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Breve relato sobre a experiência dos alunos como público do espetáculo de circo e

CAPÍTULO 3. OFICINAS ACROBÁTICAS

3.3.3 Breve relato sobre a experiência dos alunos como público do espetáculo de circo e

Em setembro de 2015, cerca de trezentos alunos (figura 19) do turno matutino e vespertino do CEF 12, além daqueles que participaram das oficinas circenses, foram ao SESC Newton Rossi localizado na Ceilândia com o intuito de assistir ao espetáculo de circo e teatro

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"Não Alimente os Bichos" (montagem de Diplomação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília - UnB, 2011).

FIGURA 19 — PÚBLICO NO SESC DA CEILÂNDIA.

Fonte: Marco Aurélio.

Disponível em: https://www.facebook.com/CEF-12-Setor-O-343319829088494/photos

A temporada foi realizada através do FAC (Fundo de Apoio a Cultura) do Distrito Federal, cuja circulação englobou também outras localidades de Brasília como Gama, Taguatinga e Vila Telebrasília. Por meio da estética do terror fantástico, o espetáculo aborda a interface circense e teatral através de uma antiga trupe, perdida no tempo e imersa em suas próprias ilusões. Cada personagem alimenta a fantasia do outro até que uma intrusa consegue entrar no circo e acaba por desestruturar o universo criado por eles.

O elenco, na referida temporada, foi composto por Albert Carneiro, Cleide Mendes, Diego Borges, Isumy Kudo, Júlia Gunesh, Marcos Davi, Natasha Padilla e Rodrigo Issa.

Também contamos com os músicos Lucas Muniz, Iuri Gales, Káshi Mello e Alexandre da Silva, tivemos a direção de palco de Alisson Araujo e a iluminação foi realizada por Ana Luisa Quintas e Fernanda Alpino.

No dia da apresentação, os ônibus para o transporte dos alunos foram custeados pela própria instituição de ensino e a entrada foi gratuita. Após o espetáculo, infelizmente, não foi possível realizar uma conversa entre os estudantes e o grupo por motivo da desmontagem da obra ocorrer assim que o espetáculo terminou.

Na semana seguinte, alguns alunos comentaram durante as aulas de arte que havia sido a primeira vez que assistiram a um espetáculo de circo e teatro (uma das cenas é possível

44 verificar na figura 20 que segue abaixo), assim como para outros representou a primeira experiência como público em um teatro.

FIGURA 20 — "NÃO ALIMENTE OS BICHOS" JACK ROCK 'N ROLL.

Fonte: Marco Aurélio.

Disponível em: https://www.facebook.com/CEF-12-Setor-O-343319829088494/photos

Cabe relatar o desconhecimento, por parte de alguns estudantes, sobre a existência de um espaço teatral com a estrutura que dispõe o SESC da Ceilândia. Neste sentido ouvi comentários como "nossa, parece até que estou no Plano Piloto". Nessa perspectiva, orientei os alunos a ficarem atentos à programação deste e outros espaços culturais da cidade.

45 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho monográfico partiu do envolvimento pessoal com a arte circense iniciado por experiências durante a minha infância — fase chave em que as vivências costumam influenciar a vida adulta. Nesta perspectiva, os momentos guardados no inconsciente através do "circo da dona Zefinha", bem como das situações protagonizadas pelo "Xuxa", geraram memórias e significados que foram fundamentais para a formação da afinidade e trajetória no circo.

Esta ligação propiciou o surgimento do interesse em pesquisar e trabalhar a inserção de alguns saberes circenses no contexto educacional, motivado pelos efeitos positivos que tais vivências poderiam proporcionar ao aluno. Desse modo, coloquei em prática essa proposta pedagógica ao perceber, como professor substituto, a necessidade de ser desenvolvido com os estudantes do Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia (CEF 12) atividades extracurriculares que envolvesse outros conhecimentos e estratégias de aprendizagem.

Após ter como referência a minha trajetória pessoal e o trabalho circense presente na Escola Parque da Natureza de Brazlândia, me apropriei de alguns saberes — como a acrobacia de solo, o tecido acrobático e o malabarismo — ao utilizá-los como recurso pedagógico através de oficinas circenses no CEF 12. Uma possibilidade educacional que, por suas especificidades muitas vezes incomuns à escola, se configurou como uma atividade diferenciada de aprendizagem que acredito ter contribuído para o crescimento dos alunos por meio de exercícios que trabalhavam além da consciência corporal, o respeito pelo colega e a cooperação.

Cabe destacar a capacidade que as artes e, especificamente, a linguagem circense tem de fomentar atitudes de humanidade através de conhecimentos favoráveis ao desenvolvimento integral do aluno. Nesta perspectiva, a inserção dos saberes circenses no contexto escolar representa uma potente alternativa com grande riqueza de possibilidades.

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