• Nenhum resultado encontrado

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

No documento VENDO VOZES UMA VIAGEM AO MUNDO DOS SURDOS (páginas 110-118)

HISTÓRIA DOS SURDOS

A mais completa história dos surdos, de sua libertação na década de 1750 à (fatal) conferência de Milão em 1880, encontra-se em Harlan Lane, When the mind hears: a history of the deaf.

Excertos de autobiografias dos primeiros surdos alfabetizados e seus professores durante esse período foram publicados em Harlan Lane (ed.), The deaf experience: classics in language and education, traduzido por Franklin Philip.

Uma agradável história informal dos surdos, repleta de esboços literários pessoais e fascinantes ilustrações, foi fornecida por Jack R. Gannon em Deaf heritage: a narrative history of deaf America.

O próprio Edward Gallaudet escreveu uma história semiautobiográfica do Gallaudet College, History of the college for the deaf,

1857-1907.

Um artigo notavelmente informativo e extenso intitulado “Deaf and dumb” pode ser encontrado na edição dos “scholars” (a 11a) da

ILHAS DE SURDOS

Um relato extremamente vívido, tocante, da singular comunidade de Martha’s Vineyard encontra-se em Nora Ellen Groce,

Everybody here spoke Sign Language: hereditary deafness on Martha’s Vineyard. Deafness, de David Wright, é o mais belo relato que conheço sobre a surdez adquirida.

Um livro mais recente, de Lou Ann Walker, A loss for words: the story of deafness in a family, faz uma descrição eloquente da vida de um filho ouvinte de pais surdos.

The quiet ear: deafness in literature, compilado por Brian Grant, com prefácio de Margaret Drabble, é uma antologia de textos

breves escritos por surdos ou sobre surdos, muito agradável de ler e bastante variada.

Um vívido relato de uma vida rica e criativa encontra-se em Lessons in laughter, do célebre ator surdo Bernard Bragg. É interessante salientar que ele não foi escrito (embora Bragg, um ator shakespeariano, seja altamente letrado), mas grafado na língua de sinais (pois esta, e não o inglês, é a primeira língua de Bragg) e depois traduzido para o inglês.

Outra fascinante descrição de uma vida rica e criativa encontra-se em What’s that pig outdoors, do editor literário do Sun-Times de Chicago, Henry Kisor. Ele perdeu a audição com três anos e meio de idade, quando já aprendera a falar e adquirira linguagem — Kisor não se comunica na língua de sinais, mas lê os lábios e fala. Ele não se identifica como culturalmente surdo, e sua vida, ao contrário da de Bernard Bragg, tem se passado inteiramente no mundo dos ouvintes.

A COMUNIDADE E A LÍNGUA DOS SURDOS

Os estudos demográficos em geral são insípidos, mas Jerome Schein é incapaz de ser insípido. The deaf population in the United

States, de Jerome D. Schein e Marcus T. Delk Jr., fornece um vívido perfil da população surda nos Estados Unidos de quinze anos

atrás, época em que começavam a ocorrer mudanças fundamentais. Também recomendados são Schein, Speaking the language of

Sign e At home among strangers.

É interessante comparar e contrastar a situação dos surdos e sua língua de sinais na Grã-Bretanha. Uma boa descrição é fornecida por J. G. Kyle e B. Woll em Sign Language: the study of deaf people and their language.

Um esplêndido quadro geral da comunidade surda encontra-se em Sign Language and the deaf community: essays in honor of

William C. Stokoe, organizado por Charlotte Baker e Robbin Battison. Não existe um único ensaio nesse livro que não seja pelo menos

fascinante — e há também uma importante e comovente retrospectiva do próprio Stokoe.

Um livro extraordinário — mais ainda porque seus autores são surdos e podem discorrer sobre a comunidade surda com o conhecimento de quem faz parte dela, sobre suas organizações, aspirações, imagens, crenças, artes, língua etc. — é Deaf America:

voices from a culture, de Carol Padden e Tom Humphries.

Também muito acessível aos leitores em geral e rico em vívidas entrevistas com membros da comunidade surda é Arden Neisser, The

other side of silence: Sign Language and the deaf community in America.

Um verdadeiro tesouro para folhear (apesar de os volumes serem um pouco pesados demais para ler na cama e meio caros demais para ler na banheira) é a Gallaudet Encyclopedia of deaf people and deafness, organizada por John Van Cleeve. Um dos encantos dessa enciclopédia (assim como de todas as melhores enciclopédias) é podermos abri-la em qualquer página e encontrarmos esclarecimento e satisfação.

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E EDUCAÇÃO DOS SURDOS

Nas obras de Jerome Bruner, pode-se descobrir de que modo uma psicologia revolucionária por sua vez revoluciona a educação. Particularmente notável nesse contexto é Bruner, Towards a theory of instruction e Child’s talk: learning to use language.

Um importante estudo do desenvolvimento e da educação de crianças surdas inspirado em Bruner encontra-se em David Wood, Heather Wood, Amanda Griffiths, Ian Howarth, Teaching and talking with deaf children.

O trabalho recente de Hilde Schlesinger é encontrado apenas na literatura profissional, que nem sempre é facilmente disponível. Mas seu livro anterior é vívido e acessível: Hilde S. Schlesinger, Kathryn P. Meadow, Sound and sign: childhood deafness and mental

health.

Observação e psicanálise combinam-se muito eficazmente em Dorothy Burlingham, Psychoanalytic studies of the sighted and the

blind; seria ótimo que se fizesse um estudo semelhante sobre as crianças surdas.

Daniel Stern também conjuga observação direta e construção analítica em The interpersonal world of the infant. Stern interessa-se particularmente pelo desenvolvimento de um “eu verbal”.

GRAMÁTICA, LINGUÍSTICA E LÍNGUA DE SINAIS

O gênio da linguística em nossa época é Noam Chomsky, que escreveu doze livros sobre linguagem depois de seu revolucionário

Syntactic structures (1957). Em minha opinião, sua obra mais vívida e agradável de ler são suas Beckman Lectures de 1967, reeditadas

como Language and mind.

A figura central na linguística da língua de sinais, desde 1970, tem sido Ursula Bellugi. Nenhum de seus trabalhos é exatamente uma leitura amena, mas podem-se vislumbrar panoramas fascinantes e mergulhar com todo o prazer no enciclopédico The signs of

language, de Edward S. Klima e Ursula Bellugi. Ela e seus colegas também têm sido os mais destacados investigadores das bases

neurais da língua de sinais; nesse assunto, igualmente se pode alcançar um senso dos fascínios do tema em Howard Poizner, Edward S. Klima, Ursula Bellugi, What the hands reveal about the brain.

OBRAS GERAIS SOBRE LINGUAGEM

O livro Words and things, de Roger Brown, é muito agradável de ler, espirituoso e incitante.

Também agradável de ler, magnífico, porém às vezes demasiado dogmático, é Eric H. Lenneberg, Biological foundations of

language.

As mais belas e profundas de todas as investigações encontram-se em L. S. Vygotsky, Thought and language, publicado pela primeira vez em russo em 1934, postumamente, e mais tarde traduzido por Eugenia Hanfmann e Gertrude Vakar para o inglês. Vygotsky foi chamado não injustamente de “o Mozart da psicologia”.

Uma de minhas obras favoritas é Language and the discovery of reality: a developmental psychology of cognition, de Joseph Church, um livro ao qual se volta vezes sem conta.

ANTROPOLOGIA CULTURAL

Embora possam estar (ou não estar) obsoletas, são de grande interesse todas as obras de Lucien Lévy-Bruhl e suas incessantes considerações sobre a linguagem e o pensamento “primitivos”: seu primeiro livro, How natives think, publicado originalmente em 1910, dá uma boa ideia geral das tendências desse autor.

The interpretation of cultures, de Clifford Geertz, tem de estar ao lado de quem se põe a pensar sobre “cultura” — e é um corretivo

fundamental para as ideias primitivas, românticas, a respeito da natureza humana inculta, pura e não adulterada.

Porém, igualmente, é preciso ler Rousseau — ler suas obras novamente à luz dos surdos e sua língua: em minha opinião, Discurso

SERES HUMANOS SELVAGENS E ISOLADOS

Visões sem igual de como são os seres humanos quando privados de sua língua e cultura normais são proporcionadas por esse fenômeno humano raro e temível, porém crucialmente importante (cada um dos quais, nas palavras de lorde Monboddo, é mais importante do que a descoberta de 30 mil estrelas). Assim, não por acaso, o primeiro livro de Harlan Lane foi The wild boy of Aveyron.

O relato de Anselm von Feuerbach sobre Kaspar Hauser, escrito em 1832, é um dos mais espantosos documentos psicológicos do século XIX. Em inglês, foi publicado como Caspar Hauser.

Mais uma vez, não é coincidência o fato de Werner Herzog ter concebido e dirigido não apenas um filme muito eloquente sobre Kaspar Hauser, mas também um filme sobre os cegos e surdos, Land of darkness and silence.

A mais profunda reflexão contemporânea sobre o “assassinato da alma” de Kaspar Hauser encontra-se num brilhante ensaio psicanalítico de Leonard Shengold, Halo in the sky: observations on anality and defense.

É muito proveitoso examinar o estudo bastante minucioso de uma “criança selvagem” encontrada na Califórnia em 1970: Susan Curtiss, Genie: a psycholinguistic study of a modern-day “wild child”.

Finalmente, um fascinante e pormenorizado relato sobre um Massieu moderno, um homem surdo que chegou à idade adulta sem saber língua de espécie alguma mas aprendeu uma língua mais tarde, e como sua vida e sua mente mudaram com isso, encontra-se em Susan Schaller, A man without words.

No documento VENDO VOZES UMA VIAGEM AO MUNDO DOS SURDOS (páginas 110-118)

Documentos relacionados