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4. MÉTODO DE PESQUISA

4.2. Estrutura do estudo de caso

4.2.1. Base – Domínio Teórico (I)

A fase I, nomeada “Base – Domínio teórico”, compreende duas etapas: “Revisão da literatura” e “Planejamento do(s) caso(s)”.

4.2.1.1. Revisão da literatura

A revisão da literatura é o momento em que são definidos os padrões teóricos para embasar a pesquisa realizada, bem como os padrões metodológicos para a condução do trabalho. É feito o mapeamento da literatura a fim de se definir uma estrutura conceitual teórica, questões de pesquisa, estratégias de busca e critérios de seleção (MIGUEL, 2007; LEWIS, 1998; EISENHARDT, 1989).

São feitas as proposições do estudo a partir do constructo (conceitos a serem verificados), definindo assim os objetivos geral e secundários. Por fim, são delimitadas as fronteiras diante da abrangência que o estudo pode englobar e o grau de evolução para verificar a maturidade do tema pesquisado. Na execução do mapeamento da literatura, é possível identificar as lacunas do tema proposto para justificar a relevância do trabalho (MIGUEL, 2007; LEWIS, 1998; EISENHARDT, 1989). Os itens dessa etapa inicial estão descritos no Capítulo 1 (contextualização, lacunas, objetivos e justificativas) e no Capítulo 2 (revisão da literatura).

4.2.1.2. Planejamento do(s) caso(s)

A segunda etapa da fase I, “Planejamento do(s) caso(s)”, inicia-se com a escolha da população, sendo essa uma decisão que auxiliará na definição do quadro de amostragem da pesquisa. Com os critérios de seleção da amostra definidos, determina-se a quantidade de casos a serem estudados e selecionam-se as unidades de análise, identificando posteriormente estratégias para coleta e análise dos dados por meio de diversas fontes de evidências (MIGUEL, 2007; LEWIS, 1990; EISENHARDT, 1989).

Para o objetivo proposto, determinou-se que o método ideal é o estudo de caso único. Esse permite um maior aprofundamento na investigação, além de ser frequentemente utilizado em pesquisa longitudinal, a qual busca o entendimento das alterações de características do elemento estudado no decorrer do tempo (LEWIS, 1998). Apesar do estudo de caso único dificultar a generalização de seus resultados, o estudo foi realizado em um hospital cujo funcionamento é semelhante aos demais hospitais pertencentes a essa entidade filantrópica que estão espalhados pelo país.

A população estudada nesse trabalho são hospitais pertencentes a uma entidade filantrópica brasileira, uma vez que hospitais filantrópicos detêm quase metade dos leitos do

país (CMB, 2018). Essa entidade escolhida possui mais de 2.500 hospitais espalhados por quase todas as capitais e diversas cidades do interior do Brasil (ISCMITU, 2016). Selecionou- se para análise uma planta localizada em uma cidade do sul de Minas Gerais, a qual é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e de caráter beneficente, assistencial e filantrópico. Essa unidade é o único hospital filantrópico da cidade, onde são localizados mais dois hospitais privados (CNES, 2010).

Além de sua representatividade, esse hospital também foi escolhido devido ao seu importante papel na sua região de atuação. Atende aproximadamente 85% dos pacientes pelo SUS, 7,5% por atendimento particular e 7,5% por convênio, recebendo pacientes de diversas cidades do sul de Minas Gerais: Maria da Fé, Itajubá, Paraisópolis, Piranguinho, Piranguçu, Santa Rita do Sapucaí, Brasópolis, Delfim Moreira, Pedralva, Marmelópolis e Cristina.

O estudo restringiu-se à farmácia hospitalar dessa instituição com foco no processo de medicação. Delimita-se, portanto, desde a prescrição médica, requisição e compra dos materiais e medicamentos até a dispensação dos itens aos setores e administração de medicamentos nos pacientes.

Como estratégia para coleta de dados, determinou-se a divisão dessa etapa em duas partes: inicialmente, realizaram-se visitas à farmácia hospitalar com o intuito de acompanhar a rotina dos envolvidos nas atividades farmacêuticas, de forma a conhecer o processo e identificar possíveis pontos falhos durante a execução de suas funções. As ferramentas utilizadas na segunda parte da coleta de dados foram entrevistas estruturadas e semiestruturadas com base no conhecimento adquirido na fase anterior. Aliadas a essas ferramentas de coleta de dados, houve a análise de arquivos da farmácia para melhor entendimento do processo estudado.

Criou-se, portanto, o protocolo para coleta dos dados, que consiste não apenas nas técnicas definidas no passo anterior, mas também nas regras, fontes da informação (tipos de fonte, locais, agentes etc.), roteiro das entrevistas e instrumentos necessários. Essa etapa garante confiabilidade na execução do estudo de caso. Para encerrar a fase I, devem-se definir os meios de controle da pesquisa a fim de garantir uma maior qualidade por meio do cumprimento do que está estabelecido no protocolo (MIGUEL, 2007; LEWIS, 1998; EISENHARDT, 1989). Os meios de controle utilizados nessa pesquisa foram a criação e utilização de um checklist (Apêndice A) para garantir que nenhum dado importante passasse despercebido durante a coleta de dados; e a realização de um follow-up com os farmacêuticos do hospital a fim de validar as observações e resultados obtidos. O protocolo está representado pelo Quadro 9.

Quadro 9 – Protocolo de pesquisa

Protocolo de pesquisa

População Hospitais filantrópicos pertencentes a uma entidade filantrópica brasileira

Amostra (objeto de estudo)

Hospital filantrópico de médio porte localizado em uma cidade do sul de Minas Gerais

Convênio Firmado entre UNIFEI e hospital em setembro de 2017 para realização da pesquisa

Metodologia Estudo de caso único

Delimitações Atividades da farmácia hospitalar relacionadas ao processo de medicação

Objetivo Identificar os principais pontos relacionados aos Fatores Humanos que podem resultar em incidentes em uma farmácia hospitalar, podendo afetar a integridade e

segurança dos pacientes

Problema de pesquisa Investigação do processo de medicação dos hospitais, o qual é um processo falho segundo a literatura dessa pesquisa

Questão de pesquisa Quais são os principais pontos dentro dos Fatores Humanos com potencial de ocorrência de eventos adversos no processo de medicação de uma farmácia

hospitalar? Setor(es) UTI Maternidade Clínica médica Clínica cirúrgica Centro cirúrgico Pronto socorro Ambulatório Endoscopia e urodinâmica Laboratório Hemodiálise Raio X Pessoas Farmacêuticos Auxiliares de farmácia Estagiário Escriturários Almoxarife Fontes de informações

Arquivos da farmácia hospitalar Pessoas envolvidas no processo

Estratégia de coleta Observações

Entrevistas estruturadas e semiestruturadas Análise de arquivos

Anotações

Controle Checklist de atividades

Follow-up com farmacêuticos

Principais atividades Identificar participantes, setores, fluxo do processo, atividades envolvidas, potenciais pontos de falha

Agenda De segunda a sexta-feira, entre os dias 02 e 27 de outubro, das 8 às 12 horas ou das 13 às 17 horas

Fonte: Autor