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Braquiterapia por Alta Taxa de Dose (HDR)

No documento PRINCÍPIOS FÍSICOS DA RADIOTERAPIA (páginas 34-39)

10. Controle da Qualidade em Radioterapia

10.10 Braquiterapia por Alta Taxa de Dose (HDR)

A braquiterapia por alta taxa de dose é um tratamento que exige muito cuidado. Um pequeno erro pode levar a grandes consequências por dois motivos: o tempo de tratamento é pequeno e as distâncias entre fonte e tecido são muito pequenas. Há

tratamentos em que a fonte se posiciona por menos de 1 segundo a 2 mm do tecido. Se o erro no tempo for de apenas 1 segundo a mais, a dose será o dobro da desejada. Se a fonte se posicionar 2 mm mais distante do que o planejado a dose será apenas 25% do valor programado. Portanto, o Controle de Qualidade desse tipo de equipamento é fundamental.

- Programação

Os tempos de tratamento programados pelo sistema de planejamento devem ser verificados de forma independente. Para essa verificação, em geral usam-se alguns pontos de referência e comparam-se as doses calculadas pelo sistema de planejamento com as doses calculadas pelo sistema independente. Se a diferença estiver dentro de um valor pré-estabelecido o tratamento é autorizado.

- Saída e regresso da fonte

A movimentação da fonte deve ser indicada por sinalização visual e audível, alertando o usuário de que é preciso estar atento, pois o risco de acidentes é maior nesses momentos. Essas sinalizações devem ser verificadas periodicamente, a critério da instituição.

- Indicador da luz durante tratamento

Sempre que a fonte estiver exposta, uma luz vermelha na porta deve estar acesa. Além disso, um sinal vindo de um detector de radiação instalado no próprio equipamento deve aparecer na tela de controle, indicando a presença de radiação na sala. Como esses dois sinais são originados do equipamento e uma falha pode causar erro em ambas as sinalizações, é obrigatório que toda sala de braquiterapia tenha um detector de radiação instalado na parede com um repetidor fora da sala. Assim, mesmo antes de entrar na sala para qualquer procedimento, será possível saber a situação em que se encontra o ambiente.

Em situações de potencial emergência, os sinais da porta, do painel e do detector independente devem ser comparados para afastar a possibilidade de mau funcionamento dessas sinalizações.

- Sistema de imagens

Os planejamentos dos tratamentos são realizados com base em imagens obtidas por raios X, ressonância magnética ou ultrassom. Se essas imagens estiverem distorcidas ou incorretamente escaladas, todo o tratamento estará comprometido. Portanto, todos os sistemas de imagem devem passar por testes que comprovem que as imagens reproduzem fielmente os objetos. Alguns testes podem ser realizados como, por exemplo, radiografar alguns objetos conhecidos a distâncias constantes e reprodutíveis. Dessa forma, deveremos obter sempre o mesmo padrão de imagem que, transferida ao sistema de planejamento, poderá ser verificada. Qualquer diferença deverá ser motivo para uma averiguação cuidadosa.

- Retorno manual

Sempre que a fonte radioativa sai do cofre de segurança, o sistema de tratamento mantém um controle sobre a que distância a fonte está da saída de cada canal. Terminado o tempo de tratamento a fonte deve retornar ao cofre de segurança. Se a quantidade de cabo que sai do equipamento não for igual à quantidade que retorna, o equipamento deve emitir um sinal de alarme e algumas medidas de emergência devem ser adotadas. Uma das possibilidades a se considerar é o acionamento do retorno manual da fonte.

O cabo da fonte é movimentado por um motor que, se falhar por quebra ou por falta de energia, não conseguirá retornar a fonte ao cofre de segurança. O acionamento da manivela de retração manual substituirá o motor, retornando a fonte ao cofre. Os equipamentos têm essa manivela em posição apropriada para facilitar o retorno da fonte e os usuários devem estar cientes de sua posição e da quantidade de voltas a serem dadas até o retorno da fonte.

Essas informações são muito importantes porque nem sempre o retorno manual pode solucionar o problema. Se o acidente estiver relacionado à ruptura do cabo, o retorno manual irá apenas regressar parte do cabo para dentro do equipamento, deixando a fonte exposta e de nada valerá seguir girando a manivela de retorno manual.

O acionamento do retorno manual deverá ser sempre precedido de uma rápida análise da situação como um todo, avaliando se realmente há uma situação de emergência e se há radiação indevida na sala. Durante todo o procedimento de retorno manual, a situação de radiação na sala deverá ser acompanhada pelo uso de detector de radiação, devendo ser interrompido o procedimento assim que os níveis de radiação retornem ao normal, ou no caso de se atingir o número de voltas da manivela, sem que a fonte retorne ao cofre. Neste último caso, a situação de emergência permanece e outro procedimento deve ser adotado, abandonando-se a retração manual.

- Integridade mecânica

O deslocamento da fonte desde o cofre até a posição de tratamento depende da integridade dos aplicadores e dos tubos de conexão. A segurança do tratamento e o retorno da fonte ao cofre também depende do caminho a ser percorrido pela fonte estar limpo, livre e sem estrangulamentos ou dobras. Qualquer dessas alterações pode fazer com que a fonte fique presa no percurso e o sistema mecânico de retração da fonte tenha dificuldade de operação, exigindo o início de um procedimento de emergência.

Além da integridade física é importante garantir que o comprimento desse conjunto aplicador-tubo de conexão seja aquele que foi estabelecido durante o planejamento do tratamento.

Consequentemente, a instituição deve estabelecer um programa de controle de qualidade dos aplicadores e dos tubos de conexão a ser realizado periodicamente.

Os testes podem ser simples verificações visuais das condições do material ou testes mais complexos, como radiografias e autorradiografias.

As autorradiografias são procedimentos nos quais se coloca um aplicador sobre um filme radiográfico e se faz a fonte ir até um ponto determinado. A posição em que se forma a imagem deve coincidir com a posição esperada, com uma precisão de 1 mm.

- Monitor portátil de radiação

Toda instalação que use radiação ionizante deve ter um detector portátil de radiação. Ele serve para a execução do levantamento radiométrico das áreas vizinhas à sala de tratamento, bem como ao levantamento radiométrico do prórpio equipamento, para garantir que a equipe de trabalho possa ficar na sala de tratametno durante o preparo do procedimento. Em situações de emergência o detector portátil de radiação corrobora as sinalizações emitidas pelo equipamento e pelo detector independente instalado na sala. O detector portátil deve ser calibrado anualmente.

- Sistema de comunicação áudio-visual e interruptores de emergência

Geralmente antes do início das atividades diárias o sistema de comunicação visual e auditivo deve ser verificado. Ele é útil para acompanhar o paciente durante o procedimento, orientando-o caso necessário, sem a necessidade de parar a irradiação para entrar na sala. Caso seja necessário fazer essa interrupção, interruptores de emergência são instalados em diversos pontos, acessíveis à equipe de trabalho, possibilitando o imediato recolhimento da fonte ao cofre de segurança. A abertura da porta com a fonte exposta terá o mesmo efeito. Todos os interruptores devem ser testados periodicamente, a critério da equipe de trabalho da instituição.

Existem dois documentos brasileiros mais importantes no que se refere ao

funcionamento de serviços de Radioterapia que podem ser facilmente conseguidos via internet. São eles:

RDC 20/2006- Funcionamento de Serviços de Radioterapia; Anvisa

Resolução 130/2012 - Requisitos de Radioproteção e Segurança para Serviços de Radioterapia;

No documento PRINCÍPIOS FÍSICOS DA RADIOTERAPIA (páginas 34-39)

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