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A gênese da Biblioteconomia no Brasil se dá com a implantação do curso pela Biblioteca Nacional, em 1911, no Rio de Janeiro, sendo iniciado apenas em 1915, com caráter humanista e conservador decorrente da influência da biblioteconomia francesa. Em 1929, o

curso foi implantado, em São Paulo, pelo Mackenzie College; o curso possuía características tecnicistas decorrentes da influência da biblioteconomia norte-americana (CASTRO, 2000).

Na busca pela profissionalização surge, a partir da década de 50, o movimento em prol da criação de entidades de classe com a finalidade de sedimentar a participação do bibliotecário no mercado de trabalho. Em 1959, é criada a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientista da Informação e Instituições (FEBAB); em 1966, o Conselho Federal de Biblioteconomia, além do código de ética da profissão que se deu nesse mesmo ano; em 1967, a Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Documentação (ABEBD), atual Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABCIN) Mota e Oliveira (2005). A existência dessas entidades se faz importante para a consolidação da profissão que, atualmente, vem passando por diversas transformações, a fim de acompanhar as tendências que emergem da dinâmica social, sejam elas relacionadas à teoria, à prática e/ou às necessidades referentes às atividades do profissional.

Nota-se que a Biblioteconomia no Brasil evoluiu e passou por diversas mudanças, todavia, o obstáculo maior para a área tem sido a transformação do caráter tecnicista e conservador para um caráter informacional, ou seja, uma prática voltada para o atendimento das necessidades dos usuários, vez que, a sociedade contemporânea requer um profissional que atue de forma dinâmica e proativa. Assim, as escolas e associações são responsáveis pela abertura de debates e discussões em torno da reformulação da práxis biblioteconômica buscando uniformizar e socializar uma visão sólida dos conhecimentos da área, o que se confirma nas palavras de Mota e Oliveira (2005, p. 104): “[...] a consolidação do corpo de conhecimento de uma área é base para a fundamentação de suas práticas e seu reconhecimento oficial enquanto profissão”. O que ajudará no fortalecimento e reconhecimento da profissão na sociedade.

Na busca pela regulamentação da profissão foi empreendida uma luta pelos bibliotecários, na década de 60, que resultou na lei 4.084 de 30 de junho de 1962. Vale ressaltar a relevância da legislação para nortear a área de Biblioteconomia, porque a legislação possibilita o reconhecimento da profissão, enquanto atividade necessária ao desenvolvimento e organização do conhecimento na sociedade, considerando também o fato de que ela se constitui no primeiro movimento legal nesse sentido.

Todavia, houve a necessidade de criação de uma nova lei, visto que a lei 4.084 apresenta algumas lacunas, dando origem à lei 9.674, de 26 de junho de 1998, a qual “Dispõe sobre a profissão de Bibliotecário e determina outras providências”. Esta teve diversos artigos vetados em decorrência da expressão “informação registrada”, considerada como reserva de

mercado, vez que a informação é um elemento presente em diversas profissões e não pode ser considerada atribuição de uma só profissão.

O parecer CNE/CES nº 492/2001, da lei de Diretrizes e Bases do Ministério da Educação – MEC é visto como um documento de fundamental relevância para a área por demonstrar o avanço proveniente da mudança de paradigmas relacionados à ideia que a sociedade adota em torno da profissão. Assim, o parecer descreve as habilidades específicas do profissional e diz que lhe compete:

Interagir e agregar aos processos de geração, transferência e uso da informação, em todo e qualquer ambiente; criticar, investigar, propor, planejar, executar e avaliar recursos e produtos de informação; trabalhar com fontes de informação de qualquer natureza; processar a informação registrada em diferentes tipos e suporte, mediante a aplicação de conhecimentos teóricos e práticos de coleta, processamento, armazenamento e difusão da informação; realizar pesquisas relativas a produtos, processamento, transferência e uso da informação. (BRASIL..., 2001, p. 32).

Acerca do perfil dos formandos de biblioteconomia o parecer CNE/CES nº 492/2001, da lei de Diretrizes e Bases do Ministério da Educação – MEC também aborda a importância do “aprimoramento contínuo” e que devem possuir características fundamentais como:

A formação do bibliotecário supõe o desenvolvimento de determinadas competências e habilidades e o domínio dos conteúdos da Biblioteconomia. Além de preparados para enfrentar com proficiência e criatividade os problemas de sua prática profissional, produzir e difundir conhecimentos, refletir criticamente sobre a realidade que os envolve, buscar aprimoramento contínuo (grifo nosso) e observar padrões éticos de conduta, os egressos dos referidos cursos deverão ser capazes de atuar junto a instituições e serviços que demandem intervenções de natureza e alcance variados: bibliotecas, centros de documentação ou informação, centros culturais, serviços ou redes de informação, órgãos de gestão do patrimônio cultural etc. (BRASIL..., 2001, p.3).

O Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) teve sua fundação em julho de 1966, naquele momento surgiram também os Conselhos Regionais de Biblioteconomia (CRB‟s), sendo, o primeiro, o órgão responsável pela legislação e o segundo os responsáveis pela execução das leis. Ambos os conselhos são autarquias federais de direito público, porém os CRB‟s são os responsáveis pela fiscalização do exercício da profissão nos Estados Unidos. Tendo por função registrar os profissionais graduados na área e fiscalizar o exercício da profissão, Rozados (2007).

Ao discutir sobre o novo perfil dos bibliotecários solicitado pelo mercado de trabalho Dutra e Carvalho (2006) afirmam que, em consequência das TIC‟s, há uma necessidade de profissionais dotados de novas habilidades e competências. Tais qualidades não são mais

garantidas pela formação acadêmica, e que requerem a inclusão de valores e conhecimentos individuais agregados à formação, resultando no diferencial competitivo do profissional no mercado de trabalho.

Em contrapartida, Souto (2005) ressalta que a formação dos bibliotecários já vem, há algum tempo, com características demandadas pelo mercado de trabalho, “[...] Os „novos profissionais‟ possuem uma formação que lhes permitem atuar em diversos segmentos da sociedade” (SOUTO, 2005, p.36). Com isso, percebe-se que os profissionais, aos poucos, vêm conquistando o seu espaço, no contexto atual da informação, a partir de diversas iniciativas em busca do fortalecimento profissional, dentre essas constam as reformulações curriculares.

[...] a partir de disciplinas de conteúdo político e social bem trabalhadas ao longo dos cursos de graduação, é possível ocorrer a formação de profissionais mais conscientes de seu papel na sociedade, podendo, também, despertar nos alunos um senso crítico mais apurado. (SOUTO, 2005, p. 36).

Outro aspecto abordado por Souto (2005) diz respeito à interdisciplinaridade na graduação apontando a necessidade do contato com as diversas áreas do conhecimento, vez que os profissionais da informação não são autossuficientes com capacidade de dominar todas as técnicas de gerenciamento da informação. Por isso ainda no período de formação ele precisa ter contato com a informática, a administração, a educação, a pedagogia, a sociologia, a história, a psicologia e outras disciplinas complementares.

A interdisciplinaridade é um tema recorrente nos atuais estudos da área, pois, constitui-se numa tendência para o desenvolvimento profissional, considerando que as diversas áreas do saber englobam conhecimentos fundamentais no dia a dia das organizações, que se utilizam desses recursos para aprimorar suas práticas. Para Le Coadic (1996, p.22): “A interdisciplinaridade traduz-se por uma colaboração entre diversas disciplinas, que leva a interação, isto é, uma certa reciprocidade, de forma que haja, em suma, enriquecimento mútuo”. Desse modo, percebe-se que a inter-relação entre diversas áreas constitui-se em atitude relevante para a atuação do bibliotecário no contexto da Sociedade da Informação.

O advento tecnológico exige das diversas áreas profissionais a capacitação para uso efetivo desses recursos, os quais estão presentes, cada vez mais, nas organizações. Os aparatos tecnológicos utilizados de forma adequada tendem a facilitar o desenvolvimento das atividades das empresas. No caso dos profissionais da informação as tecnologias vêm alterando a rotina das bibliotecas, considerando que estas ferramentas estão sendo empregadas em seus espaços e seu uso pode potencializar as atividades dos bibliotecários.

evoluído de forma contínua. Entretanto, a rapidez das mudanças ocasionadas pelas TIC‟s e as transformações que afligem a sociedade demandam desse profissional novas competências e conhecimentos – o que requer a busca pela atualização permanente e, consequentemente, a educação continuada no intuito de adquirir conhecimentos novos para melhorar o desenvolvimento de suas atividades e atender às necessidades dos usuários.

Ressaltando que o método empregado neste estudo consiste em comparativo e estudo de casos, a seguir será feita uma breve explanação a respeito da atuação dos bibliotecários em dois espaços: bibliotecas públicas e bibliotecas da área de saúde.