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2.3 Instrumentos e medidas de gestão ambiental no setor

2.3.4 Benchmarking ambiental

“Se não o conseguires medir, não o consegues controlar. Se não o consegues controlar, não o consegues gerir, e não o consegues melhorar” H. James Harrington. A frase anterior, justifica

por si só, a dissertação e a importância do benchmarking.

Benchmarking define-se como um processo de melhoria do desempenho através da contínua

identificação, compreensão e adaptação das melhores práticas e processos encontrados dentro e fora de uma organização (Bolli & Emtairah 2001).

Um benchmarking envolve, tipicamente, duas fases críticas (figura 2.26): (1) comparação de níveis de desempenho, de modo a determinar o intervalo entre “nós” e o “melhor”, definindo

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quais as organizações suscetíveis de aprender; (2) Estudar como o melhor, ou melhores, atingem o seu desempenho superior e, adaptando essa(s) prática(s) de forma apropriada (Stapenhurst 2009). A comparação de valores providencia a formação de rankings relativamente às empresas que competem nos mesmos setores (Keenan & Kashmanian 2012). Assim, o benchmarking é uma ferramenta de melhoria de desempenho, que tem como objetivo aprender com as melhores práticas de outras organizações. Se for corretamente utilizada, leva a uma melhoria de processos fundamentais, que por sua vez melhora os resultados finais de desempenho (Bolli & Emtairah 2001).

Figura 2.26 – Fase 2 e 3 do benchmarking (Stapenhurst 2009)

O benchmarking tem assentado em quatro ideias fundamentais (Stapenhurst 2009): 1. Definir o projeto ou a área de negócio a melhorar;

2. Encontrar organizações com o mesmo tipo de atividade e verificar os seus níveis de desempenho na área pretendida;

3. Encontrar as práticas das organizações associadas a um melhor desempenho; 4. Adaptar e adotar as práticas identificadas para atingir um melhor desempenho.

A ideia e metodologia do benchmarking ambiental não difere dos processos de benchmarking noutras matérias, podendo também utilizar-se o termo “benchmarking de desempenho ambiental” (Bolli & Emtairah 2001).

Benchmarking ambiental define-se como “uma ferramenta de gestão ambiental que

proporciona uma contribuição substancial para a melhoria do desempenho ambiental, identificando o intervalo entre o desempenho da empresa e um determinado desempenho” (Bolli & Emtairah 2001).

Por outras palavras, o benchmarking ambiental consiste na identificação dos métodos responsáveis pelo nível de desempenho elevado na gestão do ambiente ou ecoeficiência – melhor qualidade ambiental e elevado nível de satisfação do cidadão com o menor custo possível - das organizações consideradas “best-in-class”, e posteriormente, tentar adaptar

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estas práticas excelentes (melhores práticas de gestão) na organização. A melhor prática deve promover a proteção do ambiente e, simultaneamente, ser custo-eficaz.

O benchmarking ambiental permite que as organizações (Makrinou et al. 2008): • Identifiquem as “fraquezas” ambientais dos seus processos e atividades; • Percebam quais as melhores práticas para as suas atividades específicas; • Melhorar os processos de produção e práticas ambientais;

• Desenhar e implementar políticas ambientalmente efetivas;

• Obterem vantagens competitivas nos mercados globais e regionais.

Segundo Smes (2004) o benchmarking ambiental é uma ferramenta para analisar práticas e indicadores associados ao ambiente que levam a um desempenho ambiental superior, melhorando simultaneamente, o desempenho económico. Neste contexto, o âmbito do

benchmarking deve abranger todas as áreas de atividade de uma organização.

Os indicadores possíveis de serem utilizados para o processo de benchmarking ambiental são, por exemplo, avaliação de recursos, avaliação de desempenho ambiental, gestão da energia, gestão de resíduos, práticas de auditoria. De um modo geral, o benchmarking facilita o foco na área a melhorar, de forma mais detalhada (Bolli & Emtairah 2001).

Tipos de benchmarking

O processo de benchmarking é classificado de acordo com o “que é comparado” e “contra quem” são feitas as comparações. Neste sentido, o benchmarking relativamente ao “que é comparado” divide-se em três tipos (Bolli & Emtairah 2001):

• Benchmarking de desempenho (“Quão bem devia estar a fazer?”); • Benchmarking de processo (“Como é que os outros atingem?”); • Benchmarking estratégico.

Quanto ao benchmarking “contra quem” são concebidas as comparações: • Benchmarking interno;

• Benchmarking competitivo; • Benchmarking funcional; • Benchmarking genérico.

Para a presente dissertação, face aos objetivos estabelecidos, o tipo de benchmarking selecionado foi o de benchmarking de desempenho e processo - relativamente ao que é comparado – e de competição – relativamente a com quem é comparado.

O benchmarking de desempenho consiste na comparação de indicadores de desempenho. Para tal, é realizada uma análise de informação. O benchmark pode ser uma referência de excelência, ou alvo que foi estabelecido, ou informação de desempenho de uma organização (Bolli & Emtairah 2001).

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Reciclar: - Recalibrar benchmarks; - Realizar novos estudos de

benchmarking para novas áreas;

- Utilizar as lições aprendidas do último estudo de benchmarking

1. Planear:

- Análise de fatores críticos de sucesso;

- Seleção do processo para

benchmarking;

- Desenvolver medidas de desempenho para o processo

destinado ao benchmarking.

2. Pesquisa: - Encontrar parceiros de

benchmarking: identificar quem

desempenha melhor este processo. 3. Observar: - Recolher informação; - Perceber e documentar o processo do parceiro, desempenho e práticas 4. Analisar: - Identificar diferenciais de desempenho; - Encontrar as causas para

esses diferenciais. 5. Adaptar:

- Escolher a melhor prática; - Adaptar as condições da

organização; - Implementar as mudanças.

O benchmarking de processo assenta na comparação de métodos e práticas para o desempenho dos negócios, com o objetivo de aprender com os melhores para melhorar os próprios processos. É mais do que uma pura análise de informação de desempenho e tenta identificar o design e características do processo, denominadas de melhores práticas responsáveis pelo bom desempenho de outros. O conceito de processo é crucial para o

benchmarking. O processo de benchmarking é considerado como uma fonte para a

“verdadeira” melhoria (Bolli & Emtairah 2001).

Benchmarking de competição consiste na comparação direta do desempenho/resultados com

os melhores concorrentes, isto é, que englobam o mesmo setor de atividade (Bolli & Emtairah 2001).

Um processo de benchmarking desenvolve uma série de ações, etapas, funções, ou atividades que levam a um fim ou resultado – a identificação e importação das melhores práticas para melhorar o desempenho da organização em estudo. A descrição de um processo de

benchmarking permite definir uma roda que define o ciclo contínuo representado na figura 2.27

(Bolli & Emtairah 2001)

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Relacionando a descrição anteriormente referida com a proposta simplificada apresentada por Stapenhurst (2009), podem considerar-se num processo de benchmarking 3 fases principais (figura 2.28):

1. Planeamento;

2. Benchmarking de desempenho; 3. Melhoria da organização.

Figura 2.28 - Projeto típico de benchmarking. (Adaptado de: Stapenhurst 2009)

Apesar das diferenças esquemáticas, os princípios das duas fontes estão profundamente associados e, a metodologia da presente dissertação teve como consideração as abordagens mencionadas (figura 2.27 e 2.28).

2.4 Síntese das tendências de evolução do setor do comércio a retalho