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4 Metodologia

4.3 Breve histórico PCH Carioca

Em operação desde 1969, a PCH do Carioca (Lago Azul) foi eleita pela população do município de Pará de Minas em Setembro de 2007 como uma das sete maravilhas desta cidade.

Anteriormente aos problemas ocasionados pela proliferação das macrófitas aquáticas já descritas neste estudo, além da geração de energia, o reservatório da PCH do Carioca, também chamada de “Lago Azul”, tinha como outros usos: turismo, habitação, pesca, aquicultura, recreação, lazer, agricultura e dessedentação de animais.

Segundo relato de Júlio Maria Guimarães Ferreira, morador antigo e proprietário de algumas chácaras próximas à represa, a proliferação descontrolada das macrófitas aquáticas na PCH do Carioca é um fenômeno recente, cerca de oito anos e foi agravada devido ao crescimento do município de Itaúna e a falta de tratamento dos efluentes a montante. Ele conta que adquiriu um barco com capacidade para 35 pessoas para promoção de turismo na região, entretanto o barco ficou encalhado entre os “aguapés”. No final do ano de 2011, após uma grande enchente, uma ponte do povoado de Pará de Minas, Carioca, localizada a jusante do reservatório foi destruída devido a grande massa de aguapés escoada. Após este ano, o reservatório ficou praticamente sem macrófitas, entretanto, aos poucos elas voltaram a proliferar e a lâmina de água foi desaparecendo cada dia mais.¹

Com a degradação da qualidade da água e diversos prejuízos aos usos múltiplos ocasionados pela proliferação descontrola das macrófitas aquáticas, vários encontros já foram realizados em torno do controle da poluição do Rio São João para levantamento de propostas e ações necessárias para revitalização da PCH do Carioca.

Em 11 de Junho de 2014 várias autoridades, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG, além de ambientalistas e moradores da comunidade se reuniram na Escola Estadual Cândida Alvarenga, povoado do Carioca e foram até a represa para visualização do reservatório tomado pelos aguapés, com quase nenhuma vista para a lâmina de água. A expectativa do encontro foi identificar a realidade e em seguida solicitar providências aos órgãos competentes, visando à proteção, recuperação e conservação desse local.²

Os debates continuaram, em 2015, o vereador do município de Conceição do Pará, Wanderlei Oliveira Almeida, mencionou que a poluição, o assoreamento e a proliferação dos “aguapés” estão degradando a PCH do Carioca, um dos principais pontos turísticos da região.

__________________________ ¹http://http://jcnoticias.com.br ²http://www.saaeitauna.com.br/

Neste mesmo ano, o vereador Geovane Correia e o secretário de meio ambiente da prefeitura de Pará de Minas, Ramon Diniz de Faria, entregaram um relatório sobre a PCH do Carioca ao Governo do Estado, com intuito de buscar auxilio na revitalização do reservatório.¹

No dia 11 de Agosto de 2015, foi realizada uma Audiência Pública onde participaram os prefeitos de Pará de Minas, Antônio Júlio de Faria; de Itaúna, Osmando Pereira da Silva e de Conceição do Pará, Procópio Celso de Freitas; além dos deputados estaduais Cássio Soares, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG; o deputado Inácio Franco; o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente – CODEMA de Pará de Minas, José Hermano de Oliveira Franco; os vereadores de Pará de Minas; o biólogo e professor da UFMG, Ricardo Mota Pinto Coelho; dentre outros envolvidos como a população local.

Nesta audiência o prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio, afirmou que tem um projeto para garantir a despoluição dos cursos d'água em todo o município e irá empenhar para diminuir a contribuição da poluição oriunda dos distritos de Torneiros e Carioca.²

O prefeito de Itaúna, Osmando Pereira afirmou que as obras da ETE devem ser concluídas até Setembro de 2016. ² Atualmente o município lança quase 100% dos efluentes domésticos “in-natura” no Rio São João, sendo município, um grande responsável pela degradação da área de drenagem da PCH Carioca.

Entretanto, também houve uma cobrança sobre fiscalização e educação ambiental para com outras formas de poluição, como os resíduos industriais e atividades agrossilviopastoris existentes ao longo do rio. “Nós estamos passando por uma mudança radical na cultura de como lidar com a água e precisamos também de uma mudança radical na fiscalização”, afirmou o deputado Cássio Soares.²

O presidente do CODEMA de Pará de Minas, José Hermano de Oliveira Franco, “O problema não é o Lago Azul. O problema é que temos um rio doente, o São João”, disse ainda que a culpa da poluição do reservatório não é apenas do município de Itaúna, mas também dos empreendimentos de extração de areia/argila e do despejo fora dos padrões de lançamento dos efluentes agrossilviopastoris e industriais. ²

Moradores declaram que o nível de degradação está tão avançado que os “aguapés” começam a perder lugar para a braquiária, o capim avança nas partes mais assoreadas do reservatório. “O Lago Azul não existe mais, está totalmente tomado por aguapés. Mas enquanto não tratar o esgoto, não adianta retirar os aguapés”, afirmou o deputado Inácio Franco em Agosto de 2015.²

__________________________ ¹ http://total98fm.com.br/ ² http://http://jcnoticias.com.br

Alguns estudantes, vereadores, biólogos e outros colaboradores criaram o projeto “Fênix” com o objetivo de revitalizar a PCH do Carioca eliminando os aguapés utilizando a Carpa capim - Ctenopharyngodon idella. Entretanto o projeto foi paralisado devido à abertura das comportas em Setembro de 2015 por parte da empresa Santanense. Com apenas o Rio São João escoando ao centro do reservatório e demais áreas secas, as macrófitas morreram e foram substituídas naturalmente pelas às braquiárias. ¹

Em Janeiro de 2016 a Santanense voltou a represar a água e após as precipitações recebidas neste período na área de drenagem, o reservatório voltou ao seu nível de água normal. Inicialmente os moradores da região imaginaram que o problema com as macrófitas estivesse chegando ao fim, uma vez que há muito tempo a lâmina de água não era visualizada. Entretanto aos poucos as brachiarias, que antes forravam o solo do reservatório seco, desprenderam e flutuaram sobre a lâmina de água deste.

Atualmente, Maio de 2016, a paisagem do reservatório é composta por: um considerável volume de água; diversas massas de braquiárias; algumas espécies de peixes retornaram ao lago; o turismo lentamente está sendo restabelecido; e início da proliferação das macrófitas aquáticas (alguns braços do reservatório já foram tomados por elas), ver relatório fotográfico deste estudo.

Para conhecimento sobre a taxa de assoreamento e a perda de volume estimado do reservatório será necessário realizar um estudo de batimetria. É importante salientar que o reservatório passou por diversos processos de sedimentação, acúmulo de matéria orgânica e decomposição desta, sendo necessário também à realização de análise físico-química, biológica e avaliação dos contaminantes presentes na água.

Para o biólogo e professor da UFMG, Ricardo Mota Pinto Coelho, a solução para acabar com os problemas da PCH do Carioca, está na despoluição do Rio São João. A revitalização da sub-bacia do Rio São João deve ser feita em conjunto, com a participação do poder público, empresários e produtores rurais da região.²

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