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BIBLIOTECAS ESCOLARES EM PORTUGAL: A REDE DE BIBLIOTECAS ESCOLARES

CAPITULO II – A BIBLIOTECA ESCOLAR COMO ESPAÇO PEDAGÓGICO

2. BIBLIOTECAS ESCOLARES EM PORTUGAL: A REDE DE BIBLIOTECAS ESCOLARES

As Bibliotecas Escolares começaram a desenvolver-se a partir dos anos 40, mas só a partir dos anos 70, por iniciativa da então Direcção-Geral do Ensino Secundário é que se introduziram as primeiras tentativas de “reforma” das Bibliotecas Escolares. A partir daí, é que se começaram a criar bibliotecas com determinados recursos para colmatar as necessidades dos alunos e a criarem-se cursos para formar professores responsáveis pelas bibliotecas. No entanto, as Bibliotecas Escolares continuaram a viver num grande vazio até 1996, ano em que a Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (BAD) promoveu um encontro, no qual pretendeu debater a problemática das Bibliotecas Escolares, iniciando uma nova era para as Bibliotecas Escolares dando origem ao “Grupo de Trabalho das Bibliotecas Escolares”. Nesse mesmo ano o Ministério da Educação criou um organismo designado por “Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares” o qual apoiava

financeiramente as bibliotecas que se candidatassem ao projecto (Pessoa, 1994).

É através do Despacho Conjunto nº 43/ME/MC/95 de 29 de Dezembro que se oficializa o Programa que cria a Rede Nacional de Bibliotecas Escolares e, em 1996 pelo Despacho conjunto nº 184/ME/MC/96 de 27 de Agosto é criado um gabinete com o objectivo de elaborar e executar um programa de instalação da Rede de Bibliotecas Escolares.

O grande objectivo deste projecto era na escola, de forma progressiva, desenvolver as bibliotecas “entendidas como centros de recurso multimédia, destinadas á comunidade e produção de documentos em diferentes suportes” (Costa et al, 1998, pp. 101-102).

Assim, surgiu o Programa Rede de Bibliotecas Escolares com início no ano lectivo de 1996/1997 tendo como objectivo instalar e desenvolver bibliotecas nas escolas dos vários níveis de ensino, entendidas como centros de recursos multimédia, destinados à consulta e produção de documentos em diferentes suportes, funcionando em livre acesso, num espaço próprio adaptado às suas funções, com equipamento específico, dotados de verba própria, fundo documental diversificado e uma equipa de professores e técnicos com formação adequada (Ministério da Educação, Rede de BE, 2008).

A selecção das escolas que virão a ser abrangidas pelo Programa far- se-á com base na análise de um conjunto de dados a fornecer pelas escolas, através do preenchimento de uma ficha.

A existência de um espaço exclusivo, adequado à instalação da Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos, (BE/CRE) a relação entre a sua área e o número de alunos e a disponibilidade de professores e auxiliares para integrar uma equipa, frequentar formação neste domínio e assumir o projecto de criação e/ou desenvolvimento da BE/CRE são critérios a ter em conta no processo de selecção das escolas. As actividades curriculares, extra- curriculares ou de complemento curricular já realizadas e que envolveram a biblioteca da escola serão também objecto de apreciação. Dar-se-á particular valor às actividades que privilegiam a ligação às práticas docentes, numa perspectiva de integração total da BE/CRE na vida da escola (Ibidem).

A selecção das escolas dependerá ainda das informações e pareceres das Direcções Regionais de Educação sobre a rede escolar, nomeadamente no que respeita aos possíveis agrupamentos de escolas, aos TEIP's (Programa de Territorialização de Politicas Educativas de Intervenção Prioritária) criados, às diferentes realidades educacionais existentes localmente e ainda à evolução do parque escolar (Ibidem).

As escolas seleccionadas serão notificadas da sua integração na Rede de Bibliotecas Escolares, posto o que deverão elaborar uma proposta concreta e pormenorizada de intervenção nas respectivas bibliotecas. Após a sua apreciação e aprovação, seguir-se-á a assinatura de contratos-programa entre as escolas, a Direcção Regional de Educação em nome do Ministério da Educação (Ibidem).

Neste início do século XXI, em que o acesso à informação está cada vez mais facilitado, a Biblioteca Escolar enfrenta novos desafios, nomeadamente no papel que desempenha na preparação dos alunos para a aprendizagem ao longo da vida. Mais do que um espaço de informação, a Biblioteca Escolar é hoje um espaço de aprendizagem e de conhecimento (Silva, 2000).

A escola portuguesa actual enfrenta vários desafios no sentido de corresponder, por um lado, a uma melhoria na qualidade do processo de ensino-aprendizagem e, por outro, na procura de uma integração activa e positiva de todas as crianças e jovens no contexto da escola e das aprendizagens que aí se realizam. Neste contexto, o papel da Biblioteca Escolar tem vindo a assumir uma importância crescente (Ibidem).

Segundo o princípio 7 dos Direitos da criança

(…) cada criança tem direito a receber educação, obrigatória e gratuita, pelo menos ao nível do ensino básico. Ser-lhe-á administrada uma educação que desenvolverá a sua cultura geral e lhe permitirá, numa base de igualdade, desenvolver as suas habilidades, capacidade de decisão e uma consciência moral de responsabilidade social, tornando-o um membro útil da comunidade. (Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, 1959).

A existência e utilização da Biblioteca Escolar constitui uma parte vital desta educação obrigatória e gratuita. A Biblioteca Escolar é essencial ao

desenvolvimento da personalidade humana, bem como ao progresso espiritual, moral, social, cultural e económico da comunidade.

A Biblioteca Escolar proporciona informação e ideias fundamentais para os indivíduos serem bem sucedidos na sociedade; desenvolve nos estudantes competências para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis. A Biblioteca Escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. As bibliotecas escolares articulam-se com as redes de informação e de bibliotecas de acordo com os princípios do Manifesto da Biblioteca Pública da UNESCO (Directrizes da IFLA para BE, 2006).

Pretende-se que exista uma especialização funcional dos espaços, dos equipamentos, do pessoal, da gestão e das actividades da biblioteca, sendo contudo de evitar soluções que conduzam à autonomização e marginalização. A biblioteca deve antes ser entendida como uma unidade orgânica da escola e o planeamento das suas actividades, embora ajustado à especificidade das suas funções, estará integrada no planeamento global da escola e no seu projecto educativo. Cada BE/CRE deverá ser entendida como um centro de recursos multimédia de livre acesso, destinado à consulta e produção de documentos em diferentes suportes, devendo dispor de espaços flexíveis e articulados, mobiliário e equipamento específicos, fundo documental diversificado e uma equipa de professores e técnicos com formação adequada (Veiga, 1996).

Segundo Silva (2000, p. 217): “os nossos alunos podem não se tornar leitores, como desejaríamos, pela vida fora, mas isso poderá ficar a dever-se a uma multiplicidade de factores, nunca à falta de empenhamento da escola”, portanto, a escola é responsável pela boa formação dos seus alunos. Diversos estudos demonstram que o sucesso da aprendizagem nas escolas aumenta quando os alunos dispõem de uma Biblioteca Escolar bem equipada, com materiais diversificados, que estabelece uma relação estreita com a escola e os programas para cada ano lectivo, com professores- bibliotecários profissionalmente qualificados que trabalham em colaboração com os professores na sala de aula. Além disso, investigações realizadas

provam também que os alunos tornam-se melhores leitores quando têm acesso a uma biblioteca com estas características.

3. A INTERVENÇÃO DA BIBLIOTECA NA ESCOLA: PROMOÇÃO DA