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Breve Histórico do Arquivo Histórico Wanda Svevo

Breve Histórico do Arquivo Histórico Wanda Svevo (AHWS)

Foi à época da celebração do IV Centenário da cidade de São Paulo, em 1954, que, por iniciativa de Wanda Svevo – então secretária do presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Francisco Matarazzo Sobrinho – fundaram-se os Arquivos Históricos de Arte Contemporânea da Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Nos moldes do Arquivo Histórico das Artes Contemporâneas da Bienal de Veneza, seu primeiro objetivo foi o de organizar a documentação gerada pelos eventos bienais, que incluía: correspondência com artistas e críticos de arte, fotografias, material de pesquisa na concepção dos eventos, entre outros. Além disso, pensou-se para o Arquivo a função de se constituir um centro de documentação de referência para a pesquisa acerca da produção artística contemporânea.

Segundo a proposta original, redigida por Wanda Svevo:

“inserem-se os Arquivos Históricos de Arte Contemporânea da Bienal de São Paulo na função de estabilizar, em uma coleta contínua de dados, todo o conhecimento vivo da atualidade artística, não só em relação direta e imediata com a realização das Bienais, mas ainda um corolário à margem desses certames artísticos, na ordem de uma ligação com os acontecimentos paralelos, os museus, as exposições, as iniciativas que ocorreram no mundo das artes, no país e no exterior, e que possam interessar à nossa organização”.28

O acervo, que nasceu a partir da iniciativa de Wanda Svevo, começou a funcionar em 1954, no ano da comemoração do IV Centenário da cidade de São Paulo. Os Arquivos Históricos foram oficializados em 1955 e tinham, como principal objetivo prático, de acordo com o historiador e antigo coordenador do AHWS, Dalton Sala:

“...custodiar a documentação produzida no trâmite de realização dos eventos Bienais: o registro burocrático das atividades institucionais,

                                                                                                               

28 Carta-padrão redigida por Wanda Svevo em 1955, destinada à captação de informações para o Arquivo

de Arte, traduzida para o inglês, o alemão, o italiano e o francês. Arquivo Histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo.

inclusive, e, principalmente, a documentação resultante do contato com os artistas expositores, acrescida das informações que fosse possível reunir sobre esses e outros artistas: assim teve início uma experiência pioneira na América-Latina”.29

Ainda no ano de 1955, Wanda Svevo redige uma carta padrão, destinada à captação de informações para o Arquivo de Arte, enviada com variações, de acordo com as circunstâncias. Na carta, a secretária de Ciccillo Matarazzo escreve:

“...a Bienal de São Paulo iniciou, já no ano passado, a organização dos Arquivos Históricos de Arte Contemporânea, que deverão constituir a documentação mais completa e atualizada neste Continente, sobre a atividade dos artistas de todos os países, oferecendo ao mesmo tempo amplo material ilustrativo para consulta aos jovens, à critica, e a todos os Interessados. O esquema da organização compreende uma parte informativa, outra bibliográfica e de documentação e outra ainda ilustrativa.”30

No ano de 1962, quando a Bienal separou-se do MAM, os Arquivos permaneceram ligados à recém-criada Fundação Bienal. E nesse mesmo ano, com a morte de sua fundadora, passaram a ser chamados de Arquivos Históricos Wanda Svevo.

O reconhecimento do AHWS como o mais importante acervo documental referente à arte moderna e contemporânea da América Latina levou o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) a tombar o Arquivo e seu acervo, através de Resolução da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, SC-16, de 13 de outubro de 1993. Em 1996, o Arquivo foi reinstalado no lugar que atualmente ocupa, no primeiro andar do Pavilhão da Bienal, em um espaço de 184 m², planejado para abrigar seu acervo de documentos, com parte de suas instalações financiadas pela FAPESP.

Atualmente, o denominado Arquivo Histórico Wanda Svevo (AHWS), abriga em seu acervo, como no ideário original proposto por Wanda Svevo, tanto documentos textuais e iconográficos resultantes da preparação e organização das mostras

                                                                                                               

29 Revista USP, São Paulo, n.52, dez/fev, 2001-2002, p. 131. 30 Idem, p. 130

realizadas pela Fundação Bienal, quanto aqueles gerados por estes mesmos eventos. Cartazes, fotografias, correspondências, publicações – livros, revistas, periódicos, catálogos – constituem esta documentação que, após o término de cada evento, segue para o AHWS, tornando-se útil àqueles que dela necessitem.

Há ainda, no Arquivo Histórico da Fundação Bienal, uma hemeroteca com recortes de jornais de todas as edições das Bienais Internacionais de São Paulo e pastas de artistas participantes dos eventos Bienais. Neste fundo, encontram-se recortes de jornais, pequenos catálogos e folders, fotografias e projetos de obras, fichas de inscrições e currículos de artistas.

É relevante mencionar que no Arquivo Histórico também há uma biblioteca especialmente criada para a organização, pesquisa e preparação das mostras realizadas pela Fundação Bienal. Este acervo é único, pois é fruto de pesquisas curatoriais efetuadas desde os primeiros eventos executados pelo MAM, do final da década de 1940, até os dias atuais. Há, ainda, alguns volumes que foram adquiridos a partir de doações de artistas que participaram das Bienais. Podemos identificar pelo menos três conjuntos importantes na biblioteca: as publicações da Fundação Bienal de São Paulo (catálogos de todos os eventos bienais e outras mostras organizadas pela instituição, das quais podemos citar a representação brasileira na Bienal de Veneza, a exposição Tradição e Ruptura, a Mostra do Redescobrimento, entre outros); periódicos especializados na crítica de arte e arquitetura; e livros e catálogos de referência sobre artistas e temas tratados nos eventos Bienais de São Paulo.

Além disso, há o Fundo Histórico Ciccillo Matarazzo, onde é guardada a documentação pessoal (documentos textuais e iconográficos) do fundador da instituição.

Realizou-se uma ampla pesquisa nos documentos existentes no Arquivo Histórico sobre as Bienais Nacionais de São Paulo, a saber: documentação histórica gerada pelos eventos nacionais – cartas, ofícios, listas de artistas convidados, participantes e premiados, listas de obras que foram colocadas à venda, discursos transcritos da abertura dos eventos, em especial de Ciccillo Matarazzo, poucas atas de reuniões e poucas referências iconográficas. Das quatro edições das Bienais Nacionais encontraram-se doze fotografias panorâmicas sem identificação das obras. Algumas delas foram identificadas, facilitando o fato de termos anteriormente trabalhado com alguns dos artistas participantes das mostras, como: Bernardo Caro, Tuneu, Rubem Valentim, entre outros, presentes também nos Salões de Arte Contemporânea de

Campinas, objeto de pesquisa no mestrado. Outras imagens foram identificadas por meio de pesquisas iconográficas, como a fotografia do grupo Etsedron.

Além disso, a documentação histórica referente às Bienais Internacionais também foi pesquisada, a partir de 1962, ano em que, segundo Alembert, houve a origem da ideia da criação de uma mostra semelhante à Bienal Nacional. O livro As Bienais de São Paulo, do mesmo historiador, serviu como bibliografia de base, porém, a pesquisa de Alembert é fundamentada em grande parte por informações retiradas de artigos publicados na imprensa durante o início dos anos 1960. Já nos documentos textuais do fundo histórico não se encontrou nenhuma menção a respeito da vontade de se criar uma Bienal Nacional, já em 1962.

Privilegiaram-se as fontes históricas encontradas no AHWS, acima descritas, e outras fontes encontradas no Arquivo do Estado de São Paulo, no Arquivo Edgard Leuenroth da Unicamp e em periódicos consultados on line como a Revista Veja, os jornais O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.

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