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Em Busca da Moça Certa (24.1-67)

No documento Comentário Bíblico Beacon - Gênesis (páginas 61-65)

ABRAÃO, O HOMEM QUE DEUS ESCOLHEU

Em 15.1, é indicada “A Fé de Abraão” 1) O registro da fidelidade: Depois destas

E, em seguida, a inevitável pergunta: Onde está o cordeiro para o holocausto? (7) Que esforço supremo de fé ao responder: Deus proverá para si o cordeiro para o

3. Em Busca da Moça Certa (24.1-67)

Como patriarca do clã, Abraão tinha a responsabilidade de providenciar uma noi­ va para Isaque. A história que narra esta busca é uma das narrativas mais bem escri­ tas e mais atraentes da vida de Abraão. O cenário é apresentado nos versículos 1 a 9.

Abraão Gênesis 24.1-25

Em seguida, temos a busca e seu sucesso (10-27), depois a cena de negociação (28-61) e, por último, o casamento (62-67).

De acordo com os costumes do seu tempo, e ainda vigentes nas famílias menos ocidentalizadas do Oriente Próximo, o idoso pai tinha um importante dever a fazer pelo filho.15 Abraão nunca ficou favoravelmente impressionado com o caráter moral dos povos no meio dos quais estava em Canaã. Seus pensamentos retrocederam à pátria onde seus parentes ainda viviam. Ele queria uma moça com formação religiosa seme­ lhante a de Isaque.

O texto não deixa claro se o servo, o mais velho da casa (2), era o Eliezer menci­ onado em 15.2, mas certos comentaristas percebem ser esta a situação.16 A importância que Abraão dava ao projeto de achar uma esposa pode ser medida pelo fato de exigir um voto solene do servo. A forma descrita era habitual no Oriente. A pedido de Abraão, o homem colocou a mão debaixo da coxa do seu senhor e recebeu instruções.17 A esposa de Isaque não devia ser dos cananeus (3), mas de sua parentela (4). Se a moça se recusas­ se a ir para Canaã, Isaque não deveria ser levado de volta para o norte, porque Deus deu a promessa de que a sem ente de Abraão (7) receberia esta terra. Abraão estava certo de que Deus providenciaria uma esposa enviando seu Anjo adiante da face do servo. Abraão dependia de Deus para cumprir o que prometeu. Se a moça se recusasse a ir, o servo estaria livre do juramento (8).

Os detalhes da preparação para a viagem e a própria viagem são passados por alto apenas com a menção de que dez camelos (10) compunham a caravana. Nesta época, havia a cidade de Naor, talvez em honra do avô de Abraão (11.22-26). O idoso servo escolheu um lugar junto a um poço de água (11) onde havia a possibilidade de mulhe­ res aparecerem.

A fé religiosa de Abraão exerceu nítida influência no servo que também era homem profundamente piedoso. Parado junto ao poço, imediatamente antes da hora em que as

moças saíam a tirar água, ele ergueu a voz em oração. Seu maior desejo era que a

escolha da esposa para Isaque não fosse decisão sua, mas que fosse escolha de Deus. Conhecendo suas próprias dificuldades em discernir a vontade de Deus, ele pediu que o

SENHOR, Deus (12), mostrasse sua vontade mediante uma série de acontecimentos.

Estes acontecimentos também serviriam a um propósito secundário, ou seja, revelar o caráter da moça. Tinha de ser uma jovem que mostrasse boa vontade pelo estranho, alguém que estivesse disposta a fazer a tarefa extra que denotava generosidade. Da parte de Deus, a série de acontecimentos mostraria a fidelidade às promessas do concer­ to. A palavra é traduzida por beneficência (12, chesed), mas tem o significado mais amplo de lealdade a promessas feitas e de misericórdia em tempos de dificuldades. A oração de Eliezer era de extrema confiança e de alta expectativa.

O servo estava no lugar certo, no momento certo, e submeteu suas necessidades a Deus.

Antes que ele acabasse de falar (15), a resposta à oração começou a se desenrolar diante

dos seus olhos. Rebeca, sobrinha de Abraão, apareceu junto ao poço. Ela satisfazia todas as exigências físicas e legais, mas não era o bastante; assim, o servo fez a pergunta-chave. Sem hesitação, ela lhe serviu água (18) e depois, espontaneamente, começou a tirar água (20) para os camelos. Boquiaberto, Eliezer viu seu pedido ser cumprido ao pé da letra.

Recompondo-se, o idoso homem deu um pendente de ouro (22) de grande peso e

Gênesis 24.26—25.4 Abraão

ela pertencia à linhagem de Abraão expressou muita alegria, de forma que sem se per­ turbar inclinou-se (26) e fez uma oração de louvor. O Deus do seu senhor confirmou as promessas, mostrando beneficência (27, chesed; também aparece nos w. 12,14) e ver­

dade (emet). As ações de Deus na vida dos que o seguem se correlacionavam com as

promessas feitas a eles. Mas havia outra razão para este resultado surpreendente. O servo comportou-se no caminho de modo obediente e totalmente aberto para ser guiado pelo SENHOR. A preocupação de Abraão por seu filho, a obediência completa do servo e a generosidade sincera da moça combinaram com a orientação do Senhor para ocasionar um pleno cumprimento de maravilhas da promessa divina.

As notícias sobre o estranho puseram a família de Rebeca em movimento. Labão

(29), um dos irmãos dela, correu ao encontro do homem junto à fonte (30), levou-o para

casa e deu comida aos camelos (32). Antes que o servo de Abraão se sentasse para

comer (33), ele insistiu que tinha de contar por que viera.

Contou uma história comovente sobre a riqueza de Abraão e tudo que seria passado para Isaque. Repetiu o teor do juramento ao qual seu senhor o fez jurar; e depois revisou os detalhes do incidente junto ao poço, inclusive a oração e a série de ações que coincidi­ ram com seu pedido a Deus. Por fim, o assunto foi colocado francamente diante da famí­ lia: Eles deixariam Rebeca voltar com ele para ser a esposa de Isaque? A principal dife­ rença entre as palavras finais do servo para a família e as palavras de sua oração junto

à fonte de água (13,27) é que as palavras beneficência (chesed) e verdade (emet) são

trocadas de Deus para a família (49). Até este ponto, Deus havia sido fiel às suas promes­ sas. Agora a família tomaria parte do pleno cumprimento da promessa dada com respei­ to a Isaque? Muito dependia da resposta que dessem, pois se recusassem, o cumprimento da promessa se frustraria.

A resposta foi positiva. Labão e Betuel (50) reconheceram os procedimentos do Senhor e puseram de lado sua própria autoridade humana. Esta era decisão de tamanha importância que o servo de Abraão inclinou-se à terra diante do SENHOR (52) nova­ mente. Depois deu ricos presentes a cada membro da família.

Pela manhã (54), o servo tinha notícias inesperadas para a família. Ele desejava

começar imediatamente a viagem de volta para Canaã. Sua missão estava completa e ele queria entregar a moça a Isaque o mais cedo possível. A família protestou dizendo que deveriam passar uns dias com a amada Rebeca antes da viagem, mas deixaram que ela decidisse por si. E se ela recusasse o pedido do servo? Mas não recusou. Deu uma resposta pronta: Irei (58). Assim uma série de decisões pessoais cruciais, cuja negativa poderia ter impedido a vontade de Deus, foi feita em obediência ao propósito divino, levando a aventura a um final feliz.

Com a bênção da família (60) soando nos ouvidos, Rebeca viajou para o sul com a caravana de camelos. Ao término da viagem, a corajosa moça teve o primeiro vislumbre do homem que ela escolheu inteiramente pela fé, e não ficou desapontada. Modestamen­ te, tomou ela o véu e cobriu-se (65). Um casamento sem namoro, mas com muita orientação do Senhor, foi consumado com amor e carinho.

4. Distribuindo Presentes (25.1-6)

Abraão ainda tomou outra esposa e esta união foi frutífera. Quetura (1) teve seis filhos (cf. 1 Cr 1.32,33) e destes vieram sete netos e três bisnetos. Isto completa a evidên­

Abraão Génesis 25.5-11

cia genealógica oferecida em Gênesis de que se cumpriu a promessa de Deus que Abraão seria o pai de muitas nações (17.4).

Abraão (5) ainda tinha responsabilidades com Isaque e com estes outros descen­

dentes. Como filho herdeiro, os principais direitos de Isaque deveriam ser salvaguarda­ dos, mas os direitos dos outros filhos também deveriam ser reconhecidos. A solução do patriarca foi dividir seus bens. Tudo o que tinha (ou seja, a porção principal) foi para Isaque, e porções menores, designadas presentes (6), foram para os outros filhos. Estes foram enviados para a terra oriental de Canaã, para que no futuro não houvesse dispu­ tas sobre direitos à Terra Prometida.

5. A Morte e Sepultamento de Abraão (25.7-11)

O período da vida de Abraão foi de cento e setenta e cinco anos. Silenciosamente, com um senso de realização, o patriarca foi congregado ao seu povo (8). Esta frase significa mais que morrer. Inclui a prática de colocar o corpo em uma sepultura com os restos mortais dos antepassados (cf. 25.17; 35.29; 49.29,33; Nm 20.24; 27.13).18 Pela ex­ pressão em si não está claro se a vida depois da morte faz parte do seu significado primá­ rio. Uma comparação entre Gênesis 15.15 e Hebreus 11.13-16, juntamente com as pala­ vras de Cristo em Mateus 22.31-33, não deixa dúvidas de que a vida após a morte estava inerente na expressão. A declaração não inclui o conceito de que o líder morto passou da condição humana para a condição divina — idéia comum às nações pagãs daquela época.

O corpo de Abraão foi posto cuidadosamente ao lado dos restos mortais de Sara, sua

mulher (10), e depois os dois filhos, Isaque e Ismael (9), voltaram às suas tarefas

cotidianas. Isaque (11) fixou residência junto ao poço Laai-Roi, onde Deus apareceu a Agar, mãe de Ismael (ver 16.14; 24.62). As bênçãos de Deus se concentraram em Isaque.

Diversas características destacam Abraão como homem extremamente incomum em seus dias. Ele obedeceu às instruções expressas de Deus (12.4; 15.10; 17.23; 21.14; 22.3), ainda que nas ocasiões em que as instruções não estavam devidamente claras, ele tenha hesitado (16.4; 17.17). Não há menção de ele ter adorado outro Deus (12.7,8; 13.4,18; 15.10,11; 17.3; 19.27; 20.17; 21.33). Ele respeitava e por vezes temia os homens de auto­ ridade nas terras que visitou (12.12,13; 14.17,18; 20.1-13). Era de espírito generoso e isento de ganância (13.8,9; 14.23; 17.18; 18.3-8; 21.14). Ele sabia perdoar e interceder pelos outros (18.22,23; 20.17; 21.25-31). Tinha amor firme por Deus (22.16), e sabia assu­ mir responsabilidade pelos outros (23.1,2,19; 24.1-9,67; 25.5,6). Acima de tudo, sabia crer em Deus quando não havia provas visíveis (15.6).

Com relação ao concerto, aprendemos pela vida de Abraão que Deus inicia o concer­ to (12.1; 13.17), protege o participante do concerto (12.17; 18.1), prende-se com promes­ sas (12.1-3,7; 13.14-17) e coloca o homem sob deveres a cumprir (17.1,9; 18.19).

A fé e a obediência na vida de Abraão determinaram a tônica no restante do Antigo e em todo o Novo Testamento.

S e ç ã o III

No documento Comentário Bíblico Beacon - Gênesis (páginas 61-65)