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Barreiras das TICs Análise Fatorial

A tabela que se segue expõe as variáveis correspondentes às barreiras para a adoção e implementação das TICs. Tal como acontece na tabela VI correspondente aos Benefícios, na tabela seguinte (Barreiras), é possível verificar as médias das respostas obtidas e o desvio padrão das mesmas.

Através da análise das médias apresentadas na Tabela VII, é possível auferir as variáveis com maior e menor grau de concordância. Assim sendo, as três variáveis correspondentes às barreiras com maior grau de concordância (valor da média próximo de 5) foram: investimento inicial avultado (média=3,79); restrições financeiras (média=3,68) e desconhecimento do seu potencial (média=3,60). As variáveis que apresentaram um menor grau de concordância (valor da média mais próximo de 1) no estudo aqui desenvolvido foram: incompatibilidade com o meio em que a empresa opera (média=2,49); a dificuldade sentida em trabalhar com diferentes TICs (média=2,50) e a ideia de ausência de necessidade (média=2,58). Como era

expectável, as microempresas, devido à sua reduzida dimensão (Barba-Sánchez et al., 2007; Kamal et al., 2009; Wolcott et al., 2008) e falta de recursos (Duan et al., citados por Kossaï & Piget, 2014), podem ter mais dificuldades na adoção e implementação das TICs (Clifton Barton & Bear., 1999; P. Cragg et al., 2011; Hyman & Dearden, 1998; Wolcott et al., 2008).

Tabela VII - Análise Fatorial – Barreiras Fonte: Elaboração própria

Variância Explicada

Barreiras das TICs Média Padrão Desvio Próprio Valor Variância %

% Variância acumulada

Loadings Cronbach Alpha Fator 1: Receio e

falta de

conhecimento

3,435 24,534 24,534 0,841

Incompatibilidade com o meio em que a

empresa opera 2,49 1,208 0,773 Ausência de necessidade 2,58 1,338 0,737 Desconhecimento do seu potencial 3,60 1,196 0,625 Falta de know-how (conhecimento) dos proprietários/gestores e colaboradores em TICs 3,54 1,166 0,590

Receio de acessos não autorizados a dados confidenciais (questões de segurança no uso da internet) 3,41 1,230 0,588 Sinto dificuldade em trabalhar com diferentes TICs (por exemplo: site corporativo [www]; redes sociais [Facebook;Linkedin…]; impressora, entre outros) 2,50 1,326 0,566 Barreiras legais 2,93 1,037 0,517 Fator 2: Ausência de financiamento 3,284 23,457 47,991 0,846 Investimento inicial avultado 3,79 1,008 0,810 Elevados custos associados à 3,51 1,060 0,777

implementação e manutenção Restrições financeiras 3,68 0,946 0,752 Necessidade de manutenção regular (ex: equipamentos informáticos; site corporativo; redes sociais, entre outros)

3,52 1,078 0,599 Fator 3: Falta de decisão estratégica e infraestruturas 2,051 14,650 62,641 0,735 Ausência de planeamento estratégico 3,44 1,140 0,837 Limitação em investigação e desenvolvimento (I&D) 3,45 1,030 0,611 Falta de infraestruturas e condicionantes em relação ao ambiente social, cultural e político 3,17 1,054 0,583

N = 102; KMO = 0,891; Teste de esfericidade de Bartlett = 681,404; Sig = 0,000

Através da tabela VII é possível verificar que as barreiras das TICs se encontram agrupadas em três fatores. O primeiro fator explica 24,543% da variância, o segundo fator explica 23,457% e o terceiro e último fator explica 14,650%. No total, os fatores explicam aproximadamente 62,641% da variabilidade das variáveis iniciais. O valor correspondente ao alfa Cronbach das barreiras associadas às TICs maximiza a veracidade dos fatores sendo que em todos os casos o valor é superior a 0,70 (Pestana & Gageiro, 2014). No caso do teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) aplicado às barreiras obteve-se o valor de 0,891. Sendo que o valor é superior a 0,70, a validade da análise fatorial é considerada positiva. Relativamente ao segundo e último teste aplicado – esfericidade de Bartlett – para uma sig=0<0,05 rejeita-se a hipótese das variáveis não estarem relacionadas. Seguidamente descreve-se os fatores aqui retidos.

O Fator 1, designado de Receio e falta de conhecimento foca-se sobretudo em questões relacionadas com os constrangimentos associados às TICs fruto da personalidade do proprietários/gestores, bem como, colaboradores. Desta forma, este fator engloba sete variáveis, tais como: a incompatibilidade com o meio em que a empresa atua; a ausência de necessidade; o desconhecimento do seu potencial; a falta de know-how em TICs quer dos proprietários quer dos colaboradores; os receios inerentes a acessos não autorizados; a dificuldade em manusear/trabalhar com diferentes TICs e as barreiras legais. Uma das

questões que pode ser vista como uma barreira à adoção e implementação das TICs, prende- se com a incompatibilidade e ausência da necessidade destas tecnologias no meio empresarial (Antlová, 2009). Muitas vezes, a ausência da necessidade, é fruto do total desconhecimento do seu potencial (Antlová, 2009; Bull, 2003; Corso et al., 2003; Levy et al., 2001; Southern & Tilley, 2000), grande parte das vezes resultado da falta de know-how dos proprietários/gestores e colaboradores (Dixon et al., 2002; Duan et al.,2002 citado por Kossaï & Piget, 2014),). Assim, a questão da dificuldade no manuseamento de diferentes tecnologias, os receios adjacentes de acessos indevidos (Antlová, 2009; Dixon et al.,2002) e a falta de apoios legais (Koivunen et al., 2008) para as implementações de novas tecnologias, dificultam o processo de evolução tecnológica no âmbito empresarial.

O Fator 2 denomina-se de Ausência de financiamento e reúne quatro variáveis representativas das adversidades financeiras com que as empresas se deparam quando pretendem implementar novas tecnologias desde, o investimento inicial avultado; os elevados custos da sua implementação e manutenção; as restrições financeiras da empresa e a necessidade de manutenção regular de equipamentos e ferramentas usadas (por exemplo, o site corportativo e a gestão das redes sociais). Desta forma, as empresas devem estar cientes que é necessário um avultado investimento inicial e contínuo tendo em conta a manutenção associada aos sistemas e às infraestruturas adjacentes à implementação de novas tecnologias (Dixon et al, 2002; Thong, 2001; Kapurubandara & Lawson,2006; Nguyen, 2009;). Assim sendo, dadas as fortes restrições económico-financeiras, torna-se difícil a decisão de efetivar alterações tecnológicas nas empresas (Duan et al., 2002 citado por Kossaï & Piget, 2014; Madrir-Guijarro et al., 2009). A questão financeira é vista como uma dos fatores mais críticos quando se fala em adotar novas tecnologias (Drew, 2003; Fuller-Love, 2006; Mole et al., 2004; Riemenschneider et al., 2003).

O Fator 3, Falta de decisão estratégica e infraestruturas é composto por três variáveis. Estas variáveis dizem respeito às dificuldades que as empresas atravessam devido à desvalorização que é dada à necessidade de um planeamento estratégico, a falta de infraestruturas e as limitações em I&D associadas à implementação das TICs. Muitas vezes, os proprietários/gestores não têm a noção de que a adoção de tecnologias implica um conhecimento sobre a forma como as mesmas devem ser implementadas, sendo vital que se verifique um planeamento prévio. Assim sendo, a ausência de planeamento estratégico é vista como um forte obstáculo à implementação de TICs (Levy et al., 2001). A falta de infraestruturas fruto de condicionantes político sociais bem como, as restrições que as empresas enfrentam em I&D empresarial representam uma barreira à adoção e implementação de TICs (Kapurubandara & Lawson, 2006; Koivunen et al., 2008).

4.4 Influência dos Fatores de Implementação das TICS no Desempenho

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