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A composição dos níveis escolares no Brasil está descrita no artigo 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)24, conforme pode ser visto a seguir:

(I) A educação básica: constituída pela educação infantil (até cinco anos de idade25), ensino fundamental (a partir da Lei n. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, passou a ser compreendido por nove anos – da 1ª série a 9ª série26) e

ensino médio (com no mínimo três anos de anos); e (II) Educação superior.

Compete aos municípios a responsabilidade quanto à educação infantil e ao ensino fundamental; quanto ao ensino médio os Estados são os responsáveis, cabendo a União o provimento do ensino superior27.

24 Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996

25

Estabelecido pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006.

26 Antes da Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, eram apenas 8 anos (de 1ª a 8ª série).

27 Cabe destacar que ser responsável por prover, não significa que são os únicos que podem oferecer, isso faz

Quanto aos recursos, que devem ser destinados para a educação, essa lei trata no artigo 69:

A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público (LDB, 1996, p.21).

A Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, também já tratava dessa matéria, no artigo 212:

A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF, 1988, p.119)28.

Entre 1996 e 2006, com a Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996 (Lei de regulamentação do FUNDEF29) os Estados e Municípios eram obrigados a destinar 60% da parcela total de 25% (que deve ser destinado à educação, segundo a CF e LDB), ou seja, 15%, ao ensino fundamental30.

A partir de 2007, com a Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007, (Lei de regulamentação do FUNDEB31) essa obrigação de destinar 60% apenas ao ensino fundamental foi modificada, passando a abranger educação infantil, ensino fundamental e ensino médio (os quais compõem a educação básica) e deve vigorar até o ano de 202032.

Não obstante aos avanços ocorridos nas políticas voltadas para educação, no Brasil, ao longo das últimas décadas, há muito por se fazer. Pois no âmbito internacional o Brasil é avaliado de forma negativa, em termos sociais, por apresentar grande desigualdade de renda e ter uma população (com quinze ou mais anos de idade) com poucos anos de estudos (FERREIRA; VELOSO, 2006, p. 251).

O debate sobre a função da educação como agente promotor do desenvolvimento de uma nação, devido a possibilitar progressos nos indicadores econômicos (como o de renda) e ser uma forma de ascensão social, é abrangente tanto no Brasil como no Mundo33. Grande

28 Em caso dos estados e municípios não tiverem capacidade financeira, devido às particularidades regionais,

para obter esse percentual determinado, caberá a União a complementação.

29 FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério 30 Os 40% dos 25% vinculados à educação – compreendendo 10% –em se tratando dos municípios deveria ser

destinado para a educação infantil, já no caso dos Estados deveriam ser aplicados no ensino médio, ou mesmo no ensino fundamental de responsabilidade do município.

31 FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais

da Educação.

32 Os 40% dos 25% vinculados à educação – compreendendo 10% – devem ser destinados para os demais custos

com a educação.

33 Como já apresentado no ponto 3.1 “A educação e o crescimento econômico” deste trabalho e na introdução do

parte desses trabalhos34 elenca o investimento em capital humano como um dos responsáveis pela expansão da produtividade e conseqüente diferenciação dos países.

No Brasil já desde a década de 1970, com o trabalho de Langoni (1973), constata-se que o nível educacional tem forte relação com a diferenciação salarial. Outros autores que chegaram a essa mesma conclusão foram: Barros e Mendonça (1995), Barros, Henriques e Mendonça (2000), Menezes-Filho (2001), Menezes-Filho, Fernandes e Picchetti (2006), Menezes-Filho, Fernandes e Picchetti (2007) e Barros, Franco e Mendonça (2007).

Cabendo destacar que a má distribuição de renda se relaciona com a educação devido a, principalmente, dois aspectos: a força de trabalho ter grande diferenciação quanto aos anos de estudos acumulados e, decorrente deste, pelo elevado prêmio/retorno oriundo do grau de educação que o trabalhador possui, em especial aos que tem ensino superior.

Sendo assim, Barros, Franco e Mendonça (2007) argumentam que:

[...] no que concerne à contribuição da educação para a desigualdade de renda, tão importante quanto à sensibilidade da remuneração do trabalho à educação é o grau de desigualdade educacional da força de trabalho (BARROS; FRANCO; MENDONÇA, 2007, p.22).

A questão da desigualdade de renda é algo que persiste no Brasil há muito tempo. Um dos fatores que corroboram para essa trajetória é reduzida mobilidade educacional constatada no país. Isso decorre dos seguintes dados (FERREIRA; VELOSO, 2006, p. 259- 260):

(I) A perspectiva de um indivíduo filho de pai analfabeto também ser analfabeto é 32%;

(II) Caso o pai possua 3º grau completo, essa possibilidade se reduz mente para 0,2%;

(III) A probabilidade de um indivíduo filho de pai analfabeto conseguir completar o ensino superior é de 0,6%;

(IV) Se o pai tiver ensino superior a chance passa para 60%.

Nas últimas décadas, as políticas governamentais passaram a dar mais atenção ao setor educacional, isso fez com que o percentual de habitantes, em idade escolar, que está matriculado, chegasse a números consideráveis em relação ao ensino fundamental, todavia, há muito a se avançar quando o assunto é segundo grau e terceiro grau (Veja o Gráfico 05).

À medida que o tempo passa, deve-se reavaliar a forma de se financiar a educação, para que o acesso aos outros níveis de ensino seja generalizado, do mesmo modo que ocorreu com o ensino fundamental, para isso torna-se relevante verificar a eficiência técnica quanto

aos serviços na área de educação, afim de que as más práticas possam ser corrigidas e que o caminho em busca de melhores indicadores socioeconômicos possa ser abreviado.

GRÁFICO 05: Percentual de habitantes, em idade escolar, que está matriculado segundo fase de

ensino (ensino superior, médio e fundamental).

Fonte: Elaboração própria tomando-se como referência as informações contidas no trabalho de Ferreira e Veloso (2006, p. 255).

Com relação ao ensino superior, cabe ainda destacar que, ao longo dos anos, cada vez mais está sendo ampliada a participação do setor privado nesse seguimento. Analisando os dados do censo da educação superior, percebe-se que, no ano de 1980, apenas 31% das instituições de ensino superior eram privadas, já no ano 1990, a participação do setor privado vai para 42%, no ano 2000, o percentual de IES privadas passa para 54%, superando as instituições públicas. E no ano 2007 o setor privado passou a responder por cifra em torno dos 90% do número de IES no Brasil35.

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