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A busca ativa no Suas

No documento MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL SÃO PAULO 2014 (páginas 45-49)

1.4 A Vigilância Socioassistencial e o Caráter Preventivo no Suas

1.4.1 A busca ativa no Suas

A busca ativa é uma ação que possibilita o contato com a população e ganha força quando passa a ser pensada como caminho para a prevenção na Assistência Social. Sabe-se que a presença de profissionais nos territórios sempre foi usual na Assistência Social. Porém, a novidade está em trabalhar o conhecimento, a partir da relação entre territórios e demandas coletivas, transpondo o campo do atendimento individual.

A busca ativa deve ser orientada pela vigilância socioassistencial para que a rede tenha clareza de quem, onde e por que buscar, possibilitando o planejamento dos processos de trabalho nos territórios e a incorporação das demandas identificadas posteriormente.

Ao mesmo tempo que se inclui um indivíduo ou uma família é preciso ter presente quem e quantos não estão incluídos, portanto, excluídos pela ação do Estado dessa atenção. Caso não desenvolva tal capacidade ele não só deixa a desejar no exercício de sua responsabilidade, como deixa de garantir a isonomia própria da condição do reconhecimento do direito de cidadania (ARREGUI; KOGA, 2013, p.13).

À vigilância socioassistencial caberá o fornecimento prévio das informações para a organização da busca ativa, bem como analisar e devolver à rede socioassistencial as informações territoriais coletadas, uma vez que a utilização exclusiva de sistemas para a interpretação dos territórios limita a construção de pautas para a Assistência Social, já que os dados não trazem consigo a história dos sujeitos e das dinâmicas de vida

Para realizar a busca ativa, é preciso que a gestão municipal da Política de Assistência Social tenha acesso às informações territorializadas disponíveis e construa um fluxo para que o trabalho preventivo ocorra.

Se potencializados os cruzamento de informações territorializadas dos municípios e das do Cadúnico, tornam-se instrumentos de identificação sistemática das famílias que apresentam características de potenciais demandantes dos distintos serviços socioassistenciais, permitindo o planejamento e organização das ações concretas de promoção e proteção social, bem como a necessidade de articulação com as políticas setoriais (ARREGUI; KOGA, 201, p.54).

Nesse contexto, além do CadÚnico utilizado como identificador de demandas, há ainda as listagens que a vigilância socioassistencial deve produzir sobre famílias que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), participam do Programa Bolsa Família (PBF) e têm acesso a benefícios eventuais.

A busca por públicos específicos é uma das estratégias de busca ativa, mas não deve ser o único caminho, já que, quando se eleva a prevenção a um nível de dimensão material e relacional, não há como dizer que as vulnerabilidades a serem enfrentadas no campo da renda garantirão automaticamente vínculos fortalecidos.

Tradicionalmente, no campo da assistência social tem prevalecido o tratamento fragmentado e desconectado, tanto em relação aos beneficiários/usuários, bem como às respostas às suas demandas, gerando também informações desarticuladas, isoladas, caso a caso, família por família, convenio por convenio. Esta herança fragmentadora da gestão se coloca como um entrave na efetivação de uma função de Vigilância Socioassistencial, na perspectiva de um Sistema Único de Assistência Social (ARREGUI; KOGA, 2013, p.18).

A atenção para com as ações de busca ativa deve estar na definição do território como eixo central, sem limitar as práticas direcionadas às famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, tendo como um dos principais parâmetros a renda familiar, mesmo ao entender ser este um público fundamental para acompanhamento.

Identificar, nos territórios, as demandas somente, a partir das condições de pobreza pode obscurecer outras características, como o nível de participação, as relações vividas, as estratégias criadas. O que deve prevalecer é uma política pública que torne sem barreiras o acesso à população, sem esquecer os grupos prioritários para inserção nos serviços socioassistenciais, trabalho realizado nos Cras e Creas com o objetivo de garantir o direito e a proteção social.

A NOB-SUAS 2012 apresenta a vigilância socioassistencial como função responsável por fortalecer a prevenção através da busca ativa. A busca ativa tem o objetivo de ofertar serviços e benefícios socioassistenciais à população. Assim, o desafio é garantir a incorporação das demandas às ofertas do município.

Art. 88

§ 2o A Vigilância Socioassistencial deverá cumprir seus objetivos, fornecendo

informações estruturadas que: proporcionem o planejamento e a execução das ações de busca ativa que assegurem a oferta de serviços e benefícios às famílias e indivíduos mais vulneráveis, superando a atuação pautada exclusivamente pela demanda espontânea.

A vigilância socioassistencial tem o compromisso de garantir subsídios para a prevenção, na Política de Assistência Social, e orientar para a apropriação das informações produzidas na oferta da política. A busca ativa também precisa focar-se nas famílias que estão fora do alcance da política.

O conhecimento das vulnerabilidades sociais, das situações de desigualdades a partir dos territórios, tem por princípio a dimensão ética de incluir ‘os invisíveis’. A busca ativa tem por foco os potenciais usuários do Suas cuja demanda não é espontânea ou encaminhada por outras instâncias, bem como considera as informações estratégicas para a ação coletiva. Contribui também para a sensibilização da população do território para participação em ações, serviços e projetos ofertados pelo Cras e demais unidades da rede socioassistencial do seu território (BRASIL, 2009. p. 30).

Assim, compreende-se que a busca ativa deve estar na perspectiva do trabalho social, de forma a identificar os territórios e suas configurações, considerando as vulnerabilidades sociais e também as potencialidades do próprio território, dos atores sociais e das famílias que ali vivem.

A busca ativa, portanto, é uma estratégia que tem o objetivo de reconhecer as demandas territoriais. Conclui-se, assim, que o território é a categoria fundamental de análise para a prevenção, no Suas, bem como para o exercício da vigilância socioassistencial.

CAPÍTULO 2

CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE EMBU DAS ARTES/SP E

ITAPECERICA DA SERRA/SP

As características dos municípios pesquisados – Embu das Artes/SP e Itapecerica da Serra/SP –, aqui apresentadas, têm o fim de compreendê-los em suas particularidades e similaridades, incluindo informações demográficas, de trabalho e renda, educacionais, econômicas, as vulnerabilidades sociais e a configuração da Assistência Social nos municípios (Fig. 2).

Figura 2 – Mapa da Região Metropolitana de São Paulo com destaque para os municípios de Embu das Artes e Itapecerica da Serra

No documento MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL SÃO PAULO 2014 (páginas 45-49)