• Nenhum resultado encontrado

hl = (100m – 15m) – (95m – 18m) = 85m – 77m = 8m L 780m 780m 780m

De acordo com Heat (1982), o sentido do movimento da água subterrânea e o gradiente hidráulico, ambos, podem ser determinados se os seguintes dados estão disponíveis para três poços locados em um arranjo triangular qualquer, tal como mostrado na Figura 16.

1. A posição geográfica relativa dos poços; 2. A distância entre os poços;

3. A carga total de cada poço.

Os passos para a solução estão resumidos a seguir e ilustrados na Figura 16.

a. Identificar o poço que tem o nível de água intermediário (que é nem o mais alto nem o menor valor da carga hidráulica).

39 b. Calcular a posição, entre o poço tendo maior carga e o poço tendo a menor carga; na qual a carga é a mesma que no poço intermediário.

c. Desenhar uma linha reta entre o poço intermediário e o ponto identificado no passo b como sendo o que apresenta entre a maior carga e o tendo a menor carga. Esta linha representa um segmento da linha de nível de água em que a carga total é a mesma que no poço intermediário.

d. Desenhar uma linha perpendicular à curva de nível da água determinada acima e passando ou pelo poço com maior carga, ou pelo com menor carga. Esta linha é paralela à direção do movimento da água subterrânea.

e. Dividir a diferença entre a carga do poço e aquela da curva de nível da água, pela distância entre o poço e a curva de nível. A resposta é o gradiente hidráulico.

Figura 16. Calculando o sentido do fluxo da água subterrânea e o gradiente hidráulico.

Fonte. Heat, (1982).

2.8 O mapeamento geotécnico como ferramenta da Geologia Ambiental

O termo cartografia, aplicado num sentido mais amplo, como no contexto da Geografia, é definido como o estudo ou todas as preocupações voltadas para a elaboração de um mapa (SANCHEZ, 1973). Ainda para Sanchez (1981), a cartografia pode ser definida como:

40

“A ciência que se preocupa com os estudos e as operações científicas, artísticas e técnicas resultantes de observações e medidas diretas ou explorações de documentações visando a obtenção de dados e informações para a elaboração de representações gráficas tipo: plantas, cartas, mapas, gráficos, diagramas e outras formas de expressão, bem como, de sua utilização”.

Zuquette (2004) e Aguiar (1994) diferenciam mapas geotécnicos de plantas e cartas geotécnicas, cujas características principais são apresentadas, respectivamente, nos quadros 3 e 4. Tais autores explicam que um mapa (elaborado em escala pequena) ou uma planta (elaborada em escala grande) geotécnica correspondem ao registro cartográfico (ou espacialização) de determinadas características ou atributos do meio físico geológico. Assim, uma planta é, na verdade, um mapa de detalhe. Com base nestes conceitos, teoricamente, os conteúdos de mapas e plantas geotécnicos independem de quem os elabora.

Quadro 3. Conceitos de mapa, planta e carta geotécnicos

TERMO CONCEITO

Mapa Geotécnico Representação dos atributos geotécnico levantados, sem realização de análise

interpretativa e sempre em escalas inferiores a 1:10.000.

Planta Geotécnica Representação gráfica realizada em escalas grandes, maiores que 1:10.000,

normalmente voltada para locais onde serão executadas obras específicas.

Carta Geotécnica

Representação dos resultados da interpretação dos atributos que estão em um mapa. Ex.: carta clinométrica obtida a partir do mapa topográfico, carta de escavabilidade, ect.

Fonte. Zuquete (2004).

Quadro 4. Definições de termos empregados em mapeamento geotécnico

TERMO DEFINIÇÃO

Mapa Representação gráfica dos atributos do meio físico em determinada escala,

sem análise interpretativa.

Carta Diferencia-se do anterior por incluir análise interpretativa, destinada a fins

práticos da atividade humana.

Atributo Característica qualitativa ou quantitativa, que indica o componente de um

sistema observado.

Mapeamento Geotécnico

Conjunto de processos sistemáticos de investigação dos atributos,

imprescindíveis ao estabelecimento de unidades geotécnicas e passíveis de representação em documentos cartográficos.

Cartografia Geotécnica

Distinta do mapeamento geotécnico por apenas estabelecer as unidades geotécnicas, com bases em levantamentos executados anteriormente, sem etapa de investigação.

41 Segundo Nakazawa et al. (1991), as cartas e/ou mapas geotécnicos correspondem à apresentação da dinâmica dos processos geológicos, bem como das características do meio físico, delimitando e homogeneizando áreas com problemas manifestos e potenciais.

Zuquette (1993) considera que a elaboração das cartas e/ou mapas geotécnicos corresponde a um processo que busca avaliar e retratar as características dos componentes do meio físico, e os comportamentos frente aos diferentes tipos de ocupação, contemplando o meio físico como um todo, avaliando suas limitações e seus potenciais.

Nakazawa et al. (1991) e Prandini et al. (1995) expõem que a cartografia geotécnica pode ser apresentada com diferentes designações, conforme a finalidade e a própria natureza do terreno. Desta forma, definem quatro tipos principais de cartas geotécnicas e seus respectivos conceitos (Quadro 5).

Quadro 5. Tipos de cartas geotécnicas e seus conceitos

TIPO CONCEITO

Cartas geotécnicas (propriamente ditas)

Expõem as limitações e potencialidades dos terrenos, estabelecendo as diretrizes de ocupação frente às formas de uso do solo.

Cartas de riscos geológicos

Prepondera a avaliação de dano potencial à ocupação, frente a uma ou mais formas de uso.

Cartas de suscetibilidade

Informam sobre a possibilidade de ocorrência de um ou mais fenômenos geológicos e de comportamentos indesejáveis.

Cartas de atributos ou parâmetros

Apresentam informações geográficas de interesse ao uso e ocupação do solo. Fonte. Nakazawa et al. (1991) e Prandini et al. (1995).

No âmbito nacional, a proposição metodológica de Zuquette (1987 e 1993) tem sido largamente utilizada. Tal metodologia se caracteriza pela elaboração de mapas geotécnicos, definindo um número mínimo de observações de campo, conforme a finalidade e a escala do trabalho (Tabela 4).

Com relação à obtenção dos atributos, Zuquette (1987 e 1993) atenta para as seguintes observações:

• qualitativas: dados de superfície, subsuperfície (poços e galerias); • quantitativas: análise de campo, sondagens e ensaios geotécnicos; • amostragem;

• áreas chaves; • extrapolação e • interpolação.

42 Tabela 4. Número de observações qualitativas e quantitativas em campo, em função da

escala.