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C LASSIFICAÇÃO DAS C OOPERATIVAS

No documento Marketing Agroalimentar Manual (páginas 78-81)

AGRÁRIAS

Em geral, as cooperativas agrárias realizam determinadas funções do  processo produtivo da empresa agrária associada, a qual pode corresponder 

a qualquer escalão do sistema agro-alimentar. Por isso, e tendo em conside- ração diversos autores, podemos estabelecer uma classificação funcional a  partir da natureza da relação económica que mantém com os seus coopera- dores. Se consideramos o processo produtivo, formado pelas fases de apro- visionamento, transformação e venda dos produtos, teremos três tipos de cooperativas agrárias: as de fornecimento de factores de produção e servi- ços (incluindo as de crédito agrícola), as de produção ou exploração em comum e as de transformação e comercialização (Arcas Lario, 1999).

COOPERATIVAS DE FORNECIMENTO DE FACTORES DE PRODUÇÃO

E SERVIÇOS

E

ste tipo de cooperativismo, em sentido estrito, têm como objectivo proporcio- nar aos seus cooperadores os factores de produção (adubos, sementes, maquinaria, etc.) em condições mais vantajosas que as do mercado, devido à concentração da

procura e à eliminação de intermediários. Em sentido mais lato, também podemos incluir dentro deste grupo as cooperativas que proporcionam recursos financeiros aos cooperadores, como é o caso do crédito agrícola.

COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO

A

s cooperativas de produção coincidem com as chamadas cooperativas de ex- ploração em comum. Têm como objectivo a redução dos custos de produção medi- ante o desenvolvimento em comum da actividade agrária por parte dos coope- radores. Têm a particularidade, relativa- mente às restantes cooperativas agrárias, de integrarem as explorações dos sócios

no processo de produção, o que faz com que desapareçam as empresas agrícolas de base.

A legislação portuguesa não faz uma dis- tinção tão clara entre estes dois conceitos de cooperativismo ao nível da produção e faz um enquadramento genérico através de uma redacção única com a designação de cooperativas de produção.

COOPERATIVAS DE COMERCIALIZAÇÃO

T

êm como finalidade melhorar as condi- ções de venda dos produtos agro-pe- cuários dos cooperadores, mediante um processo de comercialização que vai des- de a simples concentração da produção até à transformação física, mediante pro- cessos de industrialização, como é o caso

das adegas cooperativas.

Na prática, as cooperativas agrárias de- senvolvem várias actividades, pelo que ra- ramente existem na sua concepção pura. Para desenvolverem as suas diferentes funções, é frequente adoptarem uma or- ganização por secções.

As empresas agrárias podem encontrar nas cooperativas grandes

oportunidades de colaboração na área da gestão de marketing como sejam a investigação de mercados, desenvolvimento de novos produtos, desenvol- vimento de marcas, acções de promoção distribuição e venda de produtos.

!

Os objectivos destas acções também podem ser muito diversos, desta- cando-se os relacionados com o acesso a novos mercados, a apresentação de uma oferta mais atractiva, a expansão da procura, a capacidade de parti- lhar recursos ou o facto de poderem beneficiar de economias de escala.

Segundo Vicente Caballer (1992), as cooperativas de comercialização exercem as seguintes acções sobre os resultados da empresa agrária:

Concentração da oferta – o efeito mais imediato na comercialização agrária do sistema cooperativo é a rotura com os mercados de origem, carac- terizados por um elevado número de produtores, nos quais, a oferta muito dispersa se confronta com uma procura organizada e concentrada em pou- cas empresas, isto é, actuando segundo uma organização típica de oligopólio.

A redução do número de produtores e a consequente concentração da oferta e sua organização, como resultado da integração dos agricultores em cooperativas ou outras formas de associativismo agrário, permite variar a correlação de forças de mercado, provocando um efeito imediato sobre os  preços que será tanto mais importante quanto maior for o grau de concentra-

ção da oferta conseguido pela organização.

Participação dos sócios no valor acrescentado – tal como o efeito da concentração da oferta, a participação dos agricultores no valor acrescenta- do dos possíveis processos de transformação comercial dos produtos agrá- rios, foi repetidamente citado como um dos principais efeitos positivos do cooperativismo agrário e do associativismo em geral. Com efeito, cada vez é maior o valor acrescentado ao produto básico desde que se colhe até que chega ao consumidor e, se é uma cooperativa a encarregar-se de todas estas fases, gerida com idêntica eficácia à das restantes empresas do sector, ge- rar-se-ão benefícios análogos ou superiores a estas que, directamente, via excedentes e retornos cooperativos ou indirectamente, via preços ou capita- lização, repercutirão a favor dos cooperadores ou sócios.

É evidente que quanto maior for a integração da cooperativa no canal de comercialização, isto é, quanto maior for o número de funções a assumir pela cooperativa, desde a colheita até ao consumidor final, maior será o valor  acrescentado gerado. Contudo, só se traduzirá numa melhor liquidação para o cooperador se o valor acrescentado se realizar com uma eficácia de gestão análoga a das empresas que actuam no mesmo mercado.

Diminuição do risco no processo comercial – a existência de uma cooperativa, supõe uma diminuição do risco para o agricultor nas transac- ções comerciais que realiza, dado que a entrega da sua colheita à coopera- tiva, empresa na qual participa, proporciona-lhe uma maior segurança na venda e posterior cobrança. A cooperativa de comercialização tem como objectivo maximizar os lucros dos seus cooperadores, e para que tal aconte- ça, terá que maximizar as vendas, apesar de ter a obrigação de aceitar toda a produção associada na altura da colheita, independentemente das expec- tativas de lucro criadas, o que não acontece com as empresas do sector, dado que o aprovisionamento não é feito na altura da colheita mas sim du- rante a campanha de comercialização o que lhes permite ajustar o nível de compra à situação real de mercado.

O mesmo pode acontecer com a segurança das cobranças porque a coo-  perativa, geralmente adopta estratégias mais eficientes que as dos produto-

res isolados e, por outro lado, tem a capacidade de absorver o risco utilizando as mobilizações das reservas, para garantir qualquer perda ocasional.

Intervenção normativa no mercado – a cooperativa de comerciali- zação é um poderoso instrumento de política agrária na intervenção e regu-

lação do mercado, tanto no que diz respeito ao efeito de concentração da oferta, como no que respeita à maior flexibilidade de actuação nos diferen- tes mercados comparativamente à actuação individual e não organizada dos produtores. É o caso dos Agrupamentos de Produtores no âmbito da Política Agrícola Comum.

No documento Marketing Agroalimentar Manual (páginas 78-81)

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