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3. Material e métodos

4.2 Biomassa 1 Floresta

Os Quadros 10, 11 e 12 incluem os resultados obtidos seguindo a metodologia descrita em

3.2.1.2, 3.2.1.3 e 3.2.1.4 para a biomassa arbustiva, foliar e de ramos finos,

respectivamente. Optou-se por utilizar como descritores estatísticos a mediana e a distância inter-quartis, uma vez que as distribuições destas variáveis são muito assimétricas (anexo II). Também se apresenta a média, embora sendo fortemente influenciada pelos valores mais elevados, para se poder mais facilmente comparar com outros valores encontrados na literatura.

Quadro 10 – Biomassa arbustiva (Mg.ha-1) presente nos povoamentos florestais. Espécie florestal Média Mediana Distância Inter-quartis Nº de parcelas

Sobreiro 3,09 0,14 4,09 741 Azinheira 1,80 0,00 1,33 509 Eucalipto 4,96 1,68 5,91 1000 Outras folhosas 6,15 3,14 7,24 215 Pinheiro bravo 8,24 4,45 11,13 1147 Pinheiro manso 3,59 1,28 4,95 99 Outras resinosas 7,05 3,57 10,03 41

Floresta Mista (Pb+Ec) 7,64 3,89 9,58 199

Floresta Mista (Ec+Sb) 4,26 2,76 7,26 10

O valor zero na mediana da classe de Azinheira deve-se a um elevado número de zeros que caracteriza esta variável e não à possibilidade de existência de números negativos.

Quadro 11 – Biomassa foliar (Mg.ha-1) presente nos povoamentos florestais. Espécie florestal Média Mediana Distância inter-quartis Nº de parcelas

Sobreiro 0,41 0,32 0,49 772 Azinheira 0,25 0,21 0,24 582 Eucalipto 3,80 3,40 3,69 890 Outras folhosas 1,42 0,99 1,64 37 Pinheiro bravo 4,26 3,87 3,90 1094 Pinheiro manso 4,85 3,70 4,38 87 Outras resinosas 5,06 4,74 4,23 37

Floresta Mista (Pb+Ec) 4,85 4,69 4,25 229

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Quadro 12 – Biomassa de ramos finos (Mg.ha-1) presente nos povoamentos florestais. Espécie florestal Média Mediana Distância Inter-quartis Nº de parcelas

Sobreiro 0,70 0,54 0,82 772 Azinheira 0,42 0,35 0,41 582 Eucalipto 3,06 2,60 3,09 890 Outras folhosas 3,69 2,30 4,86 161 Pinheiro bravo 7,27 5,75 8,14 1094 Pinheiro manso 7,61 6,20 7,86 87 Outras resinosas 7,76 6,08 6,56 23

Floresta Mista (Pb + Ec) 6,55 5,52 7,11 229

Floresta Mista (Ec + Sb) 3,30 2,46 1,84 10

4.2.2 Matos

Após ter sido feito o ajustamento não linear do modelo de Olson aos dados de biomassa arbustiva para Portugal, obteve-se a seguinte equação:

Warb = 18,86 (1 - e-0.23t)

O erro quadrático médio obtido foi cerca de 64 e, portanto, 8 Mg.ha-1, depois de feita a raiz quadrada. Este valor, tendo em conta a média dos dados originais (13 Mg.ha-1) é considerado elevado, estando portanto associada alguma incerteza a esta variável.

Seguindo os passos descritos em 3.2.2.1, obteve-se 30 anos como idade média da vegetação arbustiva pertencente à classe “Vegetação Arbustiva e Herbácea”.

No Quadro 13 apresentam-se os resultados obtidos para a biomassa arbustiva (Warb), o

rácio de folhas (Rw), a biomassa foliar (BF) e a produção de folhada (PF) nas classes dominadas por matos. A produção média de folhada (L = 2,64 Mg.ha-1.ano-1) é dada pela média dos valores de produção anual de folhada para todas as classes. Recorrendo ao valor dado por Simões et al. (2001) de decomposição (K = 0,6) determinou-se a acumulação de folhada (X). A última coluna refere-se ao valor final, depois de multiplicado pelo valor médio de percentagem de coberto do solo (50%) da folhada.

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Quadro 13 – Biomassa arbustiva, rácio de folhas, biomassa foliar, produção de folhada e

acumulação de folhada para diferentes idades de vegetação. Idade (anos) Warb (Mg.ha

-1 ) Rw BF PF X Folhada (Mg.ha-1) 1 3,86 ± 0,66 36,07 1,39 1,59 2,43 1,21 2 6,93 ± 1,03 31,26 2,17 2,47 3,76 1,88 3 9,38 ± 1,18 28,01 2,63 2,99 4,50 2,25 4 11,32 ± 1,20 25,74 2,91 3,31 4,90 2,45 5 12,86 ± 1,15 24,11 3,10 3,53 5,12 2,56 6 14,09 ± 1,07 22,92 3,23 3,67 5,24 2,62 7 15,07 ± 1 22,03 3,32 3,78 5,30 2,65 8 15,84 ± 0,96 21,36 3,38 3,85 5,34 2,67 9 16,46 ± 1,02 20,84 3,43 3,90 5,36 2,68 30 18,84 ± 1,71 19,03 3,59 4,08 6,80 3,40

Repare-se que entre as idades 9 e 30 anos se regista uma acumulação muito inferior à dos primeiros anos, tal fica a dever-se ao carácter assintótico desta variável. Ou seja, nos primeiros anos, regista-se um acréscimo anual muito mais elevado, que vai decrescendo à medida que a comunidade arbustiva vai amadurecendo.

4.3 Análise de incerteza e de sensibilidade

Seguidamente apresenta-se a informação sobre a que distribuição estatística teórica é que as variáveis, sujeitas ao teste do qui-quadrado, foram ajustadas e os respectivos parâmetros (Quadro 14). Os gráficos com os ajustamentos relativos à biomassa arbustiva, biomassa foliar e de ramos finos nas classes de floresta podem ser consultados no (anexo II).

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Quadro 14 – Variáveis ajustadas e respectivos parâmetros do ajustamento.

Biomassa Espécie Florestal Distribuição

ajustada Parâmetro escala Parâmetro forma

Arbustiva

Sobreiro Gamma 10,73 0,29

Azinheira Não passou no teste do qui-quadrado (Discreta)

Eucalipto Gamma 15,56 0,32

Outras folhosas Gamma 13,47 0,46

Pinheiro bravo Gamma 12,66 0,65

Pinheiro manso Gamma 8,40 0,43

Outras resinosas Gamma 10,04 0,70

FM (Pb+Ec) Não passou no teste do qui-quadrado (Discreta)

FM (Ec+Sb) Gamma 5,25 0,81

Foliar

Sobreiro Não passou no teste do qui-quadrado (Discreta)

Azinheira Gamma 0,16 1,59

Eucalipto Não passou no teste do qui-quadrado (Discreta)

Outras folhosas Gamma 1,63 0,87

Pinheiro bravo Weibull 4,72 1,52

Pinheiro manso Weibull 4,96 1,05

Outras resinosas Weibull 5,62 1,47

FM (Pb+Ec) Weibull 5,37 1,55

FM (Ec+Sb) Weibull 3,72 1,63

Ramos finos

Sobreiro Não passou no teste do qui-quadrado (Discreta)

Azinheira Gamma 0,26 1,63

Eucalipto Weibull 3,26 1,23

Outras folhosas Gamma 4,79 0,77

Pinheiro bravo Weibull 7,65 1,16

Pinheiro manso Weibull 8,00 1,16

Outras resinosas Gamma 6,61 1,17

FM (Pb+Ec) Weibull 7,01 1,24

FM (Ec+Sb) Gamma 0,98 3,38

Repare-se que foram necessárias apenas três distribuições estatísticas (Weibull, Gamma e Discreta) para caracterizar todas as variáveis.

Em seguida apresentam-se os resultados obtidos da análise de incerteza realizada para os três principais gases com efeito de estufa (CO2 (Fig. 15), N2O (Fig. 16) e CH4 (Fig. 17)). Os

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Figura 15 – Análise de incerteza (média e desvio padrão) da emissão de CO2 resultante dos

fogos de vegetação, em Portugal Continental, entre 1990 e 2008.

Figura 16 – Análise de incerteza (média e desvio padrão) da emissão de N2O resultante dos

fogos de vegetação, em Portugal Continental, entre 1990 e 2008.

Figura 17 – Análise de incerteza (média e desvio padrão) da emissão de CH4 resultante dos

46 Note-se que os anos de 2003 e 2005 foram aqueles que se registou uma maior quantidade de gases com efeito de estufa emitidos, enquanto que 1997 e 2008 foram os anos em que se registou menor quantidade.

Na análise de sensibilidade, seleccionaram-se apenas as variáveis com impacto superior a 0,1, dado pelo índice de primeira ordem, uma vez que abaixo desse limiar não se considerou que tivessem um impacto significativo na variância do output. Em seguida, apresenta-se os resultados obtidos para os três principais gases com efeito de estufa (Fig. 18, 19 e 20). Os resultados obtidos para os restantes compostos químicos podem ser consultados no anexo III.

Figura 18 – Análise de sensibilidade das emissões de CO2 resultante dos fogos de

vegetação, em Portugal Continental, entre 1990 e 2008 (AA – área ardida; VAH – vegetação arbustiva e herbácea; FE – factor de emissão; FC – factor de combustão).

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Figura 19 – Análise de sensibilidade das emissões de N2O resultante dos fogos de

vegetação, em Portugal Continental, entre 1990 e 2008 (FE – factor de emissão; FC – factor de combustão).

Figura 20 – Análise de sensibilidade das emissões de CH4 resultante dos fogos de

vegetação, em Portugal Continental, entre 1990 e 2008 (FE – factor de emissão; FC – factor de combustão).

Repare-se que, em todos os anos e para todos os compostos químicos estudados, existe um número muito reduzido de factores (entre 1 e 4) que contribuem para a grande maioria da variância encontrada no resultado do modelo, ficando muito pouco a dever-se às interacções entre factores.

Em seguida apresenta-se, a título de exemplo, os valores dos índices de primeira ordem e os índices totais de sensibilidade para as 54 variáveis utilizadas no cálculo das emissões de

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CO2 no ano de 1990 (Quadro 15). Como os resultados eram muito semelhantes (em cada

ano e para cada gás) e seria muito exaustivo, com pouco ganho de informação, inserir todos os Quadros nesta tese, optou-se apenas por uma, para se compreender a informação dada por estes índices.

Quadro 15 – Índices de sensibilidade (primeira ordem e totais) para as emissões de CO2,

em 1990 (A.A. – área ardida; biom. – biomassa; F.C. – factor de combustão; F.E. – factor de emissão; Or – Outras resinosas; Of – Outras folhosas; FM – floresta mista; VAH – vegetação arbustiva e herbácea; TAF – territórios agro-florestais; AAH – áreas agrícolas heterogéneas;

APV – áreas com pouca vegetação).

Variável S ST Variável S ST

F.C. folhada 0,0000 0,0849 Sb biom. ramos 0,0000 0,0000

F.C. arbustos 0,6201 0,6309 Sb biom. folhas 0,0000 0,0000

F.C. folhas 0,0000 0,0006 Sb biom. arbustos 0,0000 0,0000

F.C. ramos 0,0000 0,0001 A.A. 90 Sobreiro 0,0000 0,0000

F.E. CO2 floresta e matos 0,1315 0,1481 Pm biom. ramos 0,0000 0,0000

F.E. CO2 agrícolas 0,0021 0,0006 Pm biom. folhas 0,0000 0,0000 Or biom. folhada 0,0000 0,0001 Pm biom. arbustos 0,0000 0,0000 Or biom. ramos 0,0000 0,0000 A.A. 90 Pinheiro manso 0,0000 0,0000 Or biom. folhas 0,0000 0,0000 PbEc biom. folhada 0,0039 0,0011 Or biom. arbustos 0,0000 0,0000 PbEc biom. ramos 0,0000 0,0000 A.A. 1990 Outras Resinosas 0,0001 0,0000 PbEc biom. folhas 0,0003 0,0000 Of biom. folhada 0,0001 0,0001 PbEc biom. arbustos 0,0068 0,0033

Of biom. ramos 0,0000 0,0000 A.A. 90 FM (Pb+Ec) 0,0000 0,0002

Of biom. folhas 0,0002 0,0000 VAH biom. arbustos 0,0192 0,0230

Of arbustos 0,0000 0,0000 A.A. 90 VAH 0,1484 0,1454

A.A. 90 Outras Folhosas 0,0002 0,0000 A.A. 90 TAF 0,0000 0,0000

Az biom. folhada 0,0000 0,0000 A.A. 90 Pomar 0,0000 0,0000

Az biom. ramos 0,0005 0,0001 A.A. 90 Olival 0,0000 0,0000

Az biom. folhas 0,0002 0,0003 A.A. 90 AAH 0,0000 0,0000

Az biom. arbustos 0,0003 0,0000 A.A. 90 APV 0,0013 0,0011

A.A. 90 Azinheira 0,0000 0,0000 A.A. 90 Vinha 0,0000 0,0000

Pb biom. folhada 0,0139 0,0223 A.A. 90 Culturas Agrícolas 0,0001 0,0000

Pb biom. ramos 0,0000 0,0000 Ec biom. folhada 0,0004 0,0005

Pb biom. folhas 0,0000 0,0002 Ec biom. ramos 0,0000 0,0000

Pb biom. arbustos 0,0002 0,0000 Ec biom. folhas 0,0026 0,0009

A.A. 90 Pinheiro bravo 0,0000 0,0007 Ec biom. arbustos 0,0001 0,0000 Sb biom. folhada 0,0000 0,0001 A.A. 90 Eucalipto 0,0002 0,0001

As variáveis a bold são aquelas que, tendo um índice de primeira ordem superior a 0,1, são consideradas importantes. Por outro lado, as variáveis sublinhadas são aquelas que têm um

49 ST superior ao S e, como tal, interagem com outras. Nalguns casos registam-se as duas situações simultaneamente.

Grande parte dos índices das variáveis aproxima-se de zero, querendo isto dizer que a maior parte destas variáveis tem pouca influência no resultado do modelo, sendo este afectado, principalmente, por três ou quatro factores.

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5. Discussão

5.1 Área ardida por classe de ocupação do solo

O fogo é um elemento essencial da paisagem mediterrânica. Como tal, todos os anos, Portugal regista vários episódios de ocorrência de fogos, com especial incidência nos meses de Verão (mais quentes e secos). Contudo, a área ardida varia muito de ano para ano. Para o período de tempo estudado nesta tese, os anos de 2003 e 2005 tiveram forte influência nos resultados, dada a quantidade anómala de área que ardeu nesses mesmos anos. Assim, não é de estranhar que entre 2000 e 2008 se registe um total de área ardida muito superior àquele que se verificou na década anterior.

Os valores obtidos para as classes de Pinheiro bravo e de Eucalipto resultam, principalmente, dos anos de 2003 e 2005, com áreas muito significativas destas espécies a serem afectadas. Note-se que este aspecto contribuiu para um aumento da percentagem de floresta que arde no segundo período de estudo (2000 a 2008), em comparação com a década de 90. No entanto, a vegetação arbustiva e herbácea, ao longo dos 19 anos analisados nesta tese, é a classe que mais contribuiu para a área total ardida. Com estes resultados facilmente se percebe a forte contribuição dos matos para o total de área ardida em cada ano, e o porquê de o título desta tese se referir a fogos de vegetação e não apenas a fogos florestais.

Os resultados aqui obtidos relativamente às áreas de Pinheiro bravo e Eucalipto são também importantes do ponto de vista económico, uma vez que estas duas espécies originam riqueza para o país. Sendo fortemente afectadas pelo fogo, é importante definir estratégias que possam minimizar os danos causados pelos incêndios. Relativamente às áreas de mato, embora não tendo a importância económica das espécies florestais referidas, funcionam muitas vezes como veículo de transporte do fogo para o interior de povoamentos florestais, dada a facilidade de propagação do fogo neste tipo de vegetação. Como tal, é importante evitar o abandono de grandes áreas de mato, ou antigas zonas agrícolas e florestais, pois levam à acumulação de quantidades extraordinárias de combustível, tornando-se pontos de partida para os grandes incêndios.

5.2 Biomassa no grupo Floresta

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