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4 PROGRAMA RESIDÊNCIA AGRÁRIA: UMA SEMENTE DA

4.1 Breve histórico da Universidade Federal do Ceará

A história da Universidade Federal do Ceará teve início na década de 1940 quando o movimento estudantil de Fortaleza gerou uma campanha nacional pela criação de uma Universidade para o Ceará. Após sete anos de campanhas e reivindicações tanto locais como nacionais o movimento decidiu “forçar” a criação da Universidade apresentando ao Ministro titular da Educação27 no ano de 1947 uma lista com duas mil assinaturas de professores de Faculdades, estudantes, intelectuais e outras pessoas da sociedade em geral, onde era exigida a criação de uma Instituição de Ensino Superior Pública para o Ceará. A campanha não circunscreveu apenas a capital Cearense, envolveu todo o país mobilizando os principais órgãos da imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo na intenção de atrair para a causa estudantil a adesão da opinião pública, bem como captar o apoio de políticos em prol da criação da Universidade do Ceará (PINTO, 2005).

Em julho de 1953, um grupo de estudantes representantes do movimento estudantil participou do XXIV Congresso Nacional dos Estudantes na sede da UNE no Rio de Janeiro. O grupo apresentou propostas de resolução recomendando a criação da Universidade que gerou novo documento encaminhado ao Ministério da Educação. Além da participação nesse encontro o movimento estabeleceu e manteve contato com parlamentares da Câmara e do Senado Federal, com a

27 O Ministro Clemente Mariani visitava a Faculdade de Direito existente na época em Fortaleza. A

Academia Brasileira de Letras além de sustentar o contato com as mídias do Rio de Janeiro e São Paulo para manter em divulgação suas ideias e intenções sobre a Universidade do Ceará (IBID).

O momento histórico era propício, com frequentes embates políticos e de crescente interesse pelas questões educacionais. Eram tempos em que se forjavam diversos projetos de construção de nacionalidade, alguns modernizantes outros conservadores. Todos valorizavam o papel que a educação deveria cumprir para a sua realização, coerente com o seu horizonte ideológico (SHIROMA, MORAES E EVANGELISTA, 2000).

Nesse cenário, foi instituída no ano de 1954 a Universidade do Ceará através da Lei 2.373 de dezembro deste mesmo ano, tendo sido instalada no dia 25 de junho de 1955 (BARREIRA ET AL, 2005).

Teve como primeiro reitor o professor Antonio Martins Filho pioneiro na luta pela criação da UFC, liderou o movimento estudantil e acompanhou todas as reivindicações pela criação da Universidade, pelas manifestações de apoio e indicações do movimento por seu nome na reitoria o professor recebe o mérito entendido pelo movimento como um ato de justiça (PINTO, 2005).

A universidade recebeu por missão formar profissionais de alta qualificação, gerar e difundir conhecimentos, preservar e divulgar os valores artísticos e culturais, constituindo-se em instituição estratégica para o desenvolvimento do Ceará e do Nordeste. Possui como lema “o universal pelo regional” (BARREIRA ET AL, 2005).

Inicialmente existiam a Faculdade de Direito, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, a Faculdade de Medicina e a Escola de Agronomia. Porém, ainda em seus primeiros anos de existência foram criados mais nove institutos de pesquisas. Os pioneiros foram os Institutos de Tecnologia Rural, de Química e Tecnologia e de Antropologia. Logo em seguida, em 1959 vieram os Institutos de Pesquisa Econômica e de Medicina Preventiva. Por fim, nos anos de 1960/1961, os Institutos de Física, de Zootecnia e a Estação de Biologia Marinha (PRA, 2008).

Atualmente conta com praticamente todas as áreas do conhecimento representadas em seus três campi, formados por quatro Centros. Sediada em Fortaleza, Capital do Estado, a UFC é um “braço” do sistema do Ensino Superior do Ceará cujo objetivo perseguido é atender às diferentes escalas de exigências dessa sociedade (BARREIRA ET AL, 2005).

Campus do Benfica (13 ha) – Reitoria; Pró-Reitorias de Planejamento, Administração e Assuntos Estudantis; Centro de Humanidades; Faculdades de Direito, Educação, e Economia, Administração, Atuária e Contabilidade; Curso de Arquitetura e equipamentos culturais.

Campus do Pici (212 ha) – Centros de Ciências, Ciências Agrárias e Tecnologia; Pró-Reitorias de Graduação e de Pesquisa e Pós-Graduação; Biblioteca Universitária, núcleos e laboratórios diversos, além de área para a prática de esportes.

Campus do Porangabussu (8 ha) – Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem; Faculdade de Medicina; complexo hospitalar (Hospital Universitário Walter Cantídio, Maternidade-Escola Assis Chateaubriand e Farmácia-Escola), laboratórios e clínicas (IBID, p.6).

Além dos três campi, também fazem parte da UFC, o Instituto de Ciências do Mar, a Casa José de Alencar e as fazendas experimentais de Quixadá, Pentecostes e Maracanaú. O Curso de Medicina possui duas extensões no interior do Estado situados nos municípios de Sobral e de Barbalha (PRA, 2008).

No que se refere ao apoio a políticas voltadas para a reforma agrária, a UFC contribuiu para a operacionalização do I° e do II° Plano Regional de Reforma Agrária/PRRA através da formulação de metodologias para a elaboração e acompanhamento de assentamentos e na capacitação de técnicos e assentados no Estado do Ceará,

Na década de 1990 com a realização de uma parceria entre o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras/CRUB e o Ministério Extraordinário da Política Fundiária/MEPF criou-se nas universidades grupos de trabalho em reforma agrária, para realizarem atividades de pesquisa e ensino sobre a temática. Em 1996, essa parceria realizou o I Censo Nacional da Reforma Agrária do Brasil, que contou com a participação de 29 universidades, dentre elas a UFC. A UFC participou também do Projeto LUMIAR voltado para assessorar técnicos para atuarem em assistência técnica e coordenou o Programa Nacional de Educação em Reforma Agrária/PRONERA nas suas ações de formação de pessoal (IBID, p.5).

A partir do ano de 2001, a UFC tem coordenado anualmente, o Curso de Formação sobre a Realidade Brasileira para cerca de 500 jovens de áreas de assentamentos rurais do estado do Ceará. Tem ainda participado da instalação de Centros Rurais de Inclusão Digital em áreas de assentamentos e realizado pesquisas nos seus Programas de Pós-Graduação, nas áreas de conhecimento do interesse dos movimentos sociais rurais e das famílias assentadas, tais como: políticas fundiárias, qualidade de vida, mudanças econômicas, relações de gênero, impactos de políticas públicas nas regiões litorâneas, política e cultura e seus sentidos para os jovens assentados, dentre outras. Ainda como parte de uma política de integração entre a UFC e as entidades que atuam com a questão da

reforma agrária e agricultura familiar no estado do Ceará, a Universidade instituiu no ano de 2004 o Núcleo de Apoio à Reforma Agrária e Agricultura Familiar/NARA vinculado à Pró-Reitoria de Extensão para propiciar intercâmbios e atividades entre os parceiros interessados (IBID).

Também no ano de 2004 a UFC assinou convênio com o INCRA e PRONERA para a realização do Curso de Magistério Superior Pedagogia da Terra em parceria com o MST para 110 estudantes de áreas da Reforma Agrária (CARVALHO, 2006).

Além do Curso de Pedagogia da Terra, no ano de 2004 a universidade criou o 1º Curso de Pós-Graduação em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo (Programa Residência Agrária) numa parceria entre INCRA, PRONERA e movimentos sociais do campo (PRA, 2008a).

No ano de 2009 foi aprovado o Curso de Jornalismo da Terra através do convênio com INCRA e PRONERA em parceria com movimentos sociais do campo para 60 estudantes das áreas de Reforma Agrária (BRASIL, 2009a).

O Programa Residência Agrária, objeto deste estudo está situado no Centro de Ciências Agrárias (CCA) no Campus do Pici,

O Centro de Ciências Agrárias (CCA) é uma unidade integrante da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fundada a 30 de março de 1918, com o nome de Escola de Agronomia do Ceará como entidade particular de ensino superior e foi encampada pelo Estado no dia 7 de maio de 1935, conforme Decreto nº 1550. Através da Lei nº 1.055, de 16 de janeiro de 1950, passou para o Ministério da Agricultura. Posteriormente, por força da Lei nº 2.373, de 16 de dezembro de 1954, veio a constituir, com outras unidades de ensino superior, a Universidade Federal do Ceará, vinculada ao Ministério da Educação e Cultura [...] A atual denominação de Centro de Ciências Agrárias é uma decorrência da modificação estrutural experimentada pela UFC, de acordo com o Decreto nº 71.882, de 2 de março de 1973. Atualmente o Centro de Ciências Agrárias conta com oito Departamentos, que oferecem cinco Cursos de Graduação e sete Programas de Pós-Graduação, com sete Cursos de Mestrado e seis Cursos de Doutorado (UFC, 2012).

O CCA possui Cursos de Graduação em: Engenharia Agronômica, Economia Doméstica, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Pesca e Zootecnia; Cursos de Mestrado em Economia Rural, Engenharia de Pesca, Fitotecnia, Ciências e Tecnologia de Alimentos, Solos e Nutrição das Plantas, Engenharia Agrícola, Zootecnia e também os Cursos de Doutorado em Zootecnia, Fitotecnia, Solos e

Nutrição de Plantas, Ciências e Tecnologia de Alimentos, Engenharia Agrícola, Engenharia de Pesca, (UFC, 2012).

Nesse contexto, o Programa vem atuando na UFC e junto aos Cursos de Graduação do CCA desde a sua criação no ano de 2004, e mais recentemente em alguns Cursos do Mestrado.