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C ONHECER A O RGANIZAÇÃO E G ESTÃO DA C ALEDIAL

No documento 20 20 20 20 (páginas 63-66)

A Caledial é uma instituição privada de saúde, com financiamento público, que se dedica ao “tratamento da Insuficiência Renal Crónica a doentes que perderam a sua função renal e que, por esse motivo, estão dependentes de uma máquina para se manterem vivos” (Manual de Gestão da Qualidade, 2009, p.3). Encontra-se em funcionamento desde sete de setembro de 2007.

De acordo com a análise dos documentos institucionais, tem como missão

“o melhor tratamento dos doentes que lhe são confiados, de acordo com a Leges Artis14, materializada no “Manual de Boas Práticas” e nas Orientações (Guidelines) publicadas na literatura médica, tornando-se uma referência na sua área de atuação” (ibidem, p.5). A sua visão é “ser a melhor clínica de

14 As leis da arte ou o estado da arte médica. A intervenção médica deve prosseguir segundo as leges artis e a sua violação pode ser passível de punição.

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hemodiálise do mundo” (enfermeiro-chefe) e os princípios e valores por que se rege são:

Reabilitação e satisfação dos doentes.

Satisfação e realização profissional dos seus colaboradores.

Reconhecimento dos clientes e fornecedores como parceiros de atividade.

Cumprimento de normas, leis e regulamentos aplicáveis.

Melhoria contínua” (Manual de Gestão da Qualidade, 2009, p.5).

Na Caledial fazem tratamento pessoas oriundas de Canelas, mas também de freguesias vizinhas, desde que seja a clínica mais próxima da sua área de residência. O transporte para a HD é assegurado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), é gratuito e realizado em ambulância ou táxi.

A acessibilidade à clínica é adequada. Existe uma ampla zona de estacionamento em frente ao edifício e uma entrada larga e devidamente sinalizada, com rampa que permite o acesso fácil e rápido a pessoas com mobilidade reduzida, transportadas em macas ou cadeiras de rodas. Na entrada existe um elevador adaptado a estas exigências.

A estrutura física da clínica apresenta duas zonas distintas: uma zona de acesso ao público e uma zona restrita, frequentada apenas pelos funcionários, pessoas que realizam tratamento e pessoas com acesso justificado. A zona pública contempla a secretaria, a sala de espera e uma casa de banho. A zona de acesso restrito é composta pelos gabinetes do diretor, médico residente e do enfermeiro chefe; pela sala de HD; pela sala de reuniões; pela copa; pelas casas de banho, de homens e mulheres, adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida; pelos vestiários dos doentes; pela farmácia; pelo armazém de material; pela lavandaria; pelo vestiário e casas de banho dos funcionários e pela sala de tratamento de águas.

A análise documental debruçou-se sobre os documentos institucionais: atas de reuniões, processos, manuais, normas e protocolos, e sobre os documentos legais que regulam a atividade das clínicas de HD em Portugal: legislação em vigor e orientações nacionais e internacionais para o tratamento da DRC, traduzidas no Manual de Boas Práticas de Diálise Crónica e nas guidelines.

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No que refere ao Manual de Boas Práticas de Diálise Crónica é importante referir que, sendo um documento elaborado pelo colégio de especialidade de nefrologia da Ordem dos Médicos, se encontra muito voltado para o tratamento médico da DRC, não abordando questões relacionadas com a componente emocional, psicológica, familiar e social da doença. Encontra-se centrado no modelo biomédico, que pretende oferecer o melhor tratamento técnico e cientifico possível (Ordem dos Médicos, 2011).

Relativamente à legislação em vigor, a portaria nº 347/2013 de 28 de novembro estabelece “os requisitos mínimos relativos à organização e funcionamento, recursos humanos e instalações técnicas para o exercício da atividade das unidades privadas de diálise (…)” enão faz qualquer referência aos aspetos emocionais, sociais e familiares da DRC (DR, 2013, p. 6594).

A Caledial tem uma política de gestão estratégica estruturada em torno de quatro processos distintos: a gestão administrativa, a gestão estratégica, a gestão da qualidade e o tratamento da insuficiência renal. Estes documentos estão facilmente acessíveis. Cada colaborador tem, no ambiente de trabalho do computador, acesso a uma pasta que reúne a descrição das funções dos profissionais, as fichas de segurança dos produtos utilizados, o manual de gestão da qualidade, o mapa de processos, as normas e legislação associadas às atividades desenvolvidas na clínica, a política da qualidade e os processos.

As normas e os procedimentos que regulam toda a atividade da clínica encontram-se definidos e são conhecidos pelos colaboradores, tendo sido elaborados e discutidos por eles, em reunião. Este envolvimento é importante pois compromete as pessoas no cumprimento daquilo que todos decidiram.

O modelo de gestão da Caledial insere-se numa visão democrática e participada, em que todos os colaboradores têm espaço para participar, questionar e propor alternativas. As reuniões mensais são um espaço privilegiado de partilha, discussão e reflexão e o local onde se tomam decisões conjuntas relacionadas com a instituição. Estas reuniões centram-se

“fundamentalmente na convivência com a diferença, no diálogo e na ação em

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conjunto, no assumir de responsabilidades, na elaboração, na decisão (…) ” sobre o caminho a seguir (Mendes, 2007, p. 20).

Contudo, a estrutura hierárquica da organização pode constranger os modos de ação dos atores sociais, condicionando esta participação. Também as mudanças nas relações entre os atores (tensões existentes, relações de poder,…) podem contribuir para manter ou redefinir a instituição. De qualquer forma, é nesta partilha e reflexão conjunta que se decidem os rumos a tomar e o projeto Caledial vai crescendo e reafirmando a sua identidade.

As sugestões e opiniões das pessoas que aqui realizam tratamento são valorizadas e contribuem para as mudanças adotadas, sempre que pertinente, consensual e exequível. No entanto, verifica-se pouca cultura de participação e pouco envolvimento das pessoas nestes processos, sendo rara a iniciativa de dar opiniões e sugestões de melhoria, sem solicitação prévia.

Em 2010 foi aplicado um inquérito para avaliar o grau de satisfação dos doentes. Os resultados foram partilhados na reunião mensal. Seguiu-se uma discussão que serviu como ponto de partida para a reflexão conjunta, no sentido da mudança para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados. Porém, este foi a única ocasião de avaliação da satisfação realizada até hoje, não havendo feedback posterior sobre o impacto das alterações que possam ter advindo desta iniciativa. Será importante realizar esta iniciativa periodicamente, pois um dos valores que rege a clínica é o “reconhecimento dos clientes (…) como parceiros de atividade”, pelo que a sua participação é importante e deve ser incentivada (Manual de Gestão da Qualidade, 2009, p.5).

No documento 20 20 20 20 (páginas 63-66)