possível, solucionar os problemas e otimizar a utilização dos recursos. Não se pode pensar na execução de um programa/projeto sem a utilização desses instrumentos, que se revelam importantes no acompanhamento e na orientação de resultados mais efetivos, e um marco para a realização de projetos futuros.

O desenvolvimento da capacidade de formulação e implementação de políticas públicas através de projetos de governos torna-se, cada vez mais, uma prioridade das agências multilaterais, sendo elas também responsáveis, em parte, pela garantia de uma boa gestão dos governos locais, já que fica muito clara, nos documentos estratégicos das agências de fomento, a prioridade em financiamentos a projetos que estabelecem impactos significativos e que, consequentemente, tragam reformas necessárias ao bom desempenho do setor público. De certa forma, tanto o BIRD quanto o BID impõem ao Brasil e a todos os tomadores de empréstimos a necessidade de um esforço nessa reforma do setor público. Há uma necessidade de reformas estruturais do Estado porque, segundo as estratégias de desenvolvimento impostas pelos Bancos, é somente através desse processo que se pode garantir a consecução de programas/projetos públicos com maior eficácia e efetividade.

Fica claro que os esforços empregados pelo BID em sua política de auxílio institucional e gerencial aos países em desenvolvimento seguem o caminho, que é o de redução da pobreza no Brasil com a retomada de seu desenvolvimento social e econômico. Consequentemente, na análise comparativa de suas metodologias, se percebe a tendência de se avaliar os impactos dos projetos financiados. Este impacto, entendido como a relação entre a implementação de um programa e seus resultados, se configura o ponto principal da análise dos projetos. A ênfase nos resultados é importante para as agências multilaterais, pois é a base para a verificação das exigências que estas têm para com os países membros.

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