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LISTA DE GRÁFICOS

2. CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA

2.10. C ONTROLE DE CUSTOS

Reconhecidamente o controle permanente dos custos é um dos fatores elementares para que uma organização pública ou privada atinja seus objetivos com êxito. Em um empreendimento comercial ou industrial é com base nos

custos que são determinados os preços de venda e o lucro pretendido por unidade transacionada. Portanto, numa empresa industrial o registro dos custos em todas as fases da produção é imprescindível, a fim de que se possa aferir lucratividade no negócio empreendido. Da mesma forma, em uma organização pública, o controle dos custos possibilita o monitoramento de quanto custa ao Estado cada serviço prestado. Contabilmente, em uma organização empresarial quando as receitas são confrontadas com as despesas e os custos, determina-se se o investimento está apresentando um retorno positivo ou negativo, i.e., lucro ou prejuízo. Tal postulado se adapta ao âmbito das instituições públicas, sendo útil para verificar se a aplicação dos recursos públicos atende a níveis satisfatórios de economicidade e eficiência (Slomski, 2010). Outrossim, serve para se estipular a capacidade de autossustentabilidade de um órgão público, assim como, uma organização da iniciativa privada. Em um empreendimento privado a sustentabilidade pode ser compreendida como o poder de retroalimentação da firma, ou seja, a competência de gerar lucros e de reinvesti-los no próprio negócio, buscando o progresso do investimento e a manutenção da vida da empresa. Para determinar o momento que passará a ter lucros em detrimento dos seus desembolsos, a organização faz uso do preceito do ponto de equilíbrio. Nesse caso, quantas unidades deverão ser vendidas, necessariamente, para cobrir todos os custos e despesas, e a partir desse ponto de corte, tudo que se auferir será lucro.

É uma verdade absoluta que os acionistas e os empresários da iniciativa privada não querem ter perdas nem prejuízos em seus negócios, assim como, os taxpayers e os cidadãos contribuintes de impostos ao erário, não gostam de ver suas contribuições desperdiçadas. Esperam que as verbas não sejam mal aplicadas, sendo desviadas de suas metas. Desejam que os recursos sejam empregados para suprir as carências da população e não serem furtadas ou fraudadas, sem trazerem nenhum benefício concreto em retribuição a enorme carga tributária imposta. Nesse sentido, proposições como as citadas ao final

do parágrafo anterior, podem ser transportadas para o ambiente estatal. São técnicas de gestão introduzidas pelo paradigma gerencial.

Faz-se pertinente, neste parágrafo, revelar que o controle dos custos no âmbito das organizações públicas civis brasileiras está debutando. Tal controle gerencial reassumiu a posição de relevância a partir da convergência da contabilidade pública às normas internacionais de contabilidade. O grande marco dessa reassunção, culminou na criação do Sistema de Informações de Custos, o SICsp, pela Secretaria do Tesouro Nacional. O sistema está em fase de implementação, e em um curto prazo de tempo estará completamente disponível a todas as unidades gestoras do país. É conveniente destacar que para a elaboração da peça contábil intitulada DRE, núcleo do corrente estudo, é basilar a preexistência de um sistema de controle de custos sólido e abrangente. A criação de um sistema que facilite a extração detalhada das informações de custos, diretamente do seu banco de dados, está prevista em norma específica.

Historicamente, o manejo dos custos recebe pouca atenção por parte dos gestores públicos, apesar dos postulados, ordenamentos contábeis e da legislação vigente, determinarem o acompanhamento e o contínuo registro dos dispêndios públicos, a fim de atender a preceitos como o de accountability. Ações dessa natureza sempre foram proteladas pelos agentes públicos, na espera de que o governo federal tomasse a frente do processo. Todavia, a inexistência de um subsistema de custos de ampla abrangência ou a falta de fiscalização pelos órgãos competentes, não justificam de forma alguma o descumprimento dos preceitos contábeis. Porém, a partir do corrente ano a questão do controle de custos começou a deslanchar, pois a obrigatoriedade dos registros atingiu a sua fonte, ou seja, o Siafi, o que propicia o cômputo de informações seguras e fidedignas.

Reitera Slomski (2012) que o emprego do controle de custos na área da administração pública ainda se encontra em fase complementar de implementação. A Lei da Responsabilidade Fiscal é a principal responsável por trazer novamente esse assunto para a berlinda, reavivando o interesse dos

profissionais de contabilidade, gestores públicos e pesquisadores. O referido controle tem significativa importância, pois possibilita ao gestor ver com exatidão o quanto custa o serviço oferecido ao cidadão.

Cabe destacar, neste ínterim, que o exército brasileiro à frente de seu tempo, é uma das organizações que apresentam os maiores avanços no controle de custos. Isso porque a partir de 2008 implantou um sistema desenvolvido pela sua área de tecnologia da informação, o Siscustos, estruturado com base no conceito de centro de custos. O Comando da Aeronáutica é outro órgão militar, que tem envidado esforços para efetivamente realizar o controle de seus custos, mediante o SICComaer Sistema de Informações de Custos do Comando Aéreo. Entretanto, a Aeronáutica está aderindo ao SICsp, devido a essa plataforma apresentar uma interface mais moderna.

2.11.

E

VOLUÇÃO DO CONTROLE DE CUSTOS

O controle de custos é um fator elementar para o alcance da eficiência no setor público. Assim, é oportuno realçar a evolução da contabilidade de custos na administração pública brasileira, que se desenrolou de acordo com os seguintes marcos históricos, ao longo de sua trajetória até os dias de hoje:

 Artigo 99º da Lei nº 4.320/1964 que estatui as normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. “Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum”.

 Artigo 79º do Decreto-lei nº 200/1967 que dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências.

“A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de forma a evidenciar os resultados da gestão”.

 Artigo 137º do Decreto nº 93.872/1986 que dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá outras providências.

“A contabilidade deverá apurar o custo dos projetos e atividades, de forma a evidenciar os resultados da gestão”.

 Artigo 50º § 3o da Lei Complementar nº 101/2000 que estabelece

normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

“A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial”.

Inciso V do artigo 15º da Lei nº 10.180/2001 que organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento, de Administração Financeira, de Contabilidade e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

“O Sistema de Contabilidade Federal tem por finalidade registrar os atos e fatos relacionados com a administração orçamentária, financeira e patrimonial da União e evidenciar: os custos dos programas e das unidades da Administração Pública Federal”.

 Inciso XIX do art.7º do Decreto nº 6.976/2009 que dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Federal e dá outras providências.

“Compete ao órgão central do Sistema de Contabilidade Federal: manter sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial”.

 Item 1 dos objetivos, da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.366/2011 que aprova a NBC T 16.11 - Sistema de Informação de Custos do Setor Público.

“Esta Norma estabelece a conceituação, o objeto, os objetivos e as regras básicas para mensuração e evidenciação dos custos no setor público e apresentado, nesta Norma, como Subsistema de Informação de Custos do Setor Público (SICsp)”.

 Terceiro parágrafo das considerações e artigo 1º da Portaria nº 157/2011 que dispõe sobre a criação do Sistema de Custos do Governo Federal - SICsp do poder executivo.

“Considerando a necessidade de manter sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, estabelecida na forma do inciso XIX do art.7º do Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009. Fica criado o Sistema de Custos no âmbito do Governo Federal”.

Cabe ressaltar que os resultados das políticas governamentais de controle de custos, começaram a ser sentidas significativamente a partir de 2015 com a criação pela STN do sítio Tesouro Transparente. Ele hospeda o portal de custos, plataforma online que disponibiliza a consulta pública dos recursos consumidos pelos órgãos do governo federal. Apesar da existência de todo um conjunto de regramentos, como identificado acima, desde o ano de 1964, os registros das informações de custos somente tiveram seu início, na prática, a partir do mês de março do corrente ano. Foi quando o Siafi passou a exigir das unidades gestoras o lançamento contábil nos centros de custos específicos.