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Lista de abreviaturas

6 C ONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A Suldouro tem a responsabilidade de procurar atingir um conjunto de metas relativas à gestão de resíduos urbanos fixada no âmbito do PERSU2020. Este trabalho procurou contribuir para que a Suldouro possa definir de uma forma sustentável objetivos para a gestão de resíduos urbanos no âmbito do contrato de concessão que dispõe.

6.1

C

ONCLUSÕES

Tendo em conta os resultados obtidos do projeto de recolha seletiva porta a porta (PaP), é possível concluir que foi bem-sucedido, apresentando de um modo geral um incremento das quantidades recolhidas face ao processo de deposição comum em ecopontos. Por outro lado, é necessário ter em conta que a quantidade recolhida através do método de deposição comum de ecopontos, em 2015, para a área intervencionada do projeto piloto pode conter algumas contribuições externas das áreas vizinhas, o que leva a incrementos piores aquando a substituição para o método PaP.

De modo geral, o projeto piloto demonstrou que os resultados mais positivos são ao nível as moradias comparativamente aos prédios, e que o município de Santa Maria da Feira apresentou incrementos mais significativos que Vila Nova de Gaia. Dentro dos fluxos, o material vidro é o que apresentou o pior desempenho em todas as áreas, enquanto que o papel/cartão foi o fluxo que apresentou maior quantidade recolhida e maior incremento percentual.

Foram utilizados diversos indicadores sociais, técnicos, económicos e operacionais de modo a avaliar o desempenho deste novo processo de recolha seletiva PaP em comparação com o processo corrente de recolha seletiva por deposição comum em ecopontos, utilizado nas restantes áreas dos municípios. Contudo, é necessário ter em consideração que as escalas de operações dos dois processos são muito diferentes e que o projeto PaP tinha como objetivo estudar as condicionantes sociais enfrentadas num projeto neste tipo, embora tenha sido usado para obter e comparar alguns indicadores técnico-operacionais, tendo em vista o alargamento do projeto PaP.

Através de metodologia de cálculo apresentados anteriormente, pode concluir-se que as frequências de recolha atuais dos contentores inseridos no projeto porta-a-porta são muito elevadas face à taxa de enchimento observada e à quantidade de resíduos

gasto, às horas de trabalho e quilómetros percorridos em cada recolha e transporte, originando custos acrescidos ao projeto.

Em termos económicos, o projeto piloto acarretou custos mais elevados que o método da recolha seletiva em ecopontos, mesmo recolhendo mais quantidades de resíduos separadamente.

Embora as quantidades separadas por habitante tenham sido superiores no sistema porta-a-porta, estes resultados ficaram aquém dos valores obtidos com o mesmo método de recolha seletiva porta-a-porta adotada por outros municípios, tal como Lisboa, Maia e ilha das Flores, situada nos Açores. Este facto pode ser explicado por o método em questão apenas ser um projeto piloto, onde as condições operacionais e técnicas do mesmo foram propositadamente exageradas, pelo que não são compatíveis com a fase de alargamento.

No que toca às metas definidas no âmbito do PERSU2020, pode concluir-se que mesmo com a fase de alargamento do projeto de recolha seletiva porta-a-porta para cerca de um terço da população global, a Suldouro apenas conseguiria atingir as metas propostas para o ano de 2018. Desta forma, a criação de três cenários ajudou na compreensão de algumas medidas que podem ser tomadas para o cumprimento das metas para o ano de 2020, nomeadamente, o aumento do número de habitantes abrangidos pelo projeto porta-a-porta e/ou o aumento das capitações.

A implementação deste tipo de sistemas de recolha PaP envolve uma maior proximidade com os habitantes abrangidos, principalmente para as áreas com maior densidade populacional, existindo já, a nível nacional, casos de sistemas que mostram a melhoria e viabilidade a nível económico deste processo de recolha seletiva.

Os resultados obtidos com este projeto de recolha seletiva porta-a-porta mostram a necessidade de alterar os procedimentos dos cidadãos em matéria relacionada com a gestão dos resíduos, em particular dos resíduos valorizáveis, fazendo com que estes compreendam que é preciso pôr de lado o conceito linear de uso de recursos e matérias- primas baseado usar e deitar-fora, por um conceito circular, onde os resíduos produzidos são reconhecidos como recursos, contribuindo para a diminuição, reutilização e reciclagem dos mesmos.

O modelo de deposição comum através da rede de ecopontos distribuída pelos municípios demonstrou-se incapaz de produzir separadamente a quantidade de resíduos que é necessária face ao cumprimento das metas, sendo por isso necessário mobilizar as

verbas para investir na recolha seletiva realizada porta-a-porta, garantindo ainda que os ecopontos existentes estejam alocados segundo o índice de proximidade determinado.

6.2

S

UGESTÕES

/R

ECOMENDAÇÕES

Depois da realização deste trabalho, cumpre deixar algumas notas de recomendação e de comentário.

O estágio realizado na empresa Suldouro, que ocorreu presencialmente do mês de fevereiro até junho, de 2017, possibilitou o acesso aos dados utilizados, bem como execução de alguns exercícios em campo. Contudo, o período temporal de estágio é muito curto comparativamente à duração global do projeto porta-a-porta, tendo apenas considerando o projeto piloto do mesmo, e não a fase de alargamento.

Não sendo objeto deste estudo, poder-se.ia acrescentar que o modelo de gestão dos resíduos indiferenciados em vigor para a área de atuação da Suldouro também não ajuda em relação aos objetivos propostos pelo PERSU 2020. Aliás o próprio PERSU 2020 não enfatiza o potencial que os biorresíduos poderiam apresentar para as metas de valorização caso fossem geridos seletivamente. De facto, com a exceção da recolha, a Suldouro tem todas as condições técnicas para poder gerir de uma forma muito mais eficaz os biorresíduos que ocorrem nos resíduos urbanos, pelo que poderia assim produzir um composto de muito melhor qualidade, obtendo simultaneamente uma maior quantidade de materiais para valorização material em sede de tratamento mecânico de resíduos indiferenciados.

Deixa-se ainda os seguintes comentários:

- Promover a separação de resíduos de origem orgânica, sobretudo ao nível dos produtores não domésticos como restaurantes, padarias, cafés e, até, indústrias com cantinas, sendo estes os principais responsáveis pela produção de resíduos urbanos biodegradáveis.

- Implementar a recolha seletiva de resíduos verdes provenientes de igrejas e cemitérios. É sabido que esses lugares, devido às atividades lá praticadas, produzem uma quantidade elevada de resíduos orgânicos. A recolha seletiva deste tipo de resíduos iria não só melhorar a eficiência dos processos que ocorrem dentro da empresa a nível da valorização orgânica, como também iria auxiliar no cumprimento das metas PERSU II, no que toca à deposição de RUB nos aterros, uma vez que iria aumentar a fração orgânica

- Digitalizar os calendários de recolha, em vez de serem impressos e fornecidos a cada habitação que está compreendida no projeto, e colocar os mesmos na página oficial da empresa, na subsecção do projeto em causa. A área e habitantes abrangidos pelo projeto piloto são muito reduzidos, mas quando este for alargado para cerca de um terço da população dos dois municípios, a impressão de todos os calendários será um fator muito dispendioso no orçamento global do projeto.

- Incentivar a prática da compostagem doméstica. Esta é um projeto que está a ser gerido pelas câmaras municipais, sendo acompanhado pela Suldouro que fornece os compostores. Dado que o projeto da recolha seletiva porta-a-porta irá ser alargado tendo em conta as residências que são moradias, e grande parte deste tipo de habitações tem espaço suficiente para ter um compostor doméstico, esta medida pode contribuir bastante para a redução da fração orgânica enviada para aterro.

- Os sites oficiais das duas câmaras municipais não mencionam o novo projeto que está a ser desenvolvido pela Suldouro no âmbito da recolha seletiva porta-a-porta. No caso deste tipo de projetos a divulgação e comunicação do mesmo são fatores cruciais para o desenvolvimento e aprendizagem ambiental das populações. Dito isto, os sites deveriam divulgar o projeto, explicando em que consiste o mesmo e que zonas seriam selecionadas como áreas piloto, e, mais tarde, as áreas que seriam incluídas no alargamento, tendo também em consideração uma explicação lógica, plausível e explícita para o fato de o projeto não abranger os dois municípios na sua totalidade e porque é que as zonas escolhidas para o alargamento foram aquelas especificas e não outras diferentes.

- Alterar a frequência de recolha dos contentores que estão inseridos no programa da recolha seletiva porta-a-porta da área piloto, tendo também em atenção a frequência com que serão recolhidos os resíduos nas áreas de alargamento do projeto.

- Utilizar uma base de dados e um sistema de informação geográfica para otimizar os novos percursos, durante a fase de alargamento do projeto porta-a-porta, de modo a diminuir os custos associados à recolha, nomeadamente o gasóleo gasto, as distancias percorridas, o tempo despendido e as quantidades recolhidas

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