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competência em informação de seus usuários 149 6.3 Necessidades de mudanças no SRE

3 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E SERVIÇO DE REFERÊNCIA NO CONTEXTO DA SOCIEDADE DA

3.1 Bibliotecas universitárias

As bibliotecas são organizações que reúnem, organizam e disponibilizam os registros do conhecimento produzido pela humanidade. No âmbito das universidades as bibliotecas têm como missão atender as necessidades informacionais da comunidade acadêmica. As universidades, por sua vez, são instituições de ensino superior que tem por missão a formação de profissionais e pesquisadores, nos mais diversos campos do conhecimento, que estejam aptos à produção do conhecimento e à transferência desses conhecimentos em benefício da sociedade (DODEBEI, 1998).

Universidades e bibliotecas são agências sociais organizadas para atender as necessidades de um grupo social ou da sociedade em geral; a interseção dessas duas instituições vista agora como um único conceito – o de Biblioteca Universitária - forma uma unidade organizacional que reúne os principais predicados das bibliotecas e das universidades em suas várias concepções históricas e posicionamentos sociais (DODEBEI, 1998).

Segundo Gianesi e Correa (1996), se a matéria-prima da universidade é a informação e o órgão da universidade responsável pelo gerenciamento dessa informação é a biblioteca, pode-se dizer que tudo começa e termina na biblioteca. De acordo com os autores, uma biblioteca adquire sua matéria-prima de um universo bibliográfico e transfere o que foi obtido, por meio de seus serviços, para uma dada comunidade.

Vive-se em um contexto de mudanças constantes devido à evolução das TIC. As organizações necessitam adaptar-se a todo instante às inovações tecnológicas, buscando aperfeiçoar os seus serviços para atender as necessidades de seus usuários, sob pena de caírem no esquecimento.

As bibliotecas, tradicionalmente espaços de constituição de acervos e disseminação de informação, refletem as mudanças geradas pela sociedade da informação [por meio] da busca por melhorias nos serviços oferecidos aos usuários, traduzidos em grande parte pela introdução de recursos ligados às TIC. (CARVALHO; SILVA, 2009, p. 125).

A introdução das TIC, especificamente da Internet, nas atividades das bibliotecas levou a um

[...] deslocamento de objetivos dessas instituições, que passaram a visualizar a sua atuação e o fluxo de suas atividades [por meio] de um novo paradigma, o paradigma de acesso à informação, em substituição ao paradigma de posse da informação, o que as tornou vulneráveis ao fenômeno da desintermediação. (SILVA; LOPES, 2011, p. 4).

Esse novo paradigma proporciona maior autonomia para os usuários, na medida em que mais e mais informações são disponibilizadas por meio da rede, diminuindo assim, a intervenção do bibliotecário no processo de busca da informação. Essa falta de contato entre bibliotecários e usuários é a chamada desintermediação da informação.

As rotinas de trabalho, a forma de percepção de fontes de informação ligadas à noção de desterritorialização da informação, bem como a relação com os usuários (reais/virtuais) em detrimento da exclusividade da fonte bibliográfica e a noção custodial e tecnicista, são potencialmente atingidos por essas inovações. (CARVALHO; SILVA, 2009, p. 130).

De acordo com Cunha (2000, p. 73),

[...] na universidade, a preservação do conhecimento é uma das funções que menos rapidamente mudam [...] através dos séculos, o ponto focal da universidade tem sido a biblioteca, com o seu acervo de obras impressas preservando o conhecimento da civilização. Atualmente, esse conhecimento existe sob muitas formas: texto, gráfico, som, algoritmo e simulação da realidade

virtual e, ao mesmo, ele existe literalmente no éter, isto é, distribuído em redes mundiais, em representações digitais, acessíveis a qualquer indivíduo e, com certeza, não mais uma prerrogativa de poucos privilegiados da academia.

Os produtos e serviços intensivos em informação, como é o caso dos ofertados pelas bibliotecas universitárias, podem viajar por cabo ou por ondas eletromagnéticas a baixos custos. Com a chegada das TIC, a forma como esses serviços são desenvolvidos são alteradas substancialmente. “A distância e o tempo entre a fonte de informação e seu destinatário deixaram de ter qualquer importância; as pessoas não precisam se deslocar, pois são os dados que viajam.” (SANTOS, 2004, p. 7).

As bibliotecas começam a se transformar: nota-se uma preocupação crescente em atender o usuário com o máximo de rapidez e eficiência, maior preocupação com o acesso à informação em detrimento da posse do documento, minimizando- se as limitações de tempo e espaço na busca da informação. As coleções e os serviços foram complementados com novos formatos e novas versões, tudo isso, certamente, facilitado pela utilização das novas tecnologias. (MARCONDES; MENDONÇA; CARVALHO, 2006, p. 176).

As principais mudanças foram o aumento significativo na oferta de conteúdos em meio eletrônico (livros, periódicos, teses e dissertações); maior autonomia do usuário no processo de busca da informação, pela disponibilidade da informação nas redes e dos recursos tecnológicos; ampliação dos canais de comunicação para a prestação de serviços de informação (correio eletrônico, páginas virtuais, redes sociais, dentre outros).

As informações de interesse dos usuários passam a ser não só os recursos internos à biblioteca, que tradicionalmente eram em papel, mas, também, e de forma crescente, recursos externos, disponíveis somente na Web, sejam eles gratuitos ou não. (MARCONDES; MENDONÇA; CARVALHO, 2006, p. 175).

Nesse sentido, as bibliotecas universitárias enfrentam o desafio de prover os meios necessários para o seu funcionamento físico e também, virtual, de forma híbrida.

Conforme Lubisco (2011, p. 50),

[...] no que se refere aos serviços ao usuário, o que se assiste é a convivência – e tudo indica que assim será por muito tempo – dos serviços tradicionais, isto é, típicos das bibliotecas com paredes, com os serviços mediados por computador e disponibilizados com ferramentas Web. Aliás, hoje, é não só desejável, mas absolutamente necessário, que as bibliotecas potencializem suas funções mediante a adoção de recursos eletrônicos.

Dessa forma, nas bibliotecas universitárias começa-se a aumentar a oferta de produtos e serviços de informação na Internet, de forma a responder satisfatoriamente às demandas. A oferta de coleções digitais e serviços on-line é o que caracteriza as chamadas bibliotecas digitais, também conhecidas como virtuais e/ou eletrônicas.

Essas coleções são

[...] organizadas de tal forma que permitem o acesso aos usuários reais e potenciais, [por meio] de vários mecanismos de busca, às informações disponibilizadas em rede em qualquer parte do planeta, além, é claro, das informações disponíveis na própria biblioteca. (MARCONDES; MENDONÇA; CARVALHO, 2006, p. 176).

O aumento na oferta de conteúdos digitais, nas bibliotecas universitárias, se dá pela digitalização de materiais impressos do acervo permanente das bibliotecas universitárias, como a coleção de teses e dissertações, os periódicos; ou pela aquisição de materiais nativos digitais, como os e-books e periódicos eletrônicos; ou ainda pela chamada aquisição licenciada de recursos informacionais disponíveis, em que se obtém o direito ao acesso às informações gerenciadas por entidades comerciais. Outra forma de ofertar conteúdos aos usuários é por meio do mapeamento de fontes de informação gratuitas na Internet. Nesse caso, as bibliotecas trabalham na seleção e organização dessas informações e disponibilizam os links de acesso em suas páginas na

Os tipos de conteúdos disponibilizados são os mais variados e geralmente encontram-se organizados em bases de dados com mecanismos de busca para a sua recuperação. “As bases de dados on-

line se constituem em uma das formas mais adequadas para a busca e

recuperação da informação na rede, pois reúnem informações científicas, em um formato ágil e dinâmico.” (MOURA, 2003, p. 44).

Para Barreto (2000, p. 8), as unidades de informação precisam aumentar as suas condições de oferta de produtos e serviços de informação e estar aptas a atender os “requisitos de qualidade como: confiabilidade, cobertura, novidade e abrangência na sua oferta de produtos e serviços de informação.”

As bibliotecas universitárias necessitam encarar as TIC como oportunidades para melhorar e diversificar os seus serviços, sob pena de ficarem alienadas da comunidade a que servem e da própria sociedade.

São, os serviços adaptados às tecnologias, com ênfase à Internet, que fazem e farão com que a instituição biblioteca e o bibliotecário, enquanto sujeito participante dessas transformações possa continuar fazendo parte do processo de crescimento e desenvolvimento de uma sociedade. (CARVALHO; SILVA, 2009, p. 129).

As transformações em curso na sociedade da informação impactaram não somente nas rotinas e nos serviços das bibliotecas universitárias, tradicionais “sedes do conhecimento” (BURKE, 2003, p. 47), mas também proporcionaram mudanças no comportamento de seus usuários e na atuação dos bibliotecários.