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Segundo Eastman et al. (2011), Building Information Modeling (BIM) é uma tecnologia de modelagem e um conjunto associado de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construções. BIM se refere a um conjunto de tecnologias, processos e políticas, que se relacionam (SUCCAR, 2009) e possibilitam gerenciar informações importantes ao projeto e ao empreendimento por meio de um formato digital ao longo do ciclo de vida da edificação (PENTTILÄ, 2006). Nesse contexto, a adoção de BIM surge como uma oportunidade de melhoria à colaboração entre as equipes responsáveis pela execução de um empreendimento, durante as diferentes fases de projeto e construção (BHATLA; LEITE, 2012).

Lee et al. (2006) afirmam que a modelagem paramétrica é uma forma efetiva de agregar conhecimento em modelos de edificações. Os objetos paramétricos consistem na definição geométrica e na associação de dados e regras, incluindo características funcionais e físicas (EASTMAN et al., 2011). Além disso, a modelagem paramétrica possibilita o reuso de definições de classe de objetos para representar múltiplas ocorrências de objetos semelhantes (SACKS et al., 2009). Um modelo BIM pode ser considerado um repositório capaz de incluir diferentes tipos de informação, incluindo informações geométricas e semânticas (SCHLUETER; THESSELING, 2009).

De acordo com Eastman et al. (2011), o uso de BIM, além de alterar a forma como os projetos são concebidos, altera vários os processos-chave de um empreendimento de construção. Logo, BIM surge como uma tentativa para melhorar consideravelmente a qualidade da informação presente em empreendimentos de construção, além de melhorar os mecanismos pelos quais a informação é compartilhada e comunicada aos integrantes de uma equipe.

A capacidade de troca de informações entre aplicativos, chamada de interoperabilidade, facilita o fluxo de trabalho e também pode facilitar a sua automação, visto que não é necessário realizar uma cópia dos

dados para inserir em outros aplicativos (EASTMAN et al., 2011). Os padrões de interoperabilidade mais utilizados pela indústria da construção são as Industry Foundation Classes (IFC).

Nível de desenvolvimento (LOD)

O nível de desenvolvimento (Level of Development – LOD) é uma referência que permite que os envolvidos na indústria da construção especifiquem e articulem, de forma clara, qual é o nível de confiabilidade e o conteúdo presente nos modelos BIM nas várias fases do processo de projeto e construção (BIMFORUM, 2016). Nesse sentido, a ASBEA (2015) salienta a importância de definir um LOD para cada componente, em cada uma destas fases, visto que dependendo do tipo de contrato, das características do empreendimento e do uso que será dado ao modelo BIM, há uma adequada quantidade de informação necessária.

O American Institute of Architects (AIA, 2013) define cinco níveis de desenvolvimento: 100, 200, 300, 400 e 500. Além destes, é acrescido o LOD 350 pelo BIMForum (2016). As definições destes níveis, proposto pela AIA e BimForum, são descritos a seguir:

a) LOD 100: os elementos do modelo são representados graficamente por meio de símbolos ou outra representação genérica. Neste nível, as informações derivadas de um elemento devem ser consideradas aproximadas.

b) LOD 200: os elementos do modelo são representados graficamente como um sistema, objeto ou conjunto genérico, com quantidades, tamanho, forma, local e orientação aproximados. Informações não gráficas também podem ser anexadas ao elemento. c) LOD 300: os elementos do modelo são representados graficamente como um sistema,

objeto ou conjunto específico, em termos de quantidade, tamanho, forma, localização e orientação.

d) LOD 350: os elementos do modelo são representados graficamente como um sistema, objeto ou conjunto específico em termos de quantidade, tamanho, forma, localização, orientação e interfaces com outros sistemas construtivos.

e) LOD 400: os elementos do modelo são representados graficamente como um sistema, objeto ou conjunto específico, preciso em termos de tamanho, forma, localização, quantidade e orientação com detalhamento, fabricação, montagem e informações de instalação.

f) LOD 500: os elementos do modelo são verificados in-loco e são precisos em termos de tamanho, forma, localização, quantidade e orientação. Como este nível refere-se à

verificação in-loco, não representa um progresso no aumento do nível de informação geométrica e não geométrica.

Especificação Progressiva do Modelo (MPS)

No que diz respeito à qual será o uso do modelo BIM, é importante planejar a evolução de modelagem de acordo com a necessidade dos usuários. Se o modelo for utilizado para coordenação (3D), planejamento (4D), ou orçamento (5D), o modelo deve corresponder às necessidades dos projetistas, orçamentistas e planejadores respectivamente (BROEKMAAT, 2013). Nesse sentido, a Especificação Progressiva do Modelo (Model Progress Specification – MPS) busca a coordenação da informação em termos do nível de desenvolvimento para identificar a necessidade de detalhamento gradual da geometria e demais informações dos elementos, requisitos para o orçamento e planejamento, a fim de atender cada estágio de desenvolvimento do projeto (BROEKMAAT, 2013). A especificação progressiva do modelo está diretamente relacionada à necessidade de puxar a informação de acordo com as necessidades dos usuários do modelo, de modo haja informações suficientes para a tomada de decisões ao longo do ciclo de vida do projeto.

Corroborando com as ideias acima, Bedrick (2008) afirma que, ao utilizar o conceito de LOD para definir e especificar os produtos de uma fase de desenvolvimento do projeto, devem ser definidos as especificações e parâmetros individuais de cada tipo de elemento para cada estágio, visto que cada um destes elementos pode ter ritmos de desenvolvimento diferentes. Este conceito contrasta com o processo tradicional de projeto, no qual todos os elementos são desenvolvidos e representados de forma homogênea (BOLPAGNI; CIRIBINI, 2016). Logo, não faria sentido solicitar um modelo BIM com um único LOD, mas especificar um LOD para cada um dos elementos (BOLPAGNI; CIRIBINI, 2016). Nesse sentido, Boton, Kubicki e Halin (2015) afirmam que, ao utilizar um modelo BIM para um processo construtivo pode-se necessitar refinamentos do modelo ao longo do empreendimento. A Figura 14 ilustra a ideia de Especificação Progressiva do Modelo, em termos de geometria, a qual mostra uma casa sendo progressivamente desenvolvida a fim de atender as necessidades elencadas pelos usuários.

Figura 14 – Modelagem progressiva de uma casa

Nesta ideia de adotar uma modelagem progressiva, é importante identificar quais são os parâmetros dos entregáveis que devem ser considerados e onde o LOD se enquadra a fim de gerir as diferentes fases de desenvolvimento do projeto (HOOPER, 2015). A Figura 15 apresenta e esquematiza o que são cada um destes parâmetros relevantes aos entregáveis e para o que eles servem.

Figura 15 – Parâmetros relacionados aos entregáveis

(Fonte: Hooper 2012 e Hooper, 2013)

3.2 USO DE MODELOS BIM 4D PARA PLANEJAMENTO E CONTROLE DA