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Capítulo 1. Diversidade de Poaceae no Parque Nacional de São

VI. SUBFAMILIA POOIDEAE

32. Bromidium Nees & Meyen

Plantas cespitosas. Bainhas foliares abertas. Lâminas foliares lineares a linear-lanceoladas, às vezes filiformes, planas, às vezes convolutas, sem aurículas. Lígula membranosa. Inflorescência panícula espiciforme ou subespiciforme. Espiguetas basítonas, 1-floras, antécio com flor bissexuada, não acompanhado de antécios basais rudimentares e prolongamento apical de ráquila; ráquila articulada acima das glumas; glumas 2, mais longas que o antécio, agudas, múticas, nervura central escabra ou escabro-ciliolada; lemas membranosos, 5-nervados, nervuras laterais projetadas em 4 arístulas de comprimento variável, as marginais maiores que as internas, nervura central contínua em uma arista dorsal mais robusta, glabros ou pilosos na metade inferior ou em toda extensão, calo piloso; páleas ausentes ou muito reduzidas. Estames 3. Ovário glabro, estiletes de inserção apical. Cariopse oblonga.

A circunscrição do gênero Bromidium tem sido controversa. Diversos autores incluem suas espécies no gênero Agrostis L., como Burkart (1969b), Rosengurtt et al. (1970), Kämpf (1975), Smith et al. (1982a), Clayton & Renvoize (1986), Clayton et al. (2006) e Longhi- Wagner (2001b; 2013g). Por outro lado, Rúgolo de Agrasar (1982) e

Nicora & Rúgolo de Agrasar (1987) trataram estes gêneros como independentes. A principal diferença apontada pelas autoras, é a presença de lema 5-aristado em Bromidium (uma arista dorsal mais robusta e 4 arístulas laterais) versus lema mútico, agudo, truncado, brevemente dentado ou mucronado, ou ainda aristado, em Agrostis, porém se aristado, com arista dorsal central única.

No presente trabalho, Bromidium e Agrostis são tratados separadamente, seguindo Rúgolo de Agrasar et al. (2008), Morrone et

al. (2009) e Soreng et al. (2012).

Bromidium é um gênero americano, com cerca de cinco espécies,

distribuídas principalmente na Argentina, sul do Brasil, Chile central, Paraguai e Uruguai (Rúgolo de Agrasar et al. 2008). Para o Brasil são conhecidas três espécies e duas variedades (Rúgolo de Agrasar 1982). No PARNA São Joaquim ocorre uma espécie.

32.1. Bromidium ramboi (Parodi) Rúgolo, Darwiniana 24: 207. 1982.

Agrostis ramboi Parodi, Bol. Soc. Argent. Bot. 1: 119. 1946. Bromidium ramboi possui duas variedades: B. ramboi var. ramboi e B. ramboi var. pubescens (Kämpf) Rúgolo (Kämpf 1975 – sob Agrostis ramboi Parodi; Rúgolo de Agrasar 1982). Ambas ocorrem no

PARNA São Joaquim.

Chave para as variedades de Bromidium ramboi do PARNA São Joaquim

1. Lema glabro ou com pilosidade restrita ao calo ... 32.1a. B. ramboi var. ramboi 1. Lema densamente piloso no dorso até a inserção da arista dorsal ... 32.1b. B. ramboi var. pubescens Utilizou-se apenas o indumento do lema na chave acima para distinguir as duas variedades, uma vez que o comprimento das arístulas internas usadas por Kämpf (1975 – sob Agrostis ramboi Parodi) para diferenciar as variedades (1,5-2mm compr. em Bromidium ramboi var.

ramboi versus 0,4-0,5mm compr. em Bromidium ramboi var. pubescens), se sobrepõe no material do Parque.

32.1a. Bromidium ramboi (Parodi) Rúgolo var. ramboi

Figuras 7 D’-E’; 15 B

Distribuição geográfica: Brasil - Paraná (Rúgolo de Agrasar

1982), Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Longhi-Wagner 2013g – sob Agrostis ramboi Parodi). No PARNA São Joaquim é bem distribuída.

Período que foi coletada com flor ou flor e fruto: dezembro a

fevereiro.

Observações: boa parte do material incluído em B. ramboi var. ramboi encontrava-se identificado como Agrostis hygrometrica Nees

(=Bromidium hygrometricum (Nees) Nees & Meyen), esta de ocorrência não confirmada no Parque. A tabela 2, abaixo mostra as principais diferenças entre os dois táxons.

Tabela 2: Características diferenciais entre Bromidium ramboi e B. hygrometricum com base em Kämpf (1975 – sob Agrostis ramboi Parodi e A. hygrometrica Nees) e Rúgolo de Agrasar (1982).

Material examinado: BRASIL, SANTA CATARINA, PARNA

São Joaquim, Urubici, 21.I.2001, fl., H. M. Longhi-Wagner & R. Garcia

7367 (ICN), Campos de Santa Bárbara, I.2010, fl. e fr., B. Toncic & A. Zanin 315 (FLOR); Morro da Igreja, 29.I.1997, fl. e fr., D. B. Falkenberg 9386 (FLOR), 27.XII.2007, fl., A. Zanin & B. H. Santos 1447 (FLOR), 10.II.2009, fl. e fr., A. Prompt & A. Zanin 28, 50, 51

(FLOR), 28º06’10”S, 49º30’28”W, 07.XII.2009, fl., E. Silva e Silva &

A. Zanin 66 (FLOR), 28º07’44”S, 49º28’06,6”W, 08.XII.2009, fl. e fr., E. Silva e Silva & A. Zanin 169 (FLOR), 09.I.2010, fl. e fr., F. B. Guimarães 1157 (FLOR); Propriedade Caiambora, 28º06’18”S,

49º30’22”W, 07.XII.2009, fl. e fr., E. Silva e Silva & A. Zanin 49 Características B. ramboi B. hygrometricum

Ciclo de vida perene anual

Glumas (compr.) 3-5mm 2-3,6mm

Lema (compr.) 2,5-3mm (1,9-)2-2,5mm

Arístulas marginais do lema (compr.)

(2-)3(-4)mm 0,5-0,9mm Arístulas internas do lema

(compr.)

(0,5-)2-2,5 0,5mm

Arista dorsal do lema (compr.)

7-10mm 4-6mm

Inserção arista dorsal do lema

(FLOR); Vacas Gordas, 28º08’46,6”S, 49º38’38”W, 15.XII.2011, fl., E.

Dalmolim 82 (FLOR).

Material adicional examinado: BRASIL, SANTA CATARINA,

Bom Jardim da Serra, Curral Falso, 11.XII.1958, fl., Reitz & Klein 7805 (FLOR); Fazenda da Laranja, 13.I.1959, fl., Reitz & Klein 8183 (FLOR); 2 Km ao sul de Bom Jardim, 15.XII.1971, fl. e fr., Smith &

Klein 15799 (FLOR). Urubici, Caminho para cachoeira Véu da Noiva,

29º04’54”S, 49º31’02”W, 09.I.2010, fl. e fr., C. E. V. B. Siqueira 2 (FLOR).

32.1b. Bromidium ramboi (Parodi) Rúgolo var. pubescens (Kämpf) Rúgolo, Darwiniana 24: 210. 1982.

Agrostis ramboi var. pubescens Kämpf, Anuario Tecn. Inst. Pesq.

Zootecn. Francisco Osório 2: 588. 1975.

Figura 7 F’

Hábitat: banhado.

Distribuição geográfica: Brasil - endêmica de Santa Catarina

(Kämpf 1975 – sob A. ramboi var. pubescens Kämpf; Rúgolo de Agrasar 1982; Morrone et al. 2009). No PARNA São Joaquim é rara, encontrada apenas nos Campos de Santa Bárbara.

Período que foi coletada com flor e fruto: dezembro.

Observações: até o momento esta variedade era conhecida apenas

do material tipo “Brasil, Santa Catarina, São Joaquim, J. Valls et al.

3152-b (BLA)”. O único material encontrado no Parque trata-se do

segundo registro do táxon, que é endêmico de Santa Catarina.

Smith et al. (1982a) referiram Agrostis ramboi var. pubescens Kämpf (=Bromidium ramboi var. pubescens (Kämpf) Rúgolo) na sinonímia de Agrostis hygrometrica var. tandilensis (Kuntze) L. B. Sm. & Wassh., esta última aceita atualmente no nível de espécie no gênero

Bromidium por Nicora & Rúgolo de Agrasar (2008), Morrone et al.

(2009) e Soreng et al. (2012) [= Bromidium tandilense (Kuntze) Rúgolo].

Bromidium ramboi var. pubescens difere de B. tandilense

(Kuntze) Rúgolo, principalmente por apresentar panícula descontínua e arista dorsal do lema inserida no terço superior, enquanto B. tandilense apresenta panícula contínua e arista dorsal inserida no terço inferior (Kämpf 1975 – sob Agrostis ramboi var. pubescens Kämpf e A.

tandilensis (Kuntze) Parodi; Rúgolo de Agrasar 1982).

Material examinado: BRASIL, SANTA CATARINA, PARNA

49º38’09”W, 08.XII.2009, fl. e fr., E. Silva e Silva & A. Zanin 125 (FLOR).

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