• Nenhum resultado encontrado

4.1 GRUPO DOS CIO´S

4.1.2 Benefícios Gerais

Esta seção tem como objetivo avaliar os Benefícios Gerais percebidos pelos CIO‟s que o COBIT traz às organizações, além de identificar quais partes do COBIT são mais utilizadas pelas organizações brasileiras e quais são os objetivos das organizações quando buscam o modelo. Esta seção foi dividida em Objetivos, pelos quais as empresas buscam o modelo COBIT e os Processos, ou domínios que mais influenciam na Governança de TI do modelo e seus benefícios gerais nas organizações.

De forma mais abrangente, o entrevistado C1 comenta, [...] “que há uma forte tendência aos domínios Entregar e Suportar, que são mais práticas dentro das dimensões do COBIT” [...], o entrevistado C2 corrobora dizendo que [...] “na Entrega e Suporte tu tens um maior nível de maturidade do que na parte de planejamento” [...]. Em contra partida, de

acordo com o entrevistado C1, os domínios menos utilizados são: [...] “eu acho que se tem mais dificuldade em Planejar e Organizar e Monitorar e Avaliar, dentro de qualquer organização” [...]. O entrevistado C4 corrobora dizendo que os domínios mais utilizados do COBIT são: [...] “PO e DS, sem dúvidas, pois tratam de assuntos críticos para TI e são percebidos pelo negócio” [...].

Estes domínios e processos são normalmente mais escolhidos devido à maturidade em que as empresas brasileiras se encontram, necessitando primeiramente arrumar a parte de entrega dos serviços para depois ir para o planejamento e, consecutivamente, ir para o controle. Este é um ciclo de maturidade natural do COBIT, pois de acordo com o entrevistado C4 [...] “no caso do PO, o benefício é o alinhamento com os Objetivos de Negócio e o estabelecimento de um pensamento e visão de TI, voltados à estratégia, e o DS, a compreensão de como a TI opera e suas prioridades” [...].

O entrevistado C4 complementa, dizendo que:

[...] as empresas esperam alcançar a segurança de ter uma TI mais equilibrada, transparente e dinâmica. Entretanto, o resultado alcançado e percebido é a conformidade, uma vez que os benefícios esperados demandam de uma gestão orientada à processos e desempenho, e estes não são aspectos comuns considerados quando da adoção [...].

O mesmo entrevistado afirma que, normalmente, as empresas procuram o COBIT para alcançar os seguintes objetivos:

[...] prioritariamente, por conformidade às normas requeridas pelos padrões de Governança Corporativa e regulamentações nacionais e internacionais. Em um segundo momento, por demonstração rápida de um modelo de Governança em TI [...] o motivo de sua adoção é a sua amplitude, pois cobre as diversas funções de TI, e a completude com as exigências regulatórias e padrões [...].

O entrevistado C3 acredita que as empresas procuram o COBIT para a [...] “otimização de recursos financeiros, serviços de qualidade, interoperabilidade e alta disponibilidade” [...]

Porém, este cenário está mudando nas organizações brasileiras, conforme dito pelo entrevistado C2 [...] “antigamente o domínio de Planejamento não era utilizado, mas nosúltimos seis ou sete anos eu vejo nos meus pares que isto é uma prática na organização” [...], e o entrevistado C1 acrescenta, dizendo que:

[...] Adquirir e Implementar, Entregar e Suportar são processos muito mais voltados internamente na área de negócio, então, se perguntar em termos de Governança, de ter modelos, arquétipos de Governança, onde tu podes ligar as coisas, eu vejo que Planejar e Organizar, e o Monitorar e Avaliar são muito mais bem vistos pelos clientes internos” [...] eu vejo assim, o Adquirir e Implementar, Entregar e Suportar são domínios muito internos da área de

TI, claro que as outras áreas dão apoio, mas eu vejo que é menor do que no Planejar, Organizar e Monitorar. [...] o que as áreas de negócios como clientes querem, querem participar do planejamento, que é importante, e monitorar, se as coisas estão andando bem. Então, eu acho que nesse primeiro e último domínio, as áreas de negócio sentem mais, contribuem mais, entendem mais a necessidade [...]

De acordo com o entrevistado C2:

[...] as áreas usuárias passam a conseguir interferir na Governança na parte de priorização da TI. Isso, eu vejo, que é um efeito colateral positivo direto. Melhora a Governança no momento que tu extrapolas esta ação da área de TI. Quando tu trabalhas em Governança e tu usas um framework que pode ser o COBIT, tu viabilizas que a TI, que era muito vista no passado como uma caixa preta, tu democratizas, e isso é um ganho [...]

A participação das áreas de negócio ou dos stakeholders internos é de extrema importância para que a Governança de TI tenha sucesso, pois de acordo com Weill (2004, p.3), a Governança de TI não pode ser considerada de forma isolada, devido ao elo que existe com a Governança de outros ativos-chave da empresa como, financeira, humanas, propriedade intelectual, entre outros. Isto é visto na citação do entrevistado C1, que diz:

[...] nós tivemos em alguns processos um alinhamento com as áreas de negócio do entendimento do que é TI. Existe uma grande lacuna que as áreas de negócio entendem a TI como apenas como um prestador de serviços interno, que é fácil é só colocar computador, mas não entende o contexto de TI como um todo. Então isso nos trouxe depois da adoção de alguns processos do COBIT, de criar comitês, grupos de estudos, aprovações terem que passar por vários níveis, eles entenderam mais da importância da relevância de TI. Facilitou muito o trabalho no dia a dia [...]

Weill (2005, p.19) identificou oito fatores críticos para uma Governança de TI efetiva, e dois deles são a Transparência e Participação ativa. Estes fatores trazem Benefícios conforme os exemplificados pelo entrevistado C1 [...] “o aumento da transparência, facilitou o trabalho de gestão de TI. Quando tu tens a coisa mais madura, isso eu percebi com muitos processos que nós chegamos, atingindo um nível de maturidade muito bom, acalmou a pressão bastante”[...], e também, conforme o entrevistado C1:

[...] quando tu implantas um modelo ou ferramentas que suporta o COBIT, quando tu chegas a certo nível de maturidade, a TI se torna mais madura, as pessoas entendem muito mais, existe uma abertura maior para melhorar, para contribuir, para que isso funcione de acordo. Hoje, se permeia dentro na área de cada profissional aqui da TI, não o COBIT, por que o COBIT é só uma diretriz, mas como se deve fazer um processo de adquirir recursos de TI ou gerenciar uma mudança. As pessoas já sabem como fazer, elas têm uma maturidade, têm modelos, têm templates, tem a forma de fazer, tem quem deve ser comunicado, como deve ser feito, têm processos estabelecidos, fortes para que isso aconteça, para que garanta que aquilo ali funcione bem, hoje não se discute mais, nós chegamos num nível na organização em alguns processos que já permeou no dia a dia. Eles nem percebem mais que aquilo

ali algum dia foi informal, sem controle nenhum, e hoje está numa maturidade otimizada. Então, o negócio vai entrando naturalmente [...]

Além disso, o mesmo entrevistado afirma que graças à maturidade nos processos de:

[...] gerenciar projetos, nós tínhamos aqui uma gestão bem informal, nós passamos a ter templates, organizações, roteiros, cronograma, reports, criamos uma maturidade, deixando um estado muito informal chegando a uma maturidade quase excelente. Temos escritórios de projeto, temos uma pessoa focada naquilo ali, chegamos num nível de maturidade que hoje a coisa é mais tranquila à gestão de projetos, aqui dentro da organização. Nos últimos projetos do ano passado nós atingimos 100% de on time on cost, depois que nós implementamos boas práticas [...] (Entrevistado C1)

Isso faz com que a TI da organização passe a contribuir, trazendo inovação para a estratégia da empresa, aumentando a visão do potencial da TI, mostrando que existem outras formas de fazer um processo e agregando muito mais valor para organização.

O entrevistado C2 complementa que depois da adoção do COBIT houve uma melhoria nos [...] “processos, transparência, visibilidade, as pessoas saibam onde estão” [...]

O ITGI (2003, p.13) diz que a TI precisa transformar as organizações criando produtos com grande valor agregado, ajudando no gerenciamento dos recursos das organizações, fornecedores e clientes, habilitando o crescimento global e as transações virtuais, e disseminando o conhecimento do negócio.

O quadro 13 mostra o resumo do que foi encontrado nas entrevistas com os CIO‟s.

CIO’s

Benefícios Gerais

Participação ativa das áreas usuárias na Governança de TI; Alinhamento com as áreas de negócio;

Aumento da transparência;

Diminuição da pressão das áreas de negócio; Mudança positiva da cultura organizacional;

Aumento do entendimento das áreas de negócios sobre o que é a TI; Maior contribuição da TI para organização.

Quadro 13 – Resumo da dimensão Benefícios Gerais do grupo dos CIO‟s

Estes são os benefícios gerais percebidos pelos CIO‟s após a implementação de alguns processos do COBIT. A próxima seção contém os benefícios específicos do COBIT na Governança de TI das organizações.