3. SISTEMA DE METROLOGIA DO SISMETRA
3.1 Breve Histórico do SISMETRA
O problema da Metrologia vinha, desde meados da década de 70, sensibilizando as
autoridades do então Ministério da Aeronáutica – MAer, em vista da crescente sofisticação
dos foguetes, equipamentos e aeronaves operados.
Essa constante evolução tecnológica dos sofisticados meios e equipamentos empregados
nas atividades aeroespaciais, associada ao crescimento e consolidação de uma indústria
aeronáutica nacional moderna e competitiva, causaram um forte impacto na estrutura
operacional do setor aeronáutico, entre outras, na área da metrologia.
A preocupação geral com esse assunto ficou perfeitamente caracterizada pela sua
inclusão entre as iniciativas prioritárias na área tecnológica, conforme se pode deduzir do seu
enquadramento em diversos programas e projetos do II Plano Básico de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – II PBDCT, principalmente nas áreas de Tecnologia Industrial e de
Tecnologia de Infra-estrutura.
A essa altura, muito embora não estivesse ainda efetivamente implantada a
reestruturação preconizada pela Lei Nº. 5966, de 11 de dezembro de 1973, a qual inseria a
metrologia no contexto mais amplo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (SINMETRO), já se pensava, no então Ministério da Aeronáutica, em
um funcionamento harmônico e integrado do Sistema de Metrologia Aeroespacial com as
autoridades metrológicas do país, de modo que o futuro sistema a ser implantado viesse a
suprir também, dentro das possibilidades, as necessidades de suporte tecnológico de outros
setores da economia nacional. Essa integração seria efetivada por meio do INMETRO, órgão
executivo daquele Sistema e responsável pela aquisição e conservação dos padrões nacionais,
junto ao Laboratório Nacional de Metrologia (LNM), de modo que o futuro Sistema de
Metrologia Aeroespacial suportasse também outros setores da economia nacional.
O “Plano de Ação Básico do Sistema de Metrologia Aeroespacial” estruturou na época o
Sistema de Metrologia Aeroespacial (SMA), hoje denominado SISMETRA, a partir da
análise do panorama metrológico e considerou a infra-estrutura existente relativa aos recursos
humanos, físicos e tecnológicos. O SMA foi organizado em três áreas distintas: operacional,
planejamento e controle. A parte operacional, ilustrada na Figura 5, organizada de forma
hierárquica e com a função de realizar a calibração e a manutenção dos instrumentos e
padrões de medição, agrupados conforme suas características metrológicas e área de atuação,
com a importante função de garantir a rastreabilidade do sistema ao Sistema Internacional de
Unidades (SI).
O “Plano de Ação Básico do Sistema de Metrologia Aeroespacial” definiu as seguintes
atribuições ao SMA:
• estabelecer contatos com os órgãos integrantes da comunidade nacional e
internacional;
• estabelecer estreita ligação com os Órgãos Central e Executivo do SINMETRO,
CONMETRO e INMETRO;
• gerar normas, instruções e procedimentos que orientem, coordenem e regulamentem a
atividade de metrologia no âmbito do setor aeroespacial;
• cadastrar os instrumentos e padrões de medição, fixar e controlar os intervalos de
calibração;
• executar as calibrações dos instrumentos e padrões de medição, nos diversos níveis
operacionais, dentro das especificações estabelecidas;
• controlar o desempenho da atividade de metrologia no âmbito do setor aeroespacial;
• dar apoio de suprimento e de manutenção de equipamentos e instalações específicas
do sistema;
• dar capacitação de pessoal especializado; e
• dar assessoria, no âmbito do setor aeroespacial, no processo de aquisição de
instrumentos e padrões de medição.
Figura 5 – Estrutura Básica do Sistema de Metrologia Aeroespacial (SMA).
Oficialmente o Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA) foi instituído em 07
de dezembro de 1988, por meio da Portaria Ministerial No. 858/GM3 (Anexo 1), que definiu
o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) como Órgão Central do
SISMETRA e com as seguintes atribuições:
• orientação normativa e a supervisão técnica das atividades do Sistema;
• fiscalização específica do desempenho dos elos do Sistema;
• elaboração e proposição de normas, programas e orçamento;
• apoio logístico aos “Elos do Sistema”, nos itens do Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) e instituições estranhas ao
Comando da Aeronáutica, nos assuntos de interesse do sistema; e
• promoção e incentivo à formação de recursos humanos necessários ao SISMETRA em
seus diferentes níveis.
Para otimizar os trabalhos de pesquisa, calibração e disseminação da metrologia em
âmbito nacional, tendo em vista a influência militar nos vários pontos do País, foi firmado, em
01 de agosto de 1997, um convênio de cooperação técnico científico entre o Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) e o DCTA.
Este convênio propôs a cooperação para o desenvolvimento de ações e projetos
cooperativos em atividades de interesse comum, com vistas à intensificação e fixação de
novas tecnologias necessárias ao desenvolvimento da indústria nacional.
Em seu contexto foram estabelecidos os seguintes objetivos: intercâmbio de
informações técnicas e científicas, formação de recursos humanos, treinamento de pessoal e
realização conjunta de programas específicos de apoio às atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D).
Como resultado direto, teve aprimoramento técnico das instituições participantes e um
fortalecimento da cultura metrológica no país e, ainda como resultado indireto, a melhoria do
apoio tecnológico ao parque industrial nacional, por meio de uma maior oferta de serviços
metrológicos qualificados, bem como a disseminação de todo o processo de confiabilidade
metrológica a partir da realização das seguintes atividades:
• formação de recursos humanos com formação em TIB;
• estudo de Normas Metrológicas;
• condução e participação em Programas de Comparação;
• realização de ações específicas, por parte do DCTA, para completar a capacitação
laboratorial, e implementar um sistema da qualidade, de forma a atender os critérios de
acreditação do INMETRO, a fim de permitir aos laboratórios do SISMETRA
conquistar a acreditação do INMETRO e, portanto, integrar a Rede Brasileira de
Calibração, assim contribuindo para a disseminação do Sistema Internacional de
Unidades (SI), não só no âmbito do COMAER, mas também no pólo industrial
existente na região;
• intercâmbio de serviços e equipamentos, e suporte de calibração e manutenção destes,
visando à complementação dos meios e facilidades operacionais disponíveis em ambas
as instituições;
• possibilidade de participação mútua em eventos promovidos por ambas as instituições,
tais como: cursos, treinamentos, seminários, simpósios, congressos, painéis, palestras,
e outras atividades afins, visando à reciclagem de profissionais atuantes em
metrologia;
• desenvolvimento conjunto de sistemas de calibração e ensaios que possibilitem a
melhoria e o aperfeiçoamento dos processos metrológicos, bem como o
desenvolvimento de padrões e materiais de referência; e
• intercâmbio de especialistas nacionais, internacionais e/ou de ambas as instituições
com o intuito de assessoramento na solução de problemas técnicos.
No documento
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS LABORATÓRIOS DE CALIBRAÇÃO DE MASSA DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA (FAB)
(páginas 49-55)