3. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO EXISTENTES
3.2 BREEAM – B UILDING R ESEARCH E STABLISHMENT E NVIRONMENTAL A SSESSMENT
ASSESSMENT METHOD
O BREEAM surge no inicio da década de 1990, no Reino Unido, como o primeiro método de avaliação de desempenho ambiental de edifícios. Este método foi desenvolvido por investigadores do Building Research Establishment (BRE) e do sector privado, em parceria com a indústria, com o objectivo da especificação e avaliação de desempenho dos edifícios. [20].
Este método promove não só a orientação para minimizar os efeitos negativos dos edifícios nos locais onde se inserem como visa fomentar um ambiente interno saudável e confortável. Alguns dos objectivos deste método são [21][22]:
Diferenciar os edifícios de menor impacte ambiental no mercado;
Incentivar a utilização de melhores práticas ambientais em todas as fases do ciclo de vida do edifício;
Criar parâmetros e padrões que não são impostos na legislação;
Realçar a importância e os benefícios de edifícios com menor impacte ambiental aos proprietários, ocupantes, projectistas e operadores.
Este sistema é actualizado a cada 3 a 5 anos de modo a corresponder aos avanços de investigações, às alterações da regulamentação e do mercado, de forma a garantir que práticas de excelência são consideradas no momento da avaliação.
A sua metodologia é considerada a mais aceite internacionalmente, visto ser adaptada em vários países como Hong Kong e Canadá. Esta aceitação deve-se aos aspectos que este sistema abrange, tais como a energia, impacto ambiental, saúde, produtividade, oportunidades para melhoria, vantagens financeiras, entre outros.
O BREEAM é constituído por várias versões, cada uma desenvolvida especificamente para um tipo particular de edifícios, apresentadas no Quadro 3.2.
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Quadro 3.2 – Versões do BREEAM [21]
Versões Tipo de edifício aplicável BREEAM Offices Edifícios de escritórios novos, existentes e em uso
BREEAM EcoHomes Edifícios de habitação unifamiliares novos ou modificados
BREEAM Multi-residential Edifícios multi-residenciais
BREEAM Industrial Novos edifícios industriais
BREEAM Courts Tribunais ou edifícios similares
BREEAM Healthcare Hospitais ou edifícios similares
BREEAM Education Instituições de ensino
BREEAM Prisons Prisões ou edifícios similares
BREEAM Retail Edifícios comerciais
BREEAM Bespoke Restantes edifícios que não se incluem em nenhum dos
sistemas anteriores
3.2.1 ESTRUTURA DO BREEAM
O BREEAM tem duas formas de avaliação, para edifícios novos ou submetidos a reformas e para edifícios existentes e em uso. No primeiro caso são examinados os parâmetros de desempenho ambiental e consideradas questões referentes às fases de projecto e execução. No caso dos edifícios existentes e em uso, são considerados os parâmetros de desempenho e questões referentes à operação e gestão do edifício.
O sistema BREEAM é caracterizado por possuir um conjunto de instrumentos utilizados pelos diferentes agentes envolvidos na avaliação inicial; dimensionamento, inventário e compra de materiais; gestão e operação e controlo de qualidade.
Relativamente à metodologia, este sistema utiliza uma checklist para edifícios novos e questionários para edifícios já existentes. Estes são divididos nas áreas de gestão, saúde e bem-estar, energia, transporte, uso de água, uso de materiais, resíduos, ocupação do solo e ecologia local, poluição e inovação [23]. Cada área possui uma ponderação de acordo com a importância determinada pelo sistema de acordo com a tipologia de edifício e o contexto local.
A introdução de ponderações permite a obtenção de um índice de desempenho ambiental (EPI - Environmental Performance Index) que permite a certificação numa das classes existentes de desempenho. Esta classificação é dividida em seis níveis de certificação (Quadro 3.3): “Unclassified”, “Pass”, “Good”, “Very Good”, “Excellent” e “Outstanding”.
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Quadro 3.3 – Níveis de certificação do BREEAM [23]
Níveis de certificação Unclassified < 30% Pass ≥ 30% Good ≥ 45% Vert Good ≥ 55% Excellent ≥ 70% Outstanding ≥ 85%
A classificação apresentada aplica-se a novos edifícios, extensões e a grandes remodelações.
3.2.2 ÁREAS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DO BREEAM
O sistema BREEAM é constituído por um conjunto de parâmetros de avaliação, que por sua vez se encontram incluídos em áreas temáticas directamente relacionadas com a construção (Quadro 3.4) e que servem de enquadramento ao desenvolvimento de uma abordagem temática do processo de avaliação.
De salientar a introdução neste sistema das áreas de avaliação de Transporte, Poluição e Inovação decorrente de se pretender englobar todo o ciclo de vida dos materiais.
Quadro 3.4 – Áreas de avaliação do BREEAM [23]
Áreas de Avaliação da
Sustentabilidade na Construção Parâmetros de Avaliação
Gestão Aspectos globais de política e procedimentos ambientais
Saúde e Bem-estar Ambiente interno e externo ao edifício
Energia Energia Operacional e emissão de CO2
Transporte Localização do edifício e emissão de CO2 relacionada a
transporte
Água Consumo e vazamentos
Materiais Implicações ambientais da selecção de materiais
Resíduos Eficiência dos recursos através de uma gestão eficaz e
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(Continuação do Quadro 3.4)
Áreas de Avaliação da
Sustentabilidade na Construção Parâmetros de Avaliação
Ocupação do Solo e Ecologia Local Direcionamento do crescimento urbano; Valor ecológico
do sítio
Poluição Poluição de água e ar, excluindo CO2 Inovação Inovação no campo da sustentabilidade
3.2.3 PONDERAÇÕES ENTRE ÁREAS DE AVALIAÇÃO DO BREEAM
As áreas de avaliação da sustentabilidade na construção que constituem o sistema BREEAM possuem, cada uma, uma ponderação específica (Quadro 3.5) consoante o seu grau de importância ao nível da sustentabilidade. Esta diferenciação da ponderação não surge fundamentada no processo, mas é evidente a importância dada à Energia e Saúde e Bem-estar face às restantes.
Quadro 3.5 – Ponderações entre áreas de avaliação do BREEAM [23]
Áreas de Avaliação da Sustentabilidade na
Construção Ponderações (%) Gestão 12 Saúde e Bem-estar 15 Energia 19 Transporte 8 Água 6 Materiais 12,5 Resíduos 7,5
Ocupação do Solo e Ecologia Local 10
Poluição 10
Inovação 10
As ponderações apresentadas referem-se a novos edifícios, extensões e grandes remodelações.
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