• Nenhum resultado encontrado

1. INTRODUÇÃO

2.1.1. Breve histórico sobre alvenaria estrutural

A mistura de argila, areia e um agente estabilizante foi utilizada em construções habitacionais desde os primeiros registros históricos, isso demonstra que a alvenaria é um dos sistemas estruturais mais antigos da humanidade. Segundo Schneider e Dickey (1994), o uso de alvenaria de tijolo simples foi feito por egípcios, romanos e gregos, a exemplo tem-se a pirâmide de Quéops no Egito, com aproximadamente 145 metros de altura e cerca de 2,3 milhões de blocos de rochas.

De acordo com Ramalho e Corrêa (2003), o Farol de alexandrina era um engenhoso sistema de iluminação para guiar navegantes do mar Mediterrâneo e foi construído com as premissas da alvenaria estrutural. Possuía 134 metros de altura e teve sua construção datada em 280 anos antes de Cristo, durou mais de 1500 anos quando foi destruído por um terremoto no século XIV.

Outras evidencias históricas de utilização da alvenaria estrutural foram os castelos e catedrais na Idade Média, em que paredes variavam entre 2 e 2,5 metros de espessura. Conforme Oliveira Jr. (1992), nessa época o dimensionamento era feito de forma empírica baseado na experiência adquirida pelos construtores devido ao desconhecimento do comportamento resistente dos materiais e a falta de métodos racionais de cálculo.

Ainda segundo o mesmo autor, com a evolução dos procedimentos de cálculo e desenvolvimento técnico do metal, as estruturas em aço e em concreto armado tornaram-se predominantes nas grandes obras na segunda metade do século 20. Em função, principalmente, da possibilidade de utilização de elementos com maior esbeltez, desta forma a alvenaria estrutural destinou-se a obras de pequeno porte.

De acordo com Mata (2006) em meados do século XX, as obras de alvenaria voltaram novamente a ser erguidas pois o mercado viu necessidade de buscar novas técnicas alternativas de construção. Por volta de 1950 o sistema construtivo em alvenaria estrutural ganhou novo impulso, estimulando o desenvolvimento de normas principalmente na Suíça, que tornou possível determinar a resistência da alvenaria e a espessura necessária das paredes, permitindo o surgimento de prédios altos com este sistema construtivo (CAVALHEIRO, 2009).

Oliveira Jr. (1992) afirma que no Brasil surgiram os primeiros edifícios em alvenaria armada no ano de 1966, construídos em São Paulo com blocos vazados de concreto e quatro pavimentos. Em 1972 foi erguido um edifício com quatro torres e doze pavimentos, o condomínio Central Parque Lapa (Figura 2.1), também em alvenaria armada e blocos de concreto. Já os blocos cerâmicos passaram a ser fabricados em escala industrial somente a partir de 1980. Mas de acordo com Gomes (2001), muitas patologias e problemas com conforto térmico foram retratados nas obras das décadas de 60 e 70 pois os materiais utilizados eram de péssima qualidade. Isso fez com que o mercado recuasse na utilização deste sistema construtivo, que passou anos praticamente abandonado.

Figura 2.1 - Condomínio Central Parque Lapa em São Paulo

Fonte: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/

A aceitação e reconhecimento da alvenaria estrutural não eram disseminados no Brasil como em outros países, também pelo fato de seu dimensionamento ainda ser empírico. Com a vantagem competitiva, tanto de tempo como financeiramente, trazida por esse sistema construtivo, as construtoras e incorporadoras passaram a investir em pesquisa e desenvolvimento científico para a alvenaria estrutural. Assim, na década de 70 foi criada a normalização deste sistema construtivo, que ganhou maior confiabilidade e na década de 80 e início da década de 90 passaram a ser desenvolvidas nas universidades pesquisas a respeito do comportamento estrutural de prismas e paredes em alvenaria estrutural.

Em função do maior domínio das técnicas de construção em concreto armado e estruturas metálicas, a projeção da alvenaria estrutural no mercado brasileiro ocorreu, a

princípio, de forma lenta e restrita. No entanto, com o desenvolvimento de normas brasileiras e estudos sobre dimensionamento dos elementos em alvenaria estrutural, que permitiram padronizar os procedimentos de cálculo e aproveitar melhor a capacidade resistente do material, este método construtivo ganhou força e aceitação no mercado a partir do final da década de 90 e início dos anos 2000.

Para Ramalho e Corrêa (2003), o lançamento do Manual Técnico de Alvenaria pela Associação Brasileira de Construção Industrializada na década de 90 foi marcante para o cenário nacional. Ainda de acordo com os mesmos autores, este sistema mostrou ser uma opção econômica e eficiente para construção de edificações industriais e residenciais no cenário atual, aumentando o incentivo às pesquisas com alvenaria estrutural.

A maioria dos autores não recomendam a construção de prédios com mais de 25 pavimentos por questões econômicas. Tauil e Nese (2010) destacam que a economia para edifícios de quatro pavimentos é de 30% em relação ao sistema convencional, mas essa economia diminui conforme se aumenta o número de pavimentos, chegando a 10 % em edifício de 20 andares. Nos últimos anos, no Brasil, as construtoras estão ousando na altura destas edificações, em 2017 foi lançado em na cidade de Londrina no Paraná o condomínio Fit Terra Bonita (Figura 2.2.a) com 19 pavimentos. No mundo a edificação mais alta em alvenaria estrutural é o hotel Excalibur em Las Vegas (EUA) (Figura 2.2.b) com 30 pavimentos que foi inaugurado no início da década de 90.

Figura 2.2 - Condomínio Fit Terra Bonita em Londrina (a); Hotel Excalibur em Las Vegas (b)

Recentemente a alvenaria estrutural passou a representar uma fatia maior na construção civil brasileira devido ao lançamento do programa de financiamento habitacional do governo Minha Casa Minha Vida. A demanda por imóveis de baixo custo aumentou muito após o início deste programa em 2009, pois se trata de uma política que facilita e oferece subsídios para a compra financiada de casas e apartamentos por famílias com renda mensal relativamente baixas. Sendo assim as construtoras enxergaram na alvenaria estrutural uma alternativa rápida e econômica para suprir a necessidade de imóveis novos que apontava no mercado nacional.

Documentos relacionados