• Nenhum resultado encontrado

Considerando a pré-história e a antiguidade, para os povos orientais e ocidentais, as famílias consanguíneas, eram compostas por familiares em que todos os entes eram consanguíneos, ou seja, exceto pais e filhos, os outros, irmãos e irmãs, primos e primas, tios e tias, casavam entre si. Como era difícil estabelecer a paternidade, os filhos pertenciam à mãe, adquirindo o nome dela e não do pai, dominando o matriarcado. A fim de excluir as relações entre parentes consanguíneos, surgiu a família pumaluana, ou seja, irmãos, sobrinhos e tios não se casavam mais entre si. Após a proibição do casamento entre parentes, surgiu a família sindiásmica, ou seja, um homem e uma mulher, porém a infidelidade e a poligamia ainda eram permitidas aos homens, já a mulher infiel era punida cruelmente. Em seguida, surgiu o patriarcado, com um grande número de membros dividindo o mesmo espaço, trabalhando em campos e pastos, sobre o poder do pai. A descendência era masculina, todos obedeciam ao

chefe, ou seja, o pai. Em seguida, surgiu a família monogâmica, com casamentos arranjados por conveniência, entre homem e mulher, com o sexo masculino superior ao feminino, sendo o homem o responsável pela riqueza, afirmando o seu papel de chefe, enquanto à mulher impôs-se a responsabilidade de procriar. Logo após, surgiu a família igualitária, que abandonou a ideia do casamento com o objetivo de procriar e resgatou a união por desejo sexual e afetividade (ROCHA; CURY ; ROCHA, 2015).

A família da Era Moderna à Revolução Francesa caracteriza-se por família romana que era constituída pelo pai (chefe), mãe, filhos, estranhos admitidos na família e escravos. A mulher passava do poder da sua família para o poder da família do marido, submissa a ele. A família na idade média era instituída pelo sacramento, com a bênção do sacerdote, pela influência do Cristianismo, ou seja, a família passou a surgir através do casamento religioso. O divórcio era proibido e as uniões fora desse parâmetro eram condenadas. Com a Revolução Francesa, o casamento religioso foi substituído pelo casamento civil e com a Revolução Industrial, a produção artesanal foi substituída por máquinas, as famílias necessitaram abandonar o campo e mudaram-se para as cidades. Lá as mulheres passaram a trabalhar em fábricas, deixando os filhos com terceiros, muitas vezes elas se afastavam das famílias, havia dificuldade no sustento econômico das famílias, tudo isso contribuiu para o surgimento da família nuclear ou celular.

Nasi, Stumm e Hildebrandt (2004) afirmam que foi na modernidade que nasceu o sentimento de família, a autoridade começou a ser criticada e até abandonada. A afetividade passou a ser livremente expressada e a comunicação estabelecida. Assim, a casa passou a ser um lugar de proteção e a base familiar, solidária entre seus entes com ajuda mútua entre eles, afeto e amor.

Segundo Borsa e Nunes (2011), a família nuclear é aquela constituída por pai, mãe e filhos. Nos séculos XVIII e XIX, na família ocidental, os papéis de pai e mãe foram atribuídos, ou seja, ao pai cabia o sustento da família, enquanto à mãe, ficava designado o cuidado com a casa, filhos e marido. Isso permaneceu até meados dos anos 1950. Apesar desse modelo de organização familiar permanecer em vários contextos, as famílias se transformaram com o passar do tempo e a realidade mudou. Com o movimento feminista, no século XX, o papel da mulher na família se modificou e se modifica cada vez mais, elas passaram a ocupar o mercado de trabalho, a participar do sustento da família e os cuidados com a casa e os filhos, foram divididos com o marido. Porém essa mudança é lenta e gradativa, e ainda hoje é nítida a participação do pai como coadjuvante na educação dos filhos e nos afazeres domésticos.

A família da idade moderna à sociedade contemporânea caracteriza-se pelas transformações sociais, a independência financeira e a liberdade sexual das mulheres, onde surgem novas famílias, o matrimônio formal já não é o único, novas leis surgem protegendo outras formas de união. Segundo Freire (2016), a família monoparental, formada por pais ou mães com seus filhos (por diversos motivos, como: morte de um dos pais, divórcio, somente um dos pais assume a responsabilidade pelo filho, pai ou mãe solteiro, adoção por pessoa não casada etc.), não possuem apenas laços consanguíneos, estes dão lugar ao afeto na nova constituição.

As famílias homoafetivas são constituídas por pessoas do mesmo sexo, tendo entre si a afetividade como vínculo protegidas legalmente, porém no século XXI, ainda recebe aceitação lenta da sociedade (ROCHA; CURY; ROCHA, 2015). A sexualidade é um direito que acompanha o ser humano desde o seu nascimento, por isso lhe é assegurado o respeito à liberdade sexual e à livre orientação sexual. Uniões homoafetivas constam no artigo 1.723 do Código Civil brasileiro, onde é afirmado que a união de pessoas do mesmo sexo seja reconhecida como entidade familiar apta a merecer proteção estatal (BRASIL, 2011). Assim, a união estável homoafetiva exige as mesmas documentações da união heteroafetiva. Alguns projetos de lei ainda tramitam a fim de estabelecer todos os direitos para um casamento entre pessoas do mesmo sexo (como compra de casa, planos de saúde etc.). Atualmente, de acordo com a Resolução n. 175 do Conselho Nacional de Justiça (BRASIL, 2013), os cartórios são obrigados a realizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo, fazendo valer que casais homoafetivos tenham seus direitos garantidos e reconhecidos como família (SILVA; GOERCH; MORETTO, 2019).

Pode-se ainda acrescentar outros modelos de família, como a família matrimonial, com base no casamento civil vinculado à lei em que os cônjuges vivem em comunhão de vida e igualdade de direitos e deveres. Família convivencial (união estável), formada pela união informal dos cônjuges. Família extensa ou ampliada, é aquela que além dos pais e filhos, inclui também os parentes próximos que convivem e mantém vínculos afetivos. Família substituta, onde a família acolhe o menor, seja qual for a situação jurídica deste. Família adotiva, é a família onde o filho é adotivo. Família anaparental, caracterizado por pessoas sem diversidade de gerações, como grupo de irmãos, primos, sem pai ou mãe convivendo no mesmo ambiente, numa relação horizontal. Família pluriarental ou mosaico, em que os casais trazem para o relacionamento atual os filhos de outros relacionamentos e todos convivem juntos. Família eudemonista, onde a constituição da família envolve a felicidade do indivíduo, ou seja, o vínculo familiar é para a pessoa se sentir mais feliz. Família multiparental,

composta por pais e/ou mães biológicos e afetivos, ou seja, padrastos e madrastas, existindo o vínculo de afetividade (FREIRE, 2016).