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Esta caixa, que eu adaptei a partir de um material existente na maioria dos jardim-de-infância, os tabuleiros de pinos, possibilita a exploração de diferentes conceitos matemáticos: numeração, conjuntos, divisão dos números por classes, ordens e cálculo.

Sendo um material de baixo custo, cada criança poderá ter o seu e utilizá-lo em diferentes circunstâncias. Tal como o colar de contas, permite que a criança estabeleça a relação entre os conceitos abstratos da matemática e um material concreto apelativo.

Figura 20- Jogo explorado como um ábaco

Processos de Operacionalização

Após as crianças estarem familiarizadas com o jogo em si, o professor explica como vai ser utilizado no âmbito da matemática. Para além de ser possível realizar contagem simples de peças, o professor introduz os “tabuleiros”. Um dos tabuleiros representa a imagem de um ábaco (figura 19) e pode ser utilizado como tal. Os outros tabuleiros representam cada uma das diferentes operações (figura 20).

Recorrendo aos pinos de encaixe, a criança realiza as operações que lhe são solicitadas.

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As competências desenvolvidas por este material são:

 Desenvolver destreza e estratégias de cálculo mental e escrito para a resolução de problemas envolvendo adição, subtração e multiplicação.

 Perceber vários sentidos da adição, subtração e multiplicação.

 Compreender a propriedade comutativa e associativa da adição.

 Perceber a relação inversa entre a adição e a subtração.

 Realizar contagens de forma concreta.

 Representar números no ábaco.

Com estes jogos pretendi demonstrar que áreas curriculares como a Matemática e a Língua Portuguesa não têm que ser necessariamente desinteressantes e monótonas. Há muitos recursos e materiais, estruturados e não estruturados, que podem ser utilizados em sala de aula. Contudo, é importante salientar que o ensino não se pode basear exclusivamente no lúdico, pois os exercícios convencionais são necessários para complementar a ação dos jogos.

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CONCLUSÃO

O estágio é uma experiência que permite um primeiro contacto com a realidade da profissão docente. De facto, após a frequência de várias unidades curriculares dominadas pela teoria, é importante a experiência no contexto de sala de aula. Entre seguir métodos e técnicas de ensino que já são utilizados, colocar em prática outros de que ouvimos falar durante a formação e, ainda, os que idealizámos, torna o estágio numa realidade muito enriquecedora. Para além de ser uma partilha em que se cruzam duas gerações de docentes, toda a preparação, pesquisa e reflexão são processos que melhoram o desempenho docente destes novos professores.

O facto de lecionar há quase uma década foi sem dúvida um aspeto facilitador da minha ação enquanto estagiária, pois a forma de interagir com os alunos torna-se muito mais espontânea. Tinha pré-concebida a ideia de que a faixa etária do 1º CEB era muito distinta da idade com a qual contatava no ensino pré-escolar, no entanto, durante o estágio pude constatar que existem muitos pontos em comum, entre os quais, o gosto pelo lúdico que sempre me fascinou os alunos de 1º CEB.

No âmbito das várias unidades curriculares que frequentei, na sua generalidade didáticas, deparei-me com conteúdos que teriam de ser explorados em contexto de sala de 1º CEB. Esse facto, suscitou-me o interesse pela didática e, mais especificamente, pela criação de materiais pedagógicos que explorassem esses conteúdos de uma forma apelativa e motivante para o aluno.

Assim, tendo em conta que a motivação é um factor primordial para uma aprendizagem com sucesso, procurei aprofundar os meus conhecimentos no âmbito da utilização do lúdico no ensino/aprendizagem. Concluí, com esta demanda, que não sou a única a defender o recurso aos jogos e materiais manipuláveis. São muitos os pedagogos que consideram o lúdico como alicerce para o desenvolvimento da personalidade e para a aquisição de novos conhecimentos.

Ainda no ensino pré-escolar verifica-se a vertente educativa do lúdico, mesmo em atividades simples como o desenho ou os jogos de imitação. É

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desta forma que a criança é estimulada a nível cognitivo, sócio-afetivo, motor e moral. No entanto, muitas das vezes, a transição para o 1º CEB implica um corte com estas actividades o que submete as crianças a uma rutura com tudo aquilo que vivenciaram até então. É aqui que o professor se deve questionar e procurar saber se o recurso ao lúdico não será uma forma de cativar o grupo de crianças e de as levar a uma participação construtiva nas aulas.

O jogo, muitas vezes encarado como instrumento de entretenimento, é algo mais completo e enriquecedor para a criança. O abanar de pernas e braços de um bebé não se limita a isso mesmo, pois é uma forma da criança

conhecer o seu corpo, interagir com o meio e realizar pequenas aquisições. Mas a utilização do jogo não se limita aos primeiros anos de vida pois

pode ser um instrumento ao serviço da educação em qualquer nível de ensino, mesmo até nos adultos. Nesta formação, tal como na anterior, houve docentes que recorreram a jogos para a exploração de determinado tema. E a verdade é que, mesmo os adultos têm uma postura mais empenhada e ativa perante um jogo. Importa salientar a distinção, feita por alguns autores, entre o jogo ócio (que visa o entretenimento) e do jogo trabalho (que tem objetivos específicos e que pressupõem uma aprendizagem).

Os jogos e materiais manipuláveis, aqui apresentados, são apenas exemplos que comprovam como, com poucos recursos, se podem criar materiais didáticos que contribuem para o desenvolvimento de várias competências. Ao professor basta um pouco de criatividade e de capacidade de se colocar ao nível da criança para saber o que a pode levar a participar em determinada tarefa, desempenhando um papel ativo na sua própria aprendizagem.

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