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2.2 ASPECTOS FISCAIS RELACIONADOS ÀS OPERAÇÕES DE COMÉRCIO

2.3.1 Câmbio

O mercado cambial no Brasil é regulamentado atualmente pela Circular n° 3.691, de 16 de dezembro de 2013 do Banco Central do Brasil. A circular dispõe sobre as normas e os procedimentos relativos ao mercado de câmbio, englobando as operações de compra e venda de moeda estrangeira e ouro-instrumento cambial. A norma determina que as operações do mercado de câmbio devem ser realizadas exclusivamente por meio de instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil para execução dessa atividade.

Além do Banco Central, a Câmara de Comércio Internacional também edita regras para as operações de câmbio. De acordo com Vieira (2005), as inúmeras normas determinadas e constantemente editadas pelo Banco Central e as regras internacionais fixadas pela Câmara de Comércio Internacional e tratados internacionais acabam tornando as operações de câmbio um mercado complexo e dinâmico.

Como se sabe, o mercado de câmbio é um mercado dinâmico que envolve a negociação de moedas estrangeiras, muito dependente das políticas financeiras, fiscais, monetária, cambial e do comércio exterior. Neste mercado realizam-se as operações de câmbio entre os intervenientes autorizados pelo Banco Central do Brasil e entre estes e seus clientes. (VIEIRA, 2005, p. 29)

O Banco Central do Brasil é o principal órgão controlador do câmbio no país, mas além deste outras instituições como Conselho Monetário Nacional, Secretaria de Comércio Exterior, Secretaria da Receita Federal, Banco do Brasil, Ministério das Relações Exteriores e Comitê Brasileiro de Nomenclatura também atuam como reguladores do câmbio e do comércio exterior no Brasil (SIMÕES; PELLEGRINO; CAPACLE, 2006).

Simões, Pellegrino e Capacle (2006, p. 148) ressaltam que:

No Brasil, a única moeda permitida para circulação no mercado interno é o real. Assim, todo exportador deve vender as moedas estrangeiras, adquiridas por meio de pagamento de sua exportação pelo real, para poder utilizá-las no mercado nacional

O inverso ocorre para as importações, visto que o pagamento dessas operações não pode ser feito em real, os importadores brasileiros devem adquirir moeda estrangeira.

Dessa forma,o mercado de câmbio é parte fundamental do comércio exterior e funciona através de intervenientes, cada um tendo atribuições específicas a desempenhar garantindo o eficiente e correto funcionamento do mercado. De acordo com Vieira (2005) os principais intervenientes no mercado de câmbio são o Banco Central do Brasil, bancos autorizados a operar em câmbio, empresas que atuam no mercado internacional e corretores de câmbio, sendo que este último não é um interveniente obrigatório, mas muitas empresas optam por realizar suas transações

através de corretores devido à qualidade e a rapidez dos serviços prestados por estes profissionais.

Vazquez (2004, p. 253) define câmbio como “uma operação financeira que consiste em vender, trocar ou comprar valores em moedas de outros países ou papéis que representem moedas de outros países. É a troca de moeda de um país pela de outro.” A taxa de câmbio é a relação entre a moeda estrangeira e a moeda nacional.

A compra e venda de moeda estrangeira pode ser realizada por pessoas físicas ou jurídicas. Nesse sentido, Simões, Pellegrino e Capacle (2006) explicam que a natureza das operações de câmbio é determinada dependendo da necessidade que motiva a operação, podendo ser classificadas em operações comerciais ou financeiras. Vazquez (2004, p. 255) define a natureza das operações de câmbio da seguinte forma:

Comerciais: são as operações relacionadas com o comércio exterior, como: importação, exportação, frete, seguro, comissão de agente.

Financeiras: são as operações relacionadas com o ingresso e a saída de capitais (sob a forma de empréstimos ou investimentos diretos); pagamento de assistência técnica; pagamento de direitos autorais; royalties; juros; dividendos; lucros.

O art. 13 da Circular BACEN n° 3.691 de 2013 esclarece que a taxa de câmbio é livremente pactuada entre os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio ou entre estes e seus clientes. Existem dois tipos de taxa de câmbio: taxa de venda e taxa de compra. “A taxa de venda de câmbio é aquela pela qual a moeda estrangeira é vendida e a taxa de compra de câmbio consiste no valor para aquisição” (SIMÕES; PELLEGRINO; CAPACLE, 2006, p. 148).

No Brasil as operações de câmbio são formalizadas por meio de contrato de câmbio. O art. 40 da Circular BACEN n° 3.691, de 2013 define contrato de câmbio como “o instrumento específico firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio”. Em seguida o art. 41 da mesma Circular determina que o contrato de câmbio deve seguir o modelo disposto no anexo I da Circular, sendo obrigatório o registro dos seus dados no Sistema Câmbio na mesma data da celebração do referido contrato. Vazquez (2004, p. 269) enumera os seguintes tipos de contratos de câmbio:

Modelo 01 – Exportação; Modelo 02 – Importação;

Modelo 03 – Transferência financeira do exterior; Modelo 04 – Transferência financeira para o exterior;

Modelos: 05 (Compra) e 06 (Venda) – Operações interbancárias, interdepartamentais, arbitragens e com o Banco Central;

Modelos 07 (Compra) e 08 (Venda): alterações de contrato de câmbio; Modelos 09 (Compra) e 10 (Venda): cancelamentos.

Alterações, prorrogações e cancelamentos dos contratos de câmbio podem ser realizados, no entanto estas ações precisam estar rigorosamente de acordo com os prazos e normas legais estabelecidas. A operação cambial é finalizada quando ocorre a liquidação do contrato de câmbio através da efetiva entrega do valor da operação em moeda nacional e moeda estrangeira, objetos da contratação da operação (SIMÕES; PELLEGRINO; CAPACLE, 2006).

Outro ponto de extrema relevância para empresas que atuam no comércio internacional é a variação cambial. De acordo com Leite e Silva (2009, p. 14):

Nas operações de comércio exterior o que determina a variação cambial é o fato das operações de câmbio ser efetivadas em momentos distintos da realização das operações comerciais pertinentes, sendo assim as taxas praticadas no momento de pagamentos ou recebimentos relativos a operações internacionais, não são as mesmas taxas utilizadas na emissão dos documentos fiscais e contábeis que amparam estas operações. Esta variação pode ser positiva ou negativa, mas as empresas precisam ter uma política de tratamento destes resultados.

Dessa forma ressalta-se a importância de uma análise do melhor momento para realizar a liquidação do contrato de câmbio, de acordo com os interesses da empresa, levando-se em consideração a posição que ocupa na operação, sendo de importador ou exportador.

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