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Breve análise comparativa com a Legislação estrangeira – O modelo

8.1. Património Cultural

Considerando que a Legislação portuguesa sobre a defesa do Património é mais antiga que a cabo-verdiana e, sendo Cabo Verde sua colónia durante vários séculos, optamos por recorrer a algumas Leis e Decretos, a partir dos anos 70, com destaques para apresentação de alguns artigos semelhantes aos nossos e perceber se existem possíveis influências.

A criação do Secretariado da Administração Pública em Maio de 1973, pelo Decreto-Lei nº 265/73, veio a ser o órgão central competente “de estudar, propor, coordenar e acompanhar a execução das medidas tendentes a promover sistematicamente o aperfeiçoamento e modernização da Administração Pública”163,

reformou o pensamento administrativo de então.

Ao longo dos anos 70, o aparelho do Estado passou a dar uma atenção especial à área do património cultural.

162 Ibidem.

163 ANIBAL, Anselmo, “ O administrativismo no Portugal dos anos 60”, in Vértice 26, Maio,

105 Em 1975, criou-se a Secretaria de Estado da Cultura e esta passou depois “sucessivamente, pelos Ministérios da Comunicação Social, Presidência do Conselho de Ministros, Ministério da educação e Cultura, Ministério da Cultura e Ciência e novamente Presidência do Concelho de Ministros, a partir de 1980”164.

Não obstante, quase a mesma coisa aconteceu em Cabo Verde que, em 1974, criou-se o Ministério da Educação e Cultura e em 1975, Decretou a criação de uma Comissão de Investigação e Divulgação Cultural, com algumas Delegações e, em 1986, passou para o Ministério da Informação Cultura e Desporto.

Atendendo que a nossa intenção é tratar das leis sobre a defesa do Património a partir de 1975, e são várias, destacamos algumas que consideramos importantes para a realização deste trabalho, como sejam: o Decreto-Lei 116-B/76 de 9 de Fevereiro, sobre as Obras a efectuar pelos proprietários e usufrutuários dos imóveis classificados; Decreto-Lei nº 13/85 de 6 de Julho, Lei de Bases do Património Cultural Português; Decreto Regulamentar nº 81/87 de 7 de Abril, Lei de Bases do Ambiente; Decreto-Lei n.º 19/93 de 23 de Janeiro, que estabelece normas relativas à Rede Nacional de Áreas Protegidas; Decreto-Lei n.º 42/96 de 7 de Maio, que cria a Lei Orgânica do Ministério da Cultura; Decreto-Lei n. 60/97de 20 de Março, que aprova a orgânica do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, do Ministério da Cultura; Decreto-Lei n. 89/97de 19 de Abril, que aprova a orgânica da Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura; Decreto-Lei n. 90/97de 19 de Abril de 1997, que aprova a orgânica do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, do Ministério da Cultura; Decreto-Lei n. 117/97, de14 de Maio, que aprova a orgânica do Instituto Português de Arqueologia; Decreto-Lei n. 120/9, de 16 de Maio, que aprova a orgânica do Instituto Português do Património Arquitectónico, do Ministério da Cultura; Decreto-Lei n. 161/97, de 26 de Junho, que aprova a orgânica do Instituto Português de Museus (IPM), do Ministério da Cultura; Decreto-Lei 164/97 de 27 de Junho, que estabelece normas relativas ao património cultural subaquático; Lei nº 121/99, de 20 de Agosto, que Transfere para o Governo, através de organismos a quem cabe a protecção do património cultural, autorizar o uso de detectores de metais, assim como a fiscalização da sua utilização; Proposta de Lei 39/VIII de 25 de Maio, que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do Património Cultural; Lei n.° 107/2001, de 8 de Setembro, que estabelece as bases da política e do regime de

164 RAPOSO, Luís, “A estrutura administrativa do Estado e o Património cultural: Perspectiva

106 protecção e valorização do património cultural; Lei nº 47/2004, de 19 de Agosto, que aprova a Lei -Quadro dos Museus Portugueses.

Salienta-se que não pretendemos abarcar a totalidade dessas leis, pelo que optamos por recorrer a alguns artigos do Decreto-Lei nº 13/85 de 6 de Julho, de 1985 - Lei de Bases do Património Cultural Português, do Decreto Regulamentar nº 81/87 de 7 de Abril de 1987 – Lei de Bases do Ambiente, da Lei nº 107/2001 de 8 de Setembro de 2001 - Estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural e da Lei nº 47/2004 de 19 de Agosto de 2004 - Aprova a Lei Quadro dos Museus Portugueses respectivamente, para depois fazer uma breve comparação com os das nossas Leis, referentes aos mesmos assuntos.

Com efeito, importa evidenciar-se que a Lei nº 13/85 de 6 de Julho não se vigora, actualmente, em Portugal, todavia, a nossa escolha justifica-se pelo facto da sua influência directa, na nossa Lei da preservação do Património Cultural, de 29 de Dezembro de 1990.

Em 1980, no âmbito da reestruturação da Secretaria de Estado da Cultura, criou-se o Instituto Português do Património Cultural (IPPC), que foi alvo de algumas críticas, embora se tenha constituído “um passo muito positivo na direcção da maior operacionalidade dos serviços da cultura na área do Património Cultural”165.

Porém, surgiram muitos departamentos dentro do IPPC, nomeadamente: Arqueologia; Artes Plásticas; Bibliotecas; Arquivos e Serviços de Documentação; Defesa, Conservação e Restauro do Património Cultural; Museus; Palácios e Fundações; Museologia; Património Arquitectónico.

Com todos esses ramos acarretados por um único Instituto, não é de esperar que se vai conseguir dar todas as respostas que fazem parte de uma área específica que exige alguma sensibilidade.

“Entretanto, o ano de 1985 é marcado também por um outro facto da maior importância: a aprovação pela Assembleia da República da lei quadro para esta área, a Lei do Património Cultural Português”166.

Passamos a apresentar alguns Artigos desta Lei que tiveram influência directa na Lei de Bases do Património Cultural Cabo-verdiano.

Artigo 1.º Princípios fundamentais

165 Idem, Luís Raposo, p.40. 166 Ibidem.

107 O património cultural português é constituído por todos os bens materiais e imateriais que, pelo seu reconhecido valor próprio, devam ser considerados como de interesse relevante para a permanência e identidade da cultura portuguesa através do tempo.

Se repararmos bem, na definição dada pela Lei nº102/III/90 de 29 de Dezembro de 1990, no seu Artigo 2º, constatamos que a única diferença existente é a identidade da cultura cabo-verdiana. Do resto é a mesma coisa.

Realça-se que o mesmo acontece com os outros Artigos procedentes, não obstante, vamos debruçar um pouco sobre os monumentos, conjuntos e sítios (Art. 8º); o Subtítulo II – Dos bens imateriais (Art. 43º) e o Título IV – Garantias e Sanções (Art. 51º). (Ver anexo 1e 4)

Importa salientar que todas as definições estão em conformidades com as dadas anteriormente nos conceitos mencionados na Legislação cabo-verdiana, embora com acréscimos, em alguns casos, uma vez que se trata de contextos diferentes e com uma certa margem do tempo da sua elaboração e publicação. Todavia, mesmo assim pode- se constatar que a Lei de Bases do Património Português teve uma grande influência na nossa Lei de Bases do Património.

Subtítulo II – Dos bens imateriais

Com o objectivo de protecção do património imaterial, deverá o Estado:

a) Promover o respeito dos valores gerais da cultura e a defesa de identidade e memória colectiva portuguesa, protegendo, em particular. Os valores da integridade, verdade e autoria das obras do engenho humano de todas as criações culturais, sejam quais forem as formas e meios por que se manifestem e corporizem;

d) Apoiar a revitalização e a conservação das tradições culturais populares em vias de desaparecimento;

Relativamente a este ponto, todos coincidem com o que é defendido na Lei do património cabo-verdiano, (ver os anexos 1 e 4). Salienta-se que “em âmbito nacional, a protecção do património cultural está intimamente ligada ao enfoque da política cultural de cada país, que sempre recorre a sua história”167.

Título IV – Garantias e Sanções

Os atentados contra o património cultural e as infracções ao disposto neste diploma serão sancionados de acordo com a lei geral, com o que for especialmente

167 MICELI, Sérgio; GOUVEIA, M. A. M., Política cultural comparada, Rio de Janeiro, Funarte,

108 disposto na lei penal, com as penalidades ou demais consequências previstas nos artigos anteriores do presente diploma e ainda o disposto nos artigos seguintes. (Art. 51º)

Convém referir que, neste Artigo, a única diferença existente entre as Legislações dos dois países é a quantia da multa que, é de 30 000$ e em Cabo Verde é de 50 000$00, do resto é tudo igual.

A salvaguarda do património é encarado, cada vez mais, como uma maneira de protecção total “do ambiente que não se preocupa só com a protecção do espaço vital natural mas também com a do espaço vital colectivo, desenhado pelo homem no decurso da sua existência”168.

De facto, há uma necessidade de actualizar sempre os critérios de classificação dos monumentos integrados, seguindo sempre as orientações saídas das Organizações Internacionais, de modo a prever alguns constrangimentos que, eventualmente, possam aparecer.

Na verdade, os “verdadeiros problemas consistem na integração desses monumentos no seu espaço histórico peculiar, à escala topológica, entendidos como testemunhos materiais do passado”169.

Segundo Luís Raposo, todos os últimos 20 anos têm passado na prossecução, um tanto suicida da ideia de que a melhor forma de defender o património cultural é aumentar as competências administrativas dos organismos que, na área da cultura, o procuram proteger, quando, na realidade, aquilo que importa é ter a coragem de repartir responsabilidades dentro e fora de máquina do Estado.

Efectivamente, é necessário que haja um controlo daquilo que faz parte da memória colectiva de um povo e que tem interesse público, como forma de garantir o respeito pela sua dignidade. Isso só vai ser possível se, realmente, houver um investimento na formação e responsabilização dos jovens para a valorização do seu património de modo a “ proporcionar ao público o conhecimento das relíquias do passado, a propósito dos quais se procura interessar a natural curiosidade cultural das pessoas”170.

168 JORGE, Virgolino Ferreira, Património e Identidade Nacional, Évora, Universidade de Évora,

2000, p.5.

169 Ibidem.

170SARAIVA, José de Sá Nogueira, “Regime Jurídico do Património Monumental da Nação”,

109 Apesar de muitas novidades trazidas pela Lei de Bases do Património cultural português, ainda continua “ sem produzir os efeitos desejados, enquanto dia após dia se toma conhecimento da destruição de parcelas do nosso património, por vezes em circunstâncias que as medidas previstas na Lei poderiam obviar”171.

Se em Portugal, que faz parte da União Europeia, com um controlo muito mais rigoroso, isso acontece, em Cabo Verde é, ainda maior, visto que grande parte da sociedade não se consciencializou que a salvaguarda do património garante a valorização da população, e deixa os interesses pessoais sobreporem os colectivos que, muitas vezes, vão ter repercussão negativa que compromete as condições de vida das gerações vindouras.

Saliente-se que a Lei n.º 13/85, de 6 de Julho, nunca tenha sido regulamentada, daí “ pouco contribuiu para a preservação e salvaguarda do património edificado, facto agravado com a ausência de um inventário sistemático do património”172.

Efectivamente, com essas insuficiências produziu-se a Lei nº 107/2001, que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural. Assim sendo, a defesa do património deve ser entendida como uma política sectorial da cultura, dotada de instrumentos jurídicos capazes de garantir a protecção necessária.

“É uma lei exigente, pois obriga o Governo a apresentar à Assembleia da República, de três em três anos, um relatório circunstanciado sobre o estado do património cultural em Portugal”173.

Naturalmente esta veio a colmatar algumas lacunas existentes na anterior Lei do Património.

De facto trouxe uma nova abordagem. “Pois, a nova lei do património cultural português alicerça-se num conceito alargado, abrangente e multidimensional que envolve diferentes manifestações de património cultural”174. A mesma menciona que “a defesa da qualidade ambiental e paisagística é consagrada mediante a definição de

171 Luís Raposo, op. cit, p. 42.

172 IPAR, disponível em http://www.ipar.pt/apresentação/-, acedido em 10/07/ 2010. 173

VAZ, Máxima, Protecção e valorização do Património, disponível em http://odivelas.com/2010/01/16/proteccao-e-valorizacao-do-patrimonio/-, acedido em 20/05/ 2010.

174 CARVALHO, Paulo, Património cultural, ordenamento e desenvolvimento: uma nova visão e

valorização do território: Cadernos de Geografia nºs 22 e 23, Coimbra, Instituto de Estudos Geográficos, p.121.

110 outras formas para assegurar que o património cultural se torne um elemento potenciador – e também da coerência das categorias que o integram”175.

Tendo em conta que a Lei de 1985 foi alvo de muitas críticas, já aquela que a prosseguiu relativamente à mesma matéria vai basear nos comentários feitos para possíveis melhorias.

8.2. Património Natural

Na actual conjuntura, está claro que o desenvolvimento tecnológico, apesar dos benefícios que trouxeram para a humanidade, provocaram algumas consequências nefastas para a humanidade, ameaçando os seres mais indefesos, com uma tendência para o esgotamento de importantes recursos naturais, como é o caso da degradação da biodiversidade terrestre e marinha. Pois, isso acontece por causa de vários factores em especial da maneira como o Homem relaciona com o seu meio ambiente.

A situação preocupante desta degradação impõe uma atitude mais responsável do Homem para com o ambiente, de forma a restabelecer-se a necessária harmonia entre este e a natureza que reflecte, em última instância, “o conceito da sustentabilidade que irá permitir uma utilização responsável e duradoura dos recursos naturais e garantir, em consequência, às gerações vindouras um futuro diferente e promissor.”176

A conservação da natureza passa necessariamente pela criação medidas legais seguida de um controle rigoroso de modo a responsabilizar os prevaricadores. Portanto esta é uma tarefa de todos, uma vez que a nossa qualidade de vida depende, grandemente, do nível de conservação dos ecossistemas.

Neste sentido, apresentamos alguns artigos da Lei nº11/87 de 7 de Abril de 1987 – Lei de Bases do Ambiente Português relacionados com a defesa do Património Natural

Princípio geral (Art. 2º)

1- Todos os cidadãos têm direito a um ambiente humano e ecologicamente

175Ibidem.

176 LOUREIRO, Nuno de Santos, Estratégia Nacional e Plano de Acção sobre a Biodiversidade,

111 equilibrado, e o dever de o defender, incumbindo ao Estado, por meio de organismos próprios e por apelo a iniciativas populares e comunitárias, promover a melhoria da qualidade de vida, quer individual, quer colectiva. (Ver os anexos2 e 5).

Relativamente às bases da política do ambiente, a nossa Legislação fez quase que uma transcrição, tanto na enumeração dos Artigos, bem como em todo o conteúdo da Lei portuguesa, em questão.

Quanto a este assunto, importa frisar que a Lei portuguesa do Ambiente foi alvo de alguns comentários, visto que “o tempo se foi encarregando de tornar a Lei nº11 de 87, algo «datada»: nela não se faz referência a termos/conceitos como biodiversidade e sustentabilidade, hoje tão presentes”177.

Igualmente, o mesmo acontece com a Lei de Bases da política do ambiente cabo- verdiano. Todavia, esta apresenta os componentes ambientais naturais e a sua defesa; os componentes ambientais humanos; a gestão da paisagem; os instrumentos da política do Ambiente; Estudos de impacto ambiental e o Equilíbrio entre componentes ambientais, e não se fez qualquer referência, também, daquilo que foi deixado de fora na legislação portuguesa, e só se veio a tratar desse assunto de extrema importância, a partir dos anos 2002, no Decreto-Regulamentar nº7/2002, referente às medidas de conservação e protecção das espécies. Isso confirma mais uma vez a grande influência da legislação portuguesa na nossa.

Indo mais longe constata-se, na Lei portuguesa, que “independentemente da necessidade da sua revisão, é a falta de concretização dos seus princípios e normas, 22 anos depois, que impressiona”178.

Navegando à vista, ao sabor de correntes contrárias, com altos e baixos mas demonstrando sempre tendência a ficar secundarizada por outros interesses e propósitos, a política de ambiente em Portugal, se inegavelmente avançou, está ainda hoje numa fase que se diria latente, muito presente no discurso político mas pouco no terreno quotidiano e não se vê a necessária integração horizontal de políticas. O Ambiente não deve ser um sector da administração confrontado com outros; deveria ser o cerne de medidas harmoniosas entre si para uma sociedade mais equilibrada e

177 GUIMARÃES, Bernardino, Lei de Bases do Ambiente – 22 Anos Depois, disponível em

http://peregrino-bg.blogspot.com/2009/06/lei-de-bases-do-ambiente-22-anos-depois.html-, acedido em 10/06 / 2010.

112 sustentável, com mais qualidade de vida, a pensar no presente e no futuro.

O homem precisa de renovar sempre a sua estratégia de se relacionar com o meio ambiente, visto que apesar das presumíveis ideias, “muitos documentos normativos nacionais e internacionais são lançados sem qualquer efeito prático”179.

Com base nos estudos feitos sobre as Leis de Bases do Património Cultural Português e do Ambiente pode-se constatar que estas tiveram influências directas nas respectivas Leis de Bases cabo-verdianas.

Entretanto, não basta elaboração de Leis. É necessário concebê-las de modo que possam ser colocadas na prática, independentemente das influências recebidas.

As diferentes indicações e princípios de actuação revelam o crescimento e a vontade universal em proteger os bens susceptíveis de desaparecimento, destacando- se todas as dimensões do património, revelando-se uma “maior ambição no que concerne à escala de intervenção, enfatizando o contexto territorial e dialéctico dos bens a proteger e a valorizar, isto é, o quadro natural e construído”180.

Para tal é necessário que haja o envolvimento directo das populações na preservação do património e isso implica a educação das mesmas, ou seja, fazer-lhes perceber que é preciso conhecer os bens com valor patrimonial, para depois valorizar.

Entretanto, é necessário levar em conta a indicação e reconhecimento dos monumentos, as suas possibilidades de defesa e da continuidade do nosso ambiente.

A conservação do património apresenta-se como uma parte complementar da protecção ambiental, responsabilizando todos os indivíduos no seu relacionamento lógico e conceptual com a biosfera, c o m o f o r m a d e d e s e n v o l v e r n e l e s , a c onsciência ecológica. Neste caso, “o amor pela Natureza, como o amor pelos monumentos seria a atitude suprema de uma paixão cultural pela defesa da qualidade da nossa paisagem histórica”181.

179 ANTUNES, Pedro Baila, Evolução do Direito e da Política do Ambiente Internacional,

comunitário e nacional, disponível em http://www.ipv.pt/millenium/ect7_pba.htm-, acedido em 12/06/

2010.

180

TOMÁS, Paulo Manuel de Carvalho, Património Cultural e Estratégias de Desenvolvimento

em Portugal: Balanço e Novas Perspectivas, Universidade de Coimbra, disponível em http://www.

ub.es/geocrit/-xcol/289.htm- , acedido em 12/07/2010.

113 Seguramente, uma das medidas mais eficazes prende-se com a criação, implementação e controle dos Instrumentos de Políticas Ambientais que constituem a expressão prática estratégica e coerente da referida política, que a permitem viabilizar e executar. São de natureza diversa, incluindo legislação, planos, critérios e normas, regulamentos, incentivos, taxas e sanções e ainda informação trabalhada de forma criteriosa. É através dos instrumentos de política de ambiente que é possível definir orientações ou estabelecer actuações coordenadas, e consequentes dos agentes económicos e sociais envolvidos nas diversas áreas de intervenção.

Saliente-se que isto não resta dúvida, uma vez que é preciso ter todas as ferramentas necessárias e devem ser colocadas à disposição de todos, de modo que possam usufruir das mesmas.

A conservação do património e da identidade nacional, resulta de um processo cultural e ideológico generalizado das populações. Actualmente, falamos de protecção e de conserva do património não como uma mera ambição intelectual da moda, mas sim, como “irrefutável espírito de identidade pátria que urge disseminar, com convicção actuante, pelos cenários quotidianos da política cultural, como agentes potenciais de moralidade pública”182.

Entretanto é preciso saber que o conhecimento profundo das características sociais, ambientais, culturais e comunitárias, de uma dada região, em conjunto com o apoio da população, devem contribuir para a utilização e descoberta de novas soluções que garantam o equilíbrio e a melhoria de qualidade de vida.

8.3. Museus

Presentemente, os museus funcionam como um catalisador fundamental na divulgação da história, tendo em conta que aí se retrata a convivência das pessoas de um determinado país ou então de sítios e/ou lugares com valores paisagísticos de interesse relevante.

Sendo museu “ um estabelecimento permanente, “aberto ao público, e que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e do

182 Ibidem.

114 seu meio ambiente, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição”183, desempenha,

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