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Breve Histórico da Geometria no Contexto Educacional Brasileiro

2.5 Representação Gráfica – Geometria Descritiva

2.5.1 Breve Histórico da Geometria no Contexto Educacional Brasileiro

A aprendizagem da Geometria Descritiva é alvo principal nessa pesquisa. Para tanto, sentiu-se a necessidade de explanar neste item uma visão geral da história desta ciência em parâmetro nacional, a fim de esclarecer os problemas que permeiam seu estudo na atualidade.

No que tange a área educacional, a representação gráfica, em específico o Desenho e a Geometria, tem sua história turbulenta no Brasil. Foi através das influências da reforma educacional do Marquês de Pombal, em Portugal, que chega ao Brasil colônia a Geometria e, para desenvolve-la, ofereciam na época aulas públicas. O ensino era realizado pelos jesuítas, cujos objetivos não era focar o trabalho no ensino, o que ocasionava desinteresse no povo por aprender tais conhecimentos. Criou-se neste período, a cadeira de Geometria na capitania de São Paulo (1771) e na capitania de Pernambuco (1799). Porém, em 1808 a situação muda quando D. João VI chega ao Brasil determinado a criar as profissões técnicas e científicas (ULBRICHT, 1992).

Nas primeiras décadas deste século, o desenho linear ou geométrico e o desenho figurado (desenho ornato ou arte decorativa) dominavam o ensino de 1º grau (naquela época: curso primário de 4 anos e curso secundário também 4 anos) (ULBRICHT, 1992, p. 12).

No Brasil, em 1812, a Geometria Descritiva começa a ser ensinada na Real Academia Militar, através do tenente José Vitorino de Santos e Souza. (ULBRICHT et al, 1994).

Por volta dos anos de 1882 e 1883, houve uma reforma no ensino primário, secundário e superior, onde Rui Barbosa propôs a valorização do desenho nos níveis primário e secundário da educação. Sua teoria política liberal defendia a educação técnica a fim de alcançar o desenvolvimento industrial para enriquecer o país. A proposta de Rui Barbosa foi aceita na íntegra e, por aproximadamente 30 anos, vigorou no sistema educacional brasileiro; acreditava-se na época que este fator auxiliava o sustento do progresso do Brasil. Já em 1890, para reforçar a proposta de Rui Barbosa, houve novas adaptações no ensino brasileiro através da Reforma Benjamim Constant, que objetivava um ensino prático, científico e ativo. Desde então, alunos do curso primário passaram a ter contato, dentre as outras matérias, com aulas de Desenho, Aritmética e Geometria Prática, sendo que nesta última trabalhavam, conceitos de figuras e sólidos geométricos (com instrumental adequado). Na época o Desenho Geométrico era abordado na cadeira de Geometria Prática, portanto não existia uma cadeira específica de Desenho. Já no curso secundário a Geometria apresentava um programa extenso, abrangendo a Geometria Descritiva, as Teoria das Sombras, as Perspectivas, a Álgebra e Cálculo diferencial e integral (Mecânica). Neste contexto, a valorização da Geometria alcançava um nível elevado, tanto que nesta época, para ingressar nos Cursos Jurídicos, na Escola de Belas Artes e nos Cursos de Cirurgia do Brasil, exigia-se formação com conhecimento de Geometria. Mas esta situação alcançou seu desatento quando, com a morte de Benjamim Constant, houve novas reformulações no ensino, através do Código Fernando Lobo (1892), tendo como

foco central no ensino não mais o aspecto de desenvolvimento industrial, mas sim o ingresso na escola superior (ULBRICHT, 1992).

Ulbricht (1992), afirma que no ano de 1911, com a influência da Lei Rivaldária Correa, o ensino brasileiro sofre uma nova reforma, onde a educação passa a ter

autonomia didática e administrativa. Desta época até o ano de 1971, para

ingressar nas escolas secundárias teria que passar por uma prova de conhecimentos, ou seja, o exame de admissão. Além deste, criou-se também o

exame de capacitação para ingressar no nível superior de ensino, o atual

vestibular. Suas conseqüências foram mais longe, foi através desta lei que se perdeu a “uniformização dos programas e a fiscalização do Estado no sistema

educacional”. Neste período a Geometria viveu uma época de dominância

novamente, quando as Artes restringiram-se as “cópias de ornatos” .

Com a Lei Rivaldária Correa, o ensino brasileiro se desorganizou o que levou a necessidade de mais uma reforma, desta vez a Reforma Carlos Maximiliano que, através da “Lei do Aperto” (1915), tornou o Estado novamente responsável pelo controle sobre o ensino, no entanto foram mantidos a autonomia das escolas e os exames de admissão e capacitação (ULBRICHT, 1992).

O abismo do ensino do Desenho em nível de 1º e 2º graus no Brasil se deu por volta de 1971, quando a Lei nº 5692/71 oficializou a substituição desta disciplina por Educação Artística, na grade curricular do ensino público; apenas nos cursos técnicos e industriais, assim como em alguns colégios particulares, o Desenho permaneceu, com espaço no 2º grau a fim de assegurar um ensino de qualidade (ULBRICHT, 1992).

...o emprego deliberado do desenho como estratégia cognitiva é um fato historicamente datado que remonta à época do Renascimento (MEDEIROS, 2001, p.19).

Como já visto, no decorrer dos anos, o ensino da GD e do Desenho perdeu espaço nas grades curriculares do ensino regular, e atualmente está presente apenas nos cursos técnicos e industriais, ou em alguns colégios particulares, sendo esta abordada no máximo até o segundo ano do ensino médio. (ULBRICHT, 1992 e 1994; GONÇALVES, 1999 e 2005).

...a Geometria Descritiva é uma disciplina responsável pelo estudo das formas espaciais, pois esta se encarrega da representação das figuras tridimensionais sobre um plano, bem como a resolução de problemas destas formas. Esta disciplina se deve ao matemático francês Gaspar Monge, que, no século XVIII aproximadamente, criou os princípios elementares e gerais da teoria das projeções a partir das operações da estereotomia (cortes) (GONÇALVES, 1999, p. 12).

Sabe-se que num contexto internacional, por ter desempenhado papel importante para o desenvolvimento industrial, a GD foi mantida em segredo militar por cerca de quinze anos (ULBRICHT et al, 1994).