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CAPÍTULO III – CASO DE ESTUDO

3.5 HIDROGEOLOGIA

3.5.1 C ARACTERIZAÇÃO DA LITO ESTRATIGRAFIA

Geologicamente são distinguíveis na região oriental do estado da Paraíba dois grandes complexos litológicos que são (Costa, 2006):

 Rochas cristalinas pré-cambrianas;

 Rochas sedimentares da Bacia Paraíba-Pernambuco cretáceas com coberturas cenozóicas.

As rochas cristalinas servem de substrato ao pacote sedimentar da Bacia Paraíba-Pernambuco e afloram além do seu limite leste nos municípios de Jacaraú, Mamanguape e Pedras de Fogo. A sequência lito-estratigráfica da área é apresentada no quadro a seguir:

Quadro 3 – Coluna lito-estratigráfica.

Idade Formação Constituição

Quaternário Coberturas Aluvião: areais, siltes e argilas. Dunas e areias de praia Terciário

Plioceno Barreiras Areias, siltes e argilas de cores variadas. Eoceno

Paleoceno Maria Farinha Calcários clásticos cremes e compactos.

Cretáceo

Maestrichitiano Gramame Calcários cinza, calcarenosos na base. Campaniano

Beberibe

Arenitos grossos a finos, com intercalações argilosas ou conglomeráticas, calcíferas no topo.

Santoniano

Pré-Cambriano Gnaisses, quartzitos, migmatitos e granitos.

Observação: a formação Maria Farinha não ocorre no estado da Paraíba. Fonte: Costa (2006).

A seguir serão descritas as características das formações lito-estratigráficas que compõem a Bacia Sedimentar Costeira Paraíba-Pernambuco.

3.5.1.1 Formação Beberibe/Itamaracá

De acordo com Costa et al. (2007), trata-se de uma sequência que se inicia com arenitos continentais, quartzozos, com uma espessura que pode atingir, em território paraibano, até 100 m, com média de 50 m, em geral, sem fósseis. São arenitos médios, finos e grossos, cinzentos, cremes, vermelhos e roxos, mal selecionados, apresentando grãos subangulosos a subarredondados, com

componente argiloso. Na base da formação podem ocorrer leitos conglomeráticos e intercalações de níveis argilosos, sendo comum a presença de cimento altamente ferruginoso, formando “anéis de Liesengang”, resultante da migração deste cátion, abundante na crosta ferruginosa subjacente.

Repousa sobre o embasamento cristalino de rochas metamórficas e ígneas, datado do Pré- Cambriano. Este substrato é, em grande parte, coberto pela referida crosta ferruginosa, relativamente espessa, aflorante nas partes oeste e sul da bacia sedimentar. Esta é a parcela da formação denominada Beberibe Inferior ou, simplesmente, Beberibe, que tem suas melhores exposições localizadas no interior da Bacia Hidrográfica do rio Gramame, constituindo, inclusive, a sua superfície topográfica. Esta superfície se acha retrabalhada, e lixiviada, formando solos francamente arenosos, de cor muito branca (Costa et al., 2007).

Em subsuperfície, observa-se uma passagem lateral, caracterizada por interdigitação e, menos frequentemente, por gradação, para um arenito mais duro, de granulometria e cores variadas, com cimento carbonático e fragmentos de organismos não reconhecíveis, apresentando, ainda, intercalações de folhelhos e siltitos calcíferos, representando uma fácies litorânea-marinha rasa, episodicamente passando a ambiente lagunar, denominada de Beberibe Superior ou, simplesmente, Itamaracá. O limite superior da formação se faz com a Formação Gramame ou, mesmo, com os sedimentos da Formação Barreiras no quadrante noroeste da bacia (Costa et al., 2007).

3.5.1.2 Formação Gramame

Segundo Costa et al. (2007), a Formação Gramame compreende um pacote sedimentar com até 102 m de espessura, com média de 50 m, formado por calcários argilosos cinzentos de fácies marinha plena, com algumas intercalações finas de argila, geralmente bioturbadas, e camadas de margas e argilas mais puras. Esta formação mostra um caráter transgressivo sobre os arenitos Beberibe e, no topo, passa sem interrupção para os calcários da Formação Maria Farinha (área pernambucana) e para os sedimentos Cenozóicos da Formação Barreiras e, na orla marítima paraibana, para os depósitos flúvio-marítimos constituintes das planícies costeiras.

Os estudos geofísicos realizados por Costa et al. (2007) revelaram que esta formação restringe-se a uma faixa mais próxima do litoral paraibano, particularmente no bloco estrutural aqui denominado João Pessoa-Pitimbu. É neste bloco onde ocorrem as maiores espessuras da Formação Gramame.

3.5.1.3 Formação Barreiras

De acordo com Costa et al. (2007), esta formação ocorre constituindo um capeamento detrítico, depositado, indistintamente, sobre as formações Beberibe (superior ou inferior) e Gramame e, até, sobre o Cristalino. O embasamento deste pacote sedimentar é, portanto, uma superfície de erosão, esculpida sobre os sedimentos do Grupo Paraíba e sobre o Cristalino, elevado topograficamente, por falhas de gravidade, em blocos com rejeitos diferenciados.

Trata-se de uma sequência de areias, siltes e argilas, repetida irregularmente na dimensão vertical, com predominância ora da litologia arenosa, ora da siltosa, ora da argilosa, apresentando granulometrias e cores variadas. O topo da sequência encontra-se intemperizado, formando solos areno-argilosos espessos, onde viceja a vegetação de grande porte da Mata Atlântica (Costa et al., 2007).

A espessura da Formação Barreiras, na área paraibana da Bacia Sedimentar Costeira Paraíba- Pernambuco, a julgar pelos registros de perfuração de poços e pelos levantamentos geofísicos, varia bastante, de um mínimo de 9 m (vale do Grotão) a um máximo de 110 m na sede da cidade de Caaporã. A espessura média obtida em perfis de 68 poços com informações dimensionais foi de 42 m (Costa et al., 2007).

Na Figura 32 a seguir, pode-se visualizar um corte esquemático típico da área de estudo, mostrando as formações Barreiras, Gramame e Beberibe, anteriormente caracterizadas.

W E R io Pa ra ib a G re e n v ill e Sa la m a rg o M a ré s B u ra q u in o B e ira R io Grupo Barreiras F. Gramame

F. Beberibe Escala horizontal = 1/100.00

Upen Escala vertical = 1/10.000

TAM W E R io Pa ra ib a G re e n v ill e Sa la m a rg o M a ré s B u ra q u in o B e ira R io Grupo Barreiras F. Gramame

F. Beberibe Escala horizontal = 1/100.00

Upen Escala vertical = 1/10.000

TAM

Figura 32 – Corte esquemático típico apresentando a lito-estratigrafia da área de estudo. Fonte: Albuquerque, 2008a.

3.5.2 AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE, RESERVAS E DISPONIBILIDADES DE ÁGUAS