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A. A conceção

2. Benefícios da atividade/exercício físico na Terceira Idade

Este capítulo surge como uma continuação do capítulo anterior (patologias e a atividade/exercício físico), apresentando os diversos benefícios que a prática de atividade/exercício físico podem proporcionar.

O ano de 1953 foi pioneiro e importantíssimo na relação positiva estabelecida entre o exercício e a saúde (prevenção de doenças), através da

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publicação do artigo de Morris e colaboradores (Nahas & Garcia, 2010), que avaliou um conjunto de motoristas sedentários e condutores ativos de transportes coletivos, que teve como objetivo verificar a prevalência de doença coronária nesses dois tipos de condutores (Shiroma & Lee, 2010).

Pessoas fisicamente ativas têm um menor risco de mortalidade comparativamente aos sedentários. No entanto a prática de AF que seja livre de intensidade leve e a prática de outras atividade inferior a 3 vezes semanais estão associadas a um futuro com dificuldades na mobilidade (Matsudo, 2009). A ACSM (2009a) considera que prática regular de AF pode ser o único fator que permite exercer uma influencia positiva no sistema fisiológico, nos fatores de risco de doenças cardiovasculares, na saúde mental e integração social.

A prática regular de AF proporciona benefícios nos diversos aspetos que compõem o ciclo de vida do ser humano. Permite melhoras nas medidas antropométricas, alterações metabólicas, cognitivas e psicossociais, reduz a prevalência de quedas aspeto concomitante da 3ª idade, e tem um efeito terapêutico em diversas doenças. Apesar da atividade física não proporcionar o cessamento do envelhecimento biológico, é no entanto possível com a prática de EF regular, minimizar os efeitos do envelhecimento psicológico, cognitivo e fisiológico, retardar o aparecimento e a progressão de doenças crónicas e a incapacidade funcional (ACSM, 2009a). No quadro 4 estão apresentados alguns dos vários efeitos benéficos que a prática regular de AF proporciona, dos quais ainda não foram citados anteriormente:

Quadro 4 - Efeitos da prática regular de atividade física Nelson et al. (2007)

Benefícios

Antropométricos

 Manutenção ou diminuição da gordura corporal;

 Manutenção ou aumento da massa e força muscular.

Metabólicos

 Aumento do volume de sangue, da resistência física

e da ventilação pulmonar;

 Diminuição do risco de prevalência de cancro do cólon e cancro do útero.

Cognitivos e

psicossociais

 Melhora auto-conceito, auto-estima e humor;

 Prevenção ou retardo da diminuição das funções cognitivas;

 Diminuição do risco de stress, ansiedade e depressão.

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Quedas

 Aumento da força muscular dos M.I. e coluna

vertebral;

 Melhora o tempo de reação, sinergia motora das reações posturais, mobilidade e flexibilidade.

Terapêutico

 Efeitos no tratamento de osteoartrite, claudicação e doença pulmonar obstrutiva crónica;

 Efeitos no tratamento de algumas doenças cognitivas e psicossociais.

Almeida & Rodrigues (2008) cita Freitas (2003), dividem os benefícios da AF em três partes, referindo que esses benefícios são de carater biológico, psicológico e social. Este autor, compreende que os benefícios biológicos abrangem alterações esqueléticas como promoção da remodelação do tecido ósseo, musculo-articulares como o aumento da massa muscular, do tecido conjuntivo elástico, tendões, ligamentos e cápsula articular, e cardiorrespiratórias como a redução da hipertensão arterial. Nos benefícios psicológicos, este autor faz uma ligação das alterações físicas conseguidas com a prática de exercício, com o bem-estar psicológico, aumentando o autoconceito e a afetividade do idoso. Quanto aos benefícios sociais, é citado que a prática de atividade física em grupo proporciona grandes benefícios nesse ponto, pois existe uma socialização que se baseia na troca de experiências.

A ACSM (2009a) refere que para além das doenças já referidas, a prática de AF pode auxiliar no tratamento e gestão da doença cardíaca coronária, doença vascular periférica, demência, insuficiência cardíaca congestiva, síncope, dor nas costas e constipação.

A prática regular de EF que permita desenvolver as diferentes componentes da aptidão física possibilita obter estes diversos benefícios. Cada componente da aptidão física, como a capacidade aeróbia, força, composição corporal, flexibilidade e capacidade neuromotora têm influencia no estado de saúde do indivíduo (ACSM, 2011). Com o avançar da idade uma das perdas percecionadas é a diminuição da força dos M.I., este aspeto pode ser o principal fator na prevalência de quedas existente entre as pessoas idosas (Gardner et al., 2001). É fundamental para a funcionalidade do idoso a manutenção da capacidade de força, pois esta mostra-se essencial nas tarefas

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diárias, como carregar sacos das compras e subir escadas (Farinatti, 2008), previne a instabilidade articular e o aparecimento de osteoporose (DiPietro, 2001), proporcionando a manutenção ou aumento da massa óssea (ACSM, 2010), mantem a potência aeróbia (Ades et al., 2003), reduz o risco de doenças cardíacas (ACSM, 2009b), mantem os níveis lipídicos controlados (ACSM, 2009a), previne o aparecimento de diabetes e cancro do cólon, estimula a perda de peso, melhora a capacidade motora, induz ao bem-estar psicológico (ACSM, 2009b), permite também manter ou aumentar a integridade dos tendões e a quantidade de massa magra (ACSM, 2010) e diminui a gordura corporal total (ACSM, 2009a). Um bom nível de potência muscular é fundamental para o equilíbrio e para a marcha (Farinatti, 2008). A capacidade cardiorrespiratória também é bastante importante para a independência do idoso, devido à relação existente com a produção de energia necessária nos processos metabólicos (Farinatti, 2008). O treino de resistência aeróbia a intensidades moderadas, proporciona uma menor subida da pressão arterial que se constata durante o exercício submáximo, melhora a capacidade de absorção de oxigénio nos grupos musculares treinados, induz efeitos cardioprotetores, reduzindo os triglicerídeos e aumentando o HDL, reduz a rigidez das artérias, melhora o endotélio vascular e os barorrecetores, também diminui a gordura corporal total, tendo efeitos significativos na perda de massa gorda na região do abdómen, permite melhorar o controlo da glicemia em repouso, pode neutralizar as perdas de DMO, diminuindo assim o risco de fratura. No entanto, a prática desta capacidade a intensidades mais elevadas permitem obter resultados mais significativos no que diz respeito à DMO (ACSM, 2009a). O mesmo autor considera que o desenvolvimento desta capacidade também está associado a benefícios psíquicos, como diminuição do risco de depressão e ansiedade.

A flexibilidade também tem um papel fundamental na capacidade do indivíduo realizar as atividades da vida diária, pois proporciona uma maior mobilidade das articulações (ACSM, 2010).

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O treino multicomponete que englobe o desenvolvimento da capacidade de equilíbrio, força, flexibilidade e resistência (através da caminhada), permitem reduzir a prevalência de quedas (ACSM, 2009a).

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