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CAPÍTULO I – Surf: Caracterização da modalidade

6. BREVE CARACTERIZAÇÃO DAS COMPETIÇÕES DE SURF –

Como mencionamos atrás, o surf pode ser assumido como um Actividade Física (de Exploração da Natureza e/ou Actividade Expressiva), uma Moda (note-se a expansão/crescimento rápido /“Boom” de Escolas de surf e praticantes), um passatempo/ “hobby”, um estilo de vida (activo e saudável) ou até uma actividade de índole espiritual (de meditação, catarse e libertação).

Contudo, de acordo com as previsões efectuadas por Neto & (Thadeu, 1997) o surf encontra-se cada vez mais, vinculado, identificado e valorizado como Desporto, com padrões de regulamentação e institucionalização similar aos Desportos ditos tradicionais.

Essa aproximação traduz-se igualmente na optimização da performance desportiva a níveis de excelência superior, somente conseguidos com um processo de Treino (e competições) cada vez mais estruturado nas suas diferentes componentes (Física, Técnica, Táctica, Psicológica, Teórica - nutricional e outras).

É no sentido de conhecer e situar a vertente Desportiva do surf, designadamente ao nível competitivo que realizamos uma caracterização sucinta do modo organizativo, funcional e avaliativo das competições de surf nacionais.

A caracterização abaixo efectuada resulta do cruzamento de informação proveniente da análise do Regulamento de Provas, Regras de Competição da Federação Portuguesa de surf e do YearBook 2003 da European surfing Federation.

O campeonato nacional de surf Open, apresenta um formato de 3-4 competidores por bateria eliminatória/heat. A progressão neste tipo de sistema de eliminação (à primeira derrota) contempla que, pelo menos 50% dos competidores têm que avançar para a fase seguinte, excepto quando se trata de heats de repescagem onde mais de 50% já tenham previamente avançado.

O processo de seeding/ordenamento de atletas foi concebido para que existam 8 heats por fase eliminatória, com o maior número de seeds possível. A ordem de seeding em todos os eventos Open será baseada na combinação das pontuações do ano transacto e do ano corrente.

O Director de Prova, Chefe de Juízes e o Director Técnico são os responsáveis por decidir as condições de prova, ou seja, o tempo de heat, número de ondas a contar e o local de início da competição (área limitada na praia ou na zona de rebentação/line-up).

Os heats devem ter 15-25 minutos de duração. Nesta situação contam as 2, 3 ou 4 melhores ondas de um máximo de 10. As Finais devem ter 20-45 minutos de duração, contando as 3,4 ou 5 melhores ondas surfadas, de um máximo de 15 ondas. (habitualmente190 os heats têm início no “line-up”, e uma duração de 20 minutos computando as 2 melhores ondas surfadas de um máximo de 10).

O Chefe de Juízes indica o início do heat, começando com um toque sonoro de buzina ou sirene e terminando com dois toques de buzina ou sirene. Um aviso sonoro e/ou visual dos 5 minutos finais, será dado antes do final de cada heat. Utiliza-se simultaneamente um sistema de disco (ou luminoso) com 1 metro quadrado, verde para começar o heat e amarelo para os 5 minutos finais.

190

Quando as condições de prática não se apresentam extraordinariamente difíceis, ou seja, quando o Mar não se apresenta com ondas/rebentação (dependentes de Ondulações, Ventos, Fundos, Marés) demasiado grandes ou pequenas e/ou a fechar (close-out).

Os surfistas constituintes de cada bateria/heat devem estar equipados com camisolas de cores diferentes, (p.e., vermelho, branco, azul e preto) de modo a que os juízes possam diferenciar e classificar de acordo com a cor que envergam.

O julgamento/avaliação é efectuado por um painel constituído por um chefe de Juízes e um mínimo de 7 juízes, com 5 a julgar simultaneamente, por heat, incluindo finais. A escala a utilizar está entre os “zero” e os “dez” valores, com decimais, não podendo no entanto, os juízes utilizar os decimais (1, 4, 6, 9). A referida escala encontra-se dividida nas seguintes categorias: 0-2 Mau; 2.2-4 Fraco; 4.2-6 Médio; 6.2-8 Bom; 8.2-10 Excelente. As pontuações são determinadas com base nos critérios gerais de julgamento em vigor, que abaixo enunciamos.

“O surfista deve executar manobras assumidamente radicais e

controladas nas secções mais críticas da onda, com estilo, força e velocidade, de modo a maximizar o seu potencial de pontos. Inovação e progressão serão levadas em conta na atribuição de pontos ao surf executado de forma determinada/empenhada. O surfista que execute este critério com o maior grau de dificuldade e controlo na maior e/ou melhor onda para a mais longa distancia funcional, deve ser julgado vencedor.

(Félix, 2003; Valente, 2000)

Os critérios gerais dividem-se em dois grandes planos. O primeiro com maior ênfase no critério, refere-se às Manobras (correcção e inovação), quanto radicais e controladas são. O segundo refere-se à secção da onda (adequação e oportunidade), onde a manobra é realizada.

O critério pode ainda ser classificado em quatro grandes áreas:

1. Manobras Radicais Controladas (potencia, empenho e controlo);

Cada manobra só é pontuada, quando é completada na totalidade (mesmo que o surfista tenha completado 90% da manobra, não pontuará se perder o controle e cair). A determinação na execução da manobra, a criatividade, bem como a potência (a Força e a Velocidade) exercida, será considerada. Quanto maior for o grau de dificuldade da manobra, maior deverá ser a pontuação atribuída.

2. Secção Mais Critica da Onda “Pocket”;

Este critério refere-se ao local da onda (secção/parte de onda) onde as manobras são executadas. A secção mais crítica de uma onda é o seu interior (tubo), ou na a sua ausência, a zona onde a onda rebenta “pocket” (local que medeia entre a espuma e a parede da onda). Quanto maior o grau de dificuldade e o risco assumido, maior deverá ser a pontuação atribuída.

3. A Maior e/ou Melhor Onda;

A correcta selecção de ondas permite valorizar as manobras (qualidade) e ampliar a sequência de manobras (quantidade).

4. Maior Distância Funcional.

A maior distancia possível que pode ser surfada no plano Horizontal.

A Nota final de uma onda surfada, é resultado da pontuação dos 5 juízes de prova (no caso de só existirem 3 juízes, todas as notas serão contabilizadas). A Tabulação por Computador é realizada onda a onda, enquanto a manual é realizada no final de cada heat. O melhor e pior resultado de cada onda não são contabilizados, contando para a média da pontuação os 3 resultados restantes. A posição final é definida pelo somatório das 2, 3, 4 ou 5 melhores ondas de cada surfista. Assim, o surfista que obtiver o maior somatório

Além da prova convencional/institucional apresentada, mencionamos abaixo um conjunto de provas com características especiais.

Campeonatos de Ondas Grandes – como a própria designação traduz, são

campeonatos realizados em ondas grandes (normalmente as baterias eliminatórias têm mais tempo), com ondas com mais de 3 metros (Portugal). A expressão máxima actual no surf mundial de ondas grandes concretiza-se no Billabong XXL através da entrega dum prémio pecuniário anual às maiores ondas surfadas (Óscares do surf). A atribuição baseia-se nos seguintes pontos (Billabong XXL, 2003) :

- Todas as ondas devem estar captadas em vídeo ou em fotografia.

- Após uma avaliação detalhada e pormenorizada por parte de uma de equipa de juízes é feito o cálculo do tamanho real da onda.

- A organização da prova atribui 1.000 dólares americanos por cada pé de onda surfado (ou seja, cerca de 3.000 dólares para cada metro de onda), num mínimo de 60.000 dólares.

- As principais categorias são: Maior onda surfada; Maior onda surfada com remada (sem recurso a tow in); Maior tubo.

- O fotógrafo que capturar as imagens (fotografia ou vídeo) dos surfistas premiados, receberá um prémio de 5.000 dólares.

“Challenges” – são provas/desafios com características especiais e

normalmente endereçada a convidados (atletas especialistas ou de renome). Actualmente algumas dessas características estão relacionadas com locais específicos (isolados, inóspitos ou desconhecidos), tempo de prova, condições de mar (ondas grandes e/ou perigosas), quadro competitivo (grupos-equipas de clubes, patrocínios, ou multi-actividades aquáticas), condições materiais e com avaliação de desempenho baseada em parâmetros específicos como o tamanho das ondas ou determinadas técnicas/manobras (Tubos e Aéreos).

“Expression Session” – são eventos normalmente paralelos aos

campeonatos/provas ditas convencionais, onde se põe em prática manobras inovadoras efectuadas por atletas com melhor nível técnico/acrobático (audácia e perícia).

7. ETOLOGIA E VARIABILIDADE DAS CONDIÇÕES DE PRÁTICA NO SURF