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Várias iniciativas em relação a compras públicas sustentáveis ocorrem no âmbito internacional e nacional, as quais constam dos tópicos que seguem.

2.7.1 Exemplos de sucessos internacionais

No Japão, os governos e indústrias criaram, juntamente com uma organização privada, iniciativas de consumo sustentável que vão desde treinamento e publicações até o desenvolvimento de catálogos de compras online. Segundo Biderman et al. (2008), o sistema japonês de compras sustentáveis é o mais completo e dinâmico em uso no mundo, utilizado por mais de 2.800 entidades públicas e privadas para a promoção de suas compras sustentáveis.

Da mesma forma, a Suécia, no ano de 2001, em seu programa de licitação sustentável, criou uma instituição composta por entidades governamentais e empresas, a qual define ações para compras públicas sustentáveis, e as tomadas de decisões são baseadas em estudos científicos de ciclo de vida e análise econômica para definir critérios e indicadores sustentáveis de produtos e serviços. Os resultados desses estudos e definições da instituição são publicados num website para a consulta popular (OLIVEIRA, 2008).

O Reino Unido realiza licitação sustentável há mais de uma década. Em 2005, o primeiro-ministro Tony Blair estabeleceu uma força-tarefa para a promoção da licitação sustentável. A estratégia de desenvolvimento sustentável do governo britânico tem como objetivo promover maneiras novas, modernas e sustentáveis de viver, trabalhar, produzir e viajar. Ela estabelece a estrutura política para desenvolvimento sustentável no Reino Unido e é focada em soluções de longo prazo, com o objetivo de prevenir agora, em vez de corrigir no futuro. Ela procura garantir que o Reino Unido obtenha todos os benefícios ambientais,

sociais e econômicos de cada libra esterlina que gasta (BIDERMAN et al., 2008; MPOG, 2010).

Já na cidade de Barcelona, na Espanha, com 1.7 milhões de habitantes, 12.000 servidores públicos e um orçamento de 2.200 milhões de euros ao ano, a introdução de boas práticas nas compras públicas também é uma realidade. Esta cidade possui uma Agenda 21 Local e tem por objetivo a inclusão de critérios ambientais e cláusulas sociais em licitações públicas para compras e serviços. Criou uma política de compras públicas sustentáveis guiada por outros modelos europeus, gerando demanda por produtos mais sustentáveis e utilizando produtos e serviços mais eficientes, corretos ao meio ambiente (MPOG, 2010).

A província de Bologna, na Itália, em suas compras públicas, exige produtos que contenham algum tipo de rotulagem ambiental e/ou certificação de produção controlada. Também dá preferência às licitantes que aderem ao sistema de gestão ambiental, como a ISO 14001 e que detêm certificado como SA8000. Considera ainda critérios para seleção de empresas com práticas em políticas verdes e código de ética interna (BIDERMAN et al., 2008).

Durante o governo Clinton, os Estados Unidos aprovaram um regulamento próprio para o estabelecimento de normas de respeito ao meio ambiente e à cidadania nas licitações públicas, estabelecendo a obrigatoriedade de compras de materiais reciclados e a criação do programa Energy Star, relativo à eficiência energética. Em Nova York, há incentivos fiscais para o uso de equipamentos eficientes sob o ponto de vista ambiental e energético. A cidade possui legislação em vigor que torna obrigatória a economia energética nos prédios construídos em seu território (OLIVEIRA, 2008).

2.7.2 Exemplos de sucessos brasileiros

Na esfera federal, a Centrais Elétricas S.A. (Eletrosul) e a Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, buscam soluções inovadoras e eficientes no âmbito da construção civil, com o objetivo de usar racionalmente a energia, mediante parceria com o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (Labeee), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Como exemplo, tem-se o projeto de uma residência unifamiliar com eficiência energética e uso racional da água (ELETROSUL, 2012).

Recentemente, o Senado Federal criou o Programa Senado Verde com o objetivo de buscar soluções para amenizar o impacto sobre o meio ambiente e reafirmar o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, além de economizar recursos e servir de exemplo para outros órgãos públicos. Entre as medidas, o MPOG (2010) destaca: o uso de novas tecnologias para economia de água e luz, digitalização da ordem do dia, coleta seletiva de lixo, uso de biodiesel e manutenção permanente da frota de veículos, transformação do lixo em adubo e programas e dicas sobre ecologia nos veículos de comunicação da casa.

No estado de São Paulo, considerado a segunda economia do país, após a União, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (SMA), foi possível verificar algumas medidas adotadas com o objetivo de preservar o meio ambiente: obrigatoriedade da aquisição pela administração pública estadual de lâmpadas de maior eficiência energética e menor teor de mercúrio, procedimentos de controle ambiental para a utilização de produtos e subprodutos de madeira de origem nativa em obras e serviços de engenharia, aquisição pela Administração somente de veículos movidos a álcool (etanol) e, em especial, o Decreto nº 50.170/05, que institui o Selo Socioambiental e o Decreto Estadual nº 53.336/08, que institui o Programa de Contratações Públicas Sustentáveis (SÃO PAULO, 2011; OLIVEIRA, 2008).

Em 2006, o estado de Minas Gerais, através da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), contratou especialistas para o aperfeiçoamento do seu sistema de compras, tendo também como preocupação a pesquisa e aquisição de produtos com menor impacto ambiental. Esse estado, além de desenvolver regras específicas para o uso do papel reciclado e outros produtos sustentáveis, regulamentou o uso da madeira e desenvolveu programa de racionalização de água e eficiência de energia. Implementou o programa “AmbientAÇÃO”, liderado pela Secretaria de Meio Ambiente, que promove a internalização de atitudes ambientalmente corretas e a mudança de comportamento dos servidores públicos do estado (MINAS GERAIS, 2012).

Neste capítulo, a partir das definições e conceitos de diversas correntes teóricas, foi possível compreender o paradigma da sustentabilidade, o qual instiga a uma adequação das estruturas econômicas e comportamentais da sociedade.

De outro lado, a pesquisa bibliográfica favoreceu uma reflexão sobre a preocupação mundial, com o propósito de promover políticas de aquisição pública que incentivem o desenvolvimento e a difusão de bens e serviços racionais do ponto de vista socioambiental. Por fim, o estudo abordou que a difusão das licitações sustentáveis, principalmente no Brasil,

é complexa e ainda incipiente, conforme indicam a análise das legislações vigentes e os exemplos apresentados.

No próximo capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos que permeiam a pesquisa, com o detalhamento das etapas e do método utilizado para a realização do estudo.

O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para alcançar a resposta do problema de pesquisa e os objetivos propostos para o estudo. Com o propósito de evidenciar claramente os passos utilizados na realização da presente pesquisa, o capítulo está subdividido em quatro partes: a abordagem metodológica utilizada, seguida do universo da pesquisa, a forma de coleta de dados e o método de análise dos dados.