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conflitos

 Que tipo de conflitos ocorre, entre as/os crianças/alunos, em contexto de sala? Dê exemplos específicos. (B.1.)

 Em que medida, esses conflitos afetam o processo de ensino-aprendizagem? (B.2.)

 Como define estes conflitos enquanto docente? (B.3.)

(B.1.) “De sala não tenho, fora da sala de aula é que tenho muitos. Os conflitos são aquelas queixinhas do costume que não sei quem, disse- me para calar ou chamou-me qualquer coisa.

Lá fora há mesmo conflitos físicos, na sala de aula não. […] Lá fora há agressões…com miúdos de 2º ano, com sete anos/oito anos, queixas escritas, queixas das auxiliares, dos professores e do executivo. São miúdos que são pequeninos mas em termos de gestão de conflitos é um bocado complicado, mas também, provavelmente, em casa também não há, pelo menos, diálogo, porque é: «Tu bates. Então se alguém te bate, tu bates também.» Nós aqui tentamos explicar o contrário mas é complicado. […]

Nós temos conselho de turma todas as sextas-feiras, tenho uma caixinha que durante a semana vai-se enchendo, enchendo, enchendo com papelinhos, cada vez que há um intervalo há cinco a dez queixas. Que entretanto eles sabem que há queixas importantes e queixinhas, que é totalmente coisas diferentes mas, normalmente, como são queixas de…como são agressões físicas já passam um bocado a queixa simples, a queixinha. Depois à sexta-feira nós fazemos discussão, há sempre alguém que viu, ou que aconteceu e estava lá, ou foi com ele e depois há o castigo que eles deram.

Nós no princípio do ano, como isto já vem do ano passado, fizemos uma escolha do que é que era para eles um castigo, porque depois eles são muito, são terríveis uns para os outros, eles achavam,

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por exemplo, que um dos castigos era limpar o pré-escolar durante um mês, sala toda. “Oh professora já que eles têm energia a mais” diziam- me eles, “Eles tem muita energia. São muito maus”, então o castigo era limpar a sala do pré-escolar ou então limpar casas-de-banho. Porque eles próprios são mesmo maus e eu dizia: “Tomem atenção que os castigos também podem ser para vocês. Secalhar a vocês…tomem atenção”. Depois de todos os castigos que saíram, que foram imensos, escolheu-se um, com uma pequena sorte consegui dar ali uma volta para ser o menos terrível, mesmo assim, são duas semanas a limpar a sala de aula, o lixo da sala de aula.

Ao princípio, quando os meninos são mais crescidos, costumo fazer ata…mesmo do conselho, estes como são mais pequeninos, começaram a escrever agora, ainda é complicado.

Não tem resultado muito bem, porque num ano normal as queixas vão diminuindo, eles percebem o que é que é uma queixa de haver sangue e de haver mesmo choro, de uma coisa qualquer de tocar ou de não deixar jogar mas, isto tem tendência a ser mais difícil de ano para ano. Os miúdos estão diferentes, as famílias estão diferentes, a crise faz com que os miúdos lá em casa também venham com uma série de coisas na cabeça, digo eu…muito agressivos, mesmo a falar, é difícil eles serem amigos uns dos outros.

Normalmente…grupos, a estratégia dos grupos resulta muito bem, mas depois, funciona muito bem em sala de aula, porque depois lá fora as coisas não são bem assim.”

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(B.2.) “Completamente, eu as vezes tenho dias, em que ainda não estou a entrar na sala de aula, já está a senhora auxiliar lá debaixo a dizer que um miúdo fez não sei o quê à sopa do outro.

Então eu quando chego à sala de aula, tenho necessariamente, que começar com Formação Cívica, com conversa, ver o que é que aconteceu, quem é que viu e acaba por não ser só à sexta-feira no conselho de turma.

Há dias em que são uma hora/uma hora e meia a tentar que eles percebam que não pode ser assim e depois toda a planificação é arrastada, mas é mesmo importante. Em turmas destas com problemas de comportamento se nós não fizermos nada ou se castigarmos só aquele porque é sempre o mesmo…porque depois nem sempre é o mesmo, é muito tempo que se perde, muito tempo que se perde mas importante, é um tempo que tem que se perder.

Há muito a estratégia das bolinhas também…para as pintinhas, mas os pais dos miúdos conflituosos, que na minha turma são cinco em casa também não têm regras, por muitas bolinhas vermelhas ou amarelas que vão para casa: “Então a mãe viu?”, “Uh.”, “Então e disse- te alguma coisa?”, “Não!”, “Ai não?! Está bem.”

Não se consegue já…com determinadas estratégias em família não se consegue muita coisa. Há pais que sim mas é aqueles grandiosos, com problemas grandes não se consegue já chegar à família.”

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(B.3.) “É um grande desgaste e é preocupante, porque nós saímos da sala de aula a pensar no outro dia: “O que é que eu posso fazer para dar a volta?”, e mais do que isso, programas também muito grandes e…todo o ensino está a ser muito complicado neste momento.

Nós passamos o dia todo, só, só, só a dar matéria, quando há turmas destas é muito desgastante porque nós temos sempre que dar a mesma coisa…atrás dos meios do próprio ensino. Os miúdos, é óbvio que ficam tristes porque ninguém gosta de levar nas orelhas, não é?! Obviamente.

É muito, muito, muito complicado, enquanto os miúdos são pequeninos ainda conseguem ir, mas quando chegarem ao 4º/5º anos, se não derem a volta, implica muito tempo de sala de aula e é muito saturante.”

Bloco IV - Estratégias de

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