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QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DA RESERVA EXTRATIVISTA DO MANDIRA? No total, os moradores dos vilarejos Mandira, Porto do Meio e Boacica são

AS COMUNIDADES BENEFICIÁRIAS DA RESERVA EXTRATIVISTA DO MANDIRA

QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DA RESERVA EXTRATIVISTA DO MANDIRA? No total, os moradores dos vilarejos Mandira, Porto do Meio e Boacica são

compostos por 24 famílias, com 95 beneficiários da Reserva.

A população de beneficiários é composta por 48% de homens e 52% de mulheres. As famílias são relativamente pequenas, com média de quatro integrantes, variando de um a nove componentes.

Atualmente, a taxa de natalidade sofreu redução nas comunidades, podendo ser visualizada através da base estreita da pirâmide etária da população (Figura 11) e através da comparação do número de moradores entre a faixa etária de 11 a 20 anos (23) com a faixa entre 1 a 10 anos (14).

Figura 11: Pirâmide etária da população beneficiária da Reserva Extrativista do Mandira no ano de 2007. A direita do gráfico está representada a população de mulheres e a esquerda de homens.

A maior parte dos habitantes (86%) concentra-se nas faixas etárias abaixo de 50 anos. O pequeno número de moradores entre as faixas de 55 a 65 anos pode representar a migração ocorrida no período entre as décadas de 70 a 90, em busca de trabalho em outras localidades, devido às restrições legais apresentadas nesse período, discutidas no capítulo 1.

Para a comunidade do Mandira tem-se como base para comparação da população total em anos anteriores, os dados levantados por SALES E MOREIRA (1996) e as informações obtidas por esta pesquisa em 2005 (Tabela 1).

Verifica-se a flutuação da população durante este período, decorrente ainda da busca de trabalho das famílias fora da comunidade. Entre os anos de 2005 a 2007, três famílias saíram da comunidade para trabalhar como prestadores de serviços em outras localidades. Uma família que estava em outro

Tabela 1: Comparação entre o número de famílias e de moradores na comunidade do Mandira entre os anos de 1996 (SALES E MOREIRA,1996), 2005 e 2007.

Nº famílias Nº total de habitantes

1996 10 60

2005 18 85

2007 16 69

No entanto, quanto à evasão de jovens da comunidade, foi verificado durante esse período apenas uma moradora que saiu para prestar serviço em outro município, devido a conflitos familiares.

Entre os jovens dos três vilarejos com idade superior ao período escolar, entre 18 a 25 anos, apenas duas mulheres estão sem trabalho, os demais estão trabalhando em atividades produtivas na comunidade.

A escolaridade é um índice social bastante interessante para avaliar a melhoria das condições de vida da população beneficiária da Reserva, comparando a atual geração à anterior (Figura 12).

Figura 12: Comparação da escolaridade em duas faixas etárias (18 a 25 anos e acima de 25 anos) dos beneficiários da Reserva Extrativista do Mandira.

A maioria dos adultos acima de 25 anos possuem apenas o 1° grau incompleto, sendo que na maioria estudaram até a 4° série na escola do vilarejo do Mandira. Destaca-se nessa faixa etária a alta porcentagem de analfabetos.

Por outro lado, ao analisarmos a faixa etária dos adultos dos 18 aos 25 anos, visualizamos que a maioria deles possui o 2° grau completo e não há analfabetos.

Atualmente, dos moradores em idade escolar (7 aos 17 anos) apenas um não freqüenta a escola. Acima da idade escolar dois adultos freqüentam a escola para concluir os estudos.

Esta mudança na escolaridade é bastante interessante se considerado que o Vale do Ribeira é a região com os mais baixos índices de escolaridade do Estado de São Paulo (HANAZAKI, 2001).

Quanto ao estado civil da população de beneficiários da Reserva, a maioria (49%) encontra-se solteira, o que está relacionado ao fato de 56% da população possuir até 30 anos (Figura 13).

Figura 13: Estado civil da população de beneficiários da Reserva Extrativista do Mandira.

É considerável a alta porcentagem da população em união consensual (24%), sendo igual à proporção de casados (Figura 13), considerando que 87%

da população se considera católica (Figura 14), e esta religião tem um importante papel no histórico das comunidades (Capítulo 1).

Figura 14: Religião da população beneficiária da Reserva Extrativista do Mandira.

Quanto à distribuição de poderes dentro da família, visualizamos um sistema patriarcal, bastante típico dos caiçaras e de grande parte da sociedade brasileira, sendo que apenas seis famílias consideram como responsável pela casa o homem e a mulher e apenas uma considera a mulher, mesmo com a presença do homem na família.

Dentre a população beneficiária, 84% dos moradores são nativos da comunidade do Mandira e entorno e 16% vieram de outros municípios ou demais bairros de Cananéia. Dos moradores que vieram de fora 87% estão na localidade a mais de 10 anos e apenas dois moradores mudaram para a localidade depois de decretada a Reserva, sendo eles neto e companheira de moradores do local.

Dos moradores que nasceram na localidade, 67% consideram ter origem africana, 18% citaram a ascendência africana entre outras, 5% apontaram outras origens e 10% ficaram em dúvida ou não quiseram opinar. As outras ascendências foram relatadas principalmente nos vilarejos do Porto do Meio, onde as três famílias moradoras consideram ter origem africana e italiana e do

O fato de 85% dos moradores se considerarem de ascendência africana indica uma identidade local com relação à cultura quilombola, já que essas famílias são descendentes da família Mandira, que iniciou o povoado. Esta identificação se iniciou através de discussões realizadas pela igreja católica com a comunidade do Mandira, na década de 80, descrita no capítulo 1. Atualmente, a comunidade participa das discussões e ações do movimento negro do Vale do Ribeira, articulado pelo EAACONE (Equipe de Apoio e Articulação das Comunidades Negras do Vale do Ribeira), grupo responsável por integrar os quilombos dessa região na busca de seus direitos, mantendo como principais focos o direito de reconhecimento como quilombo, a titulação das terras e a resistência contra as barragens em processo de licenciamento no rio Ribeira de Iguape.

Além da identidade quilombola, a miscigenação ocorrida ao longo dos anos nesses vilarejos e citada pelos moradores através das ascendências, é típica da população caiçara. Os caiçaras são caracterizados por HANAZAKI (2001), DIEGUES (2001) e ADAMS (2000) como os habitantes da região de Mata Atlântica do litoral sudeste brasileiro, descendentes de índios, negros e colonizadores europeus.

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