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As recomendações com relação à quantidade e intensidade de atividade física para se obter benefícios na aptidão física e na saúde inicialmente eram baseadas nas comparações sistemáticas do efeito de diferentes propostas de treinamento com exercícios (USDHHS, 1996).

Entre os anos de 1960 e 1970 painéis e comitês de especialistas, sob os auspícios de organizações de saúde ou orientadas para o condicionamento, começaram a recomendar programas específicos de atividade física ou prescrição de exercícios para melhorar a saúde e a capacidade de performance. Estas recomendações foram baseadas na experiência clínica e nos dados científicos disponíveis à época (CORBIN, LINDSEY e WELK, 2000; ACSM, 1998; FLETCHER et al. 2001).

A revisão de Pollock, realizada em 1973, sobre o tipo de exercício necessário para melhorar a potência aeróbica e a composição corporal, formou a base para o posicionamento oficial do ACSM, de 1978, intitulado “A quantidade recomendada e qualidade do exercício para o desenvolvimento e manutenção da aptidão física em adultos saudáveis”. Este posicionamento destacava que para os adultos saudáveis desenvolverem e manterem a aptidão cardiorrespiratória e a composição saudável necessitavam se exercitar de 3 a 5 dias por semana, numa intensidade de 60 a 90% da freqüência cardíaca máxima (equivalente a 50 – 80% do consumo máximo de oxigênio ou da freqüência cardíaca de reserva), com duração de 15 a 60 minutos por sessão, utilizando grandes grupos musculares e realizando movimentos rítmicos como corrida, jogging, caminhada ou bicicleta (USDHHS, 1996).

Entre os anos de 78 e 90, a maioria das recomendações de exercício para a população, em geral, foram feitas com base neste posicionamento. Mesmo sendo este direcionado especificamente para a aptidão cardiorrespiratória e para a composição corporal, muitas pessoas interpretaram estas recomendações como

sendo para a promoção da saúde. Nos anos 70 havia muita informação disponível com relação aos benefícios dos exercícios vigorosos, principalmente pelos posicionamentos oficiais do ACSM (American College of Sport Medicine) e da AHA (American Heart Association). Como a compreensão do benefício dos exercícios menos vigorosos cresceu, novas recomendações surgiram e estes órgãos passaram a recomendar o exercício regular de moderada intensidade como alternativa para aqueles que não gostam dos exercícios físicos ou que se exercitam muito pouco (USDHHS, 1996).

Em 1990, o ACSM atualizou seu posicionamento de 1978 acrescentando o desenvolvimento da força e da resistência muscular como objetivo. A recomendação de freqüência, intensidade e modo do exercício permaneceram semelhantes. Porém, a duração foi levemente aumentada de 15 a 60 para 20 a 60 minutos por sessão e foi sugerido o exercício de resistência de moderada intensidade para desenvolver e manter a força e resistência muscular (uma série de 8 a 12 repetições de 8 a 10 diferentes exercícios pelo menos duas vezes por semana). Estas recomendações de 1990 diferenciam-se das de 1978 porque reconhecem que as atividades de moderada intensidade podem proporcionar benefícios para a saúde independentemente de benefícios na aptidão cardiorrespiratória. Isto foi muito importante para entender que a quantidade e qualidade do exercício para se obter benefícios relacionados à saúde pode ser diferente do que é recomendado para benefícios na aptidão. Hoje em dia está claro que níveis de atividade física menores do que os recomendados pelos posicionamentos podem aumentar o risco de certas doenças crônico-degenerativas. O ACSM reconhece os benefícios potenciais para a saúde do exercício regular realizado mais freqüentemente e com duração maior, mas de menor intensidade (ACSM, 1998; FLETCHER et al. 2001).

Os estudos realizados entre 1970 e 1990 com pessoas de meia-idade, idosas e com pacientes com baixa capacidade funcional demonstraram que podem ser conseguidos significativos benefícios relacionados à saúde na capacidade cardiorrespiratória com exercícios de moderada intensidade. Como resultado destes achados, as recomendações do CDC e do ACSM passaram a indicar que todos os adultos deveriam realizar 30 ou mais minutos de atividade física de moderada intensidade na maioria dos dias, preferencialmente todos os dias. Esta atividade pode ser realizada numa sessão, de maneira acumulada, ou em vários intervalos durando pelo menos 8 a 10 minutos. Tais diretrizes diferem significativamente das

primeiras em três aspectos: a) reduzem a intensidade mínima de exercício de 60 para 50% do consumo máximo de oxigênio em adultos saudáveis e para 40% em pacientes ou pessoas com muito baixo condicionamento; b) aumenta a freqüência das sessões de exercícios de 3 para 5-7 dias por semana, dependendo da intensidade e da duração da sessão; e c) inclui a opção de acumular o mínimo de 30 minutos por dia em múltiplas sessões com duração mínima de 8 a 10 minutos.

As pessoas sedentárias podem aumentar os seus níveis de atividade física de diversas maneiras. A abordagem tradicional estruturada pelo ACSM, envolve considerações específicas levando em conta tipo, freqüência, intensidade e duração da atividade. As atividades recomendadas incluem caminhada rápida, corrida, ciclismo, natação ou aulas de aeróbica. Mais recentemente, as recomendações de atividade física têm adotado a abordagem do estilo de vida para aumentar a atividade física. Este método envolve atividades comuns como caminhada, subir escadas (em vez de utilizar o elevador), realizar mais trabalho de casa e jardinagem e procurar atividades recreacionais ativas. Os conhecimentos atuais indicam que ambas as abordagens, a estruturada ou a do estilo de vida são benéficas para a pessoa sedentária e que os interesses e oportunidades individuais devem ser levados em conta para se determinar a melhor. Benefícios adicionais para a saúde podem ser obtidos pelo aumento do tempo da sessão de atividade de moderada intensidade ou pela substituição por atividades mais vigorosas (U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, Center for Disease Control and Prevention, National Center for Chronic Disease Prevention and Helth Promotion, Division of Nutritional and Physical Activity, 1999).